COMUNISTAS, UNI-VOS!
Precisamos de uma nova concepção de
esquerda. Melhor, precisamos desmistificar o que venha a ser esquerda nesse
espectro de partidos burgueses que dão sustentação ao sistema capitalista, e,
no entanto, se fazem passar por esquerda. Para tanto, contam com o beneplácito
da imprensa “dita cuja”, que recebe muito bem para isso, ou seja, manter
desinformada aquela camada de mentes massificadas necessária para o uso
oportuno em benefício da dominação.
Essa esquerda vem contando ao longo da história,
desde que Marx e Engels publicaram o Manifesto comunista, com a vaga ideia de que
pelo fato de se denominar como tal, é o suficiente para desfrutar da credibilidade
necessária na hora de manipular os oprimidos.
Lá no Manifesto Comunista está escrito
que os comunistas participarão das eleições burguesas. Até aí... Mas esquerda é
sinônimo de comunista? Claro que não. Para resolver isso, propagaram a palavra
socialista, jogando no lixo todo o trabalho de Marx, Engels e Lênin ao traçarem uma concepção do Socialismo Científico justamente por se oporem à concepção burguesa e social-democrata. E em nome de uma denominação vaga, todo oportunismo tem castigado
os oprimidos, os trabalhadores e demais camadas da sociedade capitalista.
A pilantragem reside aí. Todo
oportunista se faz passar por socialista. Se formos puxar pela história, vamos
gastar muito fosfato para passarmos isso a limpo. Mas vamos limpar o campo.
Basta diferenciarmos socialismo de comunismo. E o que é SOCIALISMO?
Bom, vamos historiar a nossa resposta,
senão vão nos acusar de reducionismo. Vejamos a primeira revolução feita no
mundo sob a marca do comunismo: A REVOLUÇÃO RUSSA. Ela foi comunista ou
socialista? A bem da verdade, nem uma coisa nem a outra. Porque a simples
tentativa de democratização das relações de poder após a tomada do aparato
estatal em 1917, foi totalmente travada pela direção do POSDR – Partido
Operário Social Democrata Russo, com a intervenção nos Conselhos Operários e
Populares, os SOVIETS, decidindo quem poderia ou não fazer parte dos seus
quadros. Esse foi o primeiro e primordial problema ocorrido na tenra revolução.
O segundo foi quanto à gestão administrativa. Os SOVIETS não mandaram em nada.
Todas as decisões saiam da cúpula montada pelo partido para cuidar disso. Esse
foi o terreno fértil do qual saiu a NEP – Nova Política Econômica,
que deu rumos capitalistas à economia
soviética, acusada em larga escala pela mídia burguesa de burocrática e
estatal. E essa foi a grande contribuição do “estado soviético” para a
caracterização do seu modus operandi como CAPITALISMO DE ESTADO.
A segunda experiência foi a China.
Alguém tem dúvida de que é o mesmo modelo? Eu não tenho, até porque Mao foi
beber na mão de Stálin.
A terceira experiência foi Cuba. Esta,
desde a “crise dos mísseis”, ainda depende da ajuda externa. Não desenvolveu
nada próprio. Sequer no campo militar e ainda agora não passa de uma feira de
produtos de quinta vindos da China, que substituiu a URSS, em aliança com a
Rússia.
Quer mais exemplos? Eu acho que basta.
Em nenhum desses países, o povo decide coisa alguma, até porque o “cerco do
imperialismo” funciona como espantalho para justificar a presença e repressão
do “estado” a tudo que se imagina.
E aí, será que podemos perguntar: é
socialismo ou comunismo? Nem uma coisa nem outra. Simplesmente
capitalismo.
No entanto, uma certa “esquerda” propaga
uma carreta de valores sobre esses países. O poderio militar russo, o avanço
tecnológico chinês, a saúde e a educação cubanas, justificam suas posturas
pseudo-esquerdistas. Só que nada disso sustenta suas políticas de conciliação
de classes nos países massacrados pelo imperialismo. Ser social-democrata lá na
Europa, com os altos padrões de vida sustentados às custas das colônias, é
fácil. Dizer-se socialista lá na França nas rodas intelectuais do quartier
latim, é lindo. Dizer-se de esquerda por ser persona non grata nos EUA, dá
voto. Mas tudo isso não vai além de um “aval” nas altas camadas gestoras do
capital para ser nomeado gerente setorial das multinacionais em algum
continente cheio de cobiças. A América Latina que o diga. Todos os dirigentes
de esquerda dessa região são abonados por algum “Tio” europeu ou
norte-americano.
Então? O que é socialismo? O que é
comunismo? Para responder a isso, podemos ir aos livros, inclusive os manuais.
Porque nem um nem o outro existiram até agora entre os viventes. O que chamam
de socialismo, não passa de política de compensação, ou seja, o estado reduz a
carga de impostos contanto que o empresariado invista em melhores condições de
vida para a sociedade. Ora veja, ninguém precisa de Marx para resolver isso.
Basta um Keynes. Políticas sociais sustentadas com os impostos arrecadados do
setor privado só geram mais riqueza para o setor privado. E não vai além de um
círculo vicioso. Ninguém precisa ser socialista nem comunista por causa disso.
Qualquer populista de direita faz isso muito bem...e ainda chama patrão de
companheiro.
Ao longo de toda a história política
ocidental existem centenas de entidades, denominadas atualmente como ONGs, que
são disfarces de partidos políticos, em sua maioria de direita. Mas a
social-democracia não fica para trás. Sempre que um partido social-democrata
chega ao governo, terceiriza um conjunto de serviços para suas entidades a fim
de fazer caixa. Aí entram seus apaniguados, todos credenciados como
“socialistas”, ou de “esquerda”. Há inclusive uns tipos que se empinam todos em
posição de sentido com a mãozinha direita sobre o lado esquerdo do peito para
cantar a Internacional e arrotam: “Sou comunista!”
Mas, e aí? Já podemos diferenciar quem é
ESQUERDA de quem é COMUNISTA?
Vamos lá. Primeiro, o que conhecemos
como ESQUERDA tem até folclore, e originado lá na França. E aconteceu porque no
período da França revolucionária, os monarquistas e seus asseclas sentaram-se
do lado direito do parlamento, arrastando consigo todos os estratos elitistas.
Do outro lado, sentaram-se os restantes. Esses, reuniam diversos segmentos sócio-econômicos,
tais como burgueses descontentes com os impostos, urbanos e rurais, pequenos
ofícios e as camadas operárias. Ou seja, a ralé. Só que dentre ela tinha uma
parte revolucionária, gente organizada e dirigida politicamente, pelo menos
para aquele contexto: eram os Jacobinos. E assim, aquele lado em que se
sentavam e a atitude combativa dos Jacobinos ficaram conhecidas como uma
posição política. Por isso, hoje, um bando de calça frouxa, fundilhos surrados,
mãos-leves de todo tipo, se diz ESQUERDA, e até se ilustra com a palavra
SOCIALISTA.
Quem não presenciou ainda um burguês
gordo, corrupto e “flatolento”, gritando vivas ao socialismo? No Brasil, temos
até o termo “socialaite” para se referir às burguesas mais boêmias. Mas e o que
isso tudo chamado de ESQUERDA, SOCIALISMO tem a ver com ideologia? O socialismo
seria uma caracterização ideológica? Será que as experiências denominadas
socialistas são caracterizações ideológicas?
Vejamos: existem duas ideologias
historicamente comprovadas, a capitalista e a comunista. Ambas se opõem em tudo
que diz respeito à propriedade privada capitalista. Enquanto a ideologia
capitalista defende a apropriação unilateral dos frutos do trabalha coletivo, a
ideologia comunista propõe a distribuição desse resultado equitativamente. Daí
resulta a grande questão, aonde entra o socialismo? Qual sua posição sobre a
propriedade privada capitalista? Sabemos que o conceito comunista de revolução
implica na expropriação da propriedade privada capitalista, e nas experiências “socialistas”
conhecidas até agora tem havido, no máximo, somente uma troca de patrões.
Então, qual é a essência de tais caracterizações?
E A
ESQUERDA...
E em relação à esquerda nem vale a pena
discutir, uma vez que a mesma se caracteriza, apenas, por fazer oposição dentro
da ordem. A esquerda não existe fora da ordem burguesa, até porque isso não lhe
interessa, senão ela deixaria de ser uma esquerda do sistema, dócil, adestrada,
parlamentar, eleitoreira, e passaria a ser um instrumento de ruptura com o sistema
capitalista, o que a transformaria numa força revolucionária a serviço do
comunismo. Por isso, ninguém vai encontrar os ditos partidos de esquerda
combatendo no campo da revolução proletária. Por isso, ser de esquerda virou
moda, moda dos oportunistas, ludibriadores da massa explorada e oprimida, para
arrumar mandatos às custas dela e nunca mais baterem cartão de ponto, nunca mais
comerem marmita requentada ou viajarem de trem ou ônibus lotados, muito menos
suarem suas camisas importadas às custas da peãozada. Dentre esses tipos há os
que se dizem socialistas, diferenciando-se dos simplesmente de esquerda só para
justificarem seus diplomas lá das universidades públicas bancadas com o suor do
povo.
MAS
DIZER-SE COMUNISTA...
Comunista, é coisa séria. É opor-se ao
capitalismo, à propriedade privada capitalista, ao roubo da força de trabalho
do operário, ao lucro fruto do roubo, enfim, opor-se à exploração do trabalho
alheio.