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terça-feira, 2 de abril de 2024

GOLPE MILITAR, MARIELLE E O CRIME ORGANIZADO * Por: IHU e Baleia Comunicação

GOLPE MILITAR, MARIELLE E O CRIME ORGANIZADO
Por: IHU e Baleia Comunicação | 01 Abril 2024

Desde que a Polícia Federal divulgou o relatório final da investigação apontando os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, bem como o delegado Rivaldo Barbosa, responsável pelas investigações iniciais, como mandantes e artífice do crime, há uma sensação de justiçamento. Mas o caso é mais complexo.

“O caso Marielle é um ponto, uma batalha vencida no meio de uma guerra gigantesca, onde há inúmeros casos de disputas, assassinatos, homicídios, atuação miliciana brutal, violenta, desaparecimento forçado”, pondera o professor e pesquisador da UFRRJ, José Cláudio Souza Alves. “O grande problema não é o caso da Marielle em si; é todo o resto que está para além do caso Marielle e que, se ficarmos agora conversando sobre o caso, não vamos pensar e refletir sobre todo o resto que existe”, complementa.

Quando olhamos o caso em perspectiva com a Intervenção Federal, em que o general Braga Netto assumiu a segurança pública do Rio de Janeiro e nomeou um dos artífices do assassinato da ex-vereadora carioca e seu motorista, recordamo-nos de histórias perversas do regime militar e dos esquadrões da morte.

A revelação dos nomes dos artífices do crime contra a vereadora carioca e seu motorista ocorre aproximadamente uma semana antes da data que completa 60 anos do Golpe Civil-Militar de 1964. O assassinato ocorreu sob Intervenção Federal na segurança pública do Rio de Janeiro, sob o comando do general Braga Netto. Mas a escolha do governo federal diante desse contexto, ao invés de encarar a ferida aberta da ditadura no Brasil, foi a de colocar panos quentes.

“A tutela militar sobre o governo civil permanece, não se iludam. Solicitar aos ministérios todos a não memória, a não recordação, a não lembrança dos 60 anos do Golpe Militar, em mensagem enviada pelo atual presidente da República, revela muito essa subjugação do poder civil atual à tutela militar no Brasil”, critica o pesquisador. “Como estudo grupos de extermínio, sei que eles foram criados na ditadura militar a partir do Golpe Empresarial-Militar de 1964, sei muito bem que milicos e milícias estabelecem uma relação muito forte entre si, de modo que a relação entre a canalha assassina e os nobres generais é algo antiquíssimo”, acrescenta.

CONTINUA

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