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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

LULA: DIREITA VOLVER! * Editorial de LA JORNADA - México, Janeiro de 2023

LULA: DIREITA VOLVER!
Editorial de LA JORNADA -México, Janeiro de 2023
O QUE A DIREITA DIZ E O QUE ELA FAZ

Os novos movimentos e grupos de reação contribuem para uma polarização baseada não em antagonismos reais, mas em fobias e preconceitos diante de tudo o que é percebido como uma ameaça a interesses que, ainda por cima, são distorcidos pela manipulação de demagogos.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, descreveu a ultradireita como um novo monstro que deve ser enfrentado e derrotado tanto em seu país quanto em escala global. Em cerimônia realizada no Palácio do Planalto, sede do Executivo assaltada e vandalizada neste domingo, 8, por partidários de seu antecessor, o fascista Jair Bolsonaro, Lula convocou para enfrentar a ascensão de uma extrema-direita fanática e raivosa que odeia tudo o que não corresponde ao que você pensa.

O líder histórico da esquerda eleitoral brasileira destacou que não basta derrotar os radicais nas urnas, é preciso também triunfar sobre o ódio, a mentira e a desinformação que as figuras da nova ultradireita têm semeado em amplos setores da sociedade .

O desafio é supremo, pois em sua ascensão as forças reacionárias varreram os alicerces da democracia e até mesmo um mínimo de civilidade. Vale ressaltar que Lula localiza a origem do ódio que corrói seu país na negação da política: de fato, demonizar partidos políticos e qualquer organização que levante demandas coletivas (particularmente sindicatos e comunidades) é parte central do discurso neoconservador , que aponta para a atomização, o individualismo autodestrutivo e o esbatimento ou cancelamento dos espaços em que é possível o debate de ideias, o contraste de pontos de vista e a construção de consensos.

Assim, os novos movimentos e grupos de reação contribuem para uma polarização baseada não em antagonismos reais, mas em fobias e preconceitos diante de tudo o que é percebido como uma ameaça a interesses que, ainda por cima, são distorcidos pela manipulação de demagogos, como o próprio Bolsonaro, Donald Trump, o espanhol Santiago Abascal, Le Pen (pai e filha) na França, o colombiano Álvaro Uribe, os bolivianos Jeanine Áñez e Luis Fernando Camacho (ambos presos por participação no golpe de 2019), o guatemalteco Alejandro Giammattei, o chileno José Antonio Kast e a classe política dessa nação viciada em pinochetismo, entre outras figuras, que também não faltam no México.

Para explicar a proliferação desse tipo de personagem na América Latina, não se pode ignorar a cumplicidade dos governantes americanos e europeus. Embora muitas vezes não concordem com as posições cavernosas da direita latino-americana em questões como direitos das minorias, questões de gênero, proteção ambiental ou mesmo sobreexploração do trabalho, os líderes ocidentais os elevam ao poder ou lhes oferecem um apoio inestimável, seja por causa de sua fobia patológica de qualquer coisa que em seu entendimento estreito se pareça com o socialismo ou para sustentar seus próprios interesses geopolíticos e os lucros de suas corporações transnacionais. O mesmo pode ser dito da mídia que repudia oficialmente os ataques às estruturas democráticas e aos direitos humanos, mas está pronta para apoiar quem mais favorece os lucros de suas empresas controladoras.

O risco que esses ultradireitos representam para ambos os lados do Atlântico não deve ser subestimado. Nos Estados Unidos, eles mantêm as instituições sob controle desde 2008, quando encontraram sua bandeira na sabotagem sistemática à presidência de Barack Obama; na Itália já governam com uma agenda xenófoba e machista (apesar de sua atual líder ser uma mulher, Giorgia Meloni); na Espanha chegaram ao poder regional pelas mãos da suposta direita moderada do Partido Popular, e podem estar perto de entrar em La Moncloa graças aos seus pactos com esta formação; na América Latina depuseram governos democráticos, em Honduras (2009), Paraguai (2012), Brasil (2016), Bolívia (2019), Peru (2022); além de tentativas fracassadas no Equador e na Venezuela (nesta, repetidas vezes). Esses golpes de estado no subcontinente substituíram os tanques de outrora por uma combinação de conspirações jurídico-legislativas com autênticas campanhas goebbelsianas de manipulação midiática que incitam o ódio de setores da população propensos ao classismo e ao racismo, de maneira não muito diferente a permanente difamação, propagação do ódio e indução do pânico por parte de uma oligarquia que não se resigna a ter perdido o controle da Presidência no México.

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