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segunda-feira, 27 de junho de 2022

O rastro das chacinas * Antonio Cabral Filho / FRT-RJ

O RASTRO DAS CHACINAS
Aline dos Santos, mãe de Thiago dos Santos, morto em chacina na Penha - RIO

SOBRE ALINE DOS SANTOS 

Toda violência deixa sequelas. E elas causam um amálgama profundo na alma da gente. Desde o parto até à morte. É como uma dor infinita, para a qual não sabemos a cura. Mas há violências que são assustadoras, como a das chacinas no mundo atual - JUNHO 2022 - que não sabemos as raízes mas conhecemos suas flores: famílias destruídas. 

Muitas vezes devido a um membro que se desviou para o crime, seja ativa ou passivamente. Ou seja, às vezes um consumidor de substâncias ilícitas pensa que ELE não está fazendo mal a ninguém com o seu hábito, mas se esquece da situação causada pelo efeito do seu consumo: geralmente desequilíbrios, distúrbios, brigas, quando não degenera para ações criminosas, como assaltos, estupros etc. 

No caso do DESVIO PASSIVO - o consumidor - se considera no direito de realizar seus atos porque se considera dono do seu destino, da sua vida etc, sem avaliar os efeitos de seus atos. Mas no caso do DESVIO ATIVO - tráfico, assalto, furtos, milícia etc - o sujeito tem SIM consciência de seus atos, até porque não pode realizá-los inconscientemente, sob pena de ser executado. Neste caso, a relação com seus familiares acaba destruída. Ele se afasta da família ou ela se junta a ele. São situações inusitadas, que podem levar ao apodrecimento do ambiente social: essa comunidade familiar não terá - jamais - uma vida de paz. Muitas vezes a morte do membro da família que se desviou para o crime parece a solução, mas não é: a família continua traumatizada. Afinal, uma parte dela foi retirada, violentamente.

Mas no caso das chacinas, isso é ainda pior: leva ao suicídio, de pelo menos um membro da família: geralmente a mãe.
O AVC de Aline não foi natural:
Mãe de Thiago Santos, estudante morto dentro de casa na Penha, falece no Rio.
Aline Santos já estava internada há dias devido ao AVC que teve; família informou que ela vinha sofrendo muito com a perda do filho.

CONFIRA

Mas essa violência tem história e tem raízes na divisão social do trabalho. A classe dominante precisa se defender do perigo criado por ela: a miséria causada pela depreciação da mão de obra, a exclusão do trabalhador do mercado formal de trabalho, seu afastamento lá para as periferias desassistidas do mundo, formando os bolsões de marginalizados, que servirão de mão de obra para a sua sub-indústria, o narcotráfico e as milícias, civis ou paramilitares. Este é o efeito da divisão social do mundo em classes - primeiro nos exclui, depois nos mata.

No entanto, podemos verificar que no período bozonazista, o Brasil se vê mergulhado num mar de sangue, uma vez que se trata de um representante das milícias, do campo e da cidade, cujo único investimento é na eliminação de indefesos.

Agora, neste momento, me pergunto qual o metro quadrado do mundo não está contaminado por essa desgraça. Ela precisa ser destruída, mas apenas as sua vítima pode exterminá-la. 

ANEXO
POLÍCIA DE MIAMI COMPRANDO ARMAS DA POPULAÇÃO DEVIDO A EXPLOSÃO DE VIOLÊNCIA NA CIDADE.
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O capitalismo está podre. Todos sabemos disso. Mas ele não cai sozinho