segunda-feira, 25 de novembro de 2024

XVIII MARCHA DA PERIFERIA REPARAÇÃO JÁ * Comitê Pró-periferia

XVIII MARCHA DA PERIFERIA REPARAÇÃO JÁ
Comitê Pró-periferia

CARTA - CONVITE

Como que a Constituição diz todos iguais, e essa igualdade não chega.
Reparação já!

Prezados(as),

A XVIII Marcha da Periferia terá como tema: REPARAÇÃO HISTÓRICA. E será realizada no dia 30 de Novembro de 2024 no Quilombo Liberdade com concentração as 16h no VIVA Fé em Deus, como já vem acontecendo nos últimos anos, por tudo que esse território representa para a luta antirracista no estado do Maranhão e no Brasil, pois além de ser considerado o maior Quilombo Urbano deste país, também é rico em manifestações culturais e tem um histórico de resistência na luta contra o racismo.

Contudo, que seja entendido, que o ato no Quilombo Liberdade é a culminância de uma série de atividades que as entidades do movimento negro e outras organizações antirracistas realizarão no decorrer deste Novembro Negro.

Para este ano, estão previstas atividades como: realização de reuniões preparatórias de Construção da Marcha (presenciais e virtuais); organização e sistematização de palestras em escolas públicas de São Luís; realização de ensaios de grupos culturais; marcha pelas ruas do Quilombo Urbano Liberdade, realização de Batalhas e Festival de Hip Hop Zumbi

Neste sentido, solicitamos desta entidade apoio político para a realização do referido evento.

Desde já agradecemos sua colaboração. Atenciosamente,

Comitê Pró-periferia!


COMENTÁRIOS

Concordo que tem que haver, várias manifestações em qualquer que seja os Kilombo e Kilombo liberdade.
Com uma resalva não existe Povo de raça pura existe frutos de mixigwnaçao. Para não ficar somente em um território, teria que ser roteirista para abranger todos os territórios.
Mais com o passar do tempo vai ser criado um segmento de descapitalizados torturados sem oportunidades
Ou o título vai ser descapitalizados sem oportunidades. Vamos pedir reparação de danos.

O Kilombo liberdade , realmente é grande. É para lutar e conquistar assim como tantos outros. São Luís inteiro , Maranhão inteiro , o mundo inteiro , tem Kilombola, tem Originários, Siganos, merecem ter reparação em tudo no Capital, na Educação, na Saúde, na distribuição de renda e Poder, nas posições e ocupações de espaços, na Saúde entre outros.

domingo, 24 de novembro de 2024

ANISTIA PARA GOLPISTA JAMAIS * JOSÉ M /AVAAZ

ANISTIA PARA GOLPISTA JAMAIS
ACESSE E ASSINE AQUI

O Brasil unido contra a anistia aos golpistas. Convocamos a sociedade brasileira a assinar esta petição para arquivamento do PL 2.858/2022 (de anistia aos golpistas). É hora de reafirmar o compromisso do nosso povo com a justiça e a preservação das instituições democráticas. Não se trata apenas um ato simbólico, mas de uma ação crucial para preservar os alicerces institucionais do nosso país.

As investigações da Polícia Federal revelaram a extensão alarmante da conspiração orquestrada por Jair Bolsonaro e seus cúmplices para subverter o resultado legítimo das eleições presidenciais de 2022. O Brasil esteve à beira de um abismo democrático, correndo o sério risco de ter sua jovem democracia brutalmente interrompida.

A gravidade da situação foi ainda mais evidenciada pelo recente atentado a bomba contra a sede do Supremo Tribunal Federal em Brasília e pelas revelações chocantes dos planos de assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes. Tais atos não são meras divergências políticas, mas crimes hediondos contra o Estado Democrático de Direito.

O indiciamento de Bolsonaro e outros 36 indivíduos envolvidos na trama golpista é um testemunho claro de que nossa nação não pode e não deve tolerar ações que desrespeitem a vontade popular. Anistiar esses usurpadores da democracia seria não apenas um erro, mas um perigoso precedente que poderia encorajar futuras tentativas de aniquilação das nossas instituições.

Não podemos permitir que a impunidade alimente mais violência e ameaças à nossa ordem constitucional. O Brasil merece e precisa seguir um caminho de paz, prosperidade e crescimento econômico inclusivo.

Nossas instituições democráticas devem ser fortalecidas, não enfraquecidas por atos de clemência equivocados. A anistia, neste caso, não seria um ato de reconciliação ou pacificação, mas uma capitulação diante daqueles que buscam minar nossa democracia.

Portanto, conclamamos cada brasileiro e brasileira a se manifestar contra o Projeto de Lei da Anistia. Assinem o documento, compartilhem e façam suas vozes serem ouvidas. Não podemos permitir que o fantasma do autoritarismo ressurja no nosso país.

Ditadura nunca mais! Sem anistia para golpistas!
*

RUBENS, WALDIR E AINDA ESTOU AQUI * Emiliano Jose/BA

RUBENS, WALDIR E AINDA ESTOU AQUI
19/11/2024 Emiliano Jose


Waldir Pires e Darcy Ribeiro.
Os dois, deitados na cabeceira da pista do aeroporto de Brasília, encobertos por uma moita.
Ao lado dos dois, Rubens Paiva.

Dia 4 de abril de 1964.

Quatro da manhã.
Movimento nenhum.
Tensos, os três.
Não se mexiam.

Darcy arrisca: acendeu um cigarro.
Cochicha no ouvido de Waldir, filosofa:
Como o poder é efêmero, uma gangorra
Cinco dias atrás, estavam no palácio.
Agora, deitados na grama.
À espera de um Cessna, um monomotor.
Em fuga, Waldir e Darcy.
Rubens, ficaria.

Destino: uma fazenda no Estado de Mato Grosso, próxima à fronteira com a Bolívia, de propriedade do ex-presidente João Goulart.

O acertado: o avião os pegaria logo na abertura do tráfego aéreo, a partir das seis da manhã.

Nunca depois disso.

Modo a escapar da cerrada vigilância imposta pelos primeiros instantes do golpe.

Mergulho no desconhecido

No horário marcado, ouvem o barulho do motor.

Os três levantam a cabeça e veem o Cessna amarelo taxiando em direção à cabeceira da pista.

Ao sentirem o avião em posição de decolagem, Waldir e Darcy se despedem calorosamente de Rubens Paiva, sobem rapidamente, apertam os cintos.

Prontos para um mergulho no desconhecido.

Tentavam escapar da violência do regime militar, recém-implantado por um golpe.

O avião já saía do chão, e os operadores da torre de controle ordenam o retorno da aeronave.

Desconfiaram de alguma coisa, e deram a ordem.

O piloto, ignorante de toda a operação e até do nome dos passageiros, relutou.

Ensaiou dar meia-volta para atender a ordem dos operadores de voo.

Darcy deu voz de comando, um grito:

Nada de voltar!

Finge que não ouviu!

O piloto obedeceu.

O Cessna ganhou altura, seguiu.

Waldir Pires me deu detalhes de tudo isso.

Está na abertura da biografia escrita por mim sobre ele.

Volto a isso, provocado pelo filme Ainda estou aqui.

Assisti agora, em 16 de novembro deste 2024.

Pensei: Waldir era um dos que podiam dizer, também, ainda estou aqui.

Sobreviveu.

Vocês saberão por que.

Fiquei comovido especialmente no momento da obtenção do atestado de óbito, e nem sei exatamente porque nesse exato instante.

O filme é lindo.

Violento, pela ditadura.

E delicado.

Waldir e Darcy descerão na fazenda.

Ficarão à espera de outro avião, como combinado.

Como isso não aconteceu, o piloto, já cúmplice da operação levantou voo, foi atrás de gasolina, e voltou no dia seguinte, 5 de abril.

Só conseguiu gasolina de caminhão, acondicionada em duas latas de querosene de vinte litros.

O plano original de Darcy e Waldir era seguirem para Porto Alegre, e lá participarem da resistência ao golpe, ao lado do presidente João Goulart e do general Ladário Teles, comandante do III Exército e fiel ao governo constitucional, contra os golpistas.

Na noite de 4 de abril, ouviram a notícia num pequeno rádio de pilha: naquele dia, à tarde, o presidente João Goulart, aterrissara no aeroporto de Montevidéu e pedira asilo político ao Uruguai.

O general Ladário Teles havia informado ao presidente não ter mais quaisquer condições de resistir.

Waldir e Darcy decidiram então seguir para o exílio.

Não havia saída.

Seguiram na direção do Uruguai.

Waldir e Darcy levavam no colo as latas com a gasolina de caminhão.

Teco-teco, abastecido a meio caminho.

Chegaram ao país vizinho, onde pediram asilo.

D’Artagnan sereno e corajoso

Rubens Paiva, um D’Artagnan na definição de Waldir, foi o articulador da fuga dos dois.

Na noite de 2 para 3 de abril, reunião no apartamento do deputado Bocaiúva Cunha em Brasília.

Sala lotada.

Analisada a conjuntura, decidiu-se a permanência em Brasília dos titulares de mandatos.

Waldir e Darcy voariam para o Rio Grande do Sul para ajudar e participar da organização da resistência e do governo da legalidade em Porto Alegre, resistência a se ver malograda, com Goulart sendo obrigado a se exilar no Uruguai.

Na reunião, Rubens Paiva assumiu a responsabilidade pela operação de tirar Waldir e Darcy de Brasília e fazê-los chegar ao Rio Grande do Sul.

Entre os tantos deputados presentes, Temperani Pereira, Salvador Losacco, Almino Afonso e Fernando Santana.

Na madrugada, Rubens Paiva passou na casa onde Waldir estava hospedado, os dois foram buscar Darcy, e seguiram para o aeroporto.

D’Artagnan no comando de toda a operação.

A mim, Waldir sempre falou com imenso carinho, com um profundo sentimento de amizade por Rubens Paiva.

Gratidão, orgulho de tê-conhecido e ter sido merecedor da amizade e solidariedade dele.

Testemunhou a imensa coragem do amigo.

A solidariedade naquele momento.

Ao resistir ao golpe, ao ser solidário com pessoas amigas, servia a uma causa a lhe parecer justa e correta.

Waldir me contou da reunião ocorrida no apartamento do deputado Bocaiúva Cunha, também um amigo muito querido, na noite de 2 para 3 de abril.

Noite.

Tudo recendendo terror e tensão.

Brasília ocupada militarmente.

Golpe consumado.

Uma presença firme, a recomendar serenidade: Rubens Paiva.

Não perdia a calma nos momentos difíceis.

Desesperar, jamais.

O filme revela essa personalidade.

Ele se adiantou e disse: estava pronto para adotar as providências necessárias para retirar de Brasília aqueles companheiros dispostos a cumprir as tarefas da resistência possível.

Dia seguinte, 3 de abril, Rubens Paiva se mexeu de todos os modos possíveis.

Tanto conseguir o avião com piloto quanto ir ao aeroporto escolher as moitas de vegetação entre as quais Waldir e Darcy deveriam se esconder à espera do avião.

Um irmão extraordinariamente valoroso e bom: outra definição carinhosa de Waldir quando se referia a Rubens Paiva.

Waldir voltou do exílio em 1970.

Antes mesmo da chegada ao Brasil, Gerbaldo Avena, irmão de dona Yolanda, fora ao Rio de Janeiro disposto a comprar um apartamento, onde Waldir e família morariam.

As orientações foram todas de Rubens Paiva, e Gerbaldo Avena comprou o apartamento de quatro quartos, à rua Tonelero, 4, 10º andar, 1001.

O primeiro a morar nesse apartamento antes de Waldir e família chegarem foi exatamente Darcy Ribeiro, endereço onde foi preso logo depois do AI-5.

Quando Waldir, estimulado pela família de Yolanda, resolve montar uma empresa de pedra britada, uma pedreira, procura Rubens Paiva e Max da Costa Santos.

Queria-os sócios do empreendimento.

Os três chegaram a visitar pedreiras em Bangu, Madureira e Nova Iguaçu, tradicionais produtoras de brita para o mercado carioca.

Não deu certo.

Max, envolvido em dificuldades na família.

Rubens Paiva, em virtude de compromissos assumidos ao comprar uma empresa de construção civil, não tinha condições também de assumir a sociedade.

Mas, D’Artagnan não deixa amigo na mão.

Indicou o amigo Bocaiúva Cunha no lugar dele.

Os três se reuniram e logo na sequência, ali pelo último trimestre de 1970, a empresa se constituiu.

Waldir tinha em Rubens Paiva um amigo sincero, solidário.
Convivia com ele e com a família.
Sequestro do suíço e a mão sangrenta do terror

Uma quarta-feira.
Dia 20 de janeiro de 1971.

Feriado municipal no Rio de Janeiro, dia de São Sebastião, padroeiro da Cidade Maravilhosa.
Rubens Paiva morava na avenida Delfim Moreira, na zona sul.
Manhã de sol no Leblon.

Rubens Paiva era o patriarca de uma casa acolhedora, e se compreenda o uso da palavra patriarca, aqui definindo um ser carinhoso e amplo, nada a ver com qualquer mandonismo.

Naquele dia, recebia os amigos Waldir Pires e Raul Riff, ex-secretário de imprensa de Goulart, contemporâneo de Waldir no exílio.
Jogavam conversa fora, pra abusar da expressão.

Maneira de dizer: conversavam sobre política. Entre taças de vinho e goles de Campari, bebida preferida de Rubens Paiva.

O uso do cachimbo faz a boca torta: os três, mesmo não envolvidos diretamente na vida política naquela conjuntura, estavam sempre atentos aos acontecimentos.

O Chile, colocado na roda.
Possibilidades e riscos do governo de Allende.
Rubens Paiva estivera no país havia pouco tempo.

Testemunhara a felicidade, a alegria do povo.
Waldir comenta sobre uma blitz em Copacabana, quando se dirigia ao Leblon.
Respirou aliviado por não ter sido parado.

Eram dias particularmente tensos no Rio de Janeiro.
Duas ou três palavras sobre a razão dessa tensão.
O embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher havia sido sequestrado pela Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) no dia 7 de dezembro de 1970.

Solto apenas quase quarenta dias depois, dia 16 de janeiro de 1971, ação comandada pelo Capitão Carlos Lamarca.

Não fosse a serenidade e a firmeza de Lamarca, e o embaixador teria sido morto.

A maioria dos revolucionários estava inconformada pelas sucessivas negativas da ditadura quanto a alguns dos nomes indicados pela VPR para seguirem para o exílio.

Lamarca usou da prerrogativa de comandante da ação, desobedeceu a maioria e manteve a vida de Bucher.

A ação resultou na libertação de setenta prisioneiros políticos.
E numa fúria repressiva sangrenta por parte da ditadura.

Os três continuavam conversando sobre a conjuntura, marcada pelo sequestro do suíço.

Tinham consciência e posição quanto à luta armada: consideravam-na um equívoco.
Mas sustentavam: toda a radicalização fora provocada pelo AI-5.

Waldir me contou sobre a análise de Rubens Paiva: enquanto a economia crescesse, a ditadura teria espaço para continuar, e no ano anterior o crescimento havia sido de 10%.

E foi época do chamado milagre econômico: entre 1969 e 1973, crescimentos anuais próximos dos 10%.

Waldir argumentou: apesar da falta de liberdade e do crescimento econômico, havia sinais de revolta.
Uma delas, a campanha do voto nulo nas eleições do ano anterior.

Apesar de ser contra o voto nulo, considerava ter sido uma demonstração de revolta popular.

Os três não acreditavam que viesse rapidamente alguma abertura democrática.
Rubens e Eunice insistiram muito com Waldir para ficar para o almoço.
Dava não.

Com filhos crianças e adolescentes, e num feriado, impossível não estar junto com eles e Yolanda.
Se não for, levo uma bronca sem tamanho.
Sabia como era dona Yolanda.
Rubens levou Waldir até o portão.

Combinaram almoço para o sábado, bem próximo daquela quarta-feira.
Seria servido um pato no tucupi.
Ali mesmo: casa de Rubens e Eunice.
Waldir, Yolanda, e as crianças.
Eunice e todo o resto da família.
Tudo combinado.

E Waldir foi ao encontro de Yolanda, das filhas, dos filhos.
Dali a pouco, a repressão chegou e levou Rubens Paiva.
Para a morte.

E o desaparecimento.
Tal destino seria provavelmente também o de Waldir, tivesse ficado para o almoço.

Começo da tarde, ele recebe um telefonema dando conta do internamento de Rubens Paiva.

Rapidamente, informação de Waldir, promoveu-se uma reunião com advogados e amigos na casa de Bocaiúva Cunha.

Waldir me disse:
E começara o duro infortúnio que se abateu sobre toda a família de Rubens, e a dor e a angústia que envolveram todos nós, seus amigos.

A ditadura tinha os mágicos. Os monstros encarregados pelos comandantes militares de sumirem com pessoas.

Se posso, e tomo a ousadia, aconselho a leitura de recente e essencial livro de Marcelo Godoy Cachorros. Capítulo Os mágicos: Rubens Paiva e a farsa do desaparecimento.

O chefe dos mágicos, principal responsável pela morte e desaparecimento de Rubens Paiva: o então coronel José Luiz Coelho Neto, mais tarde um dos generais da linha dura do regime. Não é só isso: o capítulo é muito mais amplo, esclarecedor.

Eunice esteve na Bahia, depois da anistia, no ato de filiação de Waldir ao PMDB, quando ele iniciava a caminhada vitoriosa em direção ao governo da Bahia.
Como se fora, e era, a representação simbólica de Rubens.
Amizade eterna.

Emiliano Jose

Emiliano José da Silva Filho é jornalista, escritor, professor universitário, imortal da Academia de Letras da Bahia, formado pela Faculdade de Comunicação Universidade Federal da Bahia, onde fez Mestrado e Dourado, ex-vereador, deputado estadual e deputado federal pelo Partidos dos Trabalhadores.

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sábado, 23 de novembro de 2024

"AINDA ESTOU AQUI" * Wladimir Tadeu Batista Soares/RJ

"AINDA ESTOU AQUI"

Não vá ao cinema, se quiser rir
Mas os bons e justos, devem assistir
" Ainda estou aqui "
Você irá se emocionar
Muitos, irão chorar
No longo e triste desenrolar
De " Ainda estou aqui "
E ao abrir as cortinas
Começará sentir o alento
Daquele que foi o pior momento
Da nossa longa história
Onde nos impuseram a violenta disciplina
Que cicatrizaram tantas memórias...
Mas ainda estamos aqui e no meio
Envolvidos em outros anseios
De outras tentativas de golpes
Mas com fortes clamor
E com apenas gestos de amor
Vamos desfazer essas marchas
Esses brutais galopes
E essas tristes manchas
Daquelas loucuras demais
Não! A uma nova história de horror
Porque ditadura, nunca mais...
DILMA ROUSSEF

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

DOSSIÊ DO GOLPISMO BOZONAZI * Frente Revolucionária dos Trabalhadores/FRT

DOSSIÊ DO GOLPISMO BOZONAZI

SEM ANISTIA! CADEIA PARA OS GOLPISTAS E BOLSONARO!

A revelação do plano criminoso que tinha como objetivo assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes não é um ataque contra indivíduos, mas um atentado à escolha feita pelo povo brasileiro nas eleições de 2022. A gravidade do caso ultrapassa a esfera jurídica e expõe um cenário de fragilidade das instituições centrais do governo frente ao Exército que, por sua certeza de impunidade, sequer procurou ocultar as provas do ato clandestino.

Os envolvidos nesse esquema, incluindo dezenas de militares de alta patente e um agente federal que atuou na segurança do próprio presidente, demonstram que a conspiração não se limitava a setores marginais, mas era alimentada por elementos que deveriam zelar pela segurança do país. Esses "kids pretos", treinados para operações especiais, usaram seu preparo e recursos para tramar contra o governo eleito pelo povo.

Contudo, o que causa ainda mais indignação é a resposta branda do governo Lula frente à persistência do bolsonarismo como força desestabilizadora. Desde o início de seu mandato, o governo oscila em uma política de conciliação que ignora a ameaça real que essas forças representam. O bolsonarismo, cuja raiz está fincada em discursos de ódio, desinformação e golpismo, segue sem enfrentar uma repressão à altura.

A ausência de medidas mais

enérgicas — como a prisão do próprio Jair Bolsonaro, que segue como símbolo e articulador dessas movimentações — soa como permissividade, enfraquece o governo e a possibilidade dele agir pelo povo. É inaceitável que figuras diretamente envolvidas em conspirações continuem a agir impunemente ou com punições simbólicas.

O governo não confronta essas ameaças e opta por um discurso de pacificação que não encontra eco no povo, tanto porque a maioria foi contra os atos de 8 janeiro quanto aos atos conspiratórios. Tal postura enfraquece o governo e alimenta a sensação de impunidade.

Por que o bolsonarismo não é tratado como a ameaça que de fato é? Os planos de assassinato colocam em xeque a estratégia de governabilidade baseada em concessões e alianças com setores retrógrados. Para que serve a memória do Brasil sobre golpes passados, se as lições não são aprendidas?

Reafirmamos que é indispensável um enfrentamento vigoroso e sem hesitações. O desmonte dessas estruturas golpistas deve ser uma das prioridades imediatas. Os culpados devem ser responsabilizados com o máximo rigor, e o bolsonarismo precisa ser tratado como aquilo que realmente é: uma ameaça criminosa existencial ao povo brasileiro.

Criminalizar a extrema-direita não é uma perseguição ideológica, mas a defesa do povo contra ameaças concretas. Quando um grupo se organiza para tramar assassinatos de líderes eleitos e planejar golpes

de Estado, não se trata de divergência política, mas de crimes que devem ser punidos com a máxima severidade. O estado democrático de direito não pode ser complacente com aqueles que desejam destruí-lo; pelo contrário, deve proteger-se, garantindo que os valores de igualdade, liberdade e justiça prevaleçam.

Ao criminalizar a extrema-direita, o Brasil envia uma mensagem clara: o ódio, o golpismo e o autoritarismo não terão espaço entre nós. É uma defesa não apenas do presente, mas do futuro democrático de gerações que não podem crescer sob a sombra de ameaças fascistas. Que a justiça prevaleça, com firmeza e determinação.

Enquanto houver conivência, a sombra do autoritarismo seguirá pairando sobre o Brasil. Que a coragem e o compromisso com o povo prevaleçam. O Brasil não pode mais tolerar o flerte com a barbárie.

Por fim, é preciso aproveitar a consternação causada pelo projeto golpista para, além de colocar na cadeia os golpistas: mudar a doutrina de segurança nacional, que coloca os setores mais organizados da classe trabalhadora como inimigos do Estado; suprimir o artigo 142 da Constituição, usado como justificativa legal para um suposto papel moderador das forças armadas; por fim, reformular os currículos das escolas militares, que hoje servem apenas para formar uma elite militar antipovo e antipatriótica.

Organização Comunista Arma da Crítica
OCAC
MAURO CID ENTREGOU TUDO
LUIZ NACIF TRAZ DETALHES
DEP LEONEL RADE
VEREADORA AVA SANTIAGO
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AINDA ESTOU AQUI 

Ainda Estou Aqui, é um filme brasileiro que retrata a história autobiográfica do Deputado Federal e Rubens Paiva, sua mulher Eunice Paiva e seus cinco filhos, protagonizados por Selton Melo e Fernanda Torres/Fernanda Montenegro.
De 31 de março a 1° de abril de 1964, foi deposto o Presidente progressista João Goulart, por um golpe militar que perdurou de 1964 a 1985.
Na década de 70, em pleno Regime Militar, os ativistas políticos Rubens e Eunice Paivas, tiveram sua casa invadida pelos militares e desapareceram com o deputado.
O filme traz à tona a verdadeira face das Forças Armadas.
Forças Armadas...para que?
Saibam que as Forças Armadas brasileiras se incluem na rara categoria global de ter matado mais patriotas do que estrangeiros. Em seus duzentos anos, o exército lista mais batalhas contra seu próprio povo.
Matou brasileiros nas revoltas de: Pernambuco, Maranhão, Bahia, no Sul, em Canudos, na Revolução de 1932, na Ditadura... Atentado no Rio Center, e tantos outros episódios que envolveram as Forças Armadas.
Matar brasileiros parece ser a principal função dos militares.
O que se confirmou na pandemia de covid. As gestões desastrosas e criminosas de Bolsonaro na presidência e de Pazuello na pasta da saúde, atrasando as vacinas, contrariando as normas sanitárias, ignorando a crise de oxigênio em Manaus, e outros descasos, causaram mais de setecentas mil mortes.
O próprio ex-militar e ex-Presidente da República Jair Bolsonaro disse que sua especialidade é matar, que defende a tortura e que o país só mudará com uma guerra civil, matando trinta mil pessoas.
Em 2018 com a eleição do ex-capitão do exército Jair Bolsonaro, os militares retornaram ao comando do país,  escândalos e mais escândalos eram constantes.
Com a derrota pra Lula em 2022, intensificaram os ataques a nossa jovem democracia.
Sem nenhuma prova, alegaram que a eleição foi fraudada, que Lula não subiria a rampa, não assumiria a presidência, previsões não concretizadas.
Mais um ataque a democracia aconteceu no dia 08/01/2023, com a invasão da Praça dos Três Poderes cometendo vandalismo e depredação do patrimônio público com objetivo de instigar um golpe militar, depor o Presidente Lula legitimamente eleito,  e restabelecer bolsonaro como Presidente do Brasil.
Com os fracassos de todas as tentativas de golpe, traçaram o mais macabro deles.
A Polícia Federal descobriu, e foi notícia em todos os meios de comunicações um plano golpista planejado pelos militares, que consistia nos assassinatos do Presidente LULA, do vice Geraldo Alckmin e do Ministro Alexandre de Moraes.
Esse é o legado dos militares brasileiros.
São contra o desenvolvimento do Brasil.
Sem anistia, prisão pra todos golpista criminosos.
Ainda estamos aqui.

RONILDO ANDRADE.CE
GEN MARIO FERNANDES
*
Ao todo, 37 pessoas foram indiciadas pela PF pelos crimes de abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de estado e organização criminosa. Veja a lista:

1.Ailton Gonçalves Moraes Barros
2.Alexandre Castilho Bitencourt da Silva
3.Alexandre Rodrigues Ramagem
4.Almir Garnier Santos
5.Amauri Feres Saad
6.Anderson Gustavo Torres
7.Anderson Lima de Moura
8.Angelo Martins Denicoli
9.Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional e general da reserva do Exército
10.Bernardo Romão Correa Netto
11.Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
12.Carlos Giovani Delevati Pasini
13.Cleverson Ney Magalhães
14.Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira
15.Fabrício Moreira de Bastos
16.Filipe Garcia Martins
17.Fernando Cerimedo
18.Giancarlo Gomes Rodrigues
19.Guilherme Marques de Almeida
20.Hélio Ferreira Lima
21.Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República, ex-deputado, ex-vereador do Rio de Janeiro e capitão da reserva do Exército
22.José Eduardo de Oliveira e Silva
23.Laercio Vergililo
24.Marcelo Bormevet
25.Marcelo Costa Câmara
26.Mario Fernandes
27.Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente-coronel do Exército (afastado das funções na instituição)
28.Nilton Diniz Rodrigues
29.Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho
30.Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
31.Rafael Martins de Oliveira
32.Ronald Ferreira de Araujo Junior
33.Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros
34.Tércio Arnaud Tomaz
35.Valdemar Costa Neto
36.Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022, general da reserva do Exército
37.Wladimir Matos Soares
GEN BRAGA NETO
*
BOLSONARO, O TERRORISTA

Soldado bunda suja. Assim, era tratado pelo general do golpe de 1964 Ernesto Geisel.

No exército já era um traidor. Teve que sair com a patente de capitão.

Soube muito bem explorar seu lado mau, a aberração que é se identificando com uma massa de manobra que o elegeu deputado federal onde ficou por 28 anos. Um dos mandatos mais longevos no nosso parlamento.

Não bastasse isso, foi eleito presidente do Brasil contra a vontade de mais de 52 milhões de brasileiros e brasileiras em 2018.

O diagnóstico de psicopata, de aberração, era apresentado nos comícios e declarações públicas. Disse no Acre que era preciso matar a petralhada.

Agredia mulheres, jornalistas, negros, gays. Fez pilhéria com as pessoas que morriam vítimas da COVID 19.

O terrorista sempre teve como plano ficar no governo o tempo que teve no parlamento.

O golpe de Estado foi planejado por ele desde o início do seu desgoverno.

Ninguém pode subestimar a inteligência de Bolsonaro. Ele sabe fazer uso de que nada sabia.

O golpe foi planejado por ele, por assessores próximos, militares de alta patentes, ministros de Estado.

Não podemos esquecer 1964. A trama. A organização.

Um golpe de Estado tem toda uma organização. Política, midiática, jurídica, parlamentar, vide 64 e 16.

As investigações da PF devem chegar a partidos políticos como o PL, por exemplo. Deve chegar a Valdemar da Costa Neto. Estão calados. Mas não estão à margem de um TOC TOC TOC.

Empresários, blogueiros, influenceres, Moro, deputados, deputadas.

Até agentes estrangeiros, principalmente norte-americanos.

Nosso papel é acompanhar todos esses acontecimentos e ficarmos atentos para movimentos de rua que devemos organizar em defesa da democracia porque se não fizermos eles podem fazer e construir histórias para nos enganar.

Miguel Oliveira Filho
MISSÃO DO EB
Redator-chefe da Revista Isto é -
Dinheiro.

"Saber que as Forças Armadas brasileiras se incluem na rara categoria global de ter matado mais patriotas que estrangeiros mostra a sua gênese. Em seus 200 anos, o Exército lista mais batalhas contra brasileiros. Doideira, né? Matou nas revoltas todas. Sul. Maranhão. Bahia. Pernambuco. Matou em Canudos. Matou em 1932. Matou na ditadura. Matou em Volta Redonda. Metralhou no Rio. Matar brasileiros parece ser a sina dessa instituição.

O que se confirmou na pandemia. A gestão patético-criminosa de Jair Bolsonaro & Eduardo Pazuello (à frente da Saúde) deve em nome da ética e deste projeto ridículo de Nação virar inquérito. Por atrasar vacinas. Por ignorar a crise de oxigênio em Manaus — enquanto o militar ex-ministro curtia festinha regada à uísque (pelo menos foi o que disse sua ex-mulher, no ano passado). Ou por mandar a Macapá vacinas que deveriam seguir para Manaus. Erro bobo, coisa de 1.000 km. Se na Segunda Guerra os Aliados tivessem o gênio Pazuello como estrategista logístico, em 1944 o desembarque da Normandia aconteceria em Hamburgo.

Isso é o Exército brasileiro. Cujo filhote símbolo mais reluzente é o fujão Jair Messias Bolsonaro. Uma instituição que forma um presidente da República que declara “não te estupraria porque você não merece” é uma instituição falida. Medieval. Ponto.

A frase de Bolsonaro, definitiva e definidora, é a quintessência da ética-técnica-estética desse ser desprezível que simboliza nossas Forças Armadas (com camisa da Seleção e bandeira no pacote). Aliás, uma instituição que além de matar brasileiros gosta bastante de dinheiro, ce n’est pas? Com quase 380 mil militares ativos e outros 460 mil inativos & pensionistas , esse lodo burocrático consome R$ 86 bilhões com a folha de pagamentos. Mais que Educação (R$ 64 bilhões) e Saúde (R$ 17 bilhões) juntas.

Dinheirama para capacitação? Nada. Você sabia que há mais de 1,6 mil militares com rendimentos líquidos acima de R$ 100 mil? Cite aí uma empresa do planeta em que 1,6 mil funcionários colocam na conta limpinhos R$ 100 mil. E teve quem recebeu R$ 600 mil. Que façanha épica faz com que um milico brazuca tenha condições de colocar no bolso 465 salários mínimos em 30 dias? O tal Pazuello, que para a logística dos outros é bem ruim, para a logística em causa própria é gênio: em março de 2022, enfiou no cofrinho R$ 300 mil. Isso explica por que militares brasileiros odeiam comunistas. Porque querem o Estado só para eles.

Então, quando você ouvir político ou empresário dizendo que o problema do País é a educação, responda ‘não’. O problema é militar. Troque cada dois milicos por um professor e este lugar amaldiçoado se transformará no prazo de uma geração. Depois, quando você ouvir político ou empresário dizendo que o problema é a saúde, responda ‘não’. Troque outros dois militares por médicos e enfermeiros e nossa expectativa de vida dará um salto.

Tudo seria só indecência não fosse o dia 8 — iniciado com a tuitada golpista de 2018 do Eduardo Villas Boas. Esse corpo institucional não somente é caro e odeia brasileiros como prevaricou. Ao ser conivente com o assalto aos Três Poderes, mostrou que não precisa existir — Costa Rica e Islândia nem têm —, ou pelo menos deveria ser aniquilado para renascer transformado. Moderno, civilizado, cumpridor de seu papel constitucional. Enquanto não aprender que serve a uma Nação, e não a uma corporação ideologicamente falida, seu papel estará mais contra os brasileiros do que a favor."

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quinta-feira, 21 de novembro de 2024

QUEM FINANCIA O GENOCÍDIO PALESTINO * Ana Paula Rocha/SE

QUEM FINANCIA O GENOCÍDIO PALESTINO
Governo de Sergipe comprou quase R$ 3,7 milhões em armas de ex-estatal israelense ligada a massacres de palestinos.

Ao todo, 274 carabinas da empresa Israel Weapon Industries Ltd foram adquiridas entre 2022 e 2023. A empresa é uma das fornecedoras das forças armadas israelenses, envolvidas em uma guerra genocida contra os palestinos.

Em 2022, nos últimos meses do mandato de Belivaldo Chagas (à época no PSD, atualmente no Podemos) como governador de Sergipe, seu secretário de Segurança Pública, João Eloy de Menezes, acordou a compra de armas da empresa Israel Weapon Industries Ltd, também conhecida pela sigla IWI.

A edição do Diário Oficial de Sergipe de 31 de agosto daquele ano traz o extrato do contrato, no qual consta que as 85 unidades de carabinas calibre 556 – 10 delas com mira holográfica – custariam aos cofres públicos US$ 187.715,15, o equivalente a R$ 1,08 milhões na cotação atual.

Em março de 2023, sob novo governo estadual, porém mantendo João Eloy à frente da segurança pública sergipana, outra compra de carabinas da mesma empresa: o governo do então recém-eleito Fábio Mitidieri (PSD) adquiriu 50 unidades a um custo de pouco mais de R$ 884 mil (US$ 152.501,16).

Seis meses mais tarde e em sua segunda compra de armas da IWI, a gestão Mitidieri divulgava o extrato do contrato para a aquisição de 139 carabinas calibre 556 no valor total de US$300.245,56, pouco mais de R$ 1,7 milhões.

Menos de 30 dias após essa transação, Israel intensificaria seus ataques a Gaza, matando pelo menos 44 mil pessoas até o momento – 70% delas crianças e mulheres. A investida contra a faixa de terra do tamanho do município sergipano de Japaratuba e que abriga mais 2 milhões de habitantes cercados por terra, ar e mar desde 2006 é classificada como genocida pela relatora especial das Nações Unidas (ONU) para os territórios palestinos ocupados, Francesca Albanese. No rol de armamentos utilizados por Israel estão justamente armas da IWI.

A Mangue Jornalismo levantou os detalhes dos movimentos de aproximação do governo de Israel e da IWI com Sergipe. São gestos tímidos e concentrados nos últimos seis anos, mas que sugerem o interesse do país no menor estado nordestino, bem como a disposição das duas administrações estaduais sergipanas mais recentes em responder positivamente a estes acenos.

Para além de transações comerciais, as trocas incluem conversas – que não vingaram – para parcerias com a Universidade Federal de Sergipe (UFS), única instituição pública de ensino superior do estado.

“Esse é um armamento de guerra”

Atualmente empenhado em sucessivos bombardeios contra a população civil de seus vizinhos, o autodenominado Estado judeu é pioneiro na exportação de tecnologia de ocupação para dezenas de países – e a Israel Weapon Industries é parte importante desta história.

Privatizada em 2005, ano no qual foi também rebatizada, a IWI foi fundada em 1933 como uma divisão da Israel Military Industries Ltd (IMI). À época, o estado de Israel ainda não havia sido implantado na Palestina, fato que se deu na segunda metade da década de 1940 após ataques coordenados de sionistas (defensores da existência de um Estado só para judeus) majoritariamente europeus a vilas palestinas, com expulsões violentas de seus moradores.

Conhecida por suas armas de fogo portáteis, a criação mais famosa da IWI é a submetralhadora Uzi, concluída em 1950 e utilizada na ocupação de áreas palestinas desde 1954, ano de sua adoção oficial pelas Forças de Defesa de Israel (mais conhecidas pela sigla em inglês IDF). Já as armas do tipo carabina, cujo nome comercial dado pela empresa é “ACE”, são mais recentes e foram pensadas para “atender às necessidades do campo de batalha moderno”.

No final de agosto de 2023, o governador Fábio Mitidieri entregou as 75 carabinas sem mira holográfica compradas ainda na gestão de Belivaldo Chagas. A Polícia Militar sergipana recebeu 55 delas e à Polícia Civil do estado ficou com as 20 restantes.

Já as 139 carabinas da terceira compra foram entregues à Polícia Civil de Sergipe no dia 21 de agosto deste ano. O armamento foi pago com recurso de emenda parlamentar destinada pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE), que é delegado da Polícia Civil. O dinheiro faz parte de um repasse de 2022 no valor de R$ 3,5 milhões reservado para o “desenvolvimento de políticas de segurança pública, prevenção e enfrentamento à criminalidade”, como informado no Portal da Transparência.

BANCADA SIONISTA
A deputada federal Delegada Katarina (PSD); o senador Alessandro Vieira (MDB-SE); o secretário de Segurança Pública de Sergipe, João Eloy de Menezes; e o governador de Sergipe, Fábio Mitidieri (PSD), participaram de evento para entrega das 139 carabinas da empresa israelense IWI em agosto deste ano. Foto: André Moreira/Ascom governo de Sergipe.

Em seu agradecimento ao senador, o atual delegado-geral da Polícia Civil sergipana, Thiago Leandro, disse que “esse é um armamento de guerra” e explicou que a demora na entrega do armamento se deu por conta do conflito entre Israel e o braço armado do grupo palestino Hamas. “Agora vamos disponibilizá-lo para as equipes policiais civis para que possam combater o crime com mais eficácia”, afirmou o delegado-geral em notícia publicada no site do governo estadual.

Testado em combate

A deputada federal Delegada Katarina (PSD); o senador Alessandro Vieira (MDB-SE); o secretário de Segurança Pública de Sergipe, João Eloy de Menezes; e o governador de Sergipe, Fábio Mitidieri (PSD), participaram de evento para entrega das 139 carabinas da empresa israelense IWI em agosto deste ano. Foto: André Moreira/Ascom governo de Sergipe.

Em seu agradecimento ao senador, o atual delegado-geral da Polícia Civil sergipana, Thiago Leandro, disse que “esse é um armamento de guerra” e explicou que a demora na entrega do armamento se deu por conta do conflito entre Israel e o braço armado do grupo palestino Hamas. “Agora vamos disponibilizá-lo para as equipes policiais civis para que possam combater o crime com mais eficácia”, afirmou o delegado-geral em notícia publicada no site do governo estadual.

Os armamentos de guerra vendidos por fabricantes israelenses têm o selo de “testado em combate”, como explica o jornalista australiano Antony Loewenstein no livro Laboratório Palestina, lançado este ano no Brasil. Seu título faz referência ao uso dos mais variados tipos de armamentos contra a população palestina confinada em Gaza e nos territórios ocupados da Cisjordânia, onde estão, por exemplo, cidades como Ramallah, Belém, Jericó e Al Khalil (Hebron, em hebraico).

O site oficial da IWIinforma que “as armas da empresa são desenvolvidas em estreita colaboração com as Forças de Defesa de Israel [IDF]” e que “suas mais recentes configurações são o produto de interações contínuas, testes em campo e modificações resultantes de necessidades de combate e experiência”.

Questionado por e-mail pela Mangue Jornalismo se corrobora com a manutenção de laços comerciais com empresas diretamente envolvidas na morte de civis, o senador Alessandro Vieira disse que “a escolha do fornecedor é feita pelo Executivo, através de processo próprio. O parlamentar apenas atende a demanda orçamentária”.

Ele ressaltou que também destinou emendas parlamentares para áreas como saúde e assistência social, e concluiu sua resposta afirmando que “os resultados da segurança pública em Sergipe são positivos e com amplo reconhecimento nacional”.

Dentre esses resultados, a Mangue Jornalismo mostrou que Sergipe apresenta a maior taxa proporcional de mortes de crianças e adolescentes causadas por agentes da segurança pública, segundo estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

Já a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) de Sergipe afirmou que, “assim como outras secretarias estaduais de segurança pública no Brasil, [a SSP-SE] realiza a compra de equipamentos de proteção individual, incluindo armas de fogo, exclusivamente com base na legalidade dos processos e na qualidade dos produtos adquiridos” e que “no caso das carabinas da Israel Weapon Industries (IWI), a escolha se baseia na combinação de características que tornam essas armas especialmente eficazes para o combate urbano e outras operações de alto risco”. Leia a nota completa ao final da reportagem.

Antes da primeira compra de armas da IWI, agentes de segurança em Sergipe já haviam tido contato com o modo israelense de usar a força. Em dezembro de 2017 e de 2018, o ex-IDF Michael “Mike” Milstein deu formação sobre proteção de autoridades para integrantes da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core), anteriormente conhecida como Grupo Especial de Repressão e Busca (GERB).

TREINAMENTO
Em dezembro de 2017 e de 2018, o ex-IDF Michael “Mike” Milstein deu formação para agentes de segurança em Sergipe. Imagem: Reprodução/Facebook.

Visita do embaixador israelense

Após ser eleito presidente da Frente Parlamentar de Amizade Brasil-Israel em 2015, o então deputado federal por Sergipe Pastor Jony Marcos (Republicanos) se movimentou para aproximar Sergipe de Israel. O ato mais expressivo nesse sentido foi a visita de Yossi Shelley, chefe da embaixada israelense no Brasil entre março de 2017 e março de 2021, à UFS. Na mesma passagem pelo estado, Shelley recebeu o título de cidadão sergipano.

A Mangue perguntou à reitoria da UFS se a universidade foi institucionalmente contatada pelo governo de Israel, instituições, grupos ou coletivos israelenses entre janeiro de 2023 e outubro de 2024 e se a reitoria está trabalhando em alguma atividade ou conversas com parceiros israelenses. Em resposta, a Coordenação de Relações Internacionais (CORI) da universidade respondeu negativamente às duas perguntas.

A coordenadoria, que é responsável pelas atividades com parceiros estrangeiros, ressaltou que “A avaliação da CORI é de que a UFS, como instituição pública, em respeito à Constituição Federal do Brasil, que reza sobre a ‘Prevalência dos direitos humanos nas relações internacionais’, o ‘Direito à vida, à liberdade e à segurança’, e sobre o ‘Princípio da dignidade humana’, em solidariedade ao povo palestino, vítima de genocídio por parte de Israel, deve manter cautela e rigoroso escrutínio nas relações com aquele País [Israel].”

Apontado este mês como novo embaixador de Israel para os Emirados Árabes Unidos, Shelley foi acusado por uma mulher brasileira de ter cometido assédio sexual, segundo reportagem do jornal israelense Haaretz publicada no ano passado. A mulher afirmou que, em mensagens por aplicativo e em uma ligação de vídeo com Shelley, o embaixador teria tentado negociar a liberação de um visto de turismo para a brasileira em troca de favores sexuais. Cidadãos do Brasil são isentos da exigência de visto para viagens a Israel desde 2000.

Íntegra da nota enviada pela SSP-SE

A Secretaria da Segurança Pública de Sergipe (SSP), assim como outras secretarias estaduais de segurança pública no Brasil, realiza a compra de equipamentos de proteção individual, incluindo armas de fogo, exclusivamente com base na legalidade dos processos e na qualidade dos produtos adquiridos. Nessas aquisições, não entram em questão ideologias políticas ou preferências baseadas em aspectos específicos de outros países. As aquisições são feitas por meio de registros de preço de compras anteriores ou processos licitatórios, inclusive internacionais, sempre em conformidade com a legislação vigente.

Para a compra de armamentos, a SSP de Sergipe utiliza critérios rigorosos que priorizam a confiabilidade, precisão, durabilidade e adequação ao ambiente de atuação das polícias, levando em conta as necessidades operacionais das diversas unidades. Esses critérios asseguram que os equipamentos adquiridos respondam adequadamente às operações diárias e táticas, incluindo situações de alto risco.

No caso das carabinas da Israel Weapon Industries (IWI), a escolha se baseia na combinação de características que tornam essas armas especialmente eficazes para o combate urbano e outras operações de alto risco. As carabinas da IWI são amplamente reconhecidas por suas características técnicas e operacionais, sendo usadas por forças de segurança em diversos países, inclusive por unidades táticas no Brasil, como a Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core) e outras equipes de operações especiais da Segurança Pública.

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