Por que Fora Bolsonaro
Eis o conluio contra o
FORA BOLSONARO
As contradições da exploração capitalista se aprofundaram tanto nas últimas décadas, devido à intensidade do seu carácter monopolista, que ninguém vê mais nenhum sinal de desenvolvimento econômico em nenhum lugar do mundo. Aliás, o que mais se constata são falências, fusões de conglomerados empresariais, migrando para regiões sem proteção jurídica ou política contra modos predatórios de exploração, tanto de mão-de-obra quanto de recursos naturais ou industriais.
Esse fluxo de contradições atingiu seu auge nos últimos vinte/trinta anos e todos podemos constatar o que ocorreu na Europa - com os êxodus migratórios -, na América - com a predominância de mão-de-obra latina e asiática -, e as crises súbitas de falências econômicas, como as ocorridas na Grécia, na Alemanha, na Inglaterra, e, por conseguinte, nos EUA, que acabaram por levar o "inconcebível" a acontecer: a eleição no coração do mundo capitalista de um negro, de classe média, profissional liberal - advogado - praticamente sem nenhuma projeção política: Barack Obama.
A falência política, econômica e moral que se abateu sobre o mundo capitalista naquele período foi o caldo lamacento que afogou os barões do capital - mesmo sob o guarda-chuva do sistema bancário - e cortou-lhes a via de acesso ao cenário político. Isso abriu caminho para algum oxigênio no mundo da esquerda, que desde a queda do Muro de Berlim, não levantava a cabeça. A acensão da esquerda, a presença da China junta com a Russia e a Índia no mercado mundial, mostrou ao bloco imperialista que um novo poder havia nascido das sombras, nas suas barbas.
Esses momentos conturbados no âmago do capitalismo geram um descontrole tão grande na sua conduta que seus próceres saem aloprados por aí em busca de fontes de receita. E vão parar aonde as condições apresentam mais facilidades. Assim, o mundo asiático - tigres asiáticos - a África e a América Latina, de repente, se tronam "eldorados". As guerras no médio oriente geram dividendos rápidos, com o mercado de armas, minérios, contrabandos, drogas naturais e sintéticas etc. Mas a presença do novo poder ascendente - China e Rússia - diz a que veio e entra no jogo. assim, logo as fontes que antes pareciam promissoras, viram fracassos.
Na África os problemas civilizatórios impedem - ate certo ponto - a exploração sem altos custos das imensas jazidas naturais de minérios e pedras preciosas e a solução se torna apelar para o instrumento bélico. Assim, a promoção de guerras inter-tribais ou entre nações vão garantir algum fôlego lá nas bolsas de valores. Porém, investir em guerra o tempo todo dá prejuízo, tanto pela perda de vidas - que vão virar contestação por aí - perca de mão-de-obra, de infra-estrutura, e até de fontes primárias. Aí entra a necessidade de mudar de rumo e os urubus caem aonde a carniça se anuncia: não há mercado mais promissor e pacífico do que a América Latina. Desde a produção de cocaína, do negócio com armas, do contrabando de minérios de alta preciosidade - litio, nióbio, ouro e pedras preciosas em geral - o sub-continente é a fonte que pode financiar a compra de governos volúveis, a derrubada dos queixudos, e, por que não, a eliminação de algum inoportuno. A eleição de governos progressistas ao sul não vai assustar "os donos do poder". A própria produção doméstica vai financiar o negócio todo.
Dessa forma, o imperialismo - para alguns yankee, para outros norte-americano, e oriundo de outros quadrantes para muitos - limpa o teatro de guerra e assume o comando. Não mais FMI, nem blocos regionais ou câmaras de comércio setoriais. Agora, "Sir Soros, Sir Rotchild, seu isso e seu aquilo" vão assumir os seus lugares no comando da chibata. É nesse contexto que assistimos aos últimos e tão corriqueiros golpes na América Latina. Do Chile ao México, as fraudes eleitorais, os golpes juridico-empresariais, a indústria das fakenews, e o apodrecimento do tecido social através da aliança crime organizado-aparelho de estado com milícias, polícias e narco-tráfico compartilhando o cachimbo da paz. Com essa embalagem, desde Cuba e Nicarágua, passando por Honduras, El Salvador, Peru e Colômbia, as ameaças imperialistas não descansam os coturnos. O resultado são as farsas contra Dilma-PT, encarceramento de Lula, caçada a Evo Morales, pressão e bloqueio econômico contra a Venezuela e as tropas norte-americanas acampadas na Colômbia.
É dentro disso tudo que nasce Bolsonaro. A falta de opções levou à solução Bolsonaro. O apodrecimento das lideranças políticas da direita no Brasil, afogadas até à alma em corrupções, roubos, fraudes, crimes comuns, narcotráfico e contrabando atiraram a burguesia no pântano da milicianada. Juntas viram-se na contingência de cometerem mais crimes, e meteram os pés pelas mãos: desde o golpe 2016 não pararam de se fartar às custas da ilegalidade, criando investigações para culpar e preder quem poderia atravessar seus caminhos e aí foi LAVAJATO pra todos os gostos. Como citei acima, a prisão de Lula foi a garantia de concorrer sem concorrente, pois o nome substituto não possuía o mesmo peso, o que não descartou o coringa na manga: a fraude. Ela envolveu todo o sistema eleitoral mais as fontes de financiamento de propinas. Daí, o sistema bancário. A burguesia precisava assegurar-se da vitória a qualquer custo para pôr fim a todo resquício de "bem-estar--social" promovido pelas gestões Lula/Dilma/PT. Precisava jogar no lixo tudo que se aspirava de direitos sociais, todos os direitos trabalhistas e previdenciários e pôs em risco inclusive as garantias constitucionais, como liberdade de imprensa, de expressão, de inviolabilidade do espaço pessoal, da privacidade, e quem diria, até de magistrados . Para reforçar esse envenenamento do oxigênio político, garantiu a eleição do maior número possível de elementos da escória miliciana, capazes dos piores atos que se possa imaginar, como por exemplo, o financiamento de delinquentes, devidamente doutrinados, para realizar atos de intimidação do judiciário, do parlamento e, por incrível que pareça, até do espaço público, uma vez que instalaram um acampamento em via pública próxima ao Palácio do Planalto e passaram a governar o local. Para isso, tinham um destacamento para-militar denominado "300 do Brasil", comandos por uma miliciana treinada na Ucrânia chamada Sara Winter, atualmente presa.
Poderia seguir enumerando os feitos do capital imperialista no Brasil para garantir o saque das nossas riquezas, mas o pouco citado já por si só justifica a nossa expressão FORA BOLSONARO. Precisamos entender que a pessoa não possui essa "entourage", própria de um "capo fascista". Ele é apenas um excremento da sociedade. Nunca prestou para nada. Mas o CAPITAL precisava de um fantoche e ele cumpriu esse papel. Disse CUMPRIU, porque já foi descartado, já recebeu "sua parte" e ´ja repassou a seus donos tudo que eles querem: trilhões de $$$. Portanto, a origem da nosso lema é mais do que justa: FORA BOLSONARO / MOURÃO, com cassação da chapa e convocação de eleições gerais já!
Há segmentos sociais relutantes, sobretudo aqueles alinhados ao PT, pois o Sr Lula vem estimulando a acomodação da militância petista, e tem até um argumento para justificar isso, dito em entrevista lá atrás das grades: deixar o Bolsonaro se desgastar pra cair sozinho, pois derrubá-lo empossaria o Mourão, em sua opinião, muito pior. Ora veja, a chapa é completa e o crime cometido por um atinge também o outro. Logo, se derrubarmos um, vão ambos. Por isso, o surgimento de tantos manifestos e cartas e chamados a formação de frentes, cada vez mais amplas, incluindo inclusive membros do golpe2016. É em função disso que a campanha pela derrubada do fascismo em nosso país ainda não ganhou as ruas, ou seja, falta vontade política e unidade na ação. E como 2020 é ano eleitoral, está todo mundo pisando em ovos, temendo escorregar no teatro político. Com isso, o oportunismo eleitoreiro está correndo solto, e até a consigna FORA BOLSONARO já encontrou desvios como STOP BOLSONARO.
Não há dúvida de que é muito mais interessante para o capital um Bolsonaro de bambolê do que esse brucutu desembestado que está aí. Com isso, Sir Lula continuaria, tranquilamente, fazendo lives e recebendo diploma Doctor Honoris Causa por aí e não teria que ir as ruas xingar o seu semelhante... Atualmente não se consegue mobilizar nenhuma direção de partido ou de entidade social para atos públicos, com exceção da "Causa Operária", que tem necessidade de aparecer pra conquistar legenda no PT e lançar seus candidatos.
(24/06/2020)
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