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quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Nas mãos de um genocida * Genildo Mateus / CE

Nas mãos de um genocida

A morte chega mais cedo 



É muito triste rescordá

Desde o ano retrasado,

Que o povo tem passado

Uma sofrença de se lascá.

Cum a praga arrinitente

Levando a nossa gente

Falo sem ter nenhum medo

Que fica assim a vida

Nas mãos de um genocida

A morte chega mais cedo


E muitos achou ser comum

Nada sendo esquisito,

Que não vindo do mosquito

Assim morrendo um por um.

Com muita gente doente

Se tornando paciente

Sem mostra nenhum segredo

Na insistênça vivida

Nas mãos de um genocida

A morte chega mais cedo


Sem nada de esperança

Cum seu peito cheio de mágua,

Vendo toda a matança

Que dos zói iscorri água.

Pru mardade e intenção

Do próprio chefe da nação

Levá todos ao degredo

Com a vida esvanecida

Nas mãos de um genocida

A morte chega mais cedo


Chega no sertanejo

Que morre sem a vacina,

Levado por um lampejo

Interrompendo sua sina.

Que tá morrendo de fome

Com o vírus que cunsome

Sem emenda, nem enredo

Que não é esclarecida

Nas mãos de um genocida

A morte chega mais cedo


Sem saí da própria casa

Morre feito indigente,

Feito pássaro sem asa

Escuitando só quem mente

Tomando a cloroquina

E também a ivermectina 

Enviado feito torpedo

Em nada que elucida

Nas mãos de um genocida

A morte chega mais cedo


O sertanejo lamenta

Chega faz eco lá na serra,

Como uma cabra que berra

Que no grito atormenta.

Sem ter nenhum resultado

Acaba sendo frustrado

E jogado no lajedo

Com a vida falecida

Nas mãos de um genocida

A morte chega mais cedo


Mas nunca perdeu a fé

De vortá cum sua vidinha,

Ir pra casa da visinha

De tumá cum ela seu café.

Sem ter medo de bandido

Não ficando iludido

Espalhando dessegredo

Na palavra exercida

Nas mãos de um genocida

A morte chega maias cedo


Todo sertão tá calado

Parece qui nem tem gente,

Fica parado, paciente

Como gado acurralado.

Só rumina, come grama

E sem fazê nenhum drama

Fica só chupando dedo

Sua vida comprometida

Nas mãos de um genocida

A morte chega mais cedo


O povo mago morreno

Com a praga assassina,

Sem um galo na campina

Pra cantá com o sereno.

Só a coruja agourenta

Que da morte é sedenta 

Canta lá no arvoredo

Está sempre convencida

Nas mãos de um genocida

A morte chega mais cedo


A vida que não fulora

Se vai com a seca do rio,

Morre Zefinha, morre Dora,

Na voz do salafrario.

Fica do povo a zombá

Como vira-lata a rosná

Sempre fazendo seu praguedo

Sem rogá a Aparecida

Nas mãos de um genocida

A morte chega mais cedo


Mas o povo vai vencê

Derrubando o maligno,

Que o sertão vai florecê

Por um homem muito digno.

Vai respingá no cariri

Falado pela C.P.I

Gritando feito bêbado

Na voz estremecida

Nas mãos de um genocida

A morte chega mais cedo



É por isso que eu digo

As vezes me dá vontade,

De fazê uma mardade

Pra saí desse perigo.

De picá-lo bem miudim

Feito um anjo Querubim

Gritá pra seu Figueiredo

Na voz ensandecida

Nas mãos de um genocida

A morte chega mais cedo


Que Jesus me perdôi

Mas é que fico zangado,

E que minha vida eu dôi

Pra acaba com o gado.

E saí desse sufôco

Na palavra do cabôco

Pois nem um pouco eu sedo

Pela voz agradecida

Nas mãos de um genocida

A morte chega mais cedo


Será que com tanta briga

Com mentira espalhada,

 E a fome na barriga

A nação enxovalhada.

Vamos tê um Brasil novo

Pelo direito do povo

Saindo forte do bredo

Sem a fala ressequida

Nas mãos de um genocida

A morte chega mais cedo.



Por: Genildo Mateus/CE

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