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sexta-feira, 19 de maio de 2023

PRIVATIZAÇÃO É CRIME * E. Precílio Cavalcante / Capitão de mar e guerra do Corpo de Fuzileiros Navais/RJ

PRIVATIZAÇÃO É CRIME

Comprar ou vender empresas estatais, privatizar, virou uma farra com o dinheiro do tesouro nacional.

A rigor não se trata de venda, mas de doação.

O ilustre Dr. Roberto Campos, avô do atual Presidente do Banco Central, também conhecido por Bob Fields, declarou certa vez:

“Vender empresas estatais, o que é isto?! O Brasil deve doar a quem interessar estes trambolhos!”

É o Estado financiando a privatização. O governo Fernando Henrique fez escola, no caso.

Quando o Fernando Henrique ainda não completara um ano de governo, Sérgio Motta, figura eminente do governo, deu uma declaração sobre a venda da Vale do Rio Doce.

Disse ele: Esta empresa, a CVRD, está valendo 92 bilhões de reais.

Cerca de um ano depois S. Motta voltou a falar sobre a venda da Vale. E declarou a CVRD está valendo 52 bilhões de reais.

E menos de um ano depois voltou a declarar: a CVRD, estará bem vendida por 22 bilhões de reais.

Resumo: a Vale do Rio Doce foi vendida, ou doada, por 3,3 bilhões de reais.

Uma parte paga em moeda podre. Velhos títulos de estados ou municípios, lançados há mais de cem anos!

E parte financiada pelos bancos oficiais. Bancos estatais: BNDES, Caixa Econômica ou Banco do Brasil.

Só as jazidas minerais da Vale estavam avaliadas em cerca de 100 bilhões de reais.

Um escândalo astronômico! Inacreditável!!

A empresa foi privatizada no interesse de investidores internacionais.

A partir da privatização da Vale, o Estado deixou de ser o explorador dos recursos naturais do país.

Ele, o Estado, virou um mero concessionário de direitos a empresas. Essas empresas visam o lucro acima de tudo.

A maior mineradora mundial de minério de ferro, a Vale, é produtora de ouro, exploradora de bauxita, matéria-prima do alumínio. Bem como de titânio, no qual o Brasil é o maior detentor mundial.

A Vale tinha a participação em 54 empresas coligadas. Possui também uma grande malha ferroviária, meio de transporte que deveria ter papel estratégico.

Mas nada disto foi avaliado no edital do leilão da companhia, assim como aconteceu com vários outros recursos minerais.

Tudo isso foi privatizado, sem debate com a sociedade.

Ignorando os direitos do povo brasileiro e à revelia da economia brasileira, que hoje apresenta grande desindustrialização.

Neste momento, a discussão que se trava é sobre a escandalosa privatização da Eletrobras.

Privatização, não! Doação criminosa daquela empresa.

Os “compradores” de empresas estatais, desta forma, não passam de simples receptadores de coisas roubadas.

E quem compra roubo, frente à justiça, não passa de ladrão.

E o objeto roubado deve ser devolvido ao legítimo dono e o receptador punido.

Ser a favor disto, deste tipo de “privatização”, é ser contra os interesses do Brasil.

E ser contra o interesse nacional é ser traidor!

O que se fez, neste caso da Eletrobras, foi de um entreguismo despudorado!

São “brasileiros” defendendo o interesse estrangeiro.

De preferência os interesses do Tio Sam.

Depois do golpe militar de 1964, o primeiro embaixador brasileiro nos Estados Unidos, Juracy Magalhães, um dos cardeais da direita, declarou, em uma entrevista logo que desembarcou em Washington:

“O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil!”

O petróleo brasileiro, a Petrobras, tem uma longa história de lutas contra o entreguismo.

A Campanha de O Petróleo é Nosso fez história nos anos de 51 a 53 com prisões e torturas de nacionalistas, que eram demonizados como comunistas.

Não é fácil de se entender esta ligação esdrúxula entre petróleo e comunismo.

É estranho!

Estávamos em plena Guerra Fria, a luta ideológica acirrava-se.

A sociedade dividia-se entre comunistas, os maus, e anticomunistas os bons.

No Brasil não foi diferente, a Guerra Fria penetrou nos quartéis.

Adentrou com força no Clube Militar.

A entidade se dividiu entre nacionalistas e antinacionalistas, entreguistas.

Os oficiais nacionalistas eram demonizados como perigosos comunistas a serviço de Moscou e Pequim.

Eram vigiados e perseguidos!

Os entreguistas diziam que os oficiais nacionalistas eram como melancia: verdes por fora e vermelhos por dentro.

As eleições de 1950 para a presidência do Clube teve grande repercussão na imprensa nacional e internacional.

Sim, a imprensa norte americana dava toda cobertura, com as devidas distorções é claro!

A disputa era tão importante quanto as eleições para Presidente da República!

A chapa nacionalista era encabeçada pelos generais Newton Estillac Leal e Horta Barbosa.

Militares nacionalistas que defendiam com ardor os interesses do Brasil.

Os demais componentes da chapa eram todos nacionalistas, e como sempre demonizados como perigosos subversivos comunistas.

A chapa nacionalista ganhou as eleições. Perigo! Pânico!

A solução era perseguir os membros da chapa vermelha!

Destacá-los para lugares distantes dos grandes centros.

Rio Grande do Sul, Pará ou o Amazonas estavam de bom tamanho!

Como o Clube poderia funcionar como a sua diretoria fora da sede, a milhares de quilômetros?!

E quem falasse, em quartel, que no Brasil tinha petróleo podia ser preso, na hora, como subversivo comunista.

Como falava o Dr. Barbosa Lima:

“No Brasil só existem dois partidos, o de Tiradentes e o de Joaquim Silvério dos Reis!”

Os entreguistas e fascistas militam no partido de Joaquim Silvério dos Reis!

E. Precílio Cavalcante.
Capitão de mar e guerra ref. do Corpo de Fuzileiros Navais.
Pesquisador da História Militar.
Abaixo os traidores entreguistas!

Rio de Janeiro 17 de maio de 2023.

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