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sábado, 14 de agosto de 2021

Poetas conspiradores / Heloisa Crespo / RJ

POETAS CONSPIRADORES



O sonho da liberdade

tomava conta de tantos

brasileiros descontentes 

com os impostos, que era um espanto,

oprimindo, massacrando

e o povo pagando aos prantos!


Um grupo foi se formando

de estudantes, sacerdotes,

poetas conspiradores,

pra se livrar do chicote

da vergonhosa "derrama",

preparando um grande bote.


O movimento cresceu.

Com várias reuniões

em pontos bem separados,

discutindo as questões

do governo que oprimia,

buscando as soluções.


Da Europa aqui chegavam

os estudantes que vinham

dos cursos finalizados.

De lá idéias traziam

de doutrinas libertárias

que os filósofos prescreviam.


Os poetas brasileiros

pela causa dominados,

Tomás Antônio Gonzaga,

o grande apaixonado

por Marília, seu amor,

em verso imortalizado,


que a si chamava Dirceu.

Cláudio Manoel da Costa,

Vulgo Glauceste Satúrnio,

que da escravidão não gosta,

como Alvarenga Peixoto,

que na abolição aposta.


Cabe aos nossos poetas

a escolha de um lema

pra bandeira da república,

de acordo com o tema:

"Libertas quae sera tamen",

partindo tantas algemas.


Ah, tudo ficou no sonho:

república proclamada,

escravidão abolida,

nova bandeira hasteada,

universidade em Vila

Rica sendo edificada...!


Havia os traidores,

como em todo movimento.

Joaquim Silvério dos Reis,

foi um dos três elementos

portugueses delatores.

Iniciaram os tormentos.


Visconde de Barbacena,

que era a autoridade,

prendeu os conspiradores

com a maior facilidade,

porque conhecia os planos

delatados por maldade.


Um poeta suicidou-se,

Cláudio Manuel da Costa, 

na prisão que se encontrava.

Para alguns a pena posta 

foi o degredo perpétuo 

no lugar da morte imposta.


Joaquim José da Silva 

Xavier, o Tiradentes, 

foi o único a morrer 

enforcado e, brutalmente, 

teve o corpo esquartejado.

Por que ele justamente?


A pátria livre outra vez, 

ficou num sonho pra frente.

Anos e anos passando,

mas foi lançada a semente

da liberdade de um povo

explorado simplesmente. 


Heloisa Crespo / RJ

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