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sábado, 20 de novembro de 2021

Cantos à consciência negra * Frente Revolucionária dos Trabalhadores / FRT

CANTOS À CONSCIÊNCIA NEGRA
FRENTE REVOLUCIONÁRIA DOS TRABALHADORES
FRT
***

Assim escreveu pós inspiração


Eni Carajá Filho/MG


                                                                                                       Nhé Eky Iny povo nosso também aqui, na miséria ofertada no despotismo do tirano, onde a insensibilidade e a negação são seus principais pontos de um plano. Nós indígenas não daremos sossego, juntas e juntos a desmontar esse plano viu, resgatar a terra que vivemos, onde esse branco com as cores da bandeira segue a usurpar, mundo ocidental onde impera a desordem e o caos, mas em pó se implodirá e até mesmo na composição dessa fumaça que expulsa trem ruim. Vamos chamar o Grande Espírito,  Tupã junto aos demais Deuses referenciados e cultuados por indígenas se juntarão numa só força, verão tudo isso que vem ocorrendo nessa vida em que se valoriza mais o dinheiro e o comércio e deixa o ser humano para trás, mundo racializado, onde tudo precisa ser mudado e a nossa casa voltar, ainda percebendo a doença Coronavírus de muita letalidade e omissão dos registros de nossos parentes que se foram ao encantamento de luz, convoca os indígenas de real efetividade e originalidade a sentar nessa roda a beira de uma linda e representativa fogueira, evocaremos as perdas para o desmatamento que não acaba, e que permite levarem nossas matas como se fossem meras madeiras ou lenha  que caem dos galhos, mas com firmeza e muita ação de caboclo e dos protetores dessa florestas vamos mostrar que com a mãe Terra e a natureza não se brinca, seguiremos repasassando as forças espirituais e ancestrais aos Pajés, Xamãs, Rezadeiras, Benzedeiras, Erveiras, as Mulheres indígenas que também são contracoloniais, os plantadores  e artesãos a seguirem  na ação coletiva defendendo cada ser indígena frente aos desatinos verbais e reais que são desferidos para acobertar os madeireiros, garimpeiros, mineradores na essência do dono do capital que é o ser  neoliberal, reproduzidos nos mandantes genocidas, até que todos caiam um sobre o outro enterrando a maldade e propiciando assim novas florestas, reflorestamentos, esparramento de sementes, novas irmãs da Mãe terra, novas germinações dos que eles consideravam extintos. Somos raízes, somos troncos vindos de sementes que jamais deixarão de germinar, de provocarem a chegada das flores e de espalhar indígenas pelo mundo pois indígena é indígena onde ele estiver.

Desse jeito estaremos também lutando por aqueles que se encontram nas cidades.

ENI CARAJA/MG



Missa Afro em minha vida: testemunho pessoal de um padre negro (por que não a Lei 10639/03 na Igreja?)



Hoje, 20 de novembro de 2021, Dia da Consciência Negra, celebramos 40 anos da Missa dos Quilombos. Nossos passos vêm de longe... É, seguramente, um grande patrimônio na marcha do catolicismo no Brasil, ponto inicial para a Pastoral Afro Brasileira, que integra a CNBB, construir, na força do Espírito antirracista de Deus, a denominada "Missa Afro". 40 anos não são quarenta dias ou quarenta meses.  Aclamada, atacada, perseguida e desejada, as missas afro, de certo, constituem, de forma pública, um dos pouquíssimos momentos, no interior da Igreja Católica, marcadamente branca, de diálogo com as Áfricas e a história do negro no Brasil.

A propósito, da minha parte, considero que qualquer diocese do Brasil que tenha se beneficiado exaustivamente do sangue dos escravizados e não tenha abraçado, como ato de reparação e alinhamento com emancipação da população Negra, a Lei 10639/03, que faz obrigatório o Ensino da história da África e no Negro no Brasil, está, ipso facto, de algum modo, desautorizada a falar que é solidária à causa do Negro. Quantas dioceses no Brasil (seminários, institutos, escolas católicas e universidades) abraçaram a Lei 10639/03?

Como a Igreja pode amar aquilo que não quer conhecer?

A ignorância é combustível da Intolerância!

O Documento da V Conferência do Episcopado Latino Americano e Caribenho (Documento de Aparecida) reconhece o olhar de menosprezo que a sociedade tem para com a cultura e religiosidade do povo negro e fala da necessidade da "descolonização das mentes". Mas, como descolonizar sem investir no conhecimento?

Seguramente, a maior parte do olhar, da suspeita e dos  ataques (e silenciamentos também) que a Igreja produz com relação às produções culturais e religiosas da população negra, incluindo a Missa Afro", está marcada pela mentalidade colonizadora. 

Dizendo de outro modo, é impossível a Igreja ser aliada da afirmação e emancipação da população negra, como afirma o Documento de Aparecida, sem mudar a sua mentalidade COLONIALISTA; que, inclusive, se dá o absurdo direito de decretar o que é "Afro"e o que é "pseudo Afro".

O colonizador nunca (e nunca mesmo) vai abrir mão da pretensão de dizer com arrogância o que é  verdadeiro e o que é falso, o que é belo e o que feio, o que deve viver e o que deve morrer.

Em minha experiência pessoal, as Missas Afro foram decisivas em meu processo de construção da consciência negra e, consequente, enegrecimento. 

Praticar missa Afro, estudar e refletir com agentes de pastorais negros, certamente, forjou o homem que sou e fez com que despertasse em mim o desejo e a missão de dedicar parte significativa dos meus estudos acadêmicos, por exemplo, aos saberes africanos e diaspóricos: no doutorado em ciência da religião (PUC-SP) tratei sobre Abdias e Exu, no mestrado em Teologia (PUC-RJ) sobre candomblé e cristianismo, no TCC em psicologia.(PUC-RJ) sobre roda de samba e mandala, na pós em psicologia Junguiana (IBMR) sobre Exu e o inconsciente coletivo e na pós em História da África e do Negro no Brasil (Cândido Mendes) sofre oralidade. 

Entre outros campos de atuação, atuei na Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro (CCIR). Em 2010, pelo Centro de Articulação das Populações Marginalizadas (CEAP), ganhei o prêmio Camélia da Liberdade, na categoria de personalidade do ano, pela luta em defesa da população negra. 

Como a Missa Afro não  enegreceu o meu viver?

Confessadamente, a Missa Afro teve em minha vida um poder enegrecedor de real grandeza. Fez parte decisiva do meu enegrecimento. E quando falo "Afro" estou falando muito mais que uma localização geográfica; da mesma forma, quando falo "Negro" falo de algo muito além da cor da pele. As coisas não são tão simples assim... Tornar-se Negro é um processo, uma caminhada; é uma descoberta. E é isso que o catolicismo colonialista e ESCRAVOCRATA teme e tenta impedir; mas o Espírito Santo de  Deus é antirracista!

Há liturgias que levantam a nossa cabeça e nos ajudam a quebrar os grilhões da escravidão (que estão dentro e fora de nós). Essas liturgias eu não encontrei no Seminário! Lá nunca, mas nunca mesmo, ouvi sequer o nome de Zumbi dos Palmares.

Repito: a ignorância é combustível da intolerância!

Eu devo muito à Missa Afro; mas só missa não basta: por que não a Lei 10639/03 na Igreja?

É hora de "descolonizar as mentes" e os corpos... Escreve Franz Fanon em tom de prece: "Ô meu corpo, faça sempre de mim um homem que questiona!". Então, "A quem serve o silêncio dos tambores?". 

 Não estou discutindo ritos, teologias ou normas litúrgicas. Estou falando de minha vida... Ou isso não vale? 

Mas, o padre Jesuíta Luis Corrêa Lima, doutor em História e professor de Teologia da PUC-RJ, escreve num artigo que a Missa dos Quilombos (40 anos hoje!) "é pioneira nesta causa, unindo as vidas negras à memória sacramental da morte e ressurreição de Jesus".

E quarenta anos não são quarenta dias... Merece respeito!!!


"Querem acabar com o samba. Madame não gosta que ninguém sambe. Vive dizendo que samba é vexame. Pra que discutir com madame?". 

        

Valeu Zumbi... E viva Cristo Rei!

PADRE GEGÊ


20 DE NOVEMBRO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Ter no calendário uma data institucionalizada como a da consciência negra é para gerarmos reflexões sobre uma grande parcela da população brasileira, no caso 54,6%, que ainda sofrem com faltas: desigualdade, falta de oportunidades, acesso. É sobre enaltecer o que estão vivos, afinal no Brasil à cada 23 minutos um jovem negro é morto, mas também valorizar o que foi feito até aqui pelos nossos ancestrais a duras penas. Além disso, causar provocações para a população não negra, pois a batalha anti racista é importante e benefica para a sociedade como um todo. Todo mundo sofre com as mazelas do racismo, todo mundo sofre quando um país vive um abismo entre as oportunidades baseadas em uma régua de cor de pele, todo mundo sofre com um país que não é livre, onde todo mundo se aprisiona. Isso vira violência, vira dor, vira pobreza, isso vira tudo que a gente não quer em um país. Então, por isso a importância de termos no calendário o Dia Nacional da Consciência Negra é enaltecermos um protagonismo tão invisibilizado


Como dizem os Poetas;
"Ninguem nasce com racismo,
Isso é uma arte criada pelos adultos.

Consciência

A consciência não é um sentimento,
É uma escolha...
E esse garimpo, devemos estar explorando a cada segundo...
Ela está no oculto de cada pensamento..
Uns, cheio de espinhos,
Outros, transbordando odores..
Mas,
Nem tudo que é espinho, é letal,
E nem toda fragrância, vem das flores...
YVANA RANGEL / BA
*

Sou Negro

                   Genildo Mateus


Sou negro, não sou mercadoria

Sem cor me cativo, sem identidade,

Sou África sem dor

Reencarnação de uma luta

De um reinado em esplendor

Em uma nação, sem honra e conduta

Jorra o sangue enxerto fecundo

Pelas correntes em lacre

De um tronco raso e profundo


Sou negro, sem alma

Sou negro de cor,

Sou negro da África

Negro feito de dor


Sou negro, não sou mestiço

Com seu corpo feito escudo,

O chicote grita em açoite

Numa cor emergente

Entre o dia e a noite

Corta a carne de um valente

No silêncio em crendice

Dos espíritos que invoca

Num rito de curandice…



Continuo Andando

(Poesia dedicada à mulher que me apresentou à Maya Engelou,
escritora Norte-americana que lutou pelos Direitos Civis e
pela igualdade depois de superar um trauma de infância. Ami-
ga de Martin Luther King e Malcolm X escreveu o famoso poema
“Ainda assim eu me levanto”)

Tentou apagar minha trajetória
Calúnias, difamação
Atacou minha moral, minha honra.
Mas, eu continuo andando, vou seguindo em frente
Quando tentei participar
Boicotou-me?
Justificava que era pelo bem
E me pergunto, de quem?
Excluída e deprimida continuei andando
Vou seguindo
Recebo luz e vou iluminando por onde passo
Minha luz é igual ao sorriso da Oxum
Que lembra e representa força
Toda esperança necessária
Continuo andando
Queria me destruir?
Humilhar e me deixar na pior?
Fragilizada e lágrimas pelo chão,
Tolhida, reprimida e sem amigos?
Minha confiança incomodava?
Óbvio que sim!
Porque mesmo entre os destroços
Que você me colocou
Eu continuo andando e
Transformando o mundo enlamaçado
Que você me jogou
Continuo andando!
Eu continuo!
Ressurgindo!

Rosângela Nascimento/RN
PEDRO CESAR BATISTA/DF
HUMBERTO BALTAR / RJ
&
BERTOLT BRECHT
JBMN/RS
MUFETE / EMICIDA

AFRICANIDADE
CORDEL
Eu tenho sim preconceito
Quem não sabe respeitar
Para o que não sabe amar 
Este sim eu não respeito
Nesta data eu aproveito
Pra quem consciência tem
Amem todos faça o bem
Seja ele de qualquer cor
Trate todos com amor
Deus lhe amará também.

José Vieira 
20 de novembro 2021
Dia da consciência humana


Hoje é o Dia da Consciência Negra.

EXAME DE CONSCIÊNCIA


Você, que detesta pretos

Será que tem coração?

Perdido em um coreto

Gritando: “Separação”!

Você e eu, todos nós

Repletos de preconceito

Erguendo a nossa voz

Falando assim desse jeito 

Como se eles fossem lodo

Somente por sua cor

Com  petulância e arrogância

Desdenhamos seu valor.


Seguindo assim pelo mundo

Com essa soberba vã

Taxamos negro de imundo

afastando a pele irmã.

Mas fico pensando agora

e quando chegar minha hora?

Ah, meu Deus! E se eu morrer 

Hoje, agora, amanhã?


Num'a viagem esquisita

 Com gente feia e bonita

Lá eu fosse recebida

Sem ser amada ou querida

Por um porteiro aleijado

como aqueles que eu gozei? 

Viesse abrir a porta

Olhando minha  vista torta 

Igual a que eu critiquei?

Se a sua mão calejada  

Tateasse pela entrada

Como as mãos de muitos cegos

Que eu nunca ajudei!


 Se os choros que provoquei

Ecoassem em meu ouvido

Mostrando o quão iludido

Eu fui pela vida afora

Se uma criança agora

 Me  tomasse pela mão,

Entoando uma canção

Daquelas que eu não cantei

E sorrindo me levasse

Por um corredor florido

Perfumado colorido

Com flores que eu não plantei?


Se eu sentisse o chão frio

Me provocando arrepios

Como aqueles dos presídios

Que eu jamais visitei?

Se eu visse  cair as paredes 

De orfanatos e creches

Que eu nunca ajudei?


E se a criança tirasse

Os  corpos pelo  caminho

Que eu, ser muito mesquinho

Corpos que eu não levantei

Dizendo que eles eram

Epiléticos, embriagados

E os deixava jogados

Largados pelo caminho

Que ser humano mesquinho

Atende pelo meu nome

Julguei fossem vagabundos

Mas era somente fome!


Meu Deus!

Que fiz eu?

Agora me envergonho

Em  pronunciar seu Nome.


E se mais  um pouco adiante

A criança num rompante

Cobrisse o corpo nu

Da prostituta que eu usei

Do pobre  que eu não olhei,

Da idosa  que ignorei

Da mulher que eu desrespeitei

Ou  da mãe que nunca amei?


 O corpo de alguém exposto

Largado ali na calçada

Jogado por minha causa

Pois  não estendi a mão 

 Magoei-lhe o coração

Sei lá, eu só dei desgosto?

E no fim do corredor

Vejo meu livro exposto

 Inicia  a decepção.


Que raiva, que desespero,

Se eu visse o mecânico

O operário, o vizinho

O maldito funcionário

E até mesmo o padeiro

Sorrindo todo faceiro

Todos riem, não sei de quê

Ah! Sei sim

É  da minha decepção.

Deus não está vestido de ouro. Mas como?

Trajes de couro?!

Tão simples  como eu não fui

Humilde como eu não sou

Debochei até do amor

Deus na cor que eu não queria,

Deus nas faces que eu não via

E sem a classe imponente

Deus simples! Deus negro!

Deus negro?

E Eu…?

E agora eu descubro

Que sou um trapo de gente


Fui racista e egoísta

E só soube perseguir

Naquela pessoa preta

Tinha prazer de cuspir

Nunca lhe dei um sorriso

Nunca lhe apertei a mao

Mas meu Deus, você é negro!

Tremenda decepção!


Eu aqui vou ter morada

Ou vou dormir na escada?

Que nada!

Ele vai me dar apenas

Aquilo que eu plantei

Ao preto não empreguei

Somente o rosto virei

Será que me dá um canto?

Ou me cobre com seu manto?

Acho que vai me lembrar

Da bofetada que eu dei.

Eu não podia adivinhar

Que eu ia te encontrar

Naquele preto engraxate

Que da minha porta expulsei.


Pregaram você na cruz

E você me prega uma peça

Eu me esforcei a  bessa

Mas não acertei em nada

Apenas dei gargalhada

Se me falavam de amor.

Hoje sei que não sou nada

Pois via somente a cor .


         Autoria da professora Alba, poetisa do entorno/ GO

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PROFESSORA ANA
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