Plano Estratégico da LIGABOM 2014-2024, o que os Oficiais Militares dos corpos de bombeiros pensam.
Indo direto ao assunto, os oficiais pensam que: “Bombeiros civis e voluntários são ameaças”, consideram os “desastres”, a “Força Nacional de Segurança Pública” e “ o aumento de representação legislativa” como oportunidades, excelentes propagandas na sociedade espetacular a qual permite holofotes para instituições públicas que se portam como empresas.
Se verificarmos o que aconteceu no país na última década veremos que os Corpos de Bombeiros Militares estaduais, estão em franco ataque as iniciativas de bombeiros civis, inclusive com criações de leis federais que limitam os serviços, e impõem sob o estado o recrudescimento do militarismo, que tem levado Associações de Bombeiros Voluntários de terceiro setor a adaptar-se com roupagem organizacional militar para sobreviverem, o que permite um poder absoluto para elites que as controlam.
Por outro, lado os desastres se transformaram em palco onde militares de diversos estados transitam com a ideia de “apoio”, mas que na verdade serve a implementar o “soft power” que inibe a população e sociedade civil de se organizarem com aportes públicos para criarem novas formas de atuarem em Proteção Civil e Emergência, minando inclusive iniciativa de bombeiros civis.
Neste caminho, a Força Nacional de Segurança Pública, passa a ser um dos painéis de ação dos “comandantes” militares para imprimir poder em desastres e trazer credibilidade institucional dentro e fora do Brasil, como numa das últimas “missões” com a de ida de 21 militares ao Canadá, para enfrentamento dos incêndios florestais, ou seja, em pleno governo de esquerda o lobby de militares sendo priorizado e fomentado através do grande tiro no pé, da primeira gestão Lula que foi a criação da Forna Nacional de Segurança Pública, ninho de articulação dos oficiais a nível com influência nas 55 corporações Policiais e Bombeiros Militares e outras 27 Policiais Civis do país, o que fatalmente contribuiu com o bolsonarismo. E por fim, observando o grande avanço no número de políticos oriundos dos corpos de bombeiros militares, que em SC elegeram recentemente um governador na esteira avassaladora do Bolsonarismo.
O que não está sendo visto, pela esquerda, é que não há aleatoriedade, mas um planejamento calcado em metas e estratégias seguidas fielmente nos últimos anos, inclusive minando o que ele observam como adversários, não a esquerda, mas os Bombeiros Civis, hoje estes, perdidamente apaixonados em grande medida pela mosca da ultra direita. Por outro lado, a esquerda, para os oficiais de alta patente, dos Corpos de Bombeiros nunca foi um problema e se quer é lembrada, justamente pela forma como lidamos e vemos os bombeiros, “ anjos que salvam vidas”.
Logo, fica claro que a esquerda não sabe, mas as articulações militares estão nos escaninhos do Estado Burguês atuando sorrateira e silenciosamente, de maneiras mais ou menos clara, com mecanismos diversos, em reuniões públicas e privadas, ou em jantantes reuniões em salões e restaurantes com políticos e empresários, a atual nobreza, sanguessuga da classe trabalhadora.
Assim, é a LIGABOM - Liga Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares - a qual hoje é nomeado como Conselho Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil, fundando em 2003, é uma associação que serve aos interesses de expor o pensamento e a forma determinante hegemônica de como lidar com a emergência e defesa civil no país, sob a tutela e domínio dos oficiais dos Corpos de Bombeiros Estaduais.
Através das 10 comissões que articulam o pensamento único em áreas da emergência e salvamento que vão, dos resgates urbanos, incêndios florestais, etc. Pode parecer que é algo simples e altruísta, aliás está a melhor estratégia de lidar com o assunto no país, “Bombeiros São heróis, salvam vidas”, logo são impassíveis de críticas e não se manifestam politicamente e são incólumes as ideologias de ultra direita.
O que não é verdade, pois que a essência é, o domínio e controle social, através da dependência ao serviço de militares, portanto ao seu poder. Assim, a Ligabom serve desde sua fundação, até o presente momento, aos interesses do oficialato dos 27 estados da federação, não havendo espaços nem para as praças discutirem e proporem caminhos.
Diante do cenário catastrófico de emergências climáticas e de desastres de mega magnitudes que desponta no horizonte humano, mais que nunca se torna importante e estratégico as classe trabalhadoras vir reivindicar seu poder e direito no que diz respeito à forma como realizar Proteção Civil, e Emergência no país, e no mundo, sendo questão de enfrentar as forças da grande locomotiva que queima tudo como combustível. Para tanto, descortinar as hegemonias e dominações de instituições públicas como os Corpos de Bombeiros Militares e seus tentáculos de roupagem civil como a LIGABOM, além de também dos fantasmas militaristas e centralizadores de diretorias anacrônicas e práticas de mercados dentro de associações civis de bombeiros voluntários que se portam como trampolim da elite para domínios políticos em pequenas cidades, conhecer o Plano Estratégico da LIGABOM é um instrumento de entendimento necessário.
Comuna, setembro, 2023
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