quarta-feira, 28 de agosto de 2024

REABRE COMISSÃO DA VERDADE! * Agência Brasil

REABRE COMISSÃO DA VERDADE!


O Ministério Público Federal recomendou ao Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania a reinstalação da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos no prazo de 60 dias.

A Comissão, criada em 1995, foi extinta em 2022, ainda no governo de Jair Bolsonaro.

Ela tinha o papel de apurar os desaparecimentos e mortes em razão de atividades políticas durante a ditadura militar.

O MP recomenda a continuidade dos trabalhos da Comissão Especial especialmente para o reconhecimento de vítimas e busca de restos mortais e registros de óbito. Além da destinação de recursos humanos e financeiros para o funcionamento do órgão.

O Ministério Público considera que a extinção da Comissão ocorreu de forma prematura, já que existem casos pendentes de vítimas, incluindo os desaparecimentos da Guerrilha do Araguaia, e as valas encontradas no cemitério de Perus e no Ricardo Albuquerque.

O Brasil inclusive tem obrigações internacionais pendentes, como as condenações da Corte Interamericana de Direitos Humanos, com o caso do jornalista Vladimir Herzog, em que o país deve adotar medidas para tornar imprescritíveis crimes contra humanidade.

Em nota, o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania afirmou que, no início de 2023, adotou todas as medidas administrativas e jurídicas para o restabelecimento da comissão. E que o processo se encontra na Casa Civil da Presidência da República.

Procurada pela reportagem, a Casa Civil não se manifestou.

terça-feira, 27 de agosto de 2024

Conheça os 15 alunos mortos pela ditadura militar que serão diplomados na FFLCH * Thais Morimoto/USP.SP

Conheça os 15 alunos mortos pela ditadura militar que serão diplomados na FFLCH
Thais Morimoto/USP.SP

Com suas graduações interrompidas, estudantes lutaram pela democracia e o fim da ditadura militar. Dia 26 de agosto, a FFLCH realiza evento em homenagem à resistência pelas violências, torturas, mortes e desaparecimentos sofridos pelas vítimas

No dia 26 de agosto, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP realizará uma cerimônia especial para conceder diplomas honoríficos de graduação a 15 estudantes que foram mortos durante a ditadura militar. O evento ocorrerá às 15 horas, no Auditório Nicolau Sevcenko, localizado no Edifício Eurípedes Simões de Paula (Geografia e História). Também haverá transmissão online: https://www.youtube.com/live/6oqMhEOoKOo.

Veja a seguir a história dos 15 estudantes que foram mortos pela ditadura militar:

Antonio Benetazzo

Filho de imigrantes italianos perseguidos pelo fascismo, Antonio Benetazzo chegou ao Brasil aos nove anos. Em 1962, iniciou sua participação no movimento estudantil e se filiou ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Após uma passagem pela Faculdade de Arquitetura da USP, matriculou-se em Filosofia na mesma universidade em 1967, mas abandonou o curso no ano seguinte. Militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), viajou a Cuba para treinamento político e, após divergências internas, ajudou a fundar o Movimento de Libertação Popular (MOLIPO). Retornou ao Brasil em 1971 e, em 28 de outubro de 1972, foi preso, levado ao DOI-CODI/SP, onde foi torturado até a morte. A versão oficial alegava que ele se suicidou, mas investigações posteriores confirmaram que sua morte foi resultado das torturas. Além de sua atuação política e acadêmica, Benetazzo era artista plástico, mas sua obra permaneceu desconhecida por muito tempo. Em 2016, o Centro Cultural São Paulo exibiu a mostra Antonio Benetazzo, permanências do sensível, com cerca de 90 obras, resgatando sua memória. A cidade de São Paulo também o homenageou, nomeando uma praça próxima ao MASP em sua honra.

Carlos Eduardo Pires Fleury

Carlos Eduardo, nascido em 5 de janeiro de 1945 em São Paulo, foi estudante de Filosofia na USP e Direito na PUC e integrou a Ação Libertadora Nacional (ALN). Em 30 de setembro de 1969, foi preso e levado para a Operação Bandeirante (OBAN), onde foi torturado por vários dias, chegando a sofrer uma parada cardíaca. Após tentar suicídio durante um encontro inventado e planejado por ele na Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, foi hospitalizado e, mesmo em estado debilitado, voltou a ser torturado. Em junho de 1970, foi libertado junto com outros 39 presos políticos em troca do embaixador alemão no Brasil, Ehrenfried von Holleben. Fleury foi banido do país, indo para a Argélia e, posteriormente, Cuba, onde passou por treinamento de guerrilha. Retornou clandestinamente ao Brasil em 1971 e se juntou ao Movimento de Libertação Popular (MOLIPO). No entanto, foi assassinado em 10 de dezembro de 1971, pouco depois de seu retorno, reforçando a ideia de que existiria uma sentença de morte implícita aos militantes banidos do país que voltassem a atuar ilegalmente. A autópsia revelou marcas de algemas, indicando que ele foi preso antes de ser executado.

Catarina Helena Abi-Eçab

Catarina, nascida em 29 de janeiro de 1947 em São Paulo, era filha de Helena Elias Xavier Ferreira e Trajano Xavier Ferreira. Após concluir o colegial no Colégio Comercial Mackenzie em 1965, matriculou-se no curso de Filosofia da FFCL/USP em 1967, mas abandonou os estudos no ano seguinte. Militante do movimento estudantil, casou-se com João Antônio Santos Abi-Eçab em maio de 1968. A versão oficial afirma que ambos morreram em um acidente de carro no Rio de Janeiro, em 8 de novembro de 1968. O veículo teria colidido com um caminhão e explodido devido à detonação de explosivos supostamente encontrados no carro. Contudo, reportagens exibidas no Jornal Nacional em abril de 2001, desmentiram essa versão, revelando que o casal foi, na verdade, executado. O ex-soldado do Exército Valdemar Martins de Oliveira, em entrevista a Caco Barcellos, relatou que Catarina e João foram presos, torturados e mortos em um sítio em São João do Meriti, sob suspeita de envolvimento na execução do capitão americano Charles Rodney Chandler. Após a execução, os órgãos de repressão teriam forjado o acidente para encobrir o crime.

Fernando Borges de Paula Ferreira

Fernando, nascido em 1º de outubro de 1945 em São Paulo, destacou-se como líder estudantil e ativista sindical durante sua graduação em Ciências Sociais na USP, iniciada em 1965. Conhecido como "Fernando Ruivo", foi preso em 1966 durante uma assembleia no sindicato dos metalúrgicos, mas liberado logo depois. Participou da Dissidência Universitária de São Paulo (DISP), originada no Partido Comunista Brasileiro (PCB), que se dispersou em 1968, com seus membros se unindo à ALN e à VPR. No Congresso em Mongaguá, em julho de 1969, militantes dessas organizações formaram a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). Em 30 de julho de 1969, Fernando foi emboscado por agentes do Departamento de Investigações Criminais da Polícia Civil (DEIC) em São Paulo, resultando em sua morte. A versão oficial alegava troca de tiros, mas o laudo de necropsia revelou inconsistências, como o fato de Fernando ter sido atingido por um único tiro de baixo para cima, sugerindo que ele já estava caído e provavelmente já ferido. Seu corpo foi sepultado no Cemitério da Paz pela família, que não buscou reconhecimento oficial como vítima do regime militar, o que levou a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) a não investigar seu caso.

Francisco José de Oliveira

Francisco, nascido em 5 de abril de 1943 em Cabrália Paulista, São Paulo, matriculou-se em Ciências Sociais na USP em 1967, onde ficou conhecido como "Chico Dialético". Militante da Dissidência Universitária de São Paulo (DISP), originada no Partido Comunista Brasileiro (PCB), ingressou na Ação Libertadora Nacional (ALN) em 1969. Em janeiro de 1970, foi emitido um mandado de prisão contra ele por atividades subversivas, o que o levou a se refugiar em Cuba. Francisco retornou ao Brasil em 1971 como membro do Movimento de Libertação Popular (MOLIPO). Em 5 de novembro de 1971, segundo a versão oficial, foi morto após um confronto com agentes do DOI-CODI/SP na Rua Turiassu, São Paulo. Francisco, acompanhado de Maria Augusta Thomaz, foi reconhecido em uma lanchonete, o que desencadeou uma perseguição policial. Maria Augusta conseguiu escapar, mas Francisco foi gravemente ferido e, ao tentar fugir, foi morto com uma rajada de metralhadora pelas costas. O laudo de necropsia apresentou contradições em relação à foto do Instituto Médico Legal (IML), mostrando sinais de edemas e escoriações que não foram mencionados. Além disso, o laudo foi registrado com um nome falso, apesar de ter anotações ao lado com a identidade verdadeira. A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) concluiu que houve uma tentativa de ocultar sua prisão, tortura e morte.

Helenira Resende de Souza Nazareth

Helenira, nascida em 11 de janeiro de 1944 em Cerqueira César, São Paulo, era filha de Adalberto de Assis Nazareth e Euthália Rezende de Souza Nazareth. Concluiu o colegial no Instituto de Educação de Assis em 1963 e ingressou no curso de Letras da Universidade de São Paulo (USP) em 1965. Entretanto, trancou o curso em 1967. Militante ativa, Helenira foi eleita presidente do Centro Acadêmico e, em 1968, vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Nesse mesmo ano, foi presa duas vezes: em maio, ao tentar mobilizar colegas para uma passeata, e em outubro, durante o XXX Congresso da UNE em Ibiúna, sendo detida com outros 800 estudantes. Após dois meses no Presídio de Mulheres do Carandiru, foi liberada por habeas corpus pouco antes da edição do AI-5. Já militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), passou a viver na clandestinidade, mudando-se para a região do Araguaia. Em 29 de setembro de 1972, segundo o Relatório Arroyo, Helenira foi morta após um confronto com soldados enquanto atuava como guarda em um ponto estratégico na mata. Mesmo ferida, resistiu, mas foi capturada e torturada até a morte. Em 2010, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Brasil pelo desaparecimento forçado de 62 pessoas na Guerrilha do Araguaia, incluindo Helenira. Seu corpo nunca foi encontrado.

Ísis Dias de Oliveira

Ísis nasceu em 29 de agosto de 1941, em São Paulo, filha de Edmundo Dias de Oliveira e Felicia Mardini de Oliveira. Em 1965, ingressou no curso de Ciências Sociais da USP e passou a residir no Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (CRUSP). Atuou no cursinho do grêmio da faculdade, mas abandonou o curso em 1967, no segundo ano. Em 1969, participou de um treinamento em Cuba, retornando clandestinamente ao Brasil em 1970. No início de 1972, Ísis se mudou para o Rio de Janeiro, onde foi presa em 30 de janeiro e, desde então, permanece desaparecida. Sua família buscou incessantemente por informações, mas sem sucesso. Em 1979, um general admitiu em entrevista à Folha de São Paulo que Ísis estava entre os 12 presos políticos desaparecidos que haviam sido mortos. Em 1987, a revista Isto É publicou uma matéria em que o médico Amílcar Lobo, que assistia a sessões de tortura, afirmou ter visto Ísis no DOI-CODI/RJ, embora não precisasse a data. Sua ficha foi encontrada no arquivo do DEOPS/PR, na gaveta de “Falecidos”, mas os relatórios oficiais dos Ministérios da Marinha e do Exército continuavam a afirmar que ela estava “foragida”. Em 2010, sua mãe faleceu aos 93 anos sem descobrir o destino de Ísis. Em sua homenagem, o centro acadêmico de Ciências Sociais da USP foi renomeado como CeUPES Ísis Dias de Oliveira, reconhecendo sua importância no movimento estudantil.

Jane Vanini

Jane Vanini nasceu em 8 de setembro de 1945, em Cáceres, Mato Grosso. Mudou-se para São Paulo em 1966 para cursar Ciências Sociais na USP, mas abandonou o curso em 1970. Desde jovem, teve uma atuação política ativa, integrando grêmios estudantis e centros acadêmicos. Em 1969, uniu-se à Ação Libertadora Nacional (ALN). Junto com seu companheiro, Sérgio Capozz, foi perseguida. O casal fugiu para o Uruguai e depois para Cuba, onde integraram o Movimento de Libertação Popular (MOLIPO). Retornaram clandestinamente ao Brasil, tentando estabelecer uma base em Goiás, mas a repressão os forçou a buscar asilo no Chile em 1972. No país, Jane militou no Movimiento de Izquierda Revolucionaria (MIR) e trabalhou na revista Punto Final. Após o golpe de Estado em 1973, que levou Pinochet ao poder, Jane viveu na clandestinidade com seu novo companheiro, José Carrasco Tapia. Em 6 de dezembro de 1974, após a prisão de José, Jane tentou resgatá-lo, mas foi presa após resistir por quatro horas contra agentes policiais. Deixou um bilhete para José: "Perdóname mi amor, fue un último intento por salvarte." Em 1993, o governo chileno reconheceu sua responsabilidade pela morte de Jane e concedeu uma pensão à sua família. Seu corpo nunca foi encontrado, e Jane é considerada desaparecida política, sem que seus restos mortais tenham sido entregues à família até hoje.

João Antônio Santos Abi-Eçab

João Antônio Abi-Eçab nasceu em 4 de junho de 1943, em São Paulo. Em 1963, ingressou no curso de Filosofia na USP, mas abandonou os estudos em 1968. Durante os seus anos na faculdade, foi ativo no movimento estudantil, participou da Comissão de Estruturação de Entidades no XVIII Congresso da UEE em 1965 e do Diretório Acadêmico em 1966. Em 1967, foi preso e indiciado por “terrorismo” pelo DEOPS/SP, mas liberado por habeas corpus. Casou-se com Catarina Helena Abi-Eçab em maio de 1968. A versão oficial de sua morte, divulgada em 8 de novembro de 1968, afirmava que o casal faleceu em um acidente de carro, após o veículo colidir com um caminhão e explodir. Contudo, em 2001, reportagens de Caco Barcellos revelaram que João e Catarina foram, na verdade, executados pelo DOI-CODI/RJ. Um ex-soldado do Exército, Valdemar Martins de Oliveira, confirmou em entrevista que o casal foi preso, torturado e executado, com a história do acidente sendo forjada pelos órgãos de repressão para encobrir o crime.

Luiz Eduardo da Rocha Merlino

Luiz Eduardo Merlino nasceu em 18 de outubro de 1947, em Santos, São Paulo. Estudante de História na USP a partir de 1969, ele abandonou o curso no ano seguinte. Em dezembro de 1970, viajou à França para participar do 2º Congresso da Liga Comunista. Após retornar ao Brasil, em 15 de julho de 1971, foi preso violentamente em Santos e levado ao DOI-CODI/SP, onde foi torturado por 24 horas ininterruptas até a morte. Embora o atestado de óbito tenha registrado 19 de julho de 1971 como a data da morte, a família só soube do falecimento no dia seguinte. As autoridades inicialmente alegaram suicídio e, posteriormente, morte por “auto atropelamento”. O laudo de necropsia tentou reafirmar a versão oficial acerca de sua morte. A família de Merlino ingressou com uma ação judicial contra o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, acusado de ser o responsável por sua morte. Embora a justiça tenha inicialmente reconhecido a responsabilidade de Ustra, o coronel faleceu em 2015, sem ter sido oficialmente punido, deixando um sentimento de impunidade.

Maria Regina Marcondes Pinto

Maria Regina nasceu em 17 de julho de 1946, em Cruzeiro, São Paulo. Estudava Ciências Sociais na USP, mas abandonou o curso entre 1969 e 1970 para se juntar ao companheiro Emir Sader, exilado em Paris. Após seis meses na França, o casal se mudou para Santiago, no Chile, onde Maria Regina se envolveu com o Movimiento de Izquierda Revolucionaria (MIR). Durante o golpe de Estado de setembro de 1973, que colocou Pinochet no poder, ela foi presa, mas conseguiu retornar ao Brasil. Seis meses depois, mudou-se para Buenos Aires, onde passou a estudar e trabalhar como professora de português. Em 10 de abril de 1976, Maria Regina desapareceu após se encontrar com o médico Edgardo Enriquez, também ligado ao MIR. O Estado argentino, por meio da Secretaria de Direitos Humanos, reconheceu sua responsabilidade no desaparecimento. Seu corpo nunca foi localizado, e Maria Regina é considerada desaparecida política, sem que seus restos mortais tenham sido entregues à família até hoje.

Ruy Carlos Vieira Berbert

Ruy nasceu em 16 de dezembro de 1947, em Regente Feijó, São Paulo. Matriculou-se em Letras na USP em 1968, onde se envolveu ativamente no movimento estudantil. No mesmo ano, trancou a matrícula após o confronto conhecido como "Batalha da Maria Antônia" e foi preso no 30º Congresso da UNE, em Ibiúna. Em 1969, Ruy recebeu treinamento de guerrilha em Cuba, retornando clandestinamente ao Brasil em 1971. Pouco se sabia sobre seu desaparecimento até a abertura dos arquivos do DEOPS/SP. Em meados de junho de 1991, a Comissão de Familiares recebeu um atestado de óbito de Ruy, sob o nome de João Silvino Lopes, que teria supostamente se suicidado em 2 de janeiro de 1972, em Natividade (GO). Documentos indicam que ele foi torturado antes de sua morte, durante a "Operação Ilha", que visava capturar guerrilheiros do MOLIPO treinados em Cuba. Ruy é considerado desaparecido político, pois seus restos mortais nunca foram entregues à família, impossibilitando seu sepultamento.

Sérgio Roberto Corrêa

Sérgio nasceu em 27 de julho de 1941, em Mogi das Cruzes, São Paulo. Em 1967, ingressou no curso de Ciências Sociais na USP, mas trancou a matrícula em 1968. Acusado de integrar o Grupo Tático Armado (GTA) da Aliança Libertadora Nacional (ALN/SP), Sérgio usava o codinome Gilberto. Ele teria morrido na madrugada de 4 de setembro de 1969, junto com Ishiro Nagami, quando o carro em que estavam explodiu na Rua da Consolação, em São Paulo. A explosão, supostamente causada pelos explosivos que transportavam, destroçou o corpo de Sérgio, que foi enterrado como indigente no Cemitério da Vila Formosa em 19 de setembro de 1969. Sérgio morreu no local. Três armas no carro não foram destruídas, assim como a carteira de habilitação de Ishiro.

Suely Yumiko Kanayama

Suely Nakayama, nascida em 25 de maio de 1948 em Coronet Macedo, São Paulo, ingressou na USP em 1967, onde estudou Licenciatura em Língua Portuguesa e Germânica, além de cursar Língua Japonesa como cadeira opcional. Em meio à repressão política, abandonou a universidade em 1970 para se dedicar à militância clandestina. No final de 1971, Suely chegou à região do Araguaia, sudeste do Pará, e integrou o destacamento B da guerrilha. Segundo uma reportagem do "Diário Nippak", de 1979, Suely foi morta por rajadas de metralhadora e enterrada em Xambioá, Tocantins, com seu corpo irreconhecível e posteriormente exumado por desconhecidos. Em dezembro de 1973, durante a repressão à guerrilha, ela desapareceu após sair em missão. Em 2010, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Brasil pelo desaparecimento de 62 pessoas na Guerrilha do Araguaia, incluindo Suely, exigindo investigação e responsabilização pelos crimes, além de determinar o paradeiro das vítimas.

Tito de Alencar Lima

Tito de Alencar Lima nasceu em 14 de setembro de 1945, em Fortaleza, Ceará. Após estudar em colégios católicos, ingressou na Ordem dos Dominicanos em 1965 e foi ordenado sacerdote em 1967. Em 1969, iniciou o curso de Ciências Sociais na USP, mas abandonou os estudos em 1970. Tito foi preso em 4 de novembro de 1969, acusado de ligações com a Ação Libertadora Nacional (ALN). Sofreu torturas intensas por 40 dias pela equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury, do DEOPS/SP. Foi transferido para o Presídio Tiradentes. No dia 17 de dezembro de 1970, foi levado para a sede da Operação Bandeirante (OBAN) e torturado, onde permaneceu até ser banido do Brasil em 1971, em troca pela libertação do embaixador suíço. Instalou-se na França, mas a tortura deixara nele marcas profundas. Em 7 de agosto de 1974, Frei Tito, como era conhecido, suicidou-se no convento dominicano de Sainte-Marie de la Tourette. Suas cinzas foram trazidas ao Brasil e enterradas em Fortaleza, em 1983, após uma homenagem litúrgica em São Paulo com a presença de D. Paulo Evaristo Arns.

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segunda-feira, 26 de agosto de 2024

FREI BETTO 80 ANOS * Frente Revolucionária dos Trabalhadores/FRT

 FREI BETTO 80 ANOS


_"Não choremos por aqueles que morreram em pé._
_Esses companheiros deixaram uma marca indelével e significativa em suas vidas: O selo dos revolucionários._
_Morreram mas não perderam a vida._ _Prova disso é que são exemplo e paradigma para tantos (...)._
_Não choremos, porque os mortos guiam os vivos._

_Choramos, sim, por aqueles que abandonaram a luta, se deixaram seduzir pelos encantos da vida capitalista, se acomodaram para não perder a tigela de lentilhas, uma migalha de poder, de riqueza ou de boa reputação entre as elites. _

*(Frei Betto).*
*-FCPP-*

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

TRABALHADORES DO MEU BRASIL * Beto Almeida/DF

TRABALHADORES DO MEU BRASIL
Beto Almeida*

“Foi, o chefe mais amado da nação, a nós ele entregou uma missão, que não largaremos mais”
Música ”Dr Getúlio”, Chico Buarque e Edu Lobo

Toda esta necessária discussão atual sobre a extorsão da Tirania Vídeo Financeira, praticada pelo Banco Central contra o direito de desenvolvimento econômico social do povo brasileiro, consignada nas taxas de juros mas também no Sistema da Dívida, que esterilizam a proclamada industrialização, é um dos temas que nos fazem recordar a atualidade de Getúlio Vargas; o presidente da república que realizou uma Auditoria da Dívida Pública Brasileira, reduzindo-a em mais da metade, para que fossem garantidos os investimentos necessários aos programas sócias e à industrialização do Brasil.

Realmente, não houve gesto mais consequente diante da tirania financeira, na época comandada por bancos ingleses, que estavam por detrás da mal rotulada Revolução Constitucionalista de 1932, que, na realidade, como disse o próprio presidente Lula recentemente, “não foi Revolução, mas uma tentativa de golpe contra o Governo Vargas”, exatamente porque os bancos ingleses, detentores da dívida externa brasileira, agindo em nome do imperialismo, queriam abortar, desde o início da Era Vargas, a proposta de industrialização baseada no protagonismo de estado que já se iniciara no Governo Provisório. Apoiada pelos Bancos Ingleses, a oligarquia paulista levou o Brasil a uma Guerra Civil de 6 meses de duração, com vistas a manter o Brasil como “uma grande fazenda de café”, destinado a ser eterna colônia fornecedora de matéria primas. É de se lamentar que o presidente Lula não conclua o próprio pensamento insinuado na denúncia do golpismo paulista contra Vargas. O golpismo continua atuando, com outras ferramentas. Mas em nome dos mesmos interesses> as Aves de Rapina!

A COAÇÃO DA HISTÓRIA

Em 1910, ainda estudante de direito, o jovem Getúlio Vargas, então líder estudantil, foi encarregado de fazer uma saudação ao Presidente de República eleito, Afonso Penna, quando em visita a Porto Alegre: “Pobres os países submetidos à coação da história, em que são obrigados a comprar a preços extorsivos, produtos industrializados a partir de sua própria exportação de matérias primas sub avaliadas”, sentenciou o então o jovem Getúlio, o que nos permite constatar a linha de coerência de seu pensamento de líder estudantil, como o que aplicaria mais tarde, já presidente, na condução da política econômica industrializante de seus governos, para o que criou ferramentas estatais, como o BNDES, que, até hoje, comprovam sua vigência, apesar da ausência de uma política eficaz de enfrentamento, no momento, com a tirania financeira.

A coação da história atual já tem números “desagradáveis“ a apresentar, para usar adjetivo que tem frequentado discursos do presidente Lula, especialmente no que toca à Venezuela. Em 1980, o Brasil detinha um PIB Industrial superior aos da China e dos Tigres Asiáticos somados. Estávamos então no período final daquilo que as diversas correntes de economistas brasileiros, até mesmo os mais colonizados, admitem como o fim da Era Vargas , que vai de 1930 a 1980, período em que o Brasil foi um dos países que mais se industrializou e cresceu. Depois disso, já com Figueiredo, o Brasil tem reprimarizada a sua pauta de exportações, e hoje registra um PIB Industrial que sequer alcança 30 por cento do registrado pela República Popular da China. Aliás, no momento em que comemoramos os 50 anos de relação bilateral construtiva entre Brasil e China, relações que foram retomadas pelo Governo Ernesto Geisel – um ex tenentista varguista que pegou em armas na Revolução de 1930 – desponta a oportunidade para uma reflexão menos corriqueira e mais estratégica sobre esta situação. A manobra imperial realizada, lamentavelmente com sucesso, para impedir que Geisel emplacasse um sucessor de sua linha, provavelmente o General Andrada Serpa, que era dos mais cotados, um general estatizante e que chegara a defender publicamente a Revolução Chinesa em debate com estudantes na UnB. “Se Mao Tse Tung conseguiu transformar a China, o Brasil conseguiria fazer infinitamente mais”, dissera, arrancando aplausos da estudantada.

FHC: PRECISAMOS DESTRUIR A ERA VARGAS

Não por acaso o comando do Brasil a partir do aborto ao formato de sucessão pretendida por Geisel, foi recair exatamente nas mãos do General Figueiredo, filho daquele que havia sido o chefe militar da Contra Revolução de 1932, em nome do financismo inglês e da pauta da desindustrialização, que toma vulto, na forma de um Sistema de Dívida Externa monitorado de fora, combinado com medidas que, a partir da sabotagem para que Leonel Brizola não passasse ao Segundo Turno nas eleições presidenciais de 1989, resultaram na eleição de Fernando Collor, quando o desmonte do estado se acelera, a começar pela desestruturação da Petrobras, ainda a nossa maior estatal, a maior de toda a América Latina.

Quando Fernando Henrique Cardoso, eleito sob o cabresto do Consenso de Washington, declara que “Precisamos Destruir a Era Vargas”, confessando assim sub absoluta vassalagem aos ditames hegemônicos dos EUA, a operação de “Exterminador do Futuro do Brasil” adquire um grau de articulação e coerência que, uma vez mais, pela forma trágica, revelava a importância histórica e a atualidade do Presidente Getúlio Vargas para o Brasil. Com FHC a taxa Selic chegou a 48%, um paraíso para os banqueiros. A destruição era de conjunto, com método e profissionalismo, a ponto do Brasil chegar ao desarmamento unilateral, o que, para um país com tal abundância de riquezas e território, consiste em declaração de uma rendição antecipada perante os crescentes apetites intervencionistas dos EUA e demais sócios da OTAN. As declarações ingerencistas da Generala Laura Richardson, Chefa do Comando Sul do Exército dos EUA, não deixam a menor dúvida quanto isto: esta senhora teve o desplante de recomendar que “o Brasil não deve aprofundar sua cooperação com a China”. O mais curioso e revelador foi o silêncio do Itamaraty frente a escandalosa intromissão de representante do EUA em nossos assuntos internos. Os itamaratecas não mouraram sequer um “desagradável”, adjetivo que circula com frequência elevada quando se trata de ingerência em assuntos internos da Venezuela. Quem respondeu, com altivez que o Itamaraty não demonstrou, foi a própria Embaixada da China no Brasil, repelindo a declaração hegemonista da pirata gringa e exigindo respeito para a elevada e construtiva cooperação Brasil-China, não por caso, já superior à relação nada horizontal que o Brasil tem com os EUA. Que falta nos faz um brasileiro como Samuel Pinheiro Guimarães à frente do Itamaraty!

REINDUSTRIALIZAÇÃO E VARGAS.

Muito embora existam círculos progressistas tentando, inutilmente, esterilizar os inconvenientes perigosos e os efeitos desastrosos de uma relação submetida aos EUA, a experiência demonstra que a política Neoliberal de Estado Mínimo e de Privações Selvagens, inclusive a Preços Negativos, protagonizada principalmente pelo FHC, conduziu o Brasil a esta posição de retrocesso para tornar-se, novamente, um grande exportador de matérias primas, no fundamental. Já no governo Getúlio Vargas, a política externa brasileira se aproveitava legítima e inteligentemente do contexto mundial para consolidar o protagonismo de estado – a Cia Siderúrgica Nacional foi um caso inédito em que EUA financiaram uma estatal. Não aproveitava as circunstâncias da época para Falar Grosso com a Nicarágua e Falar Fino com os EUA, como agora, quando é impossível esconder os laços de marionetes que comandam o Banco Central a partir do Banco Central dos EUA.

“Abre Alas que o Gegê vai passar, na memória popular” , alerta o belo samba de Chico e Edu Logo. Aliás, apesar de demonizado pela Rede Globo, pelo academicismo subalterno da USP, pela sociologia de vassalagem, pelo udenismo neocolonial que inspirou até alas da esquerda, em vários momentos, Getúlio Vargas comparece novamente ao Debate Nacional, ecoando em ideias contundentes como aquele o estampido daquele Tiro no Coração do Brasil que fez todo um povo chorar e levou as Aves de Rapina a fugir!

O LEGADO DE VARGAS

Comparece, inclusive, no debate da comunicação, como por exemplo, na Criação da Voz do Brasil – primeira experiência de regulamentação informativa no Brasil, enfrentando a tirania do mercado midiático. Mas, também, com a nacionalização da Rádio Nacional, com a criação da Rádio Mauá, a Emissora dos Trabalhadores, na qual entidades sindicais figuravam em sua direção. Nem se pode esquecer o jornal Última Hora, o único a defender o aumento de 100% do cento do salário mínimo e a criação do Décimo Terceiro Salário, numa linha editorial popular, trabalhista e nacionalista que o levou a ser Escola de Jornalismo, o único diário que defendeu o Governo Jango frente ao Golpe de 1964. Este Getúlio comparece ao debate nacional, esgrimindo a necessidade da regulamentação do trabalho, inclusive da profissão de jornalista, na qual foi pioneiro, inclusive na destemida doação do imponente edifício sede da Associação Brasileira de Imprensa, ABI, de onde até tentaram, absurdo, esterilizá-lo, e onde agora também promovem necessárias reflexões sobre o Legado de Vargas.

Para quem começou na vida política recebendo capas de jornais e revistas do anti varguismo, bem como olhares indulgentes da Fiesp e da Igreja Católica Escola Paga, Lula até que foi bastante corajoso ao visitar o Mausoléu de Vargas, em março de 2017, para homenageá-lo, revisando suas antigas críticas ao presidente gaúcho, poucos dias antes de ser preso pela Operação Neocolonial Lava Jato, comandada pelos EUA para desindustrializar o Brasil ainda mais, além de rapinar o petróleo, alterando a legislação no dia seguinte à derrubada de Dilma, ela também uma simpatizante do varguismo. Mas, sendo importantes para as novas gerações as revisões históricas de Lula, inclusive o pedido perdão público que fez a Brizola e Darcy Ribeiro, por não ter apoiado o CIEPs, a grave situação de estrangulamento que o Brasil vive hoje precisa mais que revisões e mea culpas. O maior legado de Vargas foi ter construído uma Unidade Nacional contra o imperialismo e as oligarquias desindustrializantes, uma maioria capaz de gerar a energia social e a força política capaz de enfrentar toda a Coação da História, todas as tiranias financeiras, bem como toda a pedagogia da subserviência acadêmica e tecnológica. É a esse Getúlio Vargas que o Brasil deve resgatar, do Presidente da República ao petroleiro, do Sem Terra ao Intelectual, dos Sindicatos aos movimentos sociais, dos Militares aos Empresários nacionalistas, para recolocar o país nos trilhos de uma definitiva e verdadeira emancipação nacional.

*Beto Almeida
Conselheiro da ABI
Diretor do Documentário “Vargas, a transformação do Brasil
“Abre Alas que o Gegê vai passar, olha a evolução da Historia..
Abre Alas para o Gegê desfilar na memória popular”
Música Dr Getúlio – Chico Buarque e Edu Logo, gravação de Beth Carvalho
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quinta-feira, 22 de agosto de 2024

SILVIO SANTOS LAMBE SOLA * André Lobão/RJ

SILVIO SANTOS LAMBE SOLA
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ANDRÉ LOBÃO/RJ

Sílvio Santos, um sionista que foi o pai do neofascismo brasileiro.
Comunicador e empresário introduziu no Brasil programas de TV que semearam o ovo da serpente neofascista no país.

Morreu no último sábado, dia 17 de agosto, aos 93 anos, um dos comunicadores e empresários mais controversos do Brasil, Senor Abravanel, mais conhecido como Sílvio Santos.

O caô do Baú

Nascido no Rio de Janeiro, Sílvio era de origem judaica e fez fortuna a partir do rádio, se tornando um comunicador popular já em São Paulo. Na capital paulista, acumulando fortuna com seu Carnê do Baú da Felicidade, um modelo de financiamento de mercadorias, como eletrodomésticos, uma espécie de consórcio, que era pago através de prestação de carnês, também promovia sorteios de casas e carros.

O público-alvo era o das donas de casa da classe média baixa brasileira, que viveu uma ascensão ao consumo durante o chamado milagre econômico brasileiro, na Ditadura Militar que governou o Brasil entre os anos de 1964 e 1985, período em que Silvio Santos adquiriu uma concessão pública de Televisão após tanto bajular políticos e generais detentores do regime político.

Em 1989 chegou a apresentar sua candidatura à Presidência da República, mas foi descartado pela burguesia, que preferiu Collor de Mello.

*O amigo da ditadura e do poder”

Os mais antigos vão lembrar do Programa “A Semana do Presidente”, criado durante o governo do general ditador João Batista de Figueiredo, em 1979, ano em que ganhou a concessão. Pois é, Silvio Santos sabia expressar sua gratidão.

Sílvio Santos seguia acumulando e arrancando dinheiro de sua audiência ao criar a Telesena, um título de capitalização premiável que virou febre no Brasil em plena crise econômica brasileira dos anos 1990.

Nesse mesmo ano, o empresário dono do Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT, transformou a sua financeira Baú, criada em 1969, em banco, criando assim o Banco Panamericano. Um banco que ao longo de sua existência arrancou muito dinheiro de aposentados e pensionistas com empréstimos consignados, como faz até hoje, sob propriedade do BTG Pactual.

Em 2010, o banco de Sílvio Santos quebrou com um rombo de mais de 4 bilhões de reais, sendo socorrido pelo governo de Lula através da Caixa Econômica.

Neofascismo subliminar

Como dono do Sistema Brasileiro de Televisão introduziu em sua programação, produções importadas de qualidade questionável, e que claramente continham, e ainda contém, uma mensagem subliminar de culto aos valores da cultura dos EUA, como também no endeusamento do dinheiro. Sílvio Santos tinha o dinheiro como seu Deus.

Ele também deve ser responsabilizado por introduzir produções enlatadas, consideradas de baixa qualidade nos EUA para o Brasil.Quem não lembra do “Super Herói Americano”

O fenômeno da atual extrema-direita tem no início dos anos 1980 sua raiz, com programas na TV de Silvio Santos que naturalizavam, e ainda naturalizam, o extermínio de pobres, favelados e periféricos como o “Homem do Sapato Branco”, “Aqui e Agora” e “Programa do Ratinho”. Assim, o fascismo televisivo entrava nos lares brasileiros. Sim, Roberto Jefferson um dia foi o advogado do povo para defender os direitos do consumidor no “Aqui e Agora”.

Sionistas lamentam

Como não poderia deixar passar em branco, as entidades sionistas brasileiras, como CONIB, Federação Israelita de São Paulo, a Câmara de Comércio Brasil – Israel, também conhecida como “Brill Chamber” e a PinFourPeace, que apoiam abertamente o genocídio que já matou mais de 40 mil pessoas na Faixa de Gaza, e as políticas de apartheid aplicadas por Israel nos territórios da Palestina, ocupados desde 1948, emitiram notas lamentando a morte de um dos seus mais ativos apoiadores. Isso explica como Sílvio Santos teve papel importante ao ser considerado um dos mais importantes influentes sionistas do Brasil.
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ANEXOS
DIGA-ME COM QUEM ANDAS E DIREI QUEM TU ÉS
COM EDIR MACEDO
COM TEMMER
COM SARNEY
REPORTAGEM SOBRE OS GENERAIS DA DITADURA
COM FIGUEIREDO
E COM O INOMINÁVEL
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quarta-feira, 21 de agosto de 2024

PETIÇÃO MAPUCHE * Lof Pailako/AR

PETIÇÃO MAPUCHE

Lisboa, 19 de agosto de 2024

Ao Sr. Ministro Martín Leonardo SOTO e às autoridades pertinentes,

Por meio da presente, diversas organizações e pessoas emigradas da América Latina, que residimos em Portugal, dirigimos ao Estado Argentino, mais uma vez, a nossa posição de solidariedade com o povo mapuche, historicamente criminalizado e continuamente reprimido, especialmente na última década.

Estamos profundamente preocupados com a grave situação de violência que as pessoas mapuches estão a sofrer nos seus territórios, que vai desde o assédio quotidiano até ao assassinato, como vimos recentemente com Juan Carlos Villa em Mallin Ahogado, Río Negro. As denúncias por violações dos direitos humanos são inúmeras. Os assassinatos de Lucinda Quintupuray, Elias Cayicol Garay e Rafael Nahuel são apenas uma amostra disso. Recentemente, duas Lof (comunidades) mapuches estão em perigo de despejo, repressão e morte: a Lof Quemquemtrew e, hoje mesmo, a Lof Pailako.

A Lof Pailako recebeu uma ordem de despejo que foi apelada, o que suspendeu o despejo até esta segunda-feira, 19/08. Hoje, toda a comunidade internacional, bem como várias organizações da Argentina, estamos a observar e a acompanhar de perto a situação da Lof Pailako dentro e fora do país.

A situação está a agravar-se cada vez mais, com a militarização da Patagónia e a aprovação de leis, como a Lei de Bases e o RIGI (Regime de Incentivos para Grandes Investimentos), que abrem a porta ao saque, à exploração e à destruição dos territórios e das suas gentes.

Exigimos ao Estado Argentino o fim da repressão, a desmilitarização, a liberdade e o arquivamento dos processos contra todos/as os/as presos/as mapuches.

Exigimos também a suspensão de toda e qualquer ordem de despejo e apelamos à garantia da integridade física e emocional de todas as pessoas adultas e crianças que ali vivem.

Repudiamos a aprovação do RIGI e da Lei de Bases.

Exigimos ao Estado Argentino o respeito e a reparação aos Povos Originários, preexistentes à sua constituição, que hoje resistem a este avanço dos interesses empresariais, assim como o fim da violência sistemática que enfrentam diariamente e que sofrem desde a colonização dos seus territórios, que não foi interrompida nestes 40 anos de democracia.

Em particular, exigimos que os Parques Nacionais restabeleçam o diálogo proposto pela Lof Pailako.

Desde Portugal, continuamos atentos e em alerta por tudo o que está a acontecer. Sem mais, e esperando que o Estado Argentino respeite as demandas do povo e as exigências internacionais, aguardamos uma rápida resolução do assédio e o respeito aos direitos dos povos originários preexistentes ao Estado Nacional Argentino.

Que os Parques Nacionais restabeleçam o diálogo com a Lof Pailako!! Por infâncias Mapuche livres em território ancestral!

�� Canais de comunicação:

red.apoyo.pailako@gmail.com

Facebook: https://www.facebook.com/paillakolof

Pasta de links com notas/imprensa:

https://drive.google.com/drive/folders/1ZZ14B_Kq2_BaSIPIQ45JDNsQMm45PoOU?usp=dri ve_link

Pasta pública com material de divulgação:

https://drive.google.com/drive/folders/1a-5vxokBDEGkzX1TW7osCNba5691PWvU?usp=driv e_link

Atentamente,

Assembleia Portugal: Argentina no se vende!
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Depois de mais de um ano e meio de prisão sem julgamento, a sétima montagem, com prévia criminalização mediática e falsos depoimentos de testemunhas sem rosto incluídos, que Héctor Llaitul Carrillanca, werkén, porta-voz, do CAM enfrentou na sua luta ao lado do seu povo contra o capitalismo predatório de Wallmapu, foi condenado a 23 anos de prisão, 15 dos quais resultaram de declarações à imprensa.
Hoje, o mais proeminente líder Mapuche encontra-se em um delicado estado de saúde, como resultado de uma prolongada greve de fome que exigiu sua transferência do PCC de Concepción para o módulo de membros da comunidade Mapuche da prisão de Temuco. O Governo da Frente Ampla e o Partido Comunista, através da Gendarmaria, negam-lhe a referida transferência e também lhe negam cuidados médicos adequados.
Victoria Bórquez Concha, sua advogada, denunciou que após a transferência do werkén para o Hospital Regional de Concepción por descompensação e arritmia e a decisão da equipe médica de realizar uma série de exames, a Gendarmaria: “Porém, de forma intempestiva, ele é retirado do Hospital e não sabemos qual é o seu real estado de saúde.
Chamamos a informar e estar atentos à evolução do estado de saúde do mais alto líder Mapuche.
LIBERDADE PARA HÉCTOR LLAITUL E TODOS OS PRISIONEIROS POLÍTICOS MAPCHE

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segunda-feira, 19 de agosto de 2024

PARTIDO DOS TRABALHADORES? * Wladimir Tadeu Baptista Soares/RJ

PARTIDO DOS TRABALHADORES?

Como pode um governo do PT assumir políticas públicas neoliberais que procuram destruir o nosso SUS através da sua privatização sob as mais diversas formas: gestão privada realizada por entidades do terceiro setor, entrega dos nossos hospitais públicos federais universitários para a EBSERH, terceirização das atividades fins nos serviços públicos sociais, tais como previdência, saúde e educação?

Como pode um governo do PT querer fazer uma contrarreforma administrativa de inspiração neoliberal acabando com o regime jurídico administrativo de direito público para a maioria dos servidores públicos estatutários federais e criando castas de servidores públicos federais privilegiados, estabelecendo o Princípio da Desigualdade como um novo Princípio Constitucional?

Como pode um governo do PT não revogar as atuais Reformas Trabalhista e Previdenciária, que só trouxeram prejuízos para a classe trabalhadora ativa e inativa?

Como pode um governo do PT lutar para pôr fim ao Estado Democrático e Social de Direito e de Direitos previsto no nosso Texto Constitucional e querer substituí-lo por um Estado Neoliberal sem Direitos?

Como pode um governo do PT não conceder ajuste salarial anual aos servidores públicos civis do Poder Executivo da União?
Como pode um governo do PT rasgar a nossa Constituição Cidadã e abrir negociações individualizadas com as diversas categorias de servidores públicos, estabelecendo ajustes salariais diferenciados para todos eles?

Como pode um governo do PT assumir um discurso cínico para todo o povo brasileiro?

Como pode um governo do PT fazer concessões a fascistas e ser subserviente à uma extrema direita covarde e cruel?
Como pode um governo do PT propor um "novo arcabouço fiscal" que mantém o subfinanciamento de todas as políticas públicas de natureza social?

Como pode um governo do PT continuar financiando o ensino superior privado em detrimento das Universidades Públicas Federais?
Como pode um governo do PT propor uma reforma tributária que em nada alivia, efetivamente, a vida dos assalariados deste nosso país?

Como pode um governo do PT não fazer uma auditoria da nossa dívida pública, conforme prevista na nossa Constituição?
Como pode o PT ter se transformado num partido político de centro, sem personalidade e sem compromisso verdadeiro com a redução das desigualdades, o fim de privilégios e o bem comum de todos?

Como pode um governo do PT ser tão mau para os servidores públicos civis do Poder Executivo da União e com os aposentados deste nosso país?
Como pode um governo do PT ser tão benevolente com o mercado e com o sistema financeiro e tão autoritário com os servidores públicos deste nosso país?
Que deformação do caráter é essa que fez desse partido político uma enorme decepção?

Wladimir Tadeu Baptista Soares
Cambuci/Niterói - RJ
Nordestino
18/08/2024
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Os Pobres

"Quanto aos pobres, vós sempre o tereis, mas a mim nem sempre tereis". (João 12:8)

De tão pobre não tinha onde cair
morto estava desde que nascera
de um útero que jamais pedira
num ambiente que não escolhera

Em meio a pobreza nasceu
alimentando nos primeiros meses
de tetas murchas que às vezes
um tênue fio de leite jorrava

Nesse ambiente de escassez
onde a morte é uma constante
brotava nos olhos do infante
sede e fome de uma vida farta

Mordia os seios com avidez
na ânsia de saciar a fome
enquanto a mãe chorava
a dor que a consumia

Aos oito era um adulto
pernas finas e cambotas
fez o seu primeiro furto
na mercearia mais próxima

A mãe preparou a refeição
ovo frito arroz e feijão
comeram e se fartaram
sentados no meio-fio

E no meio-fio tombou
ao som duma bala milícia
"bandido bom é bandido morto"
foi a manchete de triste notícia

J Estanislau Filho -MG
*
QUEM É DE ESQUERDA NÃO É NEOLIBERAL, DEFENDE O SUS, A AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA E A EXTINÇÃO DA EBSERH

Não existe esquerda neoliberal;
Existe neoliberal fingindo ser de esquerda.
Quem é de esquerda defende o SUS;
quem é neoliberal
Quer a sua destruição.

O SUS é constitucionalmente reconhecido como de relevância pública,
O que expressa o seu caráter de essencialidade, necessidade e obrigatoriedade, como sistema único, público e estatal de saúde que ele é.
Mas os neoliberais travestidos de esquerda querem a sua privatização.

Quem é verdadeiramente de esquerda sabe que os problemas enfrentados pelo SUS não dizem respeito à sua gestão, mas a décadas de não reposição de recursos humanos estáveis via concurso público, subfinanciamento de todo o sistema, não atualização do seu parque tecnológico, redução do número de leitos hospitalares e a desvalorização do servidor público com o pagamento de salários indignos à natureza, complexidade e grau de responsabilidade do trabalho exercido por eles.

Mas os neoliberais querem incutir na população que o problema está na gestão e, por isso, querem a sua terceirização.
Acontece que uma parte significativa dos problemas hoje vivenciados no SUS está exatamente no fato da sua gestão ter sido, há muito tempo, terceirizada para entes do setor privado, ditos entes do terceiro setor, que não têm nenhum interesse público, mas, sim, enorme interesse privado em obter verbas milionárias transferidas do cofre público para as suas mãos ávidas por enriquecimento. Os neoliberais querem beneficiar o mercado, e não a população.

Quem é de esquerda não se vende para o capital e não permite a corrosão do seu caráter por poder, vaidade, dinheiro ou posição.
Mas quem é neoliberal se nutre dessas coisas.
Quem é de esquerda sabe que o regime jurídico administrativo de direito público é aquele que se adequa constitucionalmente ao SUS.

Mas quem é neoliberal pretende um SUS com trabalhadores celetistas e/ou temporários, jamais servidores públicos estatutários.
Quem é de esquerda não faz discurso cínico,
Mas quem é neoliberal tem no cinismo a base do seu discurso.
Quem é de esquerda sabe que as ações e serviços públicos de saúde são executados, de forma compartilhada e solidária, entre os Municípios, Estados, Distrito Federal e União, não admitindo que nenhum desses entes da Federação se afastem das suas responsabilidades públicas com o SUS.

Mas quem é neoliberal faz de tudo para que o governo federal deixe, efetivamente, de realizar as ações e serviços públicos de saúde, com o argumento hipócrita de que o Ministério da Saúde deve apenas atuar na elaboração das políticas públicas de saúde e na coordenação do SUS.

Quem é de esquerda defende os Princípios e o espírito do Movimento Social que se tornou conhecido como Movimento da Reforma Sanitária Brasileira,
Mas quem é neoliberal pretende uma contrarreforma neoliberal do SUS, mitigando a participação popular e relativizando os seus Princípios Constitucionais, de modo a estabelecer o regime jurídico administrativo de direito privado em todo o Sistema.
Quem é de esquerda defende a Autonomia Universitária e os Hospitais Públicos Federais e Estaduais Universitários,
Mas quem é neoliberal defende a continuidade da EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).

Quem é de esquerda reconhece o estrago produzido pela EBSERH em todas as suas atuais filiais - os antigos Hospitais Públicos Federais Universitários -; mas quem é neoliberal e, principalmente, aqueles que são muito bem remunerados por essa empresa, anunciam ganhos nesses hospitais após a contratação com a EBSERH.

Quem é de esquerda sabe que isso não é verdade e que, c
om a EBSERH, os antigos HUs (Hospitais Universitários) perderam o seu perfil acadêmico, adquirindo um perfil estritamente empresarial, levando à precarização de todo o ensino médico, além de ver fechados inúmeros dos seus leitos e serviços - principalmente os serviços de emergência -, e criação de obstáculos ao acesso desses hospitais, prejudicando toda a sociedade, com o argumento vergonhoso de que está organizando o sistema.

Quem é de esquerda sabe que a EBSERH fere a autonomia universitária e que essa empresa não se submete ao controle social do SUS, mas quem é neoliberal não se importa com a perda dessa autonomia e nem com a ausência da participação popular no SUS.

Quem é de esquerda não admite as parcerias público-privadas (PPP) - na verdade, em muitos casos, promiscuidade público-privadas - e nem a terceirização na gestão dos serviços públicos sociais, entre eles os de saúde e educação; mas quem é neoliberal deseja a privatização de tudo, explorando saúde e educação públicas como atividades puramente econômicas.
Quem é de esquerda sabe que saúde não é mercadoria, mas é, sim, um valor - o valor da dignidade da pessoa humana.
Mas quem é neoliberal quer fazer da saúde pública um grande negócio, estabelecendo um preço (e não um valor) para a sua aquisição.

Quem é de esquerda acredita no Princípio Constitucional da Igualdade, mas quem é neoliberal acredita na hierarquização da vida.
Quem é de esquerda defende a Constituição Cidadã de 1988, com todos os seus Princípios, sonhos e ideais, mas quem é neoliberal defende as leis do mercado acima da Constituição.
Quem é de esquerda está do lado da proteção social, mas quem é neoliberal defende a proteção do mercado.
Quem é de esquerda reconhece a saúde como um direito público, subjetivo, de cidadania. Mas quem é neoliberal reconhece a saúde como um bem a ser adquirido economicamente com preço de mercado.

Quem é de esquerda, quando governante, não congela salário do trabalhador; mas quem é neoliberal congela.
Quem é de esquerda não retira diteitos sociais do trabalhador, mas quem é neoliberal quer trabalhador sem direitos.
Quem é de esquerda querem uma previdência social pública, mas quem é neoliberal quer privatizá-la.
Quem é de esquerda sabe da importância de se preservar a estabilidade do servidor público, mas quem é neoliberal pretende a sua livre exoneração.

Tem muitos partidos políticos neoliberais, hojevem dia, se dizendo decesquerda; e tem muitos partidos políticos, antes de esquerda, tornando-se neoliberais.
Quem é de esquerda não se junta a fascistas, mas quem é neoliberal compõe a dimensão econômica do neofascismo.
Quem é de esquerda defende os direitos humanos, mas quem é neoliberal não admite a existência deles.

Quem é de esquerda defende a democracia,
Mas quem é neoliberal tem na autocracia a sua inspiração.
Quem é de esquerda reconhece e respeita as diversidades, mas quem é neoliberal enxerga as diversidades como uma patologia social.

Quem é de esquerda protege a natureza, mas quem é neoliberal não se importa em destruí-la.
Quem é de esquerda, conte comigo!
Quem é neoliberal não tem nada a ver comigo.

Wladimir Tadeu Baptista Soares
Cambuci/Niterói - RJ
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