sábado, 26 de dezembro de 2020

PERU: TRABALHADORES EM LUTA * Frente Revolucionária dos Trabalhadores/FRT

Peru: trabalhadores em luta
 por nova constituição trabalhista enfrentam selvagem repressão policial 

No último dia 22 de dezembro os trabalhadores rurais peruanos, organizaram poderosa mobilização para exigir do Congresso Nacional do país uma nova constituição trabalhista, que garanta direitos econômicos e sociais essenciais. Centenas de trabalhadores bloquearam os principais trechos da rodovia Pan-americana do Peru em massiva mobilização, que de fato assustou a burguesia semicolonial do país.
Os trabalhadores organizaram verdadeiras barricadas queimando pneus, se armando com paus e pedras como forma de reagir à selvagem repressão policial mobilizada. Viaturas foram incendiadas, veículos oficiais do Estado foram apedrejados e diversos trabalhadores feridos pelas forças de choque da polícia. Historicamente a repressão policial sempre foi o principal recurso utilizado pelos capitalistas no Peru contra as massas exploradas, devido às explosivas contradições sociais que tomam conta do país, expressão do caráter dependente e subdesenvolvido do país.

Os protestos cresceram depois que o Congresso não aprovou as novas leis exigidas pelos trabalhadores desde o início de dezembro. De acordo com matéria do site de notícias Uol: " ‘Quinze dias se passaram e o Congresso nada fez para resolver nossas reivindicações’, criticou a jornalistas Paulina Velásquez, secretária-geral da Federação Nacional dos Trabalhadores da Agroindústria (Fentagro)”. (Uol, 22-12-2020).

Os trabalhadores exigem da indústria agroexportadora que aumente para 18 dólares o dia de trabalho, que atualmente é 11 dólares, o que estabelece um novo regime laboral, recrudescendo a luta de classes no país. Com a sabotagem por parte do Congresso à demanda popular, os trabalhadores se levantam massivamente.

De fato, o que ocorre no Peru é parte do acirramento das lutas populares que tem se agigantado em toda a América latina; recentemente os povos de Bolívia (que derrotaram o golpe de Estado da extrema direita), Chile, Equador, Paraguai, Argentina, Haiti, etc., tem protagonizado importantes levantes populares contra as políticas econômicas neoliberais, que na prática vem empobrecendo nossos países e desintegrado gravemente o tecido social no continente. O avanço da crise estrutural do capitalismo potencializa as já graves contradições políticas e sociais.

Na atual quadra da sociedade burguesa tardia, as mais elementares 

demandas das massas tornam-se revolucionárias, sobretudo no capitalismo dependente, voltado estruturalmente para a produção do superlucro em benefício do capital estrangeiro e da burguesia nativa, aprofundando como consequência a superexploração sobre os trabalhadores. 

Os povos trabalhadores de nosso continente precisam cobrir de solidariedade militante a luta dos companheiros peruanos. A vitória dos camaradas peruanos pode sem dúvida, fortalecer a auto-confiança da classe e servir como exemplo a todo operariado e campesinato em luta contra as burguesias dependentes e o imperialismo na região. 

A Frente Revolucionária dos Trabalhadores desde o Brasil, se põe incondicionalmente na mesma trincheira da batalha dos camaradas. 

Frente Revolucionária dos Trabalhadores

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

UNIDOS LUTAMOS MELHOR *

 UNIDOS LUTAMOS MELHOR


O desespero dos patrões é por lucro. Por isso, em todo o mundo, eles comandam a invasão de países, matam líderes políticos, inventam crimes contra outros, expulsam multidões de suas terras, tudo por minérios, florestas, rios, nascentes de água, petróleo, enfim, riquezas, as quais serão transformadas em mercadorias a serem vendidas em outros lugares, para felicidade de uns poucos. Aonde houver direitos sociais e trabalhistas, como no Brasil, eles - os patrões - estão arregimentando lacaios, como os políticos de nosso país, para votarem no parlamento pela extinção do nosso maior patrimônio, as leis da educação pública para todos, da saúde pública para todos, da geração de empregos para todos, da aposentadoria - por tempo de serviço, por invalidez, por idade - para todos, da renda mínima como proteção contra a fome para todos, enfim, da seguridade social universal como garantia de uma vida digna para todos.

Mas ao invés disso, o resultado está diante de nossos olhos. Além de todas as desgraças causadas por eles - OS PATRÕES E SEUS LACAIOS - temos ainda a pandemia, matando milhões mundo afora e milhares no Brasil, sob o escárnio e o deboche das camadas mais ricas e dominantes que já se viu, os milionários e os políticos brasileiros, onde se encaixa bozonaro - UM BANDO DE ESCRAVISTAS - que se juntam para se fartarem às nossas custas, roubando as verbas destinadas ao combate dessa praga apocaliptica chamada COVID-19. Todos temos constatado no dia a dia o concluio da mídia, do judiciário, das forças de segurança - FORÇAS ARMADAS inclusive - das principais lideranças religiosas, enfim, todo o aparato político do nosso país com essa máquina mortífera das reformas neoliberais escravizando o nosso povo. Em cada Estado e Município a maracutaia é uma só: ROUBAR. Todo o mundo assistiu boquiaberto a fanfarra com o escravista CRIVELLA. Quem votou nele, não tenha dúvida: é pior que ele. Quem defende ele, já passou da hora de atravessar para o lado de dentro das grades das cadeias. Pois é mais do que claro: CRIVELLA é um miliciano dos mais cruéis de que se tem notícia, uma vez que só não roubou mais porque não teve como carregar. Mas isso ocorre em todo o Brasil e poucos ainda se deram conta disso.


Ao lado de toda essa parafernália do roubo aos cofres públicos, vem a ladainha da contenção de gastos, cortes de verbas etc, e aí entra o fim do AE-AUX.EMERGENCIAL,que vai jogar as pessoas no desespero e vai causar mais transtorno. O primeiro deles é o assalto, por parte daquela camada marginalizada, que acha "mais fácil" roubar pobre do que se unir e lutar em benefício de todos. Em seguida, os saques, que são uma forma organizada, consciente de lutar por sobrevivência, porem insuficiente pra solucionar os problemas sequer imediatos da massa despossuída. O esgotamento da seguridade social dos desempregados gerado pelo fim do Seguro Desemprego de cada um tira o chão de milhões de trabalhadores que estão neste momento buscando uma fonte de renda para suprir suas necessidades. E na ponta desse iceberg estão os "biqueiros/biscateiros/temporarios"  de todo tipo que não tem 13º salário nem caderneta de poupança ou outra forma de renda pra segurar suas vidas. Esse conjunto de sub-categorias socioeconômicas forma o "vulcão" do caos social pronto para explodir. As campanhas por cestas-básicas que vem ajudando segurar a situação dessas pessoas desde o início do ano são insuficientes para estabilizar a vida de quem quer que seja. Como não há política social nenhuma de respaldo a essa massa de pessoas carentes, a solução é obedecer às ordens do estômago: saques, depredações e arrastões, com o pais forrado de mortos/vitimas da repressão implacável que a classe dominante tem a oferecer como espetáculo. 


 Um demonstrativo dessa  situação que vem por aí são as concentrações de massa nas portas das agências da Caixa Econômica Federal. Tem um filão de Auxilio Emergêncial , outro de Bolsa Família, outro de Seguro Desemprego, outro de 13º salário, mais Aposentados e Pensionistas. Essa mistura explosiva está fazendo o chão da revolta se mover, porque daí é que as pessoas veem o tamanho da desgraça gerada pelas reformas dos escravistas neoliberais.


 Mas pra piorar tudo isso falta organização popular "revolucionaria",  desde as comunidades carentes até ao topo da classe trabalhadora para conduzir esse conflito latente até a sua eclosão em lutas consequentes e quem vai se beneficiar de toda essa (nossa) fragilidade é o Crime Organizado, que através dos saques e arrastões, fará "caixa" pra financiar o seu armamento. Nessa situação - a nossa - nós não temos aliados. O que as religiões podem fazer, já o fazem: cestas básicas e orações. O que os políticos "coronéis de bairros e favelas" sempre fizeram, estão fazendo: organizando a repressão contra o povo. O que seria de se esperar dos partidos e líderes populares, que seria se juntar a nós pra encontrar saídas, podemos esquecer: NÓS FINANCIAMOS AS FESTAS RICAS DELES E ELES ESTÃO SE FARTANDO.  Então, só nos resta irmos à luta. Todas as propostas e exemplos de iniciativas são bem vindas. 


Estas são as condições objetivas e subjetivas para organizarmos novas MARCHAS CONTRA A FOME E O DESEMPREGO. Mas pra isso ocorrer precisamos criar Comitês Populares de Defesa dos Trabalhadores nos bairros e nas favelas e viabilizar trabalho, pão, moradia e dignidade para todos.


CALOTE NA DÍVIDA PÚBLICA

REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO

GATILHO SALARIAL JÁ

AUXÍLIO EMERGENCIAL PARA DESEMPREGADOS E DOENTES CRÔNICOS

ÁGUA E LUZ GRÁTIS PARA DESEMPREGADOS E IDOSOS

PASSE LIVRE PARA DESEMPREGADOS JÁ

MORADIA URGENTE PARA TODOS OS SEM-TETOS


*UNIDOS LUTAMOS MELHOR*

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Traição covarde * Frente Revolucionária dos Trabalhadores / FRT

Traição covarde:
 prefeito de Guarulhos quer extinguir a autarquia
 Proguaru e demitir quase 5 mil trabalhadores

Nem bem terminou as eleições, e a farsa da “democracia” dos ricos mostra sua cara. É quando o estelionato eleitoral cobra a fatura das massas trabalhadoras.
O prefeito da cidade de Guarulhos, o playboy Guti (PSD), enviou à Câmara Municipal o projeto de lei (Nº 718/2020) que extingue a autarquia Proguaru, empresa indispensável ao município, responsável pela execução dos “serviços públicos de coleta e remoção de lixo, fabricação de asfalto, blocos e pré-moldados, pavimentação, guias, sarjetas, construções de galerias e canalizações. Ou seja, cuida de toda a urbanização de Guarulhos”. (Sindicato dos Engenheiros do estado de São Paulo-SEESP).

A desculpa da prefeitura é de que a empresa tem gerado supostos déficits operacionais, mentiras típicas dos governos neoliberais de plantão, para entregar às máfias capitalistas os rentáveis serviços públicos, mercantilizando, sucateando e encarecendo setores essenciais para a população e colocando no desemprego e na miséria os trabalhadores servidores.
O estelionatário prefeito Guti, como “bom” malandro e sabendo da impopularidade das privatizações predatórias, jogou areia nos olhos da população guarulhense, afirmando poucos dias antes das últimas eleições que não cogitava entregar a Proguaru à iniciativa privada.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública de Guarulhos (STAP), que representa os funcionários da empresa, a extinção da Proguaru significará mais de 4,600 demissões, afetando diretamente a vida de 14 mil familiares dos demitidos. Ou seja, o projeto de Guti contra a Proguaru é um verdadeiro crime bárbaro, que colocará na miséria mais de 18.400 pessoas, somando os trabalhadores e seus familiares, numa época de crise econômica, social e sanitária profunda.
O crime de Guti também possui contornos macabros, quando avaliamos o quadro envolvendo a faixa etária dos funcionários da empresa. Segundo o STAP, mais de 70% dos trabalhadores da Proguaru possuem acima de 56 anos de idade, recebendo uma média salarial que não chega 

a dois salários mínimos, fator de muita gravidade, pois se analisarmos a estrutura etária do mercado de trabalho no Brasil, é certo que os trabalhadores demitidos, em sua maioria estarão empurrados para um desemprego crônico e com poucas chances de recolocação, numa sociedade onde quase um terço de sua população economicamente ativa está desocupada ou subocupada precariamente. 

De acordo com o ex-prefeito da cidade Elói Pietá (PT), derrotado no segundo turno das últimas eleições, Guti foi o candidato que mais recebeu apoio financeiro de empresários, sugerindo que o projeto da atual prefeitura é extinguir a Proguaru, para abrir mercado aos capitalistas financiadores e aliados do prefeito playboy, um verdadeiro tapa na cara do povo guarulhense e dos trabalhadores ameaçados de demissão.
Os trabalhadores da Proguaru não se dobraram e não se renderão; apoiados por outras categorias operárias como condutores, servidores da educação, demais trabalhadores e povo pobre da cidade, organizaram importante manifestação contra Guti na Câmara Municipal durante todo o dia de hoje, enquanto o projeto ia entrar em votação. Os trabalhadores precisam de todo apoio e solidariedade da classe operária nacional, visto que uma vitória sobre este profundo ataque neoliberal, pode gerar importante exemplo e estímulo a toda a classe, diante do desmonte do país. 

A Frente Revolucionária dos Trabalhadores, presente na manifestação de hoje contra o facínora Guti e na linha de frente do combate dos companheiros da Proguaru, defende a criação de um Comitê de Lutas pela defesa da Proguaru, composto por trabalhadores da empresa, lutadores populares e de outras categorias operárias e estudantes. Paralisar por completo os transportes e demais categorias de trabalhadores, bloquear a via Dutra, demais rodovias que cortam o município e fortalecer uma agenda de propaganda em toda a cidade, devem ser tarefas de primeira importância para esclarecer o conjunto da população e mobilizar os trabalhadores da cidade contra esse criminoso ataque de Guti à serviço dos ricos capitalistas seus aliados. 
Não a extinção da Proguaru!
Mobilizar toda a população Guarulhense contra esse crime!
Fora Guti!
Frente Revolucionária dos Trabalhadores
FRT

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

PANDEMIA PRECIPITOU A REVOLUÇÃO DA BARBÁRIE * José Eduardo Morelli

Pandemia precipitou a Revolução da Barbárie:

o triunfo do Ultraliberalismo e do Estado de Exceção Permanente.


O ano de 2020 certamente entrará para a História. A pandemia do Novo Coronavírus, um vírus cuja origem permanece incógnita e que não teve nenhuma abordagem político-epistemológica de repercussão na grande imprensa determinou os rumos da sociedade do Capital no ano de 2020 e preparou as bases para o chamado “novo

Normal”. Num espetáculo da Biopolítica, uma onda de reestruturações celebradas como “responsáveis” no campo da Política e Economia foram levadas adiante em escala planetária, tudo sob a alegação de preocupação das autoridades e da sociedade civil em geral com a saúde pública. Quando esta discussão é trazida à tona de forma crítica em geral ela é rechaçada, afinal como diz o jargão, “não se pode politizar a pandemia”, pessoas estão adoecendo e morrendo portanto não espaço nenhum para analisar nada. É necessário obedecer e realizar as tarefas determinadas pelas instâncias competentes e quem reclama será taxado sumariamente de insensível. Vivemos na sociedade do Vigiar e Punir onde os próprios pares disciplinam uns aos outros, denunciam uns aos outros – algo similar a um regime totalitário onde a disciplina e a repressão se dão em escala horizontal, sem ao menos a necessidade de um vetor ditatorial exclusivo, ou seja, os próprios membros da sociedade se autorregulam no sistema moral requerido.

Esta visão de que a pandemia está separada da análise política é, em primeiro lugar, covarde e cínica. Tudo pode e deve ser examinado com cuidado, não se pode aceitar


tudo de forma calada, sem crítica dialética. Alguém que pense o contrário disso está adaptado ao “novo Normal” que determina uma sociedade acrítica e obediente. Michel Foucault se estivesse vivo estaria admirado e assustado com a realidade teorizada em suas obras no século XX. Em segundo lugar, a contra resposta a estes argumentos seria de que “estão vendo maldade em tudo hoje em dia, que exagero!”. Afinal, o vírus é um vírus – ou seja – um “ente” em separado da sociedade e sua dinâmica social de poder. Esta visão está alinhada à ideia equivocada de que existiria um Mundo “normal” e outro Mundo “político” e que uma dimensão não está relacionada com a outra. Quanto engano! Quem pensa isso obviamente não compreende a sociedade!

De fato, o Novo Coronavírus é uma fenômeno natural como todos os outros vírus ao longo da História. Entretanto, isso não anula, de forma alguma, a interferência e repercussão política deste na sociedade uma vez que o vírus acomete diretamente os seres humanos. Se afeta os seres humanos, o vírus tem repercussão política, não há como escapar da política! E se não escapa da política, não escapa de análise crítica! São estas repercussões políticas que são frequentemente ignoradas sob as alegações de que o Mundo da Pandemia é um Mundo “neutro”. Repentinamente, para alguns, o Mundo da pandemia é aquele onde as diferenças teriam sido anuladas, todos estão numa “força- tarefa” em prol da Humanidade e quem não estiver, obviamente precisará de um descarrego. Este pensamento Hollywoodiano é um pensamento de colonização mental, de ilusão, alienação ou até má fé.

Sobre a suposta responsabilidade das autoridades públicas com a Saúde pública algo que chamou a atenção em vários países do Mundo – em particular no Brasil – pouquíssimas análises críticas foram realizadas. Em primeiro lugar, quando o hashtag “Fique em Casa” foi martelado por todos os meios de comunicação disponíveis, a ideia que circulou é que todas as pessoas deveriam obedecer esta determinação como se na sociedade não existissem diferenças, ou seja, todas as pessoas teriam condições de se isolarem no conforto de suas casas enquanto a tempestade passa lá fora. Este pensamento cínico ignorou a existência de moradores de rua e trabalhadores que abastecem a sociedade com todos os recursos necessários para a subsistência contemporânea. Tão logo este júbilo do pensamento burguês atingiu um pico, veio o discernimento lógico e estratégico de que “nem todos poderiam se isolar” e que aqueles que não se isolam são os heróis, aquela sensibilização barata de rede social que se vê nos dias atuais. Foi a maneira com que foi possível purificar, via redes sociais e grande Imprensa, a consciência coletiva depois de um primeiro momento de júbilo.

“Viremos a página”, o problema de “todos” já foi consertado. Nem todos podem se isolar, pronto. Obviamente, não se deveria virar a página aqui. Esta primeira determinação disciplinadora do “Fique em Casa” já deveria ter suscitado algum um exame crítico de quem afinal de contas pensa a sociedade. Somos uma sociedade onde todos podem ou só alguns podem? Qual o papel do Estado nesta dinâmica social existente? E mais do que isso, como é possível conceber uma determinação como esta que terceiriza a responsabilidade do surto de Coronavírus para a sociedade e mascara a responsabilidade do Estado que anos drena para fora os recursos dos postos de


saúde blica? Estas indagações anulam por completo toda e qualquer determinação do Estado ou da Imprensa monopolista sobre o que fazer ou não na Pandemia. E, além disso, o Estado nunca se preocupou com Saúde Pública de fato tendo inclusive aprovado no Congresso Nacional em 2017 a PEC dos gastos blicos que congelou de forma covarde e criminosa o orçamento blico destinado à Saúde e Educação. Como o Estado estaria então preocupado com a saúde das pessoas? Com qual moral o Estado poderia  se colocar no lugar de determinar isolamento social? Estes temas não repercutiram em praticamente nenhum rculo analítico de forma blica, massiva e sincera.

Assunto varrido para debaixo do tapete. Ao varrer este tópico para debaixo do tapete, a Revolução da Barbárie pôde se estabelecer com robustez. A Revolução da Barbárie também pode ser conhecida com outros nomes como Reset Mundial” ou a inserção forçada e em larga escala do Ultraliberalismo”, a fase mais agressiva e abertamente excepcional do sistema econômico do Capital. O Ultraliberalismo que atualizou o Neoliberalismo se desenvolvia no período Pré-Pandemia. Este sistema tornou-se uma necessidade na era Pós-Crise de 2008 e passou por uma década de adaptações políticas regionais em diversos países do Mundo incluindo o Brasil que foi forçado a aderir ao esquema em 2016 com a consumação de um câmbio forçado de regime político. A mudança de regime precipitou a adoção em série de várias medidas de desertificação econômica e política, justificadas no campo ideológico e propagandístico como “combate à corrupção”. na era Michel Temer, uma série de medidas foram tomadas no sentido de estabelecer um protetorado no Brasil comprometido com a venda de ativos blicos brasileiros para bancos internacionais.

As manobras ilegais e desleais de canibalismo econômico propiciam uma alavancagem da especulação financeira, da concentração brutal de Capital e da tentativa de recuperação forçada da taxa média de lucros, tema, aliás, responsável pela intermitente e aguda crise do Capital. A crise do Capital responde por dois processos simples: a capacidade produtiva avançada dos dias atuais em contraste com a queda vertiginosa no poder de compra da sociedade assalariada global, um movimento estrutural e conjuntural ao mesmo tempo. Entretanto, a resolução do problema é tentada através da contenção de custos produtivos ao mesmo tempo em que se cria uma legião de desempregados, um enorme exército de desalentados e informais precarizados que mal conseguem sobreviver. Obviamente esta fórmula não resolve os impasses do Capitalismo, é necessário um “Reset” do sistema, algo que seja capaz de criar medo, disciplina social e novos hábitos de consumo; abastecidos com crédito é claro. Não é à toa que o sistema de Auxílio emergencial foi implantado no Brasil e em diversas partes do Mundo e quem irá pagar pelo Auxílio emergencial é o próprio povo, não há aqui nada de redistribuição de renda. O pagamento virá mediante novas reformas austeras que rebaixarão às condições de vida dos trabalhadores às piores existentes. O Auxílio emergencial não tem a função apenas de resgatar os miseráveis produzidos pela ordem do Capital e agravados na Pandemia, a ideia do auxílio emergencial é providenciar o mínimo necessário para um boom do consumo básico mínimo em meio a uma Crise de Superprodução de Capital. O auxílio emergencial não é uma política econômica keynesiana que visa “dar dignidade” aos trabalhadores. O auxílio emergencial é um


mecanismo de Estado para evitar o colapso do Sistema econômico Mundial. Em essência, esta é a discussão feita no âmbito do Fórum Econômico Mundial que já tratava a necessidade de um “Reset Mundial” na Economia publicamente alguns anos. Que timing perfeito! A Pandemia assegurou este objetivo.

No Brasil, as políticas de desertificação econômica e capacidade de superexploração intensiva da sociedade e da natureza estavam em pleno desenvolvimento antes da Pandemia. A questão é que mesmo no Brasil, o processo não se dava de maneira integral. É necessário subordinar mais ainda a sociedade num rumo que se deseja alcançar. Vários setores da sociedade em um país golpeado e valioso como o Brasil ainda não estavam preparados para o Ultraliberalismo na sua plenitude. O setor de serviços que é o setor mais avantajado do país necessitava de um super estímulo para mudar todos e práticas adaptadas à Revolução Industrial 4.0. Pela via legal, as mudanças no Congresso Nacional poderiam levar décadas além de estarem sujeitas a obstáculos que diminuiriam a velocidade das reestruturações ultraliberais. Este é um desafio mesmo em um país neutralizado pelos EUA no Golpe de Estado de 2016. Nada mais adequado que uma situação de emergência forte o bastante para determinar um novo código de conduta.

A Pandemia forçou o trabalho remoto, o uso exacerbado e inédito dos recursos de software que impulsionaram não somente uma contenção inédita de custos operacionais como também propiciou um isolamento sico da divisão social do trabalho, impedindo qualquer mobilização contra e facilitando a monitoria dos funcionários que passaram a ser operadores impessoais sem tempo determinado de trabalho, ou seja, estão online 24 horas por dia à disposição das atividades requeridas. Quando seria possível em “condições normais emplacar este objetivo que as grandes instituições financeiras globais desejavam? A Pandemia é uma bênção para os banqueiros como nunca antes, por isso a Pandemia é candidata a permanecer na sociedade por tempo indeterminado mesmo com vacinas. Afinal, a Pandemia é um recurso importante para os câmbios políticos e econômicos desejados.

No campo da Educação, a Pandemia forçou a implementação do Ensino Híbrido ou Blended learning. A jogada não só facilitou uma racionalização eficiente dos custos operacionais dos serviços educacionais (tanto na rede pública quanto privada) como também possibilitou incitar o ensino impessoal, agora o ensino é um produto frio e antissocial: uma mercadoria negociada totalmente alienada das relações sociais, como se a formação de um ser humano não dependesse do convívio com os outros. O convívio, se houver, deve ser à distância – transformando os alunos em obedientes operadores de softwares sem criticidade, sem empatia, sem identidade e sem percepção de pertencimento a um grupo social. O sistema do Capital conseguiu impor o seu jugo de bloquear o movimento estudantil enquanto sopro de esperança política. Mas não é nada pessoal, a preocupação é com a “saúde pública”, alegam os defensores.

A questão é que órgãos e instituições Mundo afora anunciam que o Ensino Híbrido veio para ficar como anunciado entusiasticamente pela própria agência estatal de notícias, a EBC/Agência Brasil em artigo intitulado “Ensino híbrido é tendência para


vida escolar no mundo s-pandemia” veiculado no dia 14 de Julho deste ano. E há quem diga que este governo atual é contra o “isolamento social”, como se o governo e os aparatos de poder estivessem nas mãos exclusivas de uma peça caricata e até dispensável do executivo chamado Jair Bolsonaro, cuja substituição estratégica é discutida abertamente pelos setores que detém o poder político de fato.

O fato é que preocupação com a saúde da população em meio à pandemia não é real. Passada a Pandemia, o Ensino Híbrido ficará com a desculpa de que; “o que veio, veio para ficar e ponto”. O problema de saúde posteriormente, se houver entre a comunidade aprendente será uma geração deprimida, antissocial, acrítica e reificada. É de causar espanto entre a classe do professorado bem como no âmbito das representações de classe que nada seja dito a respeito. Pelo contrário, o assunto é visto como “notícia boa”, o ensino híbrido premiará o professor que mais se adequa ao regime, numa competição ultraliberal entre os docentes para ver quem é mais obediente e quem mais faz firula com os softwares, sem que qualquer discussão seja levantada sobre se todos os softwares, tecnologias e métodos são importantes ou não na formação de um ser humano íntegro. A mesma lógica se destina aos alunos que disputarão rendimentos em função de uso de aparato tecnológico, ignorando-se qualquer outro método de aprendizagem. É o triunfo do competição Ultraliberal selvagem. A discussão aberta sobre se a tecnologia é decisiva ou não para o aprendizado, ao que tudo indica, ficou para trás. Todos os artigos com pontos e contrapontos sobre métodos de ensino foram jogados fora, o que vale agora é o ensino à distância. Em qual outra oportunidade esse corolário poderia ser implantado na ausência da Pandemia? O aprendizado para valer será secundário e “ai” de quem critica afinal qualquer voz crítica contra o que se tem feito na pandemia em termos de suposta preocupação com saúde é mal visto. Que tristes gerações de professores têm se formado em nosso país! Esta tragédia social é uma bola de neve que se multiplica.

Vozes como a do filósofo italiano Giorgio Agamben são isoladas na Academia. Agamben é um dos poucos que se preocuparam e tornar blica a sua preocupação com a hipertrofia dos regimes de exceção da Pandemia em artigo publicado no início de 2020. Em sua análise, Agamben desmascara a tônica de preocupação relembrando a hipocrisia do sistema. Um sistema político e econômico como este é TUDO menos preocupado com saúde alheia. O que justifica a política do isolamento e do medo? Seria medo da classe dominante de se contaminar? A classe dominante se quer divide os mesmos espaços sicos com a classe dos dominados, de quem quer mais é que morra. A classe dominante que tem o poder real de comunicação e mecanismos de Estado justifica a sua política de isolamento porque quer impor uma determinada política e uma nova sociabilidade que lhe interesse e não porque está preocupada com a saúde da base social. Mesmo que não tivesse nenhuma medida de isolamento social, a classe dominante dispõe de condições objetivas claras e fáceis de isolar-se dos contaminados. Então não existem motivos para que todos aceitem rapidamente as teses determinadas pela Organização Mundial da Saúde, a mesma que faz parte da ONU que virou instituição proficiente em ignorar tragédias sociais como a do genocídio de Ruanda em 1994. Que preocupação a OMS e a ONU têm com as pessoas? Esta instituição que


dissimula trazer a “paz global” faz tudo menos atingir o objetivo a qual se propõe na realidade. Pelo contrário, a ONU é a garantia que o poder político e econômico do Mundo se mantenha a ferro e fogo em sem que isso pareça maldoso o bastante, afinal em Nova York está sediada a ONU que “resolve qualquer parada”.

Acima de tudo, o ativo mais valioso da Pandemia é a multiplicação do medo. O medo sempre foi um mecanismo de poder importante ao longo da História humana. O medo coloca os atores sociais na defensiva, afinal, o que fora? Em que outro momento seria possível impor refluxo e defensiva na classe trabalhadora mundial em meio ao Colapso do sistema que não o surgimento do Novo Coronavírus? Talvez a melhor descrição para o mecanismo de implementação de um regime de exceção globalizado – ao mesmo tempo em que se impõem as reestruturações ultraliberais seja a popularização do medo. Um medo que vá além do antigo medo suscitado pelo Terrorismo internacional. O medo dos terroristas, inimigos incógnitos à espreita em células “adormecidas Mundo afora e que justificaram atos verdadeiramente terroristas como o Ato Patrtico dos EUA e as guerras de conquista no Oriente Médio; o Novo Coronavírus é o mecanismo amedrontador da vez que incrimina nações adversárias como a China (suposta origem do Covid-19), deixam todos dóceis e aceitem as determinações à que lhes são impostas, assim se justifica um Estado de Exceção permanente, sem que ninguém se atreva a duvidar ou questionar.