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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

A tragédia habitacional (e fundiária) brasileira * Dalton Rosado / CE

A tragédia habitacional 
(e fundiária) brasileira

“É chegada a hora de tirar nossa nação das trevas da injustiça racial.”
Zumbi dos Palmares

​O Brasil tem cerca de 24,57 habitantes para cada km², o que lhe confere a condição de país com baixa densidade demográfica. Para se ter uma ideia do que isto representa, a União Europeia tem cerca de 32,00 habitante para cada km², e os Estados Unidos tem 33,22 habitantes por Km².

​Isto significa que o Brasil tem cerca de 1/3 a menos do que os dois exemplos citados. Somos um país continente e com longas extensões de terras inabitadas. Entretanto, o nosso povo não tem terra para plantar e, principalmente, não tem terras para morar.

​Como se admitir que a população amazonense precise morar em palafitas, às margens dos rios e em casas barcos que sobem e descem à medida das enchentes sazonais na Amazônia?

​Jamais fizemos a reforma agrária, que é uma bandeira capitalista na medida em que a lógica do capital visa ao aumento da produção de mercadorias e as terras improdutivas não contribuem para o aumento da arrecadação de impostos e do próprio capital.

​Mas o pensamento conservador elitista do Brasil tradicional jamais compreendeu esta questão, e não é por menos que jamais fizemos a reforma agrária (entre os argumentos não declarados para a deposição de Jango estava a pretensão dele de fazer a reforma agrária) e fomos um dos últimos países das Américas a abolir a escravidão dos afrodescendentes.

A abolição dos escravos negros era bandeira capitalista defensora do escravismo pelo salário e contra o feudalismo escravista direto das senzalas.

​Assim é que se formaram núcleos habitacionais nos morros do Rio de Janeiro, cujas terras no final do século 19 não tinham valor econômico; não serviam para plantar num país com terras abundantes nas mãos dos senhores feudais, e nem serviam para morar, numa época em que até os animais de cargas teriam dificuldades de escalar suas encostas íngremes, e o abastecimento de água seria precário.
​A música com refrão como “lata d’agua na cabeça, lá vai Maria, Lá vai Maria, sobe o morro e não se cansa, pela mão leva a criança, lá vai Maria..” bem demonstra qual era e ainda é a realidade de uma mulher negra, mãe e morando num barraco mal construído nos morros brasileiros.

​A verdade é que o povo brasileiro de baixa renda, a grande maioria, mora em casas toscas, com precárias infraestruturas urbanas (de água, luz, vias pavimentadas, transporte, escolas e postos de saúde) e os que estão abaixo da linha da pobreza, que já são cerca de 67,7 milhões em todo o país, ou 32,1% da população brasileira, se veem obrigados a improvisar moradias nas chamadas áreas de risco.

​Todas as pessoas que morreram nas recentes enchentes da Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, são vítimas do capitalismo assassino.

​O capitalismo que agride o meio ambiente e provoca as mudanças climáticas que provocam incêndios, nevascas intensas e ciclones no sul, meio/oeste e nordeste dos Estados Unidos nos últimos meses e incêndios no centro-oeste e enchentes no nordeste e sudeste do Brasil, é o mesmo que torna a mercadoria terra urbana e rural inacessível à maioria dos brasileiros.

​A questão habitacional no Brasil revela quão perversa é a cisão social existente nas cidades brasileiras, nas quais se observa uma colossal disparidade de qualidade habitacional entre os bairros elegantes e providos de infraestrutura urbana e os bairros com ruas esburacadas e mal iluminadas, com casas construídas em terrenos acidentados e sem critérios urbanísticos de construções, sem que tenham sido projetados de modo a proporcionar segurança contra enchentes.

​A terra urbana é proibitivamente cara para a média salarial brasileira, e isto para quem ainda está empregado. Como no Brasil temos uma das mais altas taxas de desemprego dos países em desenvolvimento, já se pode imaginar o porquê de tenta gente morando em áreas de risco de desabamentos e inundações quando vem a temporada de chuvas, que hoje estão cada vez mais intensas em breves períodos ou fracas e ausentes por longos tempos.

​Sofre-se com as enchentes; lamenta-se a redução de volume dos reservatórios num país no qual a energia hidráulica é fundamental; e tornam-se improdutivas as áreas degradadas pelas secas. Entretanto, segue o baile macabro da hipocrisia política…

​Mas não é somente a terra que é proibitivamente cara para os trabalhadores assalariados; mais cara ainda é a construção confortável de uma casa e a infraestrutura ao seu redor. Calcula-se que o valor da terra urbana popular é apenas 20% do custo de uma habitação.

​Ora, se o trabalhador assalariado não pode comprar um lote de terra, mesmo pequeno, mas situado em área segura, e considerando que tal custo habitacional é de apenas 20% do total, como poderá adquirir uma casa construída com as condições de habitabilidade necessárias com o salário médio existente?

​Agora com a alta dos juros e da inflação os programas de financiamentos habitacionais populares de longo prazo estão inviabilizados, ou seja, a cada dia que se passa a coisa piora, principalmente com um governo desastrado como o que temos.

​Não é difícil se entender porque são os pobres que são soterrados nos deslizamentos dos morros com suas construções precárias, nas quais se observa claramente uma exclusão social étnica histórica.

​O poder público é elitista e seletivo quanto às construções de infraestrutura urbanística de sua alçada na periferia das cidades. Os bairros ricos são dotados de pavimentação, iluminação pública eficiente, gás encanado, abastecimento de água eficiente e boa sinalização de trânsito; e os bairros pobres são tratados de modo negligente, e isto por si só já denota a estrutura de poder elitista sob a qual vivemos socialmente.

​O traçado urbanístico das cidades denuncia a cisão social existente, e tal fato nada mais é do que a resultante segregacionista e desumana sob a qual estamos submetidos, e que é a responsável por todas as vítimas que ainda ontem foram soterradas em São Paulo, a meca do capitalismo nacional.

​Até quando???

SOBRE O AUTOR
Dalton Rosado é advogado e escritor. Participou da criação do Partido dos Trabalhadores em Fortaleza (1981), foi co-fundador do Centro de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos – CDPDH – da Arquidiocese de Fortaleza, que tinha como Arcebispo o Cardeal Aloísio Lorscheider, em 1980.

2 comentários:

  1. E devemos lutar contra o ateísmo militante (ou fanatismo ateu), o cientificismo militante (ou fanatismo científico), o ceticismo militante (ou fanatismo cético), o racionalismo militante (ou fanatismo racionalista), o materialismo militante (ou fanatismo materialista), o neopositivismo e contra o antiteísmo também, pois são novas bandeiras promovidas pelo capitalismo e pelo neoliberalismo mas que poucas pessoas conseguem ver, e a esquerda que promovem isso que eu falei de alguma forma ou de outra também compactuam com o capitalismo e com o neoliberalismo, principamente a esquerda do ateísmo militante, cientificismo militante, neopositivismo e do antiteísmo.

    And we must fight against militant atheism (or atheist fanaticism), militant scientism (or scientific fanaticism), militant skepticism (or skeptical fanaticism), militant rationalism (or rationalistic fanaticism), militant materialism (or materialistic fanaticism), neopositivism and against antitheism as well, because they are new flags promoted by capitalism and neoliberalism but that few people can see, and the left that promotes what I said in some way or another also agrees with capitalism and neoliberalism, mainly the left of militant atheism, militant scientism, neopositivism and antitheism.

    Y debemos luchar contra el ateísmo militante (o fanatismo ateo), el cientificismo militante (o fanatismo científico), el escepticismo militante (o fanatismo escéptico), el racionalismo militante (o fanatismo racionalista), el materialismo militante (o fanatismo materialista), el neopositivismo y contra el antiteísmo como pues porque son banderas nuevas que promueve el capitalismo y el neoliberalismo pero que poca gente puede ver, y la izquierda que promueve lo dicho de una u otra forma también está de acuerdo con el capitalismo y el neoliberalismo, principalmente la izquierda del ateísmo militante, del cientificismo militante, del neopositivismo y el antiteísmo.

    Et nous devons lutter contre l'athéisme militant (ou fanatisme athée), le scientisme militant (ou fanatisme scientifique), le scepticisme militant (ou fanatisme sceptique), le rationalisme militant (ou fanatisme rationaliste), le matérialisme militant (ou fanatisme matérialiste), le néopositivisme et contre l'antithéisme comme eh bien, parce que ce sont de nouveaux drapeaux promus par le capitalisme et le néolibéralisme mais que peu de gens peuvent voir, et la gauche qui promeut ce que j'ai dit d'une manière ou d'une autre est également d'accord avec le capitalisme et le néolibéralisme, principalement la gauche de l'athéisme militant, du scientisme militant, du néopositivisme et l'antithéisme.

    Guilherme Monteiro Jr.

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    1. E também devemos lutar e denunciar publicamente pessoas como Bibi Bailas, Atila Iamarino, Pirulla, Daniel Foschetti Gontijo, Carlos Orsi, Natalia Pasternak, Jason Ferrer, Dave Farina, Bill Nye, Richard Dawkins, Sam Harris, Daniel Dennett, Michael Shermer, Richard Wiseman entre muitos outros por aí, pois todos eles se encaixam exatamente no que eu falei anteriormente do ateísmo militante (ou fanatismo ateu), cientificismo militante (ou fanatismo científico), ceticismo militante (ou fanatismo cético), racionalismo militante (ou fanatismo racionalista), materialismo militante (ou fanatismo materialista), o neopositivismo e antiteísmo. Assim como devemos lutar e denunciar publicamente todos que apoiam os mencionados aqui ou quem apoia gente como eles e quem passa pano para os mesmos.

      And we must also fight and publicly denounce people like Bibi Bailas, Atila Iamarino, Pirulla, Daniel Foschetti Gontijo, Carlos Orsi, Natalia Pasternak, Jason Ferrer, Dave Farina, Bill Nye, Richard Dawkins, Sam Harris, Daniel Dennett, Michael Shermer, Richard Wiseman among many others out there, as they all fit exactly into what I talked about earlier of militant atheism (or atheist fanaticism), militant scientism (or scientific fanaticism), militant skepticism (or skeptical fanaticism), militant rationalism (or rationalistic fanaticism), militant materialism (or materialistic fanaticism), neopositivism and antitheism. Just as we must fight and publicly denounce everyone who supports those mentioned here or who supports people like them and who passes cloth for them.

      Y también debemos luchar y denunciar públicamente a personas como Bibi Bailas, Atila Iamarino, Pirulla, Daniel Foschetti Gontijo, Carlos Orsi, Natalia Pasternak, Jason Ferrer, Dave Farina, Bill Nye, Richard Dawkins, Sam Harris, Daniel Dennett, Michael Shermer, Richard Wiseman entre muchos otros, ya que todos encajan exactamente en lo que hablé antes del ateísmo militante (o fanatismo ateo), cientificismo militante (o fanatismo científico), escepticismo militante (o fanatismo escéptico), racionalismo militante (o fanatismo racionalista) , materialismo militante (o fanatismo materialista), neopositivismo y antiteísmo. Así como debemos luchar y denunciar públicamente a todo aquel que apoye a los aquí mencionados o que apoye a gente como ellos y que se pase de trapo por ellos.

      Et nous devons aussi combattre et dénoncer publiquement des gens comme Bibi Bailas, Atila Iamarino, Pirulla, Daniel Foschetti Gontijo, Carlos Orsi, Natalia Pasternak, Jason Ferrer, Dave Farina, Bill Nye, Richard Dawkins, Sam Harris, Daniel Dennett, Michael Shermer, Richard Sage parmi tant d'autres, car ils correspondent tous exactement à ce dont j'ai parlé plus tôt de l'athéisme militant (ou fanatisme athée), du scientisme militant (ou fanatisme scientifique), du scepticisme militant (ou fanatisme sceptique), du rationalisme militant (ou fanatisme rationaliste) , matérialisme militant (ou fanatisme matérialiste), néopositivisme et antithéisme. Tout comme nous devons combattre et dénoncer publiquement tous ceux qui soutiennent ceux dont il est question ici ou qui soutiennent des gens comme eux et qui leur passent du tissu.

      Guilherme Monteiro Jr.

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O capitalismo está podre. Todos sabemos disso. Mas ele não cai sozinho