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sábado, 10 de julho de 2021

O assassinato do presidente do Haiti e a América Latina * Frente Revolucionária dos Trabalhadores / FRT

 O assassinato do presidente do Haiti e a América Latina 


No dia 7 de julho foi assassinado o presidente do Haiti Jovenel Moise por pessoas  com alto treinamento militar e armamento de alta tecnologia, o que lhes permitiu  até driblar a segurança presidencial. 

No país mais pobre da América e um dos mais pobres do mundo, Moise já tinha o  mandato terminado, mas não tinha saído do governo. 

Ele contou com o apoio de Trump e posteriormente de Biden. 

O problema é a brutal desestabilização do Haiti que já dura vários anos. Nos  últimos meses, as mobilizações pela saída de Moise tinham recrudescido. 

Fora a história policial, o mais importante é entendermos o contexto político em  que esse assassinato aconteceu e a serviço de quem aconteceu. 

Enquanto Moise foi assassinado, os imperialismos norte-americano e inglês se  vêm obrigados a retirar as tropas do Afeganistão, apesar de que buscam deixar  tropas especiais para controlar o tráfico do ópio (componente básico da heroína)  como um dos mecanismos para sustentar as operações militares e policiais com  verbas ilegais. 

A isso se lhe soma a pressão que sofrem no Iraque, na Síria e no Iêmen; O imperialismo precisa se fortalecer para ir à guerra.

O imperialismo sofre recorrentes crises por causa do aprofundamento da crise  capitalista mundial que é a maior de toda a história. 

A economia mundial se encontra em recessão há um ano e meio e ainda há o  problema dos volumes obscenos de capitais fictícios/ especulativos que se  transformaram em componentes fundamentais da taxa media mundial de lucros. 

ENTREVISTA COM DANNY SHAW
professor, pesquisador e jornalista norteamericano

Toda crise capitalista tem como objetivo queimar os “excessos”, principalmente  o capital fictício, para dessa maneira retomar a produção de mercadorias em  ritmo ainda superior ao que foi antes. Esta é uma das leis principais do capital, sua  reprodução ampliada. 

Todas as leis do capitalismo se encontram tensionadas como nunca antes, e  piorando. 

O controle da crise por meio da “pandemia” faz parte da política para conter a  crise que tem fortes componentes militares. Mas ela funciona mais como uma  máscara, uma maquiagem. 

A verdadeira saída para crise, por parte das potências capitalistas, passa por uma  grande guerra que consiga “corrigir os desarranjos”, queimar forças produtivas e  redividir o mercado mundial. 

Para ir à guerra o imperialismo norte-americano precisa fortalecer-se onde é  mais forte, a América Latina.

Somente com a “pax norte-americana” na região é possível tentar derrotar ou  neutralizar as demais potências, principalmente a China aliada da Rússia, e  manter e (ainda) aumentar o controle do mercado mundial. 

O assassinato de Jovenel Moise acontecesse justamente nesse contexto, dos  estados de sítio crescentes na região, na militarização dos estados, da entrega  total dos recursos nacionais para as grandes empresas, a troco de nada, do  rebaixamento das condições de vida das massas, da aprovação de leis ultra  repressivas, do rápido fortalecimento da direita, o enfraquecimento da  “esquerda” oficial e o chamado “progressismo” com a sua incorporação ao Grupo  de Puebla. Esses são todos componentes da estabilização do quintal traseiro do  imperialismo norte-americano em preparação para a guerra. 

As tarefas colocadas para os revolucionários 


Os revolucionários enfrentamos uma das situações mais difíceis da história e ao  mesmo tempo uma das situações políticas mais favoráveis. 

Se bem o imperialismo e a burguesia escalaram a agressividade, os mecanismos  de contenção têm se fragilizado. 

O principal mecanismo de controle dos trabalhadores é a ditadura do capital nas  empresas. 

O segundo mecanismo são as burocracias oportunistas e mafiosas dos sindicatos,  dos partidos da “esquerda oficial” e dos movimentos sociais. Eles quase não têm  militantes na base mais, principalmente no movimento operário. 

Isso é uma fraqueza do movimento de trabalhadores? Sim, mas ao mesmo tempo  é uma fraqueza ainda pior da burguesia porque os trabalhadores devem ser  controlados na ponta das baionetas e com o fascismo e as ditaduras militares. 

Há uma avenida aberta para a revolução, o que não significa que a avenida esteja  sem buracos e pedras no caminho. 

A avenida está aberta porque quando um conjunto de revolucionários sérios,  com muita clareza política e flexibilidade tática agem, alinhados com o estado de  espírito das massas, podem conseguir resultados que seriam impensáveis há 30  anos. Exemplos, as duas greves dos Correios contra Bolsonaro, o levante no Chile  ou até ir na porta de uma fábrica. Nos anos de 1980, nas portas das fábricas havia  vários grupos políticos distribuindo materiais, e a maioria deles com militantes  na base. Hoje praticamente todos desapareceram. 

Os revolucionários temos o dever histórico de abandonarmos os “ismos” e o culto às grandes personalidades do passado. Nós temos o dever sim  de tomar as experiências do passado para colocarmos em pé políticas que nos  permitam organizar a lutas dos trabalhadores e das massas. 

Devemos levantar as bandeiras de luta que representam a saída dos  trabalhadores para a crise. E em torno delas desenvolver a política para as  massas e agrupar os revolucionários. 

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