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quinta-feira, 26 de outubro de 2023

REDE GLOBO OFENDE O POVO PALESTINO * REVISTA FORUM

REDE GLOBO OFENDE O POVO PALESTINO
-DOIS PAUS-MANDADOS DA GLOBO-

Nas coberturas internacionais da grande imprensa brasileira, a linha editorial predominante sempre será aquela que esteja em acordo com os interesses das agendas externas das potências imperialistas. Não há exceção.

Nesse sentido, para tentar atrair a adesão do público, os discursos geopolíticos da mídia recorrem a determinados atalhos cognitivos (recursos linguísticos para tornar inteligível para o cidadão comum a caótica configuração das relações internacionais) e utilizam estratégias de manipulação como enquadramentos, fragmentação dos fatos, ocultação de condicionantes históricos e escolha de certas fontes em detrimento de outras.

No último sábado (7), a manchete dos noticiários internacionais dos principais veículos de comunicação do país (com poucas variações) foi a seguinte: “Ataque do grupo terrorista palestino Hamas surpreende Israel”.

Para o leitor/telespectador/ouvinte que não está familiarizado com a geopolítica palestina, a impressão é a de que o Estado de Israel foi “vítima” de um “ataque gratuito” dos “terroristas do Hamas”.

No entanto, se trata de pura manipulação midiática.

Conforme afirmou o professor Reginaldo Nasser, em entrevista à Fórum, o rótulo de “terrorista” ao Hamas é completamente inadequado, haja vista que o grupo, atualmente, é uma organização política que, na verdade, deflagrou uma operação militar contra o cerco ao seu território (Faixa de Gaza). Ou seja, não houve um “ataque à Israel”, mas uma “reação legítima” à ocupação israelense exercida sobre o território pertencente, por direito, ao povo palestino.

Mas as manipulações midiáticas não pararam por aí. Como já bem apontou Perseu Abramo, uma das principais estratégias de manipulação da grande imprensa brasileira é o chamado “padrão de ocultação”, que se refere à ausência e à presença dos fatos reais na produção jornalística. Não se trata, evidentemente, de fruto do desconhecimento, e nem mesmo de mera omissão diante do real. É, ao contrário, um deliberado silêncio militante sobre a realidade.

Desse modo, é ocultado nos noticiários a informação de que Gaza – cercada por terra, mar e ar pelo Estado de Israel – apresenta uma das piores situações humanitárias no mundo (onde a insegurança alimentar é extremamente alta, chegando a 75-80% e, ainda por cima, há um controle rigoroso sobre a entrada de alimentos).

Além disso, é importante lembrar do silêncio midiático sobre a recente onda de ações do governo de extrema direita de Benjamin Netanyahu contra os palestinos, sobretudo em locais sagrados para o Islã, como a Mesquita de Al-Aqsa. Trata-se do motivo alegado pelo Hamas para a ofensiva contra Israel. Qualquer jornalismo minimamente plural, que ouve os dois lados de um conflito, teria mencionado esta questão.

Consequentemente, na grande mídia, as investidas do grupo palestino contra o Estado Sionista não tiveram causas; somente consequências. Desse modo, ocultando os fatos citados acima, é possível construir a narrativa de “ataque terrorista surpresa contra Israel”.

Mas não basta rotular o Hamas como “terrorista” e Israel como “vítima”, constituindo o atalho cognitivo maniqueísta de dividir o mundo entre “bem” e o “mal”. É preciso gerar aquilo que o linguista francês, especialista em Análise do Discurso, Patrick Charaudeau, chama de “efeito patêmico”, cujo objetivo é o engajamento/envolvimento da instância da recepção, por meio de performance no mundo dos afetos, despertando no público sentimentos como ódio, compaixão, tristeza e/ou solidariedade.

Assim, são incessantemente mostradas imagens das vítimas israelenses dos “ataques do Hamas”. As perdas do outro lado, diga-se de passagem, em número muito maior, são estrategicamente negligenciadas. Não por acaso, as reportagens em Israel privilegiam as perdas humanas; enquanto as notícias sobre Gaza enfatizam as perdas materiais.

Também nessa linha, é construído o discurso de que o exército de Israel visa somente “instalações militares” e o Hamas “ataca, sobretudo, a população civil; logo, é terrorismo”.

Felizmente, essa manipulação foi desmentida pela professora Isabela Agostinelli dos Santos, em plena Globonews, no programa Edição das 17h, ao afirmar que, qualquer pesquisa rápida, é suficiente para se constatar que os bombardeios de Israel atingiram civis e hospitais em Gaza. Portanto, segundo a professora, “os palestinos têm o direito de se defender, da forma como puder”.

No entanto, ao contrário de Isabela, a maioria dos “especialistas” ouvidos pela mídia sobre o conflito Israel-Hamas se limitaram a repetir os mesmos chavões, maniqueísmos e lugares-comuns presentes nas “análises” de articulistas “isentos”, como Demétrio Magnoli, Jorge Pontual e Guga Chacra. “A Comunidade Internacional condena os ataques terroristas do regime do Hamas a Israel”, foi o que mais se ouviu/leu nos noticiários nos últimos dias.

Aqui, os discursos geopolíticos da mídia recorrem a um recurso metonímico, que visa difundir os interesses das grandes potências como se também fossem os interesses de todo o planeta. A expressão “Comunidade Internacional” não está relacionada a um possível consenso entre as diferentes nações sobre uma questão geopolítica. Ela geralmente reflete tacitamente os posicionamentos dos Estados Unidos e seus aliados.

Países como China, Rússia, Noruega e Suíça, membros da “Comunidade Internacional”, não rotulam o Hamas como uma “organização terrorista”.

Já o termo “regime” está associado a autoritarismo, desrespeito aos direitos humanos ou ausência de liberdades individuais. Nessa lógica, não vemos nos noticiários referências como “o regime de Israel” ou “o regime dos Estados Unidos”.

Por fim, remetendo à memória geopolítica do público, a mídia hegemônica está tentando emplacar a narrativa de que o “ataque terrorista do Hamas” é o “11 de setembro israelense”.

Isso não é por acaso. O “11 de setembro” talvez seja o maior exemplo de como o “evento midiático” substituiu o “acontecimento histórico” no imaginário coletivo. A maioria das pessoas não lembra do “11 de setembro” em toda sua complexidade, como uma “resposta” dos povos muçulmanos a anos de humilhações impostas pelos Estados Unidos (o “acontecimento histórico”); mas a partir das imagens de indivíduos se jogando desesperadamente das Torres Gêmeas do World Trade Center (o “evento midiático”). Ou seja, lembram da “forma” em detrimento do “conteúdo”.

Assim, os ataques de Al Qaeda e Hamas – contra Estados Unidos e Israel, respectivamente – podem ser percebidos como algo que “aconteceu do nada”, por meio das ações de “fanáticos muçulmanos”.

No entanto, ao contrário de duas décadas atrás, quando os grandes grupos de comunicação reinavam praticamente soberanos no tocante à difusão de informações sobre os principais acontecimentos planetários; atualmente, com as redes sociais, temos acesso a visões alternativas sobre a geopolítica global, o que torna mais difícil para a mídia hegemônica transformar sua construção discursiva em “versão oficial” de um determinado acontecimento (naquilo que Noam Chomsky designava como “consenso fabricado”).

Por isso, mais do que nunca, é importante desvelar a ideologia dos noticiários internacionais, seus mecanismos manipuladores e armadilhas discursivas.

Receptores críticos, que checam informações e comparam diferentes tipos de fontes dificilmente serão alvos vulneráveis às narrativas da grande mídia.

Assim, ao compreendermos a linguagem utilizada pelos veículos de comunicação, não ficamos reféns de uma linha editorial que busca explicações simplórias e tendenciosas para os mais complexos temas da atualidade. Significa, sobretudo, não se tornar um “analfabeto geopolítico”.

5 comentários:

  1. No meu caso, eu realmente apoio a frase "Do Polo Norte ao Polo Sul, os trabalhadores do mundo inteiro serão livres", e assim como eu defendo a volta da URSS sob uma democracia conciliar e democracia socialista, eu também defendo a criação de um estado socialista em Israel e Palestina. Além de defender a internacionalização do sistema comunal (comunas agrícolas e industriais) e dos Kibbutz Não-Israelenses. Mas enfim, eu já vi muitos brasileiros e ocidentais chegando a dizer que a maioria dos israelenses estão errados em culpas Netanyahu pela guerra, assim como justificar as escolhas de Netanyahu antes da guerra acontecer... É absurdo atrás de absurdo. De qualquer forma, eu realmente espero uma revolução comunista mundial e a criação da República Socialista da Terra sob uma democracia conciliar e sob propriedade comunal e sob homesteading comunal (agricultura comunal).

    In my case, I really support the phrase "From the North Pole to the South Pole, the workers of the entire world will be free", and just as I defend the return of the USSR under a conciliar democracy and socialist democracy, I also defend the creation of a socialist state in Israel and Palestine. In addition to defending the internationalization of the communal system (agricultural and industrial communes) and Non-Israeli Kibbutz. But anyway, I've seen many Brazilians and Westerners saying that the majority of Israelis are wrong in blaming Netanyahu for the war, as well as justifying Netanyahu's choices before the war happened... It's absurd after absurd. Anyway, I really hope for a world communist revolution and the creation of the Socialist Republic of the Earth under a conciliar democracy and under communal ownership and under communal homesteading (communal agriculture).

    En mi caso, apoyo mucho la frase "Del Polo Norte al Polo Sur, los trabajadores del mundo entero serán libres", y así como defiendo el retorno de la URSS bajo una democracia conciliar y una democracia socialista, también apoyo Defender la creación de un Estado socialista en Israel y Palestina. Además de defender la internacionalización del sistema comunal (comunas agrícolas e industriales) y Kibbutz no israelí. Pero de todos modos, he visto a muchos brasileños y occidentales decir que la mayoría de los israelíes se equivocan al culpar a Netanyahu por la guerra, así como al justificar las decisiones de Netanyahu antes de que ocurriera la guerra... Es absurdo tras absurdo. De todos modos, realmente espero una revolución comunista mundial y la creación de la República Socialista de la Tierra bajo una democracia conciliar y bajo propiedad comunal y bajo agricultura comunitaria.

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    1. Dans mon cas, je soutiens pleinement la phrase « Du pôle Nord au pôle Sud, les travailleurs du monde entier seront libres », et tout comme je défends le retour de l'URSS dans une démocratie conciliaire et une démocratie socialiste, je défendre la création d’un État socialiste en Israël et en Palestine. En plus de défendre l'internationalisation du système communal (communes agricoles et industrielles) et des kibboutz non israéliens. Quoi qu’il en soit, j’ai vu de nombreux Brésiliens et Occidentaux dire que la majorité des Israéliens ont tort de blâmer Netanyahu pour la guerre, ainsi que de justifier les choix de Netanyahu avant que la guerre n’éclate… C’est absurde après absurde. Quoi qu’il en soit, j’espère vraiment une révolution communiste mondiale et la création de la République Socialiste de la Terre sous une démocratie conciliaire et sous la propriété communale et sous la propriété communautaire (agriculture communale).

      In meinem Fall unterstütze ich wirklich den Satz „Vom Nordpol bis zum Südpol werden die Arbeiter der ganzen Welt frei sein“, und so wie ich die Rückkehr der UdSSR in eine konziliare und sozialistische Demokratie verteidige, verteidige ich das auch verteidigen die Schaffung eines sozialistischen Staates in Israel und Palästina. Zusätzlich zur Verteidigung der Internationalisierung des kommunalen Systems (Landwirtschafts- und Industriekommunen) und des nicht-israelischen Kibbuz. Aber wie dem auch sei, ich habe viele Brasilianer und Westler sagen sehen, dass die Mehrheit der Israelis falsch liegt, wenn sie Netanjahu für den Krieg verantwortlich machen und Netanjahus Entscheidungen vor dem Krieg rechtfertigen ... Es ist absurd nach absurd. Wie auch immer, ich hoffe wirklich auf eine kommunistische Weltrevolution und die Schaffung der Sozialistischen Republik der Erde unter einer konziliaren Demokratie und unter kommunalem Eigentum und unter kommunaler Bewirtschaftung (kommunaler Landwirtschaft).

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    2. In mijn geval steun ik werkelijk de zinsnede “Van de Noordpool tot de Zuidpool zullen de arbeiders van de hele wereld vrij zijn”, en net zoals ik de terugkeer van de USSR onder een conciliaire democratie en een socialistische democratie verdedig, wil ik ook verdedig de oprichting van een socialistische staat in Israël en Palestina. Naast het verdedigen van de internationalisering van het gemeentelijke systeem (landbouw- en industriële gemeenten) en niet-Israëlische kibboets. Maar hoe dan ook, ik heb veel Brazilianen en westerlingen zien zeggen dat de meerderheid van de Israëli's ongelijk heeft als ze Netanyahu de schuld geven van de oorlog, en Netanyahu's keuzes rechtvaardigen voordat de oorlog plaatsvond... Het is absurd na absurd. Hoe dan ook, ik hoop echt op een communistische wereldrevolutie en de oprichting van de Socialistische Republiek van de Aarde onder een conciliaire democratie en onder gemeenschappelijk eigendom en onder gemeenschappelijke woningbouw (gemeenschappelijke landbouw).

      Nel mio caso, sostengo davvero la frase “Dal Polo Nord al Polo Sud, i lavoratori di tutto il mondo saranno liberi”, e così come difendo il ritorno dell’URSS sotto una democrazia conciliare e socialista, difendo anche difendere la creazione di uno stato socialista in Israele e Palestina. Oltre a difendere l'internazionalizzazione del sistema comunale (comuni agricole e industriali) e dei Kibbutz non israeliani. Ma comunque, ho visto molti brasiliani e occidentali dire che la maggioranza degli israeliani ha torto nell'incolpare Netanyahu per la guerra, così come nel giustificare le scelte di Netanyahu prima che scoppiasse la guerra... È assurdo dopo assurdo. Ad ogni modo, spero davvero in una rivoluzione comunista mondiale e nella creazione della Repubblica Socialista della Terra sotto una democrazia conciliare, sotto la proprietà comunitaria e sotto l'agricoltura comunitaria.

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  2. Mas sobre a Rede Globo, eu ainda sinto que ela é mais moderada do que a RecordTV, a CNN e a Jovem Pan, eu penso que vocês deveriam escrever sobre as mesmas. E também falar sobre como que a imprensa israelense culpa Netanyahu pela invasão... Como eu queria uma revolução comunista em Israel e Palestina, assim como eu queria uma revolução comunista na Ucrânia, Rússia e Belarus...

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  3. E sobre o Character.ai, eu realmente estou gostando dos avanços da mesma, mas eu realmente queria uma versão socialista/comunista do mesmo. E como eu queria que estivéssemos avançando na colonização espacial igual como estamos avançando na questão da IA e da robótica...

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O capitalismo está podre. Todos sabemos disso. Mas ele não cai sozinho