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quinta-feira, 21 de abril de 2022

A HISTÓRIA DEFECADA E OUTRAS IMPUNIDADES * Adão Alves dos Santos / SP E OUTROS AUTORES

 A HISTÓRIA DEFECADA

E OUTRAS IMPUNIDADES

(CRÔNICAS PARA DESEMBURRECER TOMO DCCXVIX)

EPOPEIA DOS POVOS ORIGINÁRIOS

Num quase imprevisto passeio a Porto Seguro e, ao Arraial da Ajuda, a pessoa que fazia as vezes de guia turístico, me revoltou completamente ao explicar porque a Vila foi erguida no alto da colina, "para permitir que os primeiros brasileiros pudessem ver as ameaças vindas pelo mar", ainda que isto seja verdade, não é bem a verdade, os invasores portugueses fizeram suas casas exatamente onde ficava um aldeia indigna, que as fizeram ali pelo mesmo objetivo, só que arco e flecha, não foram páreo para os bacamartes.


Isto não é só uma omissão histórica, não trazidas a tona por nossos tetravós, que não contaram para nossos trisavôs, que não revelaram para nossos bisavós que omitiram de nossos pais, que não temos o direito de esconder de nossos filhos.


Não desvelar para nossos filhos e netos, é ignorar que o jardim Guarani, quer dizer num bom tupi, "pequeno lobo", que Sapopemba, "árvore com a raiz para fora", Araruta", tais que se come, Guarapiranga, "local de ninho da ave vermelha", anhanguera, "homem que colocou fogo na água", Anhangabaú, "homem abaixado bebendo água", Mandaqui, "rio do peixe mandi", mandioca "choro da casa". Poderíamos aqui desfilar centenas de expressões e nome indígenas, acreditamos porém, que deu para compreender que uma história criminosamente escondida, para não sabermos que não chegamos aqui por mero acaso.

DIA DOS POVOS INDÍGENAS

Não é só a participação indígena na história que e escamoteada, a negra também, só um exemplo, Carumbé, lugar distante.


Se a escravidão negra, sacramentada pela igreja católica, a única existente até então, a libertação, não foi um ato de bondade da princesa Isabel, nem contatando a história do lado branco, foi uma exigência mercadológica, já que escravo, não compra, por não ter salário.


Se no parágrafo acima, informamos que nem na versão branca a história é real, não podemos esquecer em hipótese alguma a luta dos antepassados. Esquecer é omitir a própria existência e não estranhar "os atuais capitães do mato" que anda entre nós em pleno século XXI, todos bolzominius, porque será?


Adão Alves dos Santos / SP

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Três andares de impunidade na Amazônia


Uma balsa de garimpo de três andares, 30 metros de comprimento e um custo estimado de 2 milhões de reais navegando pela Amazônia é a mais nova imagem da destruição da floresta apoiada pelo governo de Jair Bolsonaro. 


Na madrugada de 15 de abril, sete garimpeiros – cinco adultos e dois adolescentes – alcançaram a terra do povo Xipaya e ameaçaram o pai de Juma, a primeira cacica do seu povo e uma das estrelas da Cúpula do Clima de Glasgow. Em seguida, a  embarcação monstruosa navegou por duas unidades de conservação: as reservas extrativistas do rio Iriri e do Riozinho do Anfrísio. Agentes da Força Nacional e do ICMBio, órgão responsável pela conservação ambiental, apreenderam a balsa e prenderam os criminosos em flagrante. 


Parecia uma rara vitória em uma das linhas de frente da guerra climática. Mas enquanto Bolsonaro estiver no poder, as chances de a humanidade controlar o superaquecimento global diminuem um pouco – ou muito – mais a cada minuto No domingo, a Polícia Federal soltou os criminosos. A desculpa singela: não conseguiriam levá-los a uma delegacia nas 24 horas previstas pela lei porque a região seria de “difícil acesso”. 


 Uma das principais estratégias do governo de ultradireita do Brasil é devorar as instituições desde dentro. Não é necessário fechá-las, como acontecia em regimes autoritários do século 20: elas seguem existindo, mas não funcionam contra o presidente,  sua família, seus amigos e sua base de apoio. Até Bolsonaro assumir o poder, a Polícia Federal era uma das poucas forças de segurança que tinha o respeito da população. As demais eram marcadas tanto pela corrupção quanto pela prática cotidiana de execução de suspeitos. Bolsonaro está conseguindo destruir a imagem da única polícia que parecia funcionar no Brasil.


Após serem soltos, os garimpeiros zombaram dos povos da floresta que os denunciaram, mostrando de que lado está a força no país. Adultos e crianças agora dormem e acordam aterrorizados, na mira de criminosos que invadem o território com a certeza de ter o Governo e as forças de segurança controladas pelo bolsonarismo ao seu lado.


 No início do milênio, a região amazônica chamada de Terra do Meio, um enclave de natureza de milhões de hectares, era um dos últimos em que a floresta ainda respirava. Mantê-la viva era estratégico para qualquer cenário em que a vida humana pudesse ser preservada. Fui a primeira jornalista  a alcançar a região na companhia do fotógrafo Lilo Clareto, em 2004. Chegamos ao Riozinho do Anfrísio, a comunidade mais ameaçada, depois de quatro dias de viagem de rio. Navegávamos ao lado do principal líder da resistência, um homem chamado Herculano Porto, cuja cabeça estava na mira das balas de madeireiros e grileiros. 


Na semana passada, 18 anos depois, enquanto a balsa monstruosa profanava a Terra do Meio, eu semeava com a família e amigos as cinzas de Lilo, morto por covid-19. Conforme seu desejo, Lilo misturou-se a floresta e seus seres no ponto exato onde o Riozinho beija o Iriri. No dia seguinte, 14 de abril, Herculano Porto teve sua história lembrada numa homenagem cujo objetivo era marcar o passado de luta para a nova geração que hoje se corrompe ao se aliar aos destruidores da floresta. E então a balsa de garimpo chegou, os criminosos foram presos e depois liberados. Mais uma vez, a certeza é a de que resistir é se arriscar a ser morto. Melhor então se aliar a quem manda no país.


  É preciso que a sociedade brasileira e também a global entenda: o futuro da humanidade guardado na maior floresta tropical do planeta depende da luta travada no presente contra um governo que usa a máquina do Estado para destruir a Amazônia. Sozinhos demais, estamos perdendo. E perdendo. E perdendo mais uma vez.                                                                           https://elpais.com/opinion/2022-04-20/impunidad-en-la-amazonia.html 

*

HOJE É DIA NACIONAL DO ÍNDIO

Quando olhei as nossas matas
Numa triste destruição
Os animais  morrendo
Graças ao homem sem coração

Que beleza era essas matas
Dá vontade de chorar
Ouvindo o canto dos passarinhos
voando soltos em seu caminho

Até mesmo os nossos rios
Estão sendo destruídos
Cortando as árvores de suas margens
Mudando o curso já poluído

Hoje vejo muitas árvores
Cortadas e até queimadas
Eu fico triste nesse instante
Por que tamanha destruição?

Quando o verde dessas matas
Tocar no teu coração
verás tudo o que fizeste
Com o teu povo e o teu irmão

A natureza é nossa Mãe
Jamais perdoa um filho seu
Que tenta destruí-la
Com arrogância e ambição.

(Por um índio da  Aldeia Akajutibiró/PB) 
*

*Invasão garimpeira coloca em risco indígenas no Vale do Javari*


Nos últimos dias, garimpeiros alcoolizados invadiram uma aldeia na Terra Indígena Vale do Javari, oeste do estado do Amazonas. Os relatos de lideranças dos povos Kanamari e Tyohom-dyapa são de invasão não autorizada, alcoolização forçada dos indígenas e crimes sexuais contra as mulheres da aldeia.


Em áudios por aplicativos de conversa, membros da aldeia Jarinal pediram socorro aos demais parentes do povo Kanamari e pediram urgência na ação da Fundação Nacional do Índio (Funai) e demais órgãos responsáveis. As denúncias foram encaminhadas pelo Conselho Indígena dos Kanamari do Juruá e Jutaí (Cikaju) e pela Associação dos Kanamari do Vale do Javari (Akavaja).


A invasão ocorreu na aldeia Jarinal, no alto curso do rio Jutaí. Na aldeia vivem indígenas Kanamari e Tyohom-dyapa, este último povo de recente contato que nas últimas décadas sofreu um forte decrescimento populacional por um histórico de doenças e conflitos. A região do alto Jutaí acima da aldeia Jarinal é habitada exclusivamente por indígenas isolados.


Saiba mais: trabalhoindigenista.org.br/invasao-garimpo-jarinal

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2 comentários:

  1. Excelente artigo! Mas também devia falar sobre o capitalismo, neoliberalismo, imperialismo, neocolonialismo, direitismo, ateísmo militante, ateísmo de estado, antiteísmo, secularismo militante, "ceticismo" militante, materialismo militante, neopositivismo, cientificismo militante, imperialismo científico, imperialismo ateu, imperialismo "cético", fanatismo ateu, fanatismo científico, fanatismo "cético", ateísmo de estado, cientificismo de estado, "ceticismo" de estado, iluminismo militante, "livre pensamento", "pensamento crítico", "racionalismo" militante e afins. Pois os mesmos também afetaram e afetam muito os povos nativos do Brasil e do mundo todo, e alguns de uma forma que é bem difícil de perceber.

    Excellent article! But it should also talk about capitalism, neoliberalism, imperialism, neocolonialism, rightism, militant atheism, state atheism, antitheism, militant secularism, militant "skepticism", militant materialism, neopositivism, militant scientism, scientific imperialism, atheist imperialism, "skeptical" imperialism ", atheist fanaticism, scientific fanaticism, "skeptical" fanaticism, state atheism, state scientism, state "skepticism", militant enlightenment, "free thinking", "critical thinking", militant "rationalism", and the like. Because they also affected and affect the native peoples of Brazil and the whole world, and some in a way that is very difficult to perceive.

    ¡Excelente artículo! Pero también debe hablarse de capitalismo, neoliberalismo, imperialismo, neocolonialismo, derechismo, ateísmo militante, ateísmo de Estado, antiteísmo, laicismo militante, “escepticismo” militante, materialismo militante, neopositivismo, cientificismo militante, imperialismo científico, imperialismo ateo, imperialismo “escéptico”. ", fanatismo ateo, fanatismo científico, fanatismo "escéptico", ateísmo de estado, cientificismo de estado, "escepticismo" de estado, ilustración militante, "pensamiento libre", "pensamiento crítico", "racionalismo" militante, etc. Porque también afectaron y afectan a los pueblos originarios de Brasil y del mundo entero, y algunos de una forma muy difícil de percibir.

    Excellent article ! Mais il faut aussi parler du capitalisme, du néolibéralisme, de l'impérialisme, du néocolonialisme, du droitisme, de l'athéisme militant, de l'athéisme d'État, de l'antithéisme, de la laïcité militante, du « scepticisme » militant, du matérialisme militant, du néopositivisme, du scientisme militant, de l'impérialisme scientifique, de l'impérialisme athée, de l'impérialisme « sceptique ». », le fanatisme athée, le fanatisme scientifique, le fanatisme « sceptique », l'athéisme d'État, le scientisme d'État, le « scepticisme » d'État, l'illumination militante, la « libre pensée », la « pensée critique », le « rationalisme » militant, etc. Parce qu'ils ont également affecté et affectent les peuples autochtones du Brésil et du monde entier, et certains d'une manière très difficile à percevoir.

    Guilherme Monteiro Junior

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  2. Eu até gosto das ideias do nativianismo e do indigenismo (nacionalismo indígena), e eu até apoiava os mesmos seriamente a uns anos atrás. Mas agora, eu prefiro mais apoiar a República Socialista Mundial e a Autoridade Imperial Anunna de Ki, já que não conheço quase ninguém que apoia o nativianismo e o indigenismo e também o nativianismo e o indigenismo não possuem tanto apoio assim dos grupos sociais em que eu faço parte.

    I even like the ideas of nativianism and indigenism (indigenous nationalism), and I even supported them seriously a few years ago. But now, I prefer to support the World Socialist Republic and the Imperial Anunna Authority of Ki, since I don't know almost anyone who supports Nativianism and Indigenism and also Nativianism and Indigenism don't have that much support from the social groups in which I I'm part of this.

    Incluso me gustan las ideas del nativismo y el indigenismo (nacionalismo indígena), e incluso las apoyé seriamente hace algunos años. Pero ahora, prefiero apoyar a la República Socialista Mundial y a la Autoridad Imperial Anunna de Ki, ya que no conozco a casi nadie que apoye el nativismo y el indigenismo y además el nativianismo y el indigenismo no tienen tanto apoyo de los grupos sociales en los que yo pertenezco.

    J'aime même les idées de nativianisme et d'indigénisme (nationalisme indigène), et je les ai même soutenues sérieusement il y a quelques années. Mais maintenant, je préfère soutenir la République socialiste mondiale et l'Autorité impériale Anunna de Ki, car je ne connais presque personne qui soutient le nativianisme et l'indigénisme et aussi le nativianisme et l'indigénisme n'ont pas autant de soutien des groupes sociaux dans lesquels Je fais partie de ça.

    Guilherme Monteiro Junior

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O capitalismo está podre. Todos sabemos disso. Mas ele não cai sozinho