sexta-feira, 17 de maio de 2024

Trabalhadoras do Brasil * Rogério Lannes Rocha/RADIS

Trabalhadoras do Brasil
Rogério Lannes Rocha

Adriana Nunes da Silva chegou à capa desta revista, que alcança mais de 120 mil leitores no país, por ser uma mulher trabalhadora. O seu sorriso em foto no Museu de Arte do Rio, tendo ao fundo um painel que retrata a celebrada escritora Carolina de Jesus, representa o lado vibrante e humano de outras 5,8 milhões de trabalhadoras (elas são 92% dos trabalhadores domésticos, sendo 65% negras) que “ralam” diariamente num dos ofícios menos valorizados em nossa sociedade.

Na matéria de capa produzida pela repórter Ana Claudia Peres com a participação da estagiária Luíza Zauza e do fotógrafo Eduardo de Oliveira, Adriana fala de sua família e do trabalho, enquanto percorre a exposição Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os Brasileiros. Ela se identificou com as histórias que leu em Quarto de Despejo e se emocionou ao entrar em contato com outras dimensões da obra da autora que admira. Carolina se notabilizou por ter conseguido romper com a invisibilidade e o silenciamento a que são relegadas as vozes das pessoas subalternizadas na estrutura social.

Enquanto ouvia e fotografava Adriana, nosso colega Eduardo se emocionou lembrando de sua mãe, Jucirlete de Oliveira, também trabalhadora doméstica, com quem ele e sua irmã dividiam um quarto de empregada na infância e adolescência. Suas memórias afetivas e a história de dona Nicinha, como era conhecida, acabaram sendo incorporadas à matéria.
Outros relatos potentes integram a reportagem. A diarista Maria Izabel relata como o racismo atravessa as relações no trabalho doméstico. Consciente e crítica, integrou um grupo de teatro formado por trabalhadoras domésticas e, hoje, se dedica à representação da categoria no sindicato, o que lhe dá uma ampla visão do contexto em que atua.

Janaína Costa vem de uma família de irmãs, primas, mãe e avó trabalhadoras domésticas. Trabalhando como faxineira, diarista e babá, enfrentou obstáculos que seguem lhe atormentando em sonhos: “Há mecanismos estruturais no Brasil que fazem com que a gente vivencie hoje, no trabalho doméstico, uma modernização da escravidão”. Com muito esforço, ela concluiu o segundo grau, formou-se em História, fez mestrado e acaba de ser aprovada no doutorado. Agora, tem um perfil nas redes sociais digitais, com cerca de 50 mil seguidores, em que publica denúncias, relatos e reflexões sobre o trabalho doméstico.

Há 10 anos, o Congresso Nacional aprovou e a presidenta Dilma Roussef sancionou a Emenda Constitucional n. 72, proposta pela deputada federal Benedita da Silva (PT/RJ), que assegura direitos importantes ao trabalho doméstico. No retrospecto dessa luta de mais de 70 anos, Benedita figura ao lado de grandes nomes como Laudelina de Campos Mello, Lenira Maria de Carvalho e Creusa Maria de Oliveira.

A “PEC das Domésticas” foi um grande avanço na legislação de proteção aos direitos da categoria, mas há muito o que conquistar. O número de meses da licença maternidade ainda é menor que o das demais profissões, assim como o tempo e o valor do seguro desemprego. Apenas 25% das trabalhadoras domésticas têm carteira assinada. Assegurar cuidados à saúde dessas trabalhadoras é essencial.

Há disputas simbólicas a serem enfrentadas, como acabar com a mistificação de quando os patrões dizem que a trabalhadora doméstica “é quase da família”. A pesquisadora Adriana Castro, da Fiocruz, entende que é preciso “desnaturalizar” a visão de uma “atividade afetiva” e reconhecê-la “como trabalho”. Ressalta que muitas pessoas da classe média só estão no mercado de trabalho porque há outra pessoa trabalhando por elas no cuidado da casa, da comida, das crianças, dos idosos.
Na linha de tiro

Cuidar é o trabalho cotidiano de quem atua na saúde, garantindo o direito à vida.
Romper com a invisibilidade de pessoas e populações, como se vê na reportagem de capa, deve ser um trabalho cotidiano do jornalismo, garantindo o direito à informação e à comunicação.

Uma nota na seção Súmula sobre a guerra na Palestina faz refletir. Guerras afrontam o direito à vida, à saúde e à comunicação.

O bombardeio diário desencadeado por Israel sobre Gaza já matou, em dois meses, mais de 18,8 mil pessoas e feriu mais de 51 mil, a maioria crianças e mulheres. Em meio à destruição em massa de infraestrutura e edificações urbanas, acima de 1 milhão de palestinos se encontram desabrigados no inverno, com fome e indisponibilidade de água.

Os profissionais e os serviços de assistência à saúde se tornaram alvos. Em dois meses, as autoridades de saúde palestinas contabilizaram a morte de mais de 300 profissionais de saúde e a destruição de 22 hospitais e mais de 100 ambulâncias. Nas instalações da ONU, as bombas mataram outras 300 pessoas abrigadas e 100 trabalhadores humanitários.

Chama a atenção ainda o impacto sobre os jornalistas que registram, no território, o massacre que está se configurando como o primeiro genocídio da história a ser presenciado mundialmente, em tempo real. Em dois meses, mais de 60 deles foram mortos, número considerado relativamente maior, dado o curto período, do que em qualquer conflito anterior.

terça-feira, 14 de maio de 2024

A quem interessa que a Saúde seja luxo? * Ladislau Dowbor/Outras Palavras

A quem interessa que a Saúde seja luxo?
Ladislau Dowbor
no Meer | Tradução: Gabriela Leite

Há vastos exemplos de que sistemas públicos são mais eficientes. Mas modelo hiperfinanceirizado dos EUA se espalha pelo mundo, com remédios caríssimos, marketing trapaceiro e seguros abusivos. Resultado: mortes, sofrimento e dívidas
A indústria de Saúde tornou-se uma área-chave da atividade econômica. Está sendo rapidamente privatizada, com resultados profundamente negativos, exceto para os poucos felizardos no topo da pirâmide de riqueza. O mercado livre e irrestrito pode funcionar melhor para a escolha de sapatos. Mas para a Saúde, é um desastre. Não é uma questão de ideologia, mas de observar exemplos daquilo que funciona melhor.

Longe de fornecer Saúde Universal, o legado dos aportes das instituições de financiamento ao desenvolvimento em saúde privada com fins lucrativos tem mais chance de resultar em uma crescente concentração de riqueza e poder nas mãos de um pequeno número de homens escandalosamente ricos.¹

As simplificações ideológicas na economia são uma maldição, e são baseadas não apenas na ignorância, mas sobretudo no interesse financeiro. O Paxlovid, um tratamento recente da Pfizer para covid, com 30 pílulas, está sendo vendido por US$ 1.390 – no entanto, pesquisadores de Harvard descobriram que o custo de produção para o tratamento completo é de cerca de US$ 13. Até onde pode ir esse despropósito? A questão-chave aqui é que as decisões são tomadas não com base em quanto se pode melhorar a Saúde, mas quanto dinheiro é possível extrair, ainda que reduza drasticamente o acesso. Para os algoritmos que calculam a otimização de marketing, é óbvio que, nas comunidades abastadas, os clientes não verão muita diferença entre pagar cem ou mil dólares, ao sentirem que sua saúde está ameaçada – eles são muito sensíveis – e pagarão qualquer preço. Os algoritmos refletirão a lógica que incorporaram: maximizar lucros. A ideologia confere o sentimento de justiça: acumular dinheiro é correto e moral neste esporte.

Poderiam justificar com a alegação de que tiveram que gastar muito em pesquisa. Isso é parcialmente verdadeiro, claro, e válido para várias das grandes corporações farmacêuticas. Mas a verdade é que o enorme progresso feito pela humanidade em pesquisa em Saúde é principalmente herdado dos avanços científicos amplos que nos deram o entendimento do DNA, a microscopia eletrônica, bioinformática, IA, nanotecnologia e tantas transformações estruturais nas bases tecnológicas da pesquisa. Quando uma corporação oferece um produto final, pelo qual a população terá que pagar, mas que a maior parte dos insumos de capacidade de pesquisa usados para produzi-lo foi herdada e paga por nossos impostos, isso representa, como Gar Alperovitz e Lew Daly chamaram, “merecimentos injustos”.

O esquema OxyContin nos revela outra dimensão, na qual causar mortes em grande escala é irrelevante, desde que o produto se pague. A crise dos opioides “evoluiu, começando com pílulas sob prescrição médica e terminando com o fentanil sendo produzido ilicitamente, além de outras drogas que juntas já foram responsáveis por 800 mil vidas americanas nos últimos 25 anos, com previsões de mais um milhão de mortes até o final da década”. As famílias Sackler, Purdue e Johnson & Johnson foram levadas à justiça, mas foram penalizadas com apenas algumas multas: “Os reguladores federais e promotores não foram capazes de aproveitar o momento. Mais uma vez, as grandes farmacêuticas escaparam. Os promotores negociaram um acordo no qual a Purdue pagou uma grande multa, mas foi autorizada a continuar vendendo OxyContin praticamente sem restrições. Foi feito apenas um acordo para que seus executivos se declarassem culpados de contravenções e evitassem a prisão… Os EUA ainda não conseguem aprender as lições de uma catástrofe unicamente norte-americana, são incapazes de romper a influência do dinheiro de grandes corporações sobre a medicina, a regulamentação de drogas e a responsabilidade política”.²

Podemos encontrar milhares de exemplos de fraudes, marketing mentiroso e outras ilegalidades. É possível encontrá-los em uma rápida pesquisa na internet, colocando o nome de qualquer grande corporação farmacêutica junto com “acordos”. A lógica é simples: trata-se de uma área diferente de responsabilidade legal, na qual os culpados pagam somas enormes, mas que são como troco de bala em comparação com seus lucros. Assim, seus donos se livram não apenas da prisão, mas também de admitir culpa. A Wikipedia também fornece uma “lista dos maiores acordos farmacêuticos”, cada um na casa dos bilhões de dólares, por violações da Lei de Reivindicações Falsas [False Claims Act é uma lei estadunidense que pune entidades ou indivíduos que defraudam programas governamentais] e similares. Tudo é feito com exércitos de advogados e especialistas de primeira linha em negócios, finanças e até mesmo em drogas. Não é uma questão de não saberem o que estão fazendo. E eles interrompem seu programa de TV com uma garota simpática dizendo que esse medicamento será maravilhoso para você. O consumidor paga por esse comercial, cujo custo está incluído no preço dos produtos. Cerca de 27% do preço de um produto da Johnson & Johnson são para custos de marketing, não para pesquisa.

Esses poucos exemplos se referem à Big Pharma, mas uma lógica similar se aplica a tantos outros serviços de saúde privatizados. A questão que levantamos aqui é: a privatização é compatível com a garantia de vidas saudáveis, ou apenas com os lucros provenientes de serviços de saúde? O problema básico é que um sistema de saúde privatizado, com suporte de regulação pública, que é o modelo dos EUA, é um fracasso sistêmico. É incompetente e ineficiente. No Brasil, como nos EUA e outros países, os oligipólios de saúde assumiram as instituições de regulação. Alega-se frequentemente que a “autorregulação” é suficiente. Mas é um desastre.

Os números são muito explícitos na figura acima. Os gastos com Saúde nos EUA, em 2019, foram de US$ 10.921 per capita, e a expectativa de vida de 77,3 anos. Trata-se do sistema basicamente privatizado e não regulamentado que vimos. No Canadá, onde a Saúde é basicamente pública, gratuita e com acesso universal, o custo per capita foi de US$ 5.048, menos da metade, e a expectativa de vida de 81,7 anos. A lógica não é complexa: nos países onde os sistemas são pensados para garantir a saúde da população de fato, as políticas se concentram, entre outros, na saúde preventiva, na água limpa, no controle de emissões, em vacinas, em cidades mais saudáveis. A preocupação central não está em vender o máximo possível de medicamentos e serviços de cura. Trata-se de saúde, não de negócios.

Este estudo do Banco Mundial é esclarecedor. No Reino Unido, os números correspondentes são US$ 4.313 de gasto per capita e 80,9 anos de expectativa de vida, apesar de tantos ataques ao NHS [Sistema Nacional de Saúde]. A Dinamarca é outro caso interessante onde há serviço de saúde basicamente público: US$ 6.003 e 82 anos. Na França, US$ 4.492 e 82 anos. Em outro nível, Cuba é um exemplo interessante, com gastos de US$ 1.032 e 79 anos, superior aos 77 anos dos EUA. Para o Brasil, os números são US$ 853, e uma expectativa de vida de 76 anos, graças, em grande medida, ao Sistema Único de Saúde. Os grupos de seguro de saúde brasileiros, alguns deles propriedade de corporações de saúde privadas dos EUA como United Health, ou da indústria de gestão de ativos como BlackRock, são um exemplo impressionante de ineficiência sistêmica. Eles drenam recursos financeiros de cerca de 50 milhões de pessoas. Mas quando você se aposentar, não poderá mais pagar por eles, na idade em que mais precisaria.

Os serviços de saúde privados tornaram-se uma enorme arena financeira. No geral, os serviços de saúde representam quase 20% do PIB nos EUA – é sua maior indústria, com resultados dramaticamente pobres, a menos que você esteja no clube dos ricos com acesso a ilhas de serviços de saúde privados de luxo. “Enquanto isso, um terço dos americanos sem seguro não pode pagar seus medicamentos, e quase metade dos que não têm cobertura solicitou aos médicos opções mais baratas. A presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi (Democrata da Califórnia), apresentou na semana passada o plano de seu partido para permitir que o governo participe da definição dos preços dos medicamentos prescritos. O projeto foi nomeado de ‘Ato para Reduzir Agora os Custos dos Medicamentos’.”³ Eles ainda estão lutando.

O que é impressionante é que os EUA oferecem o modelo mais ineficiente e caro, mas é ele que está sendo gradualmente expandido em muitos países. Porque é lucrativo, mesmo que deixe a maior parte da população em situações dramáticas. A razão é que faz parte de um sistema financeiro integrado global. Eu pago a uma faxineira, um dia por semana, para limpar minha casa em São Paulo. Ela tem problemas de saúde, então entrou em um grupo de seguro saúde privado, o Notre Dame. Verifiquei dados sobre essa corporação e encontrei, entre seus investidores, a BlackRock. Assim, parte do que pago a uma pessoa modesta no Brasil é transferida para acionistas internacionais, em frações de segundo, como dinheiro virtual. Esta capilaridade de drenos financeiros com dinheiro virtual funciona em escala mundial. Precisamos de saúde, e em situações desesperadoras pagamos qualquer coisa, e nos endividamos – ou adiamos a busca por cuidados até que as coisas piorem, e fiquem mais caras. É um sistema de gestão globalmente falho.

Há uma óbvia dimensão ética. Tornar o acesso à saúde mais difícil, para ganhar mais dinheiro, é simplesmente imoral. E as empresas ganham mais dinheiro quando atende aos mais ricos. Que haja tanta desgraça em um país abastado como os EUA é algo simplesmente absurdo. O que os gigantes da gestão de ativos sabem sobre serviços de saúde, exceto em relação a quanto dinheiro podem extrair? Mas a dimensão econômica é igualmente absurda. E trata-se de economia básica: com muitos produtores e uma riqueza de escolhas, a concorrência pode estimular melhores produtos e preços. Não é o que acontece no caso do sistema de saúde.

Um amigo médico resumiu de forma clara para mim: ele trabalha em um hospital privado e precisa cumprir cotas de procedimentos, que o hospital cobrará do seguro saúde, que por sua vez dificulta a aprovação de procedimentos, exigindo que se avalie caso a caso. O grupo de seguro de saúde cobrará tanto quanto possível dos clientes. Ele geralmente está ligado a uma grande gestora de ativos, e o retorno para os investidores é central. No triângulo entre o médico, o hospital e os seguros de saúde, os interesses do paciente vêm por último. É caro e ineficiente – e aumenta o PIB. Mas o que precisamos é de mais saúde, serviços melhores e mais baratos. Quando você aumenta custos e preços, você aumenta o PIB, mas da maneira errada.

A ideia básica que estou tentando transmitir aqui é que algumas atividades funcionam claramente melhor em um ambiente de mercado livre, como produzir bicicletas, tomates ou abrir um bar. Mas colocar nossa saúde nas mãos de corporações financeiras em um ambiente de maximização de lucros é um tributo à incompetência. E as mortes e sofrimento resultantes são dramáticos, sem falar no sentimento permanente de insegurança, para nós e para nossas famílias. É apenas uma questão de seguir os exemplos comprovados do que funciona melhor: acesso público universal gratuito. Quanto tempo mais os norte-americanos continuarão cruzando a fronteira para o Canadá?




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segunda-feira, 13 de maio de 2024

“Vozes da Resistência” traz revelações não contadas pela história oficial do Paraná * Aluizio Palmar

“Vozes da Resistência” traz revelações não contadas pela história oficial do Paraná

Sessenta ex-militantes da Resistência à Ditadura militar no Paraná decidiram descomemorar os 60 anos do Golpe de 1964 de uma forma diferente. Cada um escreveu sobre sua participação na luta em defesa da democracia e, no próximo dia 14 de maio, vão lançar um livro de memórias.

O resultado é um conjunto de relatos, onde os autores trazem à luz fatos acontecidos durante o período sombrio da ditadura. Para escrever o livro, os moços e moças dos anos 60, hoje médicos, advogados, jornalistas, professores, dentistas e sociólogos relembram as lutas do movimento estudantil e no campo e as greves dos bancários e a dos pedreiros, em 1968.

“Vozes da Resistência” é um livro escrito com estrelas e sangue nos olhos, pois fala dos sonhos e ardores de mudanças, mas também, fala das prisões e torturas.

Finalmente, o livro “Vozes da Resistência” revela uma Curitiba e um Paraná que sofreram apagamento pela história oficial.

Serviço

Livro “Vozes da Resistência, Memórias da luta contra a ditadura militar no Paraná”

Projeto e coordenação: Aluízio Palmar

450 páginas

Editora Banquinho – Curitiba

Lançamentos

Dia 14 de maio

10h Teatro da Reitoria UFPR

19h Salão Nobre Faculdade de Direito UFPR

Dia 15 19h00 PUCPR

sábado, 4 de maio de 2024

DESCOLONIZE-SE JÁ!! * José Ernesto Dias/MA

DESCOLONIZE-SE JÁ!

COLABORAÇÃO: JOSÉ ERNESTO DIAS/MA

TARCÍSIO DE FREITAS GENOCIDA * FRENTE NACIONAL DE LUTA - CAMPO E CIDADE/FNL

TARCÍSIO DE FREITAS GENOCIDA
FRENTE NACIONAL DE LUTA - CAMPO E CIDADE
COORDENAÇÃO NACIONAL 

NOTA À SOCIEDADE

O Governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, com sua Política de Segurança Pública militarista, tem levado terror às comunidades da Grande São Paulo e a todas as periferias das grandes cidades. Em nome de um pseudocombate à violência e às facções criminosas, a prática tem resultado no assassinato de pessoas inocentes, em sua maioria negras e pobres. Esta estratégia fascista, que não respeita os valores nem a dignidade do ser humano, agora se espalha no meio rural para combater aqueles que já são historicamente perseguidos: os que lutam pela terra e pela Reforma Agrária.

Diversos episódios violentos ocorreram, neste sentido, no campo – incluindo a invasão a acampamentos dos trabalhadores sem-terra, desonrando e desrespeitando a vida das pessoas que ali estão, há muito tempo, lutando pela terra.

No dia 2 de maio de 2024, 42 camburões, com 150 policias militares e um canil da PM, além de Policias Civis e membros da Forca Tática, invadiram o Acampamento Miriam Farias, organizado pela Frente Nacional de Luta - Campo e Cidade (FNL), localizado em Sandovalina (SP), região Pontal do Paranapanema, no Oeste Paulista. Sem nenhuma ordem judicial, tentaram despejar 1,2 mil famílias que ali estão acampadas e em posse da área por determinação do Tribunal de Justiça de São Paulo. A área está ocupada desde 12 de junho de 2021. As famílias que ali residem estão todas cadastradas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e pelo Instituto de terras do Estado de São Paulo (ITESP).

O conflito agrário se arrasta no Pontal há mais de 100 anos. As terras devolutas representam grande parte do território e as ações discriminatórias realizadas pelo Estado constataram que no Pontal há mais de um milhão de hectares de terras públicas, que pertencem ao Estado. As ações já transitadas em julgado pelos tribunais superiores deram ganho de causa ao Estado em 300 mil hectares. Essas ações tiveram o trânsito julgado em definitivo no dia 31 de março de 2020.

O ex-governador Rodrigo Garcia submeteu um projeto de lei para a Assembleia Legislativa do Estado, que se transformou efetivamente em lei, para regularizar as terras públicas, devolvendo as mesmas aos grileiros. Esta lei foi questionada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em uma ação no Supremo Tribunal Federal. O inquérito já está nas mãos da Ministra Carmen Lúcia, pronto para ser pautado. Esta ação já tem parecer favorável de Inconstitucionalidade pela AGU e pela PGR, ou seja, a lei vai contra as diretrizes da nossa Constituição Federal, e deve ser anulada com urgência. Esperamos que, diante dos graves conflitos no Pontal, a nossa Ministra coloque o nosso pedido para votação.

As ofensivas do governador de São Paulo e sua Polícia, para reprimir os acampamentos dos sem-terra, fazem parte de um compromisso do senhor Tarcísio de Freitas, feito ainda em campanha eleitoral, com os grandes latifundiários e com grileiros das terras do públicas do Pontal. Essa ofensiva é chamada de “Movimento Invasão Zero”.

A Frente Nacional de Luta conclama a todas as organizações dos trabalhadores que se unam nas lutas concretas, para denunciar as ofensivas fascistas tanto do governador do estado de São Paulo, como os demais estados a onde as Polícias Militares, com suas ações arrogantes e ilegais, transformam o Estado de Direito em Estado de Exceção. Um desrespeito ao poder judiciário, à nossa constituição e ao nosso povo brasileiro – especialmente os que se encontram em grande vulnerabilidade social.

Solicitamos de nosso Governo Federal que avance com urgência no caminho da Reforma Agrária e promova arrecadações de terras, realizando os assentamentos das famílias acampadas. Só assim será possível construir a paz no campo e resgatar a dignidade na vida da população campesina.

Exigimos dos Tribunais Superiores da nossa justiça que se faça cumprir a Constituição. As reintegrações de posse devem ser cumpridas mediante ordens judiciais, e não por vontade de governadores e da Polícia Militar.

Solicitamos que o Supremo Tribunal Federal, através da ministra Carmen Lúcia, coloque em pauta, com urgência, a votação da AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE, que permite legalizar as terras públicas do Pontal, não para os grileiros, mas sim para as famílias acampadas, com alta vulnerabilidade socioeconômica.
Buscamos a paz no campo e a proteção à vida daqueles que tanto sofrem!

“TERRA, TARBALHO, MORADIA E LIBERDADE!”

FRENTE NACIONAL DE LUTA - CAMPO E CIDADE
COORDENAÇÃO NACIONAL

quarta-feira, 1 de maio de 2024

Desastres Exigem o Fim do Exclusivismo Militar no Enfrentamento de Emergências:

O 1º de maio 2024, gaúcho.

https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2024/05/01/temporal-no-rs-atinge-cidades-mata-pessoas-e-tira-pessoas-de-casa.ghtml

No 1º de maio, dia das reflexões das conquistas e fracassos da luta trabalhista diante da avassaladora exploração de famílias pelos mercados e poder econômico, o povo gaúcho, em poucas horas de chuvas contabiliza 10 mortes no dia das trabalhadoras e trabalhadores.


        Poderia ser fruto de um acaso ou evento inesperado, mas não é, pois com todo aparato tecnológico de alertas e avisos,  o governo do estado e seu aparato público não conseguiu implementar uma ação de controle de danos e sofrimento daquele povo.

         Lembrando que há poucos meses, em 10 de setembro, um ciclone afetou o estado deixando mais de 26 mil desabrigados e desalojados, quase mil feridos, 10 desaparecidos, até hoje, e 47 falecimentos diante da força do desastre, vidas ceifadas devido a incompetência do governo local.  

         Mesmo diante deste cenário, o Estado Gaúcho na mesma linha dos demais da federação, segue utilizando artimanhas para impedir que trabalhadores e trabalhadoras se organizem para enfrentamento de desastres e autosocorro de maneira, independente e sem a tutela militarista impondo regramento e métodos que servem mais a manutenção do poder institucional, bem ao contrário da possibilidade de proporcionar uma discussão pública da autonomia e controle popular no que diz respeito à Proteção Civil dos trabalhadores.

          Diante desta farsa cruel com adornos de legalidade que é imposta a organização popular que atuam no socorro e salvamento de forma coletiva, que se auto educa e se prepara para os momentos de grandes riscos e perigos de desastres em um mundo onde onde este tipo de terror  acontecem cada vez com menor intervalo é maior regularidade.

        Nos atrevemos a solicitar persistência, teimosia e muito senso crítico para os trabalhadores e trabalhadoras, que se propõem a atuar como emergencistas voluntários em suas folgas de turnos exaustivos de trabalho nas fornalhas de empresas, comércios e indústrias.

        Mesmo diante de tanto perseguição e corporativismos travestidos de legalidade devemos insistir em garantir que nosso povo sobreviva durante os desastres e após estes, observando que não fazemos isto por lucro ou luxo, mas pelo senso coletivo da solidariedade e irmandade.


INTERNACIONALISMO PROLETÁRIO # Frente Revolucionária dos Trabalhadores/FRT

INTERNACIONALISMO PROLETÁRIO

LER E SER

Acordo
Ou adormeço?
Olho para os livros,
E esqueço!
Queria ser livre...
Correndo em meu ninho
Lá fora, asa e passarinho!
Em casa, vontade de berço!
Sonho com cada História...
Aconteço num espaço imperfeito,
E sem vitória,
Me desfaço e aceito!
Eles estão na estante
E tenho poucos instantes
De liberdade!
Viagem...
Sou covarde ?
Ou a necessidade
De sobrevivência
É que arde?

Dalva Silveira/MG

Morreram? Quem disse, se vivos estão!
Não morre a semente lançada na terra.
Os frutos virão.
Morreram? Quem disse, se vivos estão!
As flores de hoje, darão novos frutos.
Meus olhos verão
Lila Ripoll

DOCUMENTÁRIO LUTA DE CLASSE
COORDENADORIA SIMON BOLÍVAR
ARGENTINA
A INTERNACIONAL / GRUPO MUSICAL COLÔMBIA
BOLÍVIA
JOSÉ ANTONIO BENITEZ BUAIS
Desde Palestina les mandamos un saludo solidario y afectuoso a todos los trabajadores y trabajadoras en el Día Internacional del Trabajador.

FIST.RJ
PRIMEIRO DE MAIO FRANCÊS

DIA DE REFLEXÃO E PROTEXTO!

Primeiri de maio
Dia do trabalhador
Que alta burguesia dominante
Não se cansa em tentar apagar a historio;
Destorcendo a realidada
Anuncia o dia do trabalho...
Na farsa nazifascista
Tentam transformar
O dia do trabalhador
Em data festiva...
... O dia do trabalhador
É dia de reflexão e protesto
Contra os massacres constantes
Das classes dominantes.
Históricos inimigos
Dos massacrados trabalhadores...
...Tabalhadores, uni-vos em todo o planeta
Contra o imperialismo selvagem!

São Luís, 1 de maio de 2o24

J. Ernesto Dias
AO TRABALHADOR

Ruben Dário

Canto ao trabalhador: o seu desejo
e seu braço e seu tesouro;
trabalhando ganhe ouro,
ouro, pai do pão.

Eu canto para aquele que é fiel ao dever,
do mundo diante do sopro bruto,
com sua enxó, com seu cinzel,
com sua lima e seu cinzel.

Para quem está em seu trabalho,
onde espaços de pensamento,
da augusta aristocracia
de dever e honra.

Mulher e homem, ambos em dois,
fazem o trabalho irradiar;
eles cumprem como ninguém
os mandamentos de Deus.

Faixa brilhante
isso deveria ser abençoado,
a de quem ganha a vida
com o suor do seu rosto.

E o bom trabalhador
que, para onde vai, disse sai;
é mel, como a abelha;
sua casa, como o castor.

O braço vem do coração,
o poderoso instrumento,
e pensar é trabalho
e oração é trabalho

Deus, que fez todas as coisas,
Ele é um ótimo trabalhador:
Ele é o pintor divino
que pintou todas as rosas.

E reunindo seu poder
uma estátua e uma estrela,
ele fez a coisa mais linda
deste mundo: a mulher.

Deus conceda esse trabalho
tudo o que é concebido:
as estrelas lá em cima
e as flores aqui embaixo.

Em duas coisas que anseio
a felicidade está bloqueada:
trabalhar aqui na terra
e adorar lá no céu.

Eu concluo. Tenha coragem.
O cara que te abandona fala com você:
Trabalhador, imite a abelha;
trabalhador, imite o castor!


Valparaíso, fevereiro de 1889
NICARÁGUA
Primeiro de Maio - Chico Buarque

Hoje a cidade está parada
E ele apressa a caminhada
Pra acordar a namorada logo ali
E vai sorrindo, vai aflito
Pra mostrar, cheio de si
Que hoje ele é senhor das suas mãos
E das ferramentas
Quando a sirene não apita
Ela acorda mais bonita
Sua pele é sua chita, seu fustão
E, bem ou mal, é seu veludo
É o tafetá que Deus lhe deu
E é bendito o fruto do suor
Do trabalho que é só seu
Hoje eles hão de consagrar
O dia inteiro pra se amar tanto
Ele, o artesão
Faz dentro dela a sua oficina
E ela, a tecelã
Vai fiar nas malhar do seu ventre
O homem de amanhã
*