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sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

ASSASSINATO DE CHICO MENDES * Ernesto Germano Parés / RJ

ASSASSINATO DE CHICO MENDES

Ernesto Germano Parés / RJ

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“No começo pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade.”
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Francisco Alves Mendes Filho, mais conhecido como Chico Mendes, nasceu e morreu em Xapuri, no Acre. Foi um seringueiro, sindicalista, ativista político e ambientalista brasileiro. Ficou mundialmente conhecido por sua luta a favor dos seus companheiros, seringueiros da Bacia Amazônica, cuja subsistência dependia da preservação da floresta e das seringueiras nativas. Mas, é claro que sua luta só poderia atrair toda a ira dos grandes fazendeiros locais que se sentiam prejudicados e pagaram pelo seu assassinaram.
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Chico Mendes nasceu no seringal Porto Rico, no Acre, em 15 de dezembro de 1944, filho do migrante cearense Francisco Alves Mendes e de Maria Rita Mendes. Começou no ofício de seringueiro ainda criança, acompanhando o pai em incursões pela mata. Aprendeu a ler aos 19 anos! Não havia escolas públicas nos seringais e os grandes proprietários tudo faziam para impedir que houvesse educação para as crianças. Era uma forma de ampliar a exploração e a dominação.
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Em seu depoimento, contando a sua história, ele diz que foi o militante comunista Euclides Távora, que havia participado no levante comunista de 1935 em Fortaleza e na Revolução de 1952 na Bolívia, que o ensinou a ler. Após retornar ao Brasil, Távora fixou residência em Xapuri, onde se tornou o alfabetizador de Mendes.
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Na raiz das lutas locais vamos encontrar o “dedo” da política implantada pelos militares na Região Amazônica a partir da década de 1970. O aumento da exploração, o poder desenfreado dos grandes senhores que recebiam favores dos generais e que, já naquela época, queriam impor a pecuária na Amazônia intensificou a especulação fundiária de propriedades pertencentes aos fazendeiros, dificultando o acesso de pequenos produtores às terras. Para quem não sabe, a devastação ambiental, a fim de gerar pastos para a criação de gado, teve início naquela época.
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A miséria em sua terra era muito grande. A exploração dos seringueiros e a vida na pobreza iam formando o homem e, depois, o lutador Chico Mendes.
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Em seu sistema de troca de mercadorias industriais pelo produto (látex), conhecido por aviamento, o endividamento dos seringueiros era algo constante. Trabalhadores que se rebelavam eram punidos por policiais, assim como os donos dos seringais estabeleciam um regimento para castigos físicos aos seus subordinados que protestassem.
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Em 1975 ele conheceu o “mundo sindical” e sentiu que havia encontrado a forma para lutar. Muito conhecido, tornou-se secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia. A partir de 1976 participou ativamente das lutas dos seringueiros para impedir o desmatamento. A tática utilizada pelos manifestantes era o “empate” — manifestações pacíficas em que os seringueiros protegem as árvores com seus próprios corpos. Organizou também várias ações em defesa da posse da terra pelos habitantes nativos, os chamados posseiros.
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Os empates eram liderados pelo presidente do sindicato de Brasileia, Wilson Pinheiro que foi assassinado em 1980, dentro da sede do sindicato, como forma de represália ao movimento sindicalista.
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Mas ele não parava. Já em 1977 participou da fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, sendo eleito vereador pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) local. Recebe, então, as primeiras ameaças de morte por parte dos fazendeiros. Curiosamente (?), o seu partido não o apoia e não assume as suas bandeiras. Em 1979, usa seu mandato para promover um foro de discussões entre lideranças sindicais, populares e religiosas na Câmara Municipal de Xapuri.
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O resultado da sua ousadia, sem o apoio do partido, foi imediato. Acusado de subversão, é preso e torturado, mas, sem apoio algum das lideranças políticas locais, não consegue registrar na Polícia a ocorrência da tortura da qual fora vítima.
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E chegamos a 1980! Wilson Pinheiro, então presidente do Sindicato fundado por Chico Mendes, foi assassinado, dentro da sede da entidade, como forma de represália ao movimento sindicalista. Chico Mendes vai à São Paulo, onde foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, levou a proposta inovadora para sua terra, o Acre. Pouco depois foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional como “subversivo”, em iniciativa comandada pelos fazendeiros da região.
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Em 1983 é eleito para a presidência do Sindicato e dá continuidade à sua luta.
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Chico Mendes chegou a se candidatar a deputado estadual pelo PT, em 1982, mas não conseguiu se eleger. Em 1984, foi julgado pelo Tribunal Militar de Manaus e absolvido por falta de provas.
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Em 1985 acontece o 1º Encontro Nacional de Seringueiros, liderado por Chico Mendes. Entre as propostas vencedoras, foi criado o Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), que se tornou a principal referência da categoria. Sob sua liderança, a luta dos seringueiros pela preservação do seu modo de vida adquiriu grande repercussão nacional e internacional. Do encontro saiu a proposta de criar uma “União dos Povos da Floresta”, que buscava unir os interesses de indígenas, seringueiros, castanheiros, pequenos pescadores, quebradeiras de coco e populações ribeirinhas, através da criação de reservas extrativistas.
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Voltou a disputar o cargo de deputado estadual pelo PT, mas, novamente, não conseguiu se eleger. Seus companheiros de chapa eram Marina Silva (deputada federal), José Marques de Sousa, o Matias (senador) e Hélio Pimenta (governador), que também não foram eleitos.
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Em 1987 ele recebeu a visita de alguns membros da Organização das Nações Unidas (ONU) em Xapuri. Denunciou-lhes que projetos financiados por bancos estrangeiros estavam levando à devastação da floresta e à expulsão dos seringueiros. Dois meses depois, levou estas denúncias ao Senado dos Estados Unidos e à reunião de um dos bancos financiadores do projeto, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Os financiamentos a tais projetos acabaram sendo suspensos e Chico Mendes foi acusado por fazendeiros e políticos locais de “prejudicar o progresso”, acusações que não convencem a opinião pública internacional.
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Pouco depois recebeu vários prêmios internacionais, dentre eles o Global 500, oferecido pela ONU por sua luta em defesa do meio ambiente.
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No dia 22 de dezembro de 1988, exatamente uma semana após completar 44 anos, Chico Mendes foi assassinado com tiros de escopeta no peito na porta dos fundos de sua casa, quando saía para tomar banho, disparados por Darci Alves, o qual cumpria ordens de seu pai, Darly Alves, grileiro de terras da região.
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Quatro dias antes da morte do ativista, o Jornal do Brasil se recusou a publicar uma entrevista na qual Chico Mendes denunciava as ameaças de morte que havia recebido. A direção do jornal considerou que o entrevistado era desconhecido do grande público e que politizava demais a questão ambiental, optando por não publicar a matéria.
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Diz Chico Mendes:
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“Os seringueiros, os índios, os ribeirinhos há mais de 100 anos ocupam a floresta. Nunca a ameaçaram. Quem a ameaça são os projetos agropecuários, os grandes madeireiros e as hidrelétricas com suas inundações criminosas”.
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“A nossa luta é pela defesa da seringueira, da castanheira; e essa luta nós vamos levar até o fim, porque não vamos permitir que as nossas florestas sejam destruídas”.
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CHICO MENDES É UM EXEMPLO DE LUTA PELA VIDA NO PLANETA!
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VIVA CHICO MENDES!
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2 comentários:

  1. Boa tarde a todos e todas do canal, muito obrigado pela oportunidade de conhecer um pouquinho mais da trajetória desse Cidadão brasileiro.....que dentre tantos e elogiados reconhecimento receba a todo dia o nosso tbm....sou muito grato a vocês.... Chico Mendes foi para sua história permanecer entre nós.... Brasileiros
    ....!!!!

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  2. Muita falta faz Chico Mendes, principalmente nestes tempos sombrios.

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O capitalismo está podre. Todos sabemos disso. Mas ele não cai sozinho