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sábado, 26 de novembro de 2022

AS PESSOAS, DE ONDE EU VENHO, NÃO TÊM VOZ E NEM VEZ * Mônica Nunes / Anselmo Goes

 AS PESSOAS, DE ONDE EU VENHO, NÃO TÊM VOZ E NEM VEZ

declarou Richarlison na coluna de Ancelmo Gois, em 7/12/2020

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Por que é raro encontrar um atleta brasileiro engajado nas lutas sociais e políticas? Com esta questão na cabeça, fomos ouvir Richarlison, jogador do time inglês Everton e da seleção brasileira. Aqui o importante relato que merece uma reflexão:


“Ultimamente, em toda entrevista que eu dou, uma pergunta é certa: ‘Por que você se posiciona?’ Mas talvez o melhor fosse ‘Por quem você se posiciona?’ É muito importante que isso fique claro.


As pessoas de onde eu venho não têm voz e nem vez. Poucos, até hoje, procuraram saber o que é importante ou o que falta para que elas vivam melhor. No Brasil é assim, muitos só recebem atenção em época de eleição.


Falando nisso, vocês sabem, eu nunca tive um partido político. Para ser sincero, nem me interesso, porque não preciso de um para saber que é errado faltar energia elétrica por 22 dias em um estado inteiro. Ou ainda que é um direito básico ter comida na mesa, saúde, educação e moradia.


Também nunca entrei num laboratório. Ainda assim, eu posso dizer a todos que a ciência é a nossa única saída em todos os momentos. 


Eu vejo isso no meu dia a dia como jogador. Meu corpo precisa da ciência e da medicina para que eu possa fazer o que mais amo.


Bom, eu sequer terminei meus estudos. Mas não é necessário um diploma para enxergar que muita gente é intimidada, encurralada e morta pelo racismo todos os dias no Brasil. 


Li numa matéria que 75% da população pobre é preta, e que 76% das pessoas mortas todos os anos também são pretas. Coincidência? Não precisa ser o rei da matemática para concluir o óbvio.


É por isso que todos os dias agradeço a Deus pela oportunidade e por não ter virado estatística. O futebol me salvou! 


É por isso que eu falo, me posiciono e mostro a minha indignação: pelo mínimo de dignidade e igualdade para todos os brasileiros que não tiveram a mesma sorte que eu.



Espero ter respondido à questão”. Da Mônica Nunes

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