TODA SOLIDARIEDADE AO POVO KAINGANG
VANGRI KAINGANG
A situação de violência vivida por várias famílias indígenas em suas terras, em  várias partes do Brasil é no mínimo revoltante, e por não aceitar me calar, quero  compartilhar o que Vãngri Kaingang, pessoa que conheço desde os tempos da  ocupação do prédio do Antigo Museu do Índio (RJ), que passou a se chamar Aldeia  Maracanã, está sofrendo junto de sua família e também de outros parentes que não  aceitam arrendamento em terras indígenas, na esperança de que as pessoas que lerem  este documento, possam finalmente entender que o modo que empresas e prefeituras  agem seguindo uma política econômica de entreguismo de nossos recursos naturais,  de destruição do meio-ambiente e da vida de tudo que pisa este planeta, é também  responsabilidade nossa, a situação que Vãngri e vários Kaingang estão vivendo no RS,  bem como vários indígenas no Brasil, não é de conhecimento da maioria dos  brasileiros, pelo simples fato de que o agronegócio financia a mídia oficial, portanto, é  preciso explicar como isto acontece, explicar o que o agronegócio vem fazendo em  algumas terras indígenas que cooptam lideranças, injetam dinheiro para que estes  comecem a fazer o papel de influenciar outros indígenas, que o plantio de  monocultura é bom e trará "progresso" à comunidade. Fundam uma cooperativa para  escamotear o arrendamento da terra e vão cobrando por sacas produzidas. Os que não  aceitam, vão sendo expulsos ou mortos por uma milícia que estes grupos constituem.  Vãngri, liderança Kaingang é de nosso grupo da Aldeia Maracanã da origem. Está  fazendo medicina na UFRGS. É escritora, artista plástica e foi expulsa ontem (16/10/2021) de sua casa na terra indígena da Serrinha junto com sua família. Por  várias vezes a polícia federal foi acionada, assim como a FUNAI e o Ministério Público.  Ninguém deu resposta e ontem na madrugada cinco pessoas foram torturadas e  assassinadas.
Esta é a política do agro que expulsa indígenas, do Pop que mata, do agro que é  corrompido por milicianos com disfarce de cacique, dos políticos que estão nas  câmaras cujas campanhas são financiadas por eles, dos prefeitos e governadores e até  do atual presidente da República que fecha os olhos a toda economia predatória que  estamos vivenciando neste país e que são beneficiados por este tipo de política. O que  quero deixar bem explícito neste documento é que ele é um pedido de socorro e de  consciência para os seres humanos, pois estamos vivendo uma crise hídrica não vista
nos últimos 100 anos, sem chuva, não haverá água e sem ela não haverá vida. Nada é  mais importante neste momento que a sobrevivência de nossa espécie e ela têm como  linha de frente um povo que luta em defesa da vida: da sua vida inclusive. Denunciem nas redes sociais, lutem conosco, exijam políticas que defendam as florestas, os  animais, você! As futuras gerações agradecerão. Portanto, esta luta precisa  salvaguardar a vida daqueles e daquelas que estão na linha de frente. Não se cale, lute  conosco!
Marize-Pará Reté (Presidente da Associação Indígena Aldeia Maracanã e Coordenadora  do ISPO-Aldeia Jacutinga).
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