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sábado, 19 de março de 2022

CARTA ABERTA À SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO * Frente Revolucionária dos Trabalhadores / FRT

 CARTA ABERTA À SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

-"Castrinho bozolóide em guerra com a educação"-

DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Rio de Janeiro, 17 de março de 2022 

Ao Secretario de Educação Alexandre Valle,  

Ao Presidente da Faetec João Carrilho, 

Aos demais responsáveis da Educação do Estado do RJ, 

Com cópia à Coordenação do Iserj 

Com cópia ao Ministério Público do Estado. 

Ao ver o nome de nossos filhos e filhas sorteados para o ISERJ, CAP-Faetec, nós choramos. Choramos de emoção, porque eles teriam acesso ao que deve ser direito  garantido a toda criança brasileira: uma educação pública, de qualidade e socialmente  referenciada. Ainda celebramos essa pequena vitória, mas poucas semanas  pertencendo a essa comunidade já nos fez lembrar que nenhum direito vem por  caridade, é preciso lutar incessantemente pelos direitos. 

Já passou um mês desde o início do ano letivo, uma retomada presencial  possível pelo recuo da pandemia COVID-19 depois que milhões de crianças e  adolescentes foram submetidos à falta de planejamento e condições a uma educação  digna por 2 anos. 

Tudo poderia ser comemoração, porém estamos diante de sérios problemas.  Como já foi divulgado pela imprensa, não há professores concursados e nem há  comida.  

Há professores aprovados em concurso, mas não há a posse dos mesmos. A  Faetec abriu processo seletivo para contratação de temporários há semanas, mas até o  dia de 17/03/2022 não havia profissionais para garantir as aulas de grande maioria das  turmas do ensino infantil, fundamental e do ensino médio. Após 3 adiamentos, a  coordenação do ISERJ tenta garantir o acolhimento das turmas sem aulas, convocando  professoras em processo de aposentadoria, revezando entre profissionais da diretoria  e outras medidas desesperadas a fim de evitar que as crianças fiquem mais tempo  largadas em casa.  

Lembremos a perda pedagógica principalmente para os menores que estão nos  primeiros passos da educação formal. Cada dia sem aula significa um século de  prejuízos para as crianças e para o futuro deste país. 

Para piorar: há poucos suprimentos destinados a lanche e estão sendo  racionados, com previsão de acabarem por completo ainda esta semana. Os alimentos  destinados a almoço e jantar nunca chegaram em 2022. Resultado: temos milhares de  

alunos na Rede sem almoço, sem jantar e com lanche racionado. Ninguém precisa  contar a notícia de que muitas vezes a única refeição do dia dos estudantes é o  alimento oferecido pela escola pública, ainda mais nos dias de hoje com o Brasil  novamente incluído no Mapa da Fome, organizado pela ONU. 

Por isto, considerando a responsabilidade legal, administrativa e social dos  dirigentes desta instituição e à frente da pasta de educação do Estado do RJ, queremos manifestar nosso repúdio diante desse quadro de completo abandono e descaso. A  situação é absolutamente indignante, ilegal, irresponsável e negligente.  

A menos que tal precarização do ISERJ seja parte de um projeto organizado de  desmonte do ensino público, não há nem como nem porque não ter professores  concursados convocados. A opção por contratos temporários como solução 

permanente é por si só uma medida defeituosa grave no serviço público que para se  oferecer eficiente e socialmente referenciado demanda estabilidade e vínculo de seus  funcionários. A experiência concreta demonstra isso. 

A contar pelo orçamento público votado e aprovado, não se trata de falta de  recursos ou dinheiro. Estamos diante da omissão, do deixar de fazer, de gestão pública  leviana e repito do abandono de toda uma comunidade de profissionais de educação,  seus estudantes, suas famílias e da sociedade. 

Diante do exposto, gostaríamos de reivindicar as seguintes medidas urgentes e  emergenciais: 

1. Início das aulas de turmas sem professor, considerando o anúncio que o Estado  havia contratado profissionais em caráter temporário; 

2. a convocação e posse dos professores que já foram aprovados em concurso com  validade; 

3. garantia da proposta pedagógica do próprio ISERJ da biodocência: dois professores  por turma; 

4. realização de concursos pra carreiras ainda não contempladas em concurso anterior;  5. entrega imediata dos insumos para merenda.  

Trata-se de um mínimo essencial. Sem isso, não há esforço e dedicação do atual quadro que resiste bravamente às deficiências estruturais que dê conta do que as  crianças e comunidade precisam. 

Não queremos chorar de decepção. Só de alegrias. 

Assinam em conjunto (atualizado até 17/03/2022): 

01 - Laura Abrantes 

Responsável de aluno de turma da Ed. Infantil – ISERJ 

02 - Pedro Farias Braga 

Responsável de aluno de turma da Ed. Infantil – ISERJ 

03 – Maria Elena Leboso Alemparte 

Avó de aluno de turma da Ed. Infantil – ISERJ 

04 – Celso Luiz Ribeiro Braga 

Avô de aluno de turma da Ed. Infantil – ISERJ 

05 – Anna Claudia L. da S. de Sousa 

Responsável de aluno de turma da Ed. Infantil – ISERJ 

06 – Adriana do Prado Pontes 

Responsável de aluno de turma da Ed. Infantil – ISERJ 

07 – Michele Alves Ferreira Estevão da Fonseca 

Responsável de aluno de turma da Ed. Infantil – ISERJ 

08 – Maria Luiza Rêgo 

Responsável de aluno de turma da Ed. Infantil – ISERJ 

09 - Anna Carolina Batista Bayer de Sá 

Responsável de aluno de turma da Ed. Infantil – ISERJ

Antonio Cabral Filho

Responsável de aluno da Escola Municipal Jornalista Campos Ribeiro

Roseli Brito Cabral

Responsável de aluno da Escola Municipal Hemetério Santos

...

2 comentários:

  1. Agradecemos o compartilhamento, porém o cap-Faetec, ISERJ é do âmbito do estado do Rio de Janeiro, não do Dudu. Nosso patrão é o Castro, do governo do estado. Se interessar, temos a versão atualizada com quase 100 assinaturas...

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  2. Gratíssimo Ilma Laura Abrantes. Um lapso terrível. Mas o DUDU merece.

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O capitalismo está podre. Todos sabemos disso. Mas ele não cai sozinho