domingo, 7 de setembro de 2025

FORA TRUMP - CALENDÁRIO DAS LUTAS ANTIIMPERIALISTAS * Frente Revolucionária dos Trabalhadores/FRT

FORA TRUMP - CALENDÁRIO DAS LUTAS ANTIIMPERIALISTAS
Movimentos populares fazem atos contra tarifaço de Trump nesta sexta-feira em todo o país. Protestos acontecem nas principais capitais

Movimentos populares realizam nesta sexta-feira (1º) protestos contra o tarifaço imposto ao Brasil pelo regime de Donald Trump nos Estados Unidos. Os atos ocorrem em locais públicos e em frente a representações diplomáticas estadunidenses.

Na quarta-feira (30), Trump assinou a ordem para iniciar a cobrança das tarifas, mas deixou setores estratégicos fora da taxação.

Os atos de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília acontecem nos consulados e na embaixada dos EUA. Já os de Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte, Porto Alegre, Manaus e Recife ocorrem nas regiões centrais das cidades.

A iniciativa Quem manda no Brasil é o povo brasileiro! Contra o tarifaço de Trump é uma parceria da União Nacional de Estudantes (UNE) com as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo.

O tarifaço que passa a valer em 6 de agosto eleva – salvo algumas exceções – o custo das exportações brasileiras aos EUA em 50%, atingindo setores do agro e tecnologia, entre outros. A medida de Donald Trump – assumidamente orquestrada por Eduardo Bolsonaro — tem sido encarada como uma tentativa de interferir no sistema Judiciário brasileiro para livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro de responsabilidade no plano de golpe frustrado após perder as eleições de 2022.

Analistas apontam que as taxas elevadas equivalem a sanções políticas e visam obter vantagens como acesso à terras raras – importantes para a indústria de tecnologia – o sistema financeiro (substituindo o Pix) e a não regulação das big techs.

FONTE
BRASIL DE FATO

O PATRIOTISMO DOS VENDEPÁTRIAS * EUGÊNIO BUCCI/A Terra é Redonda

O PATRIOTISMO DOS VENDEPÁTRIAS
EUGÊNIO BUCCI

A frase de Jacques Lacan – “o desejo do homem é o desejo do Outro” – ensina que um cidadão genérico, quando deseja, expressa menos um desejo original, pessoal, e mais o desejo dominante da ordem simbólica que o contém

1.

Os “patriotas” das arruaças, do culto às armas e das camisetas amareladas ganharam votos gritando “Brasil acima de tudo” e “Deus acima de todos”. Dupla pobreza de espírito.

O primeiro slogan nunca passou de um plágio de mau gosto do bordão nazista “Deutchland über alles” (“Alemanha acima de tudo”). Quanto a “Deus acima de todos”, bem, nenhuma novidade. O Altíssimo assim é chamado por habitar supostamente píncaros celestiais insuperáveis. Quanto ao mais, o dístico nunca parou de pé: Deus deveria ser posto acima do Brasil ou seria o contrário?

Com o tempo, ficou evidente que os tais “patriotas” eram na verdade “estrangeirotas”: patriotas do estrangeiro. Um deles, em 2017, numa excursão à Flórida, chegou a bater continência para uma bandeira dos Estados Unidos estampada numa tela eletrônica. Ao microfone, o voluntário da servidão incondicional confessou: “A minha continência à bandeira americana”.

Em 2019, o mesmo personagem arriscou um “I love you” para Donald Trump, que passava por ali apressado. Em síntese, o que eles queriam dizer era “Brasil acima de tudo”, desde que não acima dos Estados Unidos, e “Deus acima de todos”, menos de Donald Trump.

Outro dos “patriotas” fugiu do Brasil e dá expediente em Washington, onde faz reuniões obscuras com autoridades obtusas de um governo tanático para articular sabotagens contra a economia brasileira e chantagens contra as autoridades daqui. A infâmia chegou a tal ponto de histeria e absurdos que o clã vem sendo classificado como traidor. Procede.

2.

Há gente capacitada escarafunchando os regimentos do Poder Legislativo para detectar as tipificações do desvio, enquanto bons oradores vão a comícios para criticar esse “patriotismo” lesa-pátria. Têm razão. O problema é que existem aqueles que fingem não ver nada de esquisito. Como alertá-los? Incrível como não querem enxergar. O esquisito, o atípico, é o que temos hoje de mais fatídico, mais cínico, mais explícito e mais apodítico.

Num dos livros do psicanalista francês Jacques Lacan, Quatro conceitos fundamentais da psicanálise, lemos que “o desejo do homem é o desejo do Outro”. Devíamos buscar nessa chave analítica uma luz para entender o “patriotismo” que se define pelo negacionismo da Pátria e se ajoelha diante da bandeira alheia para rifar a sua própria.

A frase de Jacques Lacan – “o desejo do homem é o desejo do Outro” – ensina, entre outras coisas, que um cidadão genérico, uma pessoa como eu ou você, com todo o respeito, quando deseja, expressa menos um desejo original, pessoal, e mais o desejo dominante da ordem simbólica que o contém.

Esse Outro com “O” maiúsculo não é um outro qualquer, como um cunhado ou um colega da repartição, mas um senhor sobre-humano, capaz de ordenar o desejo dos mortais de carne e osso – sobretudo daqueles mortais que não têm nada de coluna vertebral, como é o caso.

O Outro maiúsculo não se compadece de nada nem de ninguém. Exemplos? Aqui estão: a autoridade sobre a qual se erigiu a Igreja Católica, ou a sua pedra fundamental; o capital, igualmente; o imperialismo que anima a Casa Branca. O desejo do homem é o desejo que o Outro, maiúsculo, diz ao homem, minúsculo, para fazer de conta que sente.

Você pergunta a um gerente de marketing, um dirigente sindical ou um operador da bolsa qual o ideal de beleza que ele tem e ele começa a descrever minuciosamente a Barbie. O desejo, nele, é o dedo em riste do Tio Sam, mas ele mesmo não sabe. Barbie para todos.

3.

O “patriotismo” dos trumpatetas brasileiros reproduz a fórmula do “desejo do Outro”, mas em tintas rastaqueras. Adestrados pelos filmes de Tom Cruise, de Stallone e de Chuck Norris, os “patriotas” do Outro são tão rasteiros que nem souberam substituir a bandeira dos Estados Unidos pela do Brasil na hora de fazer seu teatrinho. Encenam uma paródia tosca: adoram uma bandeira que não é a deles, numa terra que não lhes concede um reles passaporte.

Dá pena. Tanta pena que o suposto Deus poderá perdoá-los, pois eles, ainda que premeditem com vileza o mal que querem fazer ao Brasil, não sabem o que fazem. Talvez seus pecados sejam redimidos pelo ente que paira “acima de todos”, menos de Donald Trump. Mas e quanto à nação brasileira? Poderá ela anistiá-los por antecipação? Poderá tratá-los como como semoventes inconscientes e inconsequentes – o que, de resto, eles são?

Espera-se que não. Em 1947, o Partido Comunista Brasileiro foi cassado porque seu líder, Luiz Carlos Prestes, teria dito numa entrevista que, numa guerra entre Brasil e União Soviética, ficaria do lado de Stalin. A verdade é que Prestes nunca disse isso, apenas fez um raciocínio hipotético: se o Brasil apoiasse uma guerra imperialista contra o Kremlin, ele lutaria para derrubar o governo brasileiro. Foi uma declaração de mau jeito, sem dúvida, e ela serviu de pretexto para colocarem o PCB na clandestinidade, injustamente. Agora, o caso é muito mais sério.

Os “patriotas” do Outro se associaram ativa e publicamente a uma potência estrangeira para mover covardemente uma guerra comercial, diplomática e moral contra o Brasil. E aí?

*Eugênio Bucci é professor titular na Escola de Comunicações e Artes da USP. Autor, entre outros livros, de Incerteza, um ensaio: como pensamos a ideia que nos desorienta (e oriente o mundo digital) (Autêntica). [https://amzn.to/3SytDKl]

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terça-feira, 26 de agosto de 2025

GERALDO VANDRÉ: A VIDA NÃO SE RESUME EM FESTIVAIS * Dalva Silveira /MG

GERALDO VANDRÉ: A VIDA NÃO SE RESUME EM FESTIVAIS

Hoje, 26 de agosto de 2025, completam-se 14 anos em que lancei o meu primeiro livro “Geraldo Vandré, a vida não se resume em festivais”, em Belo Horizonte/MG. Foi um dos dias mais felizes de minha vida, pois, além de realizar um grande sonho, eu estava na cidade em que nasci e, assim, pude contar com o apoio e o calor humano de amigos, familiares e fãs do grande compositor! Era o ano de 2011 e passado sete anos, em 2018, tive a honra de conhecê-lo e saber que ele havia gostado de minha obra. Aí minha felicidade foi completa. Essa publicação representa um grande marco em minha trajetória, então, hoje é dia de agradecer, novamente, pela existência do compositor e à todos que, de diferentes modos, tem me apoiado no trabalho de levar adiante o nome e a obra do grande artista que o governo militar tentou apagar da memória coletiva nacional.
CAMINHANDO
GERALDO VANDRÉ

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

NAZISTAS ANALFAS ATACAM LONDRINA * Frente Revolucionária dos Trabalhadores/FRT

NAZISTAS ANALFAS ATACAM LONDRINA
VEREADORA JESSICÃO
(Foto: Câmara de vereadores)

"Câmara de Londrina aprova lei que proíbe pessoas em situação de rua de permanecer em espaços públicos

Projeto foi aprovado em primeiro turno e deve voltar à pauta na próxima semana. Bolsonarista, vereadora propôs lei higienista.

Nesta semana a Câmara de Londrina , norte do Paraná, aprovou um projeto de Lei que proíbe pessoas em situação de rua de fazerem “necessidades fisiológicas” em logradouros públicos. Na prática a proibição se aplica a cozinhar, se higienizar e até dormir. O texto será votado em segundo turno na próxima semana.

A autora do projeto é a vereadora bolsonarista Jessicão (PP), que, na justificativa do texto argumentou: “ao efetuarem práticas cotidianas cerceiam a liberdade de ir e vir e a integridade moral das pessoas que habitam e trafegam nos ambientes usurpados pela coletividade em comento, ante o fato de a marginalização desta propender a prática de ilícitos penais como já ocorre em diversas comunidades do município”.

Ainda conforme o texto aprovado pelos vereadores, “a utilização da rua para tarefas cotidianas por moradores de rua, por exemplo, pode levar à degradação do espaço público e à desordem urbana”. A lei prevê ainda que as pessoas que não seguirem a lei serão encaminhadas compulsoriamente para o Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro Pop).

As justificativas são consideradas problemáticas para o advogado Valnei França, que atua na defesa dos Direitos Humanos. “Na justificativa a vereadora fala que esse projeto não tem como objetivo a discriminação, a exterminação, a marginalização dessas pessoas, desse coletivo de pessoas em situação de rua. Ela fala ou dá a entender que essas pessoas estando na rua, fazendo uso da rua, do espaço público e lá fazendo a sua alimentação, a sua higienização, estariam contribuindo para a proliferação de doenças transmissíveis. Ou seja, ela dá a entender que essas pessoas são vetores de doenças, assim como ratos e outros animais que estão no ambiente urbano e que são muito mais perigosos para a saúde pública do que de fato pessoas que ocupam aquele espaço para moradia”, critica.

Durante a sessão que teve aprovação do projeto, a parlamentar disse que o projeto é uma ferramenta para que os guarda municipais possam “agir”. “Esse projeto vem com a ideia de ser uma ferramenta para que eles possam agir. ‘Olha, você não pode dormir na rua, você não pode dormir na praça’. A Assistência Social vai precisar se organizar para ter mais vagas, por exemplo, de albergue, para a pessoa ter um lugar para dormir”, disse.

Cercear o direito de circulação e permanência de quem está em situação de rua torna o PL inconstitucional, segundo explica França. “Este projeto determina a criminalização dessas pessoas e aí vem o problema legal que torna esse projeto de lei inconstitucional: o foco é a remoção compulsória dessas pessoas, o que é inconstitucional, além de estar violando velho diversos direitos humanos, também viola direitos fundamentais, como o direito de ir e vir, o direito à moradia, o direito à dignidade humana, o direito à segurança. O próprio STF, em 2023, julgou ADPF 976 e determinou a proibição da remoção de bens, da remoção forçada dessas pessoas dos espaços públicos, o transporte para abrigos sem autorização delas e é justamente o que esse projeto de lei quer fazer”.

Citando a mesma ADPF, a advogada Maria Eduarda Liebl Fernandes, da Bertolini Advogados, que atua em casos que envolvem conflitos de direito público e privado, destaca que questões relacionadas com vulnerabilidade social não podem ser tratados como problema de segurança. “O projeto de lei afronta dispositivos constitucionais e entendimento do Supremo Tribunal Federal, pois transforma em ilícito o estado de vulnerabilidade social tratando como questão de polícia aquilo que deve ser enfrentando por meio de políticas públicas de assistência, saúde, moradia e inclusão social. Então, ao invés de assegurar direitos, o projeto reforça a exclusão e a discriminação da pobreza, razão pela qual é inconstitucional”.

Em plenário, o projeto recebeu 14 votos favoráveis e 3 contrários de Paula Vicente (PT), Matheus Thum (PP) e Prof.ª Flávia Cabral (PP). Os vereadores Antônio Amaral (PSD) e Chavão (Republicanos) não participaram da sessão.

A tramitação prevê que até dia 21 de agosto parlamentares apresentem proposições acessórias ao texto, que ainda precisa ser aprovado em segundo turno.
Internação

Na mesma sessão a Câmara Municipal de Londrina também aprovou a internação involuntária para pessoas que têm dependência química ou transtornos mentais ou que estejam em vulnerabilidade.

A proposta, que também é de autoria da vereadora Jessicão, passou com 15 votos favoráveis e 2 contrários (Paula Vicente e Prof.ª Flávia Cabral)."

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domingo, 24 de agosto de 2025

Todo apoio ao presidente Nicolas Maduro e ao povo trabalhador da Venezuela * PARTIDO COMUNISTA DOS TRABALHADORES BRASILEIROS/PCTB FRENTE REVOLUCIONÁRIA DOS TRABALHADORES/FRT

 Todo apoio ao presidente Nicolas Maduro e ao povo trabalhador da Venezuela

Por uma Frente Latino-americana antiimperialista e revolucionária!

A Frente Revolucionária dos Trabalhadores repudia vivamente, as ameaças e chantagens do gângster e gerente da vez do imperialismo ianque, Donald Trump, contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro.

O fanfarrão facistóide fez grande alarde midiático oferecendo 50 milhões de dólares a quem entregar a cabeça de Maduro para os abutres imperiais. A jogada é velha e faz parte dos métodos mafiosos da CIA, que tentam fomentar, através dos seus dólares, uma situação de conspiração e traição contra o governo alvo de sua sanha golpista e assassina.

Pretendem os funcionários do imperialismo e seus comparsas, estimular a traição no círculo próximo de Maduro, ou mesmo no interior do alto comando da Força Armada bolivariana. Esse é um método conhecido amarga e tragicamente por nossos povos, utilizado sobretudo, durante todo o século passado até nossos dias, quando os serviços secretos do imperialismo, em primeiro lugar a CIA, subornou e suborna em nosso continente, o generalato latinoamericano, as elites políticas, midiáticas, religiosas, etc., para golpear governos nacionalistas e populares que resistem aos propósitos neocoloniais imperialistas contra nossos países.

O sistema de dominação imperialista liderado pelos Estados Unidos, há mais de vinte anos labutam pela derrubada do governo chavista na Venezuela. Pretendem se apossar das gigantescas reservas energéticas e recursos naturais do país, e impor uma forma de dominação e extração da mais-valia, de tipo neoescravista contra os trabalhadores venezuelanos. Em crise profunda, o imperialismo acirra sua ofensiva contra os povos; as forças do capital financeiro e bélico arquitetam uma agenda de pilhagens e espoliação muito mais agressiva contra os países dependentes; em especial contra a China, Rússia, Irã e os BRICS.

Não à toa, que Trump fez grande alarde ao autorizar de forma supostamente "secreta", a utilização de força militar ianque, contra os cartéis do narcotráfico em nossa região. Na verdade, como a história do imperialismo tem mostrado, isso não passa de um subterfúgio tácito visando dar cobertura e justificativa a agressão imperialista direta contra nossos povos para saquear nossas riquezas e incrementar a dominação neocolonial em "seu" autodeclarado "quintal". É a nova versão da infame doutrina Monroe. Só que, enquanto a original foi a justificativa ideológica e propagandista para o expansionismo imperialista em sua juventude; a atual é manobrada para salvar da decadência um império senil, portanto muito mais agressivo e perigoso para a humanidade.

A interferência contra o Brasil, Cuba, América Central e o conjunto do nosso continente; a guerra imperialista por procuração contra a Rússia na Ucrânia; as tensões que crescem no Leste Europeu, no Oriente Médio e no entorno da China e em sua zona de influência asiática; o genocídio sionista/imperialista praticado contra o povo palestino; a perseguição xenófobica contra os imigrantes e o verdadeiro Estado de exceção militarizado que se agiganta no interior dos Estados Unidos, são todas, expressões da ofensiva imperialista para manter sua hegemonia e tentar dar um "salto para frente", reconfigurando todo o espectro do capitalismo mundial em favor do grande capital financeiro e belicista, setores dominantes entre as frações da burguesia imperialista.

Em tais condições, é imprescindível que as forças populares e os povos trabalhadores do mundo se unifiquem, que articulem internacionalmente as forças de combate contra o imperialismo e as burguesias titeres de seus próprios países. O capitalismo mundial vive imerso em meio ao auge de uma crise geral gravíssima. Essa é uma crise de longa duração, pois está ligada ao esgotamento mesmo do padrão de reprodução do capital que ascendeu nos anos de 1970, no contexto do esgotamento do chamado "anos dourados" do capitalismo kaynesiano no pós segunda guerra.

Assim como um vampiro necessita de mais sangue dos vivos para manter sua vida parasitária, a burguesia em decadência estrutural precisa a todo custo, saquear, superexplorar, escravizar e pilhar os trabalhadores produtivos; espoliar e destruir o meio ambiente e expandir a guerra, para manter sua existência senil e doente.

Urge neste momento a rearticulação das forças revolucionárias do trabalho e dos povos internacionalmente, como única forma de barrar a barbárie dominante que toma conta da decadente e horrível sociedade burguesa. Em nosso continente em específico, precisamos fortalecer uma frente de lutas antiimperialista, que cubra de solidariedade e apoio militante à Venezuela e ao seu governo.
Fora o imperialismo da América Latina!
Todo apoio ao povo venezuelano!
Viva a resistência palestina e morte ao Estado nazi-sionista de "Israel"!

PARTIDO COMUNISTA DOS TRABALHADORES BRASILEIROS/PCTB
FRENTE REVOLUCIONÁRIA DOS TRABALHADORES/FRT

sábado, 23 de agosto de 2025

É HORA DO BASTA NO TIO SÃ * Frente Revolucionária dos Trabalhadores/FRT

É HORA DO BASTA NO TIO SÃ
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BOMBARDEIOS NORTEAMERICANOS

A Embaixada Chinesa em Moscou publicou uma lista de países bombardeados pelos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial:

Japão: 6 e 9 de agosto de 1945
Coreia e China: 1950-1953 (Guerra da Coreia)
Guatemala: 1954, 1960, 1967-1969
Indonésia: 1958
Cuba: 1959-1961
Congo: 1964
Laos: 1964-1973
Vietnã: 1961-1973
Camboja: 1969-1970
Granada: 1983
Líbano: 1983, 1984 (ataques a alvos no Líbano e na Síria)
Líbia: 1986, 2011, 2015
Salvador: 1980
Nicarágua: 1980
Irã: 1987, 2025
Panamá: 1989
Iraque: 1991 (Guerra do Golfo), 1991-2003 (invasões americanas e britânicas), 2003-2015
Kuwait: 1991
Somália: 1993, 2007-2008, 2011
Bósnia: 1994, 1995
Sudão: 1998
Afeganistão: 1998, 2001-2015
Iugoslávia: 1999
Iêmen: 2002, 2009, 2011, 2024 2025
Paquistão: 2007-2015
Síria: 2014-2015
Esta lista inclui aproximadamente 30 países. 

A China enfatizou que "nunca devemos esquecer quem é a verdadeira ameaça ao mundo".
Então surge a pergunta:
A sociedade ocidental já expressou sua raiva em relação aos Estados Unidos?

Já alguma vez se levantou uma voz alta contra eles?
Já foram impostas sanções aos Estados Unidos?
Todo esse sistema global, que chamamos de "comunidade internacional", permaneceu em silêncio enquanto os EUA atacavam países ao redor do mundo como bandidos e transformavam seus sonhos em pesadelos terríveis.
Nenhuma condenação, nenhuma repreensão, nenhum ressentimento de qualquer tipo.

Uma consciência global covarde, envergonhada e hipócrita.
Esta lista deve ser divulgada em todas as plataformas possíveis. Vídeos devem ser produzidos para denunciar todos esses hipócritas ocidentais e nos lembrar de todos os fatos sobre os crimes cometidos pelos Estados Unidos em todo o mundo.
A lista foi publicada pela Embaixada Chinesa na Rússia (Moscou) como uma mensagem política e moral, em um momento em que a mídia internacional e os países ocidentais condenavam veementemente o ataque do Irã a Israel, mas onde o passado dos Estados Unidos era completamente ignorado.

A lista foi publicada para denunciar o duplo fardo, duas medidas tomadas pelos Estados Unidos e pelo Ocidente em questões de direitos humanos, direito internacional e segurança global.
Quando o Irã retaliou contra Israel, os Estados Unidos e seus aliados começaram a chamar o Irã de "ameaça global". A Embaixada da China publicou esta lista em resposta a uma campanha crítica para lembrar que a verdadeira ameaça é um país que bombardeou mais de 30 países desde a Segunda Guerra Mundial.

A posição da China é que os Estados Unidos não estão qualificados para falar moralmente, porque seu passado e presente são marcados por violações de direitos humanos e agressões globais.

A China enviou uma mensagem mais ampla ao publicar esta lista:
O mundo precisa se lembrar de quem é a verdadeira ameaça. A mídia e os governos ocidentais demonstram hipocrisia e, quando os Estados Unidos cometem massacres, permanecem em silêncio.

 Este movimento não é apenas uma ação diplomática ou informativa, mas também uma resposta política e uma acusação moral à narrativa tendenciosa propagada pelos Estados Unidos e seus aliados.
BRASIL SEQUESTRADO
BRASILEIRO


Eu sou brasileiro
E isso aqui é Brasil!
Então, não me venha ameaçar
Utilizando dinheiro,
Que eu não me curvo
Ao seu delírio
E te mando para alguém
Que te pariu.
Pois eu sou brasileiro
E amo o meu país.
Então, não me venha com bravatas
Tentando me constranger,
Pois eu te mostro
Que somos soberanos
E que estamos firmes e dispostos a nos defender.
Eu sou brasileiro
E sei quais são as cores da minha bandeira,
E o nosso povo está conhecendo
Quem é você de verdade:
Um autocrata sem cultura,
Um arrogante ignorante
Que vai ter que aprender
Que essa terra aqui tem dono
E esse dono jamais será você.


Wladimir Tadeu Baptista Soares
Cambuci/Niterói - RJ
Nordestino wladuff.huap@gmail.com
17/07/2025
SEU LUGAR É NA CADEIA, VERME!
OTAVIO GUEDES
BRASIL SOBERANO LIVRE
DE BOLSONARO E DO FASCISMO
BRASIL SOBERANO GOVERNADO PELOS TRABALHADORES
Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

De Primeiros cantos (1847)

Gonçalves Dias/Maranhão 

terça-feira, 19 de agosto de 2025

AONDE MORA A SOBERANIA NACIONAL DO BRASIL? * FRENTE REVOLUCIONÁRIA DOS TRABALHADORES/FRT

AONDE MORA A SOBERANIA NACIONAL DO BRASIL?
"Cannabrava | Mercenários ucranianos treinando na Aman: um escândalo contra a soberania nacional

Associação com grupos mercenários estrangeiros é crime no Brasil; como signatário de convenções internacionais, o país não pode compactuar com a infiltração de estruturas ilegais em suas instituições armadas

Conteúdo da página

Um fato gravíssimo e inaceitável ocorreu recentemente em solo brasileiro. A Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), a mais prestigiada escola de formação de oficiais do Exército, abriu suas portas para um curso de “Táticas de Pequenas Unidades” ministrado por mercenários da Phantom Black Company — grupo estrangeiro diretamente subordinado à inteligência militar da Ucrânia.

Esse episódio, ocultado pela grande mídia, não é apenas uma afronta à soberania nacional. É também uma violação das leis brasileiras e dos acordos internacionais que proíbem o mercenarismo. Um escândalo que exige resposta imediata do governo, firmeza das instituições e atenção da comunidade internacional.

Um braço da inteligência ucraniana no coração do Brasil

A Phantom Black Company não é um grupo qualquer. Em seu próprio site, define-se como “destacamento de ação tática que opera nas sombras da Ucrânia, sob o comando da Legião Internacional de Defesa e da Diretoria Principal de Inteligência (GUR).” Ou seja: uma Companhia Militar Privada (PMC), criada para operações secretas, sabotagem, reconhecimento ofensivo e eliminação de alvos.

A empresa recruta estrangeiros, exige fluência em inglês e os envia para a linha de frente da guerra. Estamos, portanto, diante de uma organização paramilitar transnacional, operando como braço direto da inteligência ucraniana. A simples presença dessa estrutura no Brasil já é ilegal. Sua associação com cadetes da Aman, absolutamente inadmissível.

Cumplicidade ou omissão?

O curso foi anunciado publicamente por um mercenário brasileiro, Guilherme “Raptor”, que se apresenta como veterano da guerra na Ucrânia e atual integrante da Phantom Black Company. Mais grave: já divulgou outro treinamento semelhante, programado para setembro em Curitiba (PR).

A questão central não é apenas o envolvimento de brasileiros como mercenários em guerras estrangeiras. O que choca é a aparente permissão — ainda que tácita — do próprio Exército para que tais agentes, ligados a um serviço de inteligência estrangeiro, instruam cadetes em pleno território nacional.

FONTES

PAULO CANNABRAVA
PEPE ESCOBAR
ROBINSON FARINAZO
-YOUTUBE-

NOS PASSOS DE MÃE BERNADETE * Frente Revolucionária dos Trabalhadores/FRT

NOS PASSOS DE MÃE BERNADETE
QUEM É MÃE BERNADETE

"Mãe Bernadete, cujo nome completo era Maria Bernadete Pacífico, foi uma líder quilombola e religiosa brasileira assassinada em agosto de 2023. Ela era conhecida por sua luta em defesa dos direitos humanos e pela titulação dos territórios quilombolas. Mãe Bernadete era coordenadora da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) e liderava a comunidade Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, na Bahia.

*Principais pontos sobre Mãe Bernadete:*

- *Liderança quilombola*: Mãe Bernadete era uma figura respeitada em sua comunidade e lutava pelos direitos dos quilombolas.

- *Assassinato*: Ela foi assassinada com 12 tiros em sua residência, no quilombo Pitanga dos Palmares.

- *Denúncias*: Mãe Bernadete havia feito denúncias sobre ameaças e perseguições antes de sua morte, relacionadas à disputa pela terra e à demora na titulação do território quilombola.

- *Importância*: Sua morte teve grande repercussão e foi vista como um ataque à luta quilombola e aos direitos humanos.

SIGNIFICÂNCIA DE MÃE BERNADETE

A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, participou de uma homenagem à líder quilombola Mãe Bernadete, assassinada há dois anos em Simões Filho, Bahia. A cerimônia reuniu familiares, comunidade quilombola, autoridades e movimentos sociais para reafirmar o legado de resistência e a exigência de justiça.

*Legado de Mãe Bernadete*

- *Defesa do território*: Mãe Bernadete foi uma defensora dos direitos quilombolas e lutou pela titulação de terras para sua comunidade.

- *Educação*: Ela também foi uma educadora que valorizava a educação como forma de resistência e construção de futuro para sua comunidade.

- *Resistência*: Seu legado inspira a resistência quilombola e a luta por democracia e direitos humanos.

*Compromisso do Governo*

- *Apoio às comunidades quilombolas*: A ministra Macaé Evaristo reafirmou o compromisso do governo federal em apoiar as comunidades quilombolas e proteger seus direitos.
- *Titulação de terras*: O governo tem trabalhado para regularizar as terras quilombolas e garantir os direitos dessas comunidades.

- *Proteção aos defensores de direitos humanos*: A ministra também destacou a importância de proteger os defensores de direitos humanos que trabalham em prol das comunidades quilombolas.

A homenagem a Mãe Bernadete foi um momento importante para reafirmar o compromisso com a democracia e os direitos humanos, além de celebrar o legado de uma líder quilombola que inspirou muitas pessoas com sua luta."

Hoje, Mãe Bernadete é símbolo de luta para todos os ativistas sociais, inclusive do Movimento de Moradia, no qual ela foi homenageada com um projeto, o PROJETO MÃE BERNADETE PACÍFICO, localizado no centro da cidade do Rio de Janeiro, Rua da Constituição, 36/38.
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segunda-feira, 11 de agosto de 2025

A LUTA NÃO É POR POLÍTICO. É PELO BRASIL! * Meire Vieira/BA

A LUTA NÃO É POR POLÍTICO. É PELO BRASIL!
Ué, vocês acham mesmo que a gente, da esquerda, da militância raiz, está aqui pra brincar? Militância verdadeira não é aquela que se esconde atrás de cargos, nem aquela que espera as benesses caírem no colo. Militância de verdade é feita com coragem, com garra, com a cara no sol e o coração no povo!

Nós não estamos calados diante da desgraça que essa extrema-direita quer impor ao nosso país. Enquanto muitos fingem que não veem, nós estamos nas ruas, nas redes, nas casas, compartilhando a verdade, levando esperança e resistência ao povo brasileiro.

Nós não lutamos por cargo, por político, por favorzinho. Lutamos porque este país é nosso! Porque esses senhores engravatados lá no Congresso são pagos com o nosso suor, com os nossos impostos. E o que fazem? Baderna, mentira, golpe! E ainda têm a cara de pau de dizer que isso é democracia?

Acordem! Militante que se cala diante da injustiça é cúmplice! Chega de esquerda envergonhada! Queremos uma militância viva, valente, que defenda o Brasil, o povo, a democracia e a verdade!

Porque, no fim, a nossa luta é por cada trabalhador, por cada mãe, por cada criança, por cada brasileiro que merece dignidade!

domingo, 10 de agosto de 2025

Bozofascismo: quando a crença supera a análise * Arnaldo Chioquetta/RS

Bozofascismo: quando a crença supera a análise

Nos últimos anos, surgiu um fenômeno político que muitos chamam de bozofascismo. Diferente do fascismo “clássico”, que frequentemente se apoia em ideias de superioridade genética ou étnica, o bozofascismo não precisa de um marcador físico ou de origem para unir seus seguidores. O que o sustenta é um alinhamento de pensamento e crença.

União pela narrativa

Nesse movimento, o que une as pessoas não é o sangue, mas a visão de mundo. Há um conjunto de ideias-chave que funciona como cola ideológica: a convicção de que a esquerda é hipócrita — alguém que se diz preocupada com o povo, mas busca apenas benefícios próprios — e o apelo ao tripé “Deus, Pátria e Família”.
O discurso moral também ocupa lugar central: a esquerda é retratada como imoral, e quem se considera detentor de moralidade seria naturalmente empurrado para a direita.

Socialismo, comunismo e a “grande ameaça”

Para o bozofascismo, não há diferença real entre socialismo e comunismo. Ambos são vistos como um mesmo inimigo, com a suposta meta de instaurar um regime comunista no país. A ideia de que a esquerda luta por justiça social é descartada como pura hipocrisia.

Circula, ainda, uma narrativa segundo a qual a esquerda se sustentaria pela pobreza: criaria e manteria pobres para lhes oferecer uma esperança e, assim, garantir votos.

A visão sobre os esquerdistas

Para o bozofascista, quem se identifica com a esquerda é, em essência, uma pessoa sem sucesso na vida, movida por inveja de quem possui bens ou prosperidade. O discurso por justiça social, nessa lógica, não passa de ciúmes travestidos de preocupação coletiva — mais um elemento de sua suposta hipocrisia.

O papel da religião e da moral

Na base do bozofascismo, muitas vezes, está uma prática religiosa combinada com afirmações morais. Essa mistura cria um terreno fértil para o controle e a mobilização das pessoas, que passam a enxergar o alinhamento político como extensão da fé.

Aliança com a cultura americana

Outro elemento marcante é a afinidade com valores e símbolos da cultura americana. Há um senso de prepotência, a crença de serem mais inteligentes e esclarecidos que o restante da população. Essa identificação leva a uma natural aliança de opiniões com os EUA, mesmo que isso signifique adotar posturas contrárias aos interesses do próprio país. Para eles, esse é um preço aceitável a pagar pela causa.

Sinais, símbolos e rede interna

Quando o grupo está formado, a coesão se reforça por meio de identificações visuais — um botão com a imagem do Bolsonaro, uma frase colada no carro, ou outros sinais que funcionam como códigos silenciosos. Reconhecer um desses símbolos dispensa palavras: a partir dali, já se sabe que se está entre aliados.
Essa identificação visual também serve para excluir: a simples presença de um símbolo associado a opositores pode significar a eliminação imediata de uma oportunidade, como uma vaga de emprego.

Dentro da rede, há um favorecimento mútuo. Os membros buscam se manter em posições de liderança e garantir que outros do mesmo grupo também ascendam, em uma prática comparada à lógica de sociedades fechadas como a maçonaria.

O líder puro e intocável

No centro de tudo está a figura de Bolsonaro. A crença em sua honestidade é absoluta, impermeável a provas, alegações ou investigações. Qualquer crítica é vista como tentativa maliciosa de destruir sua imagem. Essa devoção nasce, em grande parte, do desejo de ter um “líder puro” — alguém visto como incorruptível e, muitas vezes, colocado num pedestal quase religioso.

Fake news como combustível

Outro traço marcante é a forma como fakes são consumidos e compartilhados. Não há pesquisa ou verificação: se a informação parece se encaixar nas convicções do grupo, ela é imediatamente aceita e divulgada. A vontade de que aquilo seja verdade é tão grande que a possibilidade de ser falso é descartada de imediato.

Imunidade contra argumentos

O bozofascista é praticamente “vacinado” contra explicações convincentes vindas de opositores. Não importa a lógica, as provas ou a clareza da argumentação — qualquer coisa dita por quem não está alinhado é considerada mentira, parte de um plano para enganar.

Polarização absoluta

Essa postura leva a uma divisão rígida: qualquer pessoa que critique Bolsonaro, mesmo que seja da própria direita, é automaticamente rotulada como comunista, inimigo ou traidor. Não há espaço para nuances ou para discordância dentro do próprio campo ideológico.

Um fenômeno provocado

O bozofascismo não é um fenômeno espontâneo. Ele é, em grande parte, resultado de uma estratégia de colonização cultural e política conduzida pelos Estados Unidos, que historicamente tratam a América Latina como seu “quintal”.

Nos anos 90, essa influência ganhou força com a chegada massiva de igrejas pentecostais vindas dos EUA, sob o pretexto de fins filantrópicos e ajuda ao povo. Na prática, tratava-se de um passo inicial para criar uma base social e religiosa alinhada aos interesses norte-americanos, facilitando a penetração de valores, ideologias e narrativas que mais tarde moldariam o próprio bozofascismo.

Um propósito ativo

O bozofascismo não é apenas uma crença passiva. Seus adeptos mantêm um firme propósito de “ajudar na causa”, seja através de discursos, mobilizações ou da simples repetição das narrativas centrais. A lealdade ao grupo e ao líder é tratada como missão pessoal.

Um pacto emocional

O bozofascismo é, no fundo, um movimento de crença coletiva, onde símbolos, moralidade, religiosidade, afinidades culturais e influências externas se entrelaçam para formar um bloco sólido, disposto a se proteger e a defender seu líder incondicionalmente. Mais que política, ele funciona como um pacto emocional que sobrevive à realidade e se alimenta da própria devoção.

A Última Cartada do Bolsonarismo * Reynaldo Aragon

A Última Cartada do Bolsonarismo
Reynaldo Aragon

Eduardo Bolsonaro aposta na radicalização internacional para sabotar o Brasil soberano que desafia Trump, as Big Techs e o império digital. Mas a tarifa de Trump não é pelo clã — é contra a autonomia brasileira.

O pretexto e o alvo real.

Não é por Bolsonaro. Nunca foi. A tarifa de 50% imposta por Donald Trump sobre todas as importações brasileiras não é um gesto de solidariedade pessoal nem de lealdade ideológica. É um ataque estratégico. É o movimento inaugural de uma nova etapa da guerra híbrida declarada contra o Brasil, que tem como verdadeiro objetivo impedir a consolidação de um projeto nacional soberano em pleno século XXI.

A narrativa de retaliação pela “perseguição” ao ex-presidente e seus filhos é apenas a camada superficial do conflito. Serve para mobilizar a base radicalizada da extrema-direita, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, mas não explica a profundidade geopolítica e econômica da ofensiva. A real motivação dessa escalada é outra — e bem mais estrutural: a crescente autonomia do Brasil na cena internacional, seu protagonismo no BRICS, sua aproximação com a China e o Sul Global, e a decisão política de avançar na regulação das plataformas digitais, desafiando o poder concentrado das Big Techs norte-americanas.

A eleição de Lula e a postura externa de seu governo — altiva, multilateral, e voltada para a reconstrução de alianças do hemisfério sul — ativaram os alarmes em Washington e no Vale do Silício. A retomada de uma política externa soberana e de políticas de enfrentamento à desinformação, à captura algorítmica e ao abuso das plataformas digitais representam, juntas, uma ameaça sistêmica à hegemonia norte-americana no campo econômico, cultural e informacional.

A resposta de Trump, embora apresentada como defesa da liberdade de expressão ou da “injustiça” cometida contra Bolsonaro, na verdade, é parte de uma engenharia de contenção. Uma forma de conter, pelo colapso tarifário e pelo caos simbólico, o avanço de um Brasil que ousa querer ser mais do que mercado: que quer ser ator, e não apenas território ocupado. O nome disso é guerra — uma guerra em que o bolsonarismo serve como cortina de fumaça e instrumento de desgaste, mas já não é protagonista da história.

A engrenagem da guerra híbrida: EUA, Big Techs e domínio digital.

A aliança entre o governo dos Estados Unidos e as Big Techs forma o núcleo duro do novo imperialismo — um imperialismo de dados, de plataformas e de controle cognitivo. O que está em curso no Brasil, portanto, não é apenas uma disputa comercial, mas uma operação articulada para reverter avanços que ameaçam esse poder.

A recente decisão do Supremo Tribunal Federal de responsabilizar plataformas pelos conteúdos que divulgam e se recusam a moderar foi interpretada, em Washington e na Califórnia, como uma ruptura intolerável. O Brasil tornou-se o primeiro grande país do Ocidente a declarar que o espaço digital não é uma terra sem lei. A regulação, mesmo em estágio inicial, foi suficiente para acionar mecanismos de retaliação. Da mesma forma como o petróleo foi o estopim de guerras convencionais, a moderação de conteúdo e a responsabilização de plataformas se tornaram gatilhos para sanções econômicas e chantagem política.

Trump, ao alinhar sua retórica à defesa irrestrita das Big Techs, não apenas reafirma sua subordinação aos interesses do Vale do Silício como também instrumentaliza o caso brasileiro para enviar um recado global: qualquer nação que desafiar a supremacia digital norte-americana será punida. Não por meio de mísseis, mas por meio de tarifas, manipulação de mercados, desestabilização institucional e campanhas de desinformação internacional.

Esse processo é parte do que muitos já chamam de complexo civil-militar informacional — um aparato que funde a lógica de guerra do Pentágono com a arquitetura de dados das empresas privadas. As plataformas, longe de serem neutras, são agentes ativos na disputa por hegemonia. Elas moldam comportamentos, modulam afetos e operam como braços de um sistema de dominação silenciosa, mas eficaz. Quando o Brasil ameaça reverter essa lógica, torna-se alvo.

O governo Lula, ao insistir na regulação democrática do ambiente digital, tocou numa das feridas mais sensíveis do capitalismo contemporâneo. Não se trata apenas de legislar sobre fake news. Trata-se de afirmar que a soberania informacional é um direito do povo e uma condição para a existência de qualquer projeto nacional de longo prazo. O tarifaço, nesse contexto, deve ser lido como um ato de guerra: um sinal de que a autonomia digital passou a ser tratada como insurreição geopolítica.

O bolsonarismo como instrumento esgotado.

Durante quatro anos, o bolsonarismo foi o agente ideal para a execução da agenda imperial no Brasil. Entregou tudo o que lhe foi pedido: desmonte de políticas públicas, destruição da soberania ambiental, militarização do governo civil, privatizações de infraestrutura estratégica, paralisação de mecanismos de integração regional e — o mais importante — uma relação de completa subserviência à lógica das plataformas digitais e ao eixo geopolítico Washington-Silicon Valley.

Mas agora, fora do poder, essa aliança entra em crise. O bolsonarismo já não controla ministérios, nem embaixadas, nem orçamento. Não tem como romper com o BRICS, nem vetar a regulação da internet, nem entregar ativos nacionais. O que resta é sua utilidade residual: servir de massa de manobra, de gatilho narrativo, de bucha de canhão. Os filhos de Bolsonaro e seus aliados sabem disso. Eles não são mais os operadores da máquina — são apenas os provocadores que ainda têm algum valor simbólico enquanto conseguirem gerar instabilidade.

A reação histérica de Eduardo Bolsonaro — criticando o Itamaraty, ameaçando não voltar ao Brasil, apelando por sanções internacionais contra juízes brasileiros — não é apenas desespero. É cálculo. Ele sabe que Trump não vai salvar sua família. Mas aposta que, ao dobrar a aposta na radicalização, poderá criar um ambiente suficientemente caótico para interferir nas eleições de 2026. O exílio voluntário é transformado em narrativa messiânica. O golpismo fracassado vira martírio estratégico.

Esse movimento, porém, carrega uma contradição central: os EUA — e as Big Techs — não precisam mais do bolsonarismo para operarem seus interesses. O que eles querem é o enfraquecimento do governo Lula, seja com Eduardo, com Tarcísio, com o Centrão ou com um avatar novo. O bolsonarismo, nesse arranjo, tornou-se um problema tático. Ele é instável, ruidoso, exposto. A tática agora é usá-lo para romper o tecido institucional brasileiro e, quando não for mais funcional, abandoná-lo à própria sorte — como fizeram com tantos “aliados descartáveis” na história da geopolítica imperial.

O problema, para o Brasil, é que enquanto esse resíduo tóxico da extrema-direita continuar operando como força de sabotagem interna, a instabilidade será permanente. O bolsonarismo não governa, mas impede que o país governe. Não propõe, mas bloqueia. Seu papel hoje não é mais ser governo. É ser vírus.

Eduardo Bolsonaro e a aposta desesperada na escalada internacional.

Eduardo Bolsonaro não é ingênuo. Ele sabe que seu pai não será salvo por Trump. Sabe que a anistia não virá do Congresso e que o Supremo não recuará. Sabe que os Estados Unidos não moverão uma única engrenagem de seu complexo militar-jurídico-informacional por lealdade pessoal à família Bolsonaro. Mas mesmo diante desse diagnóstico, Eduardo dobra a aposta. E o faz não por convicção, mas por desespero estratégico.

Ao abandonar o Brasil e instalar-se no exterior como suposto “refugiado político”, Eduardo assume um novo papel: o de operador internacional de guerra cultural e sabotagem diplomática. Sua atuação passa a ser simbólica e estratégica — ele se converte em instrumento para acionar forças externas contra a institucionalidade brasileira. É isso que explica suas declarações recentes: o pedido para que Trump sancione juízes do STF, a ameaça de renunciar ao mandato, os ataques ao Itamaraty e até ao governador Tarcísio de Freitas. Eduardo não está apenas se defendendo — está tentando incendiar o cenário institucional brasileiro a partir de fora.

Essa estratégia carrega a lógica clássica da guerra híbrida: deslegitimar as instituições por dentro e por fora, forçar reações desproporcionais, desestabilizar alianças diplomáticas e apresentar o Brasil como uma “ditadura disfarçada” que precisa ser corrigida pelos “verdadeiros defensores da liberdade”. É a cartilha de Steve Bannon adaptada às condições de um país que ousou dizer não ao império.

Mas o que Eduardo ignora — ou finge ignorar — é que ele não é mais um protagonista necessário. O trumpismo tem outras prioridades. As Big Techs também. E se em algum momento ele for considerado um peso, será descartado com a mesma frieza com que o Departamento de Estado abandonou tantos outros agentes provocadores mundo afora. O exílio simbólico pode se transformar em exílio real. E a cruzada que hoje lhe rende manchetes poderá, em breve, render silêncio — ou prisão, se decidir voltar ao Brasil.

O cálculo de Eduardo é claro: ele não quer vencer dentro das regras. Ele quer destruir o tabuleiro. E sua aposta é que Trump o ajudará nisso — não por lealdade, mas porque a destruição do Brasil como projeto soberano interessa ao capital que Trump representa. A questão é: até onde Eduardo está disposto a ir para provocar essa ruptura? E o que ele arrasta junto consigo?

O empresariado brasileiro: rachaduras na base da direita.

Se Eduardo Bolsonaro joga no caos, o empresariado brasileiro joga no cálculo. E a conta, para quem tem investimentos, cadeia de produção e folha de pagamento, não fecha. A radicalização da extrema-direita, longe de representar estabilidade ou previsibilidade, virou um risco de negócio — um risco político, jurídico, diplomático e agora comercial. A tarifa de Trump acendeu o sinal vermelho nos gabinetes da FIESP, da CNI e dos fundos de investimento: apoiar aventureiros digitais pode sair caro.

A reação do setor produtivo não tem sido ruidosa, mas é visível. Empresários que até pouco tempo toleravam o bolsonarismo como um “mal necessário” para conter a esquerda já não escondem o incômodo. O tarifaço imposto por Trump, supostamente para “defender” Bolsonaro, prejudica exportações, encarece insumos e ameaça empregos. Mais do que isso: torna o Brasil um país imprevisível para o comércio internacional — e a instabilidade, como todo capitalista sabe, é o pior dos ambientes para o lucro.

Essa cisão explica o silêncio de boa parte da elite econômica diante das bravatas de Eduardo. Ninguém do setor financeiro, industrial ou do agronegócio de médio porte saiu em defesa da família Bolsonaro. Pelo contrário, há um movimento gradual de realinhamento com figuras como Tarcísio de Freitas, que encarnam o mesmo projeto de subordinação ao capital internacional, mas com uma estética mais polida, mais tecnocrática, mais vendável. Tarcísio fala inglês, usa terno sim e não pede golpe em live de domingo — e isso basta para parte da elite econômica que quer seguir entregando o país, mas sem ruído.

No entanto, essa aposta também carrega riscos. Tarcísio representa uma continuidade da lógica de submissão, da entrega, da alienação do que resta do Estado brasileiro. Seu projeto, embora mais silencioso, é igualmente hostil à soberania. Ele não repele o bolsonarismo: apenas o encapsula numa embalagem aceitável. É a ultradireita de gravata, o golpismo por dentro da norma, a captura neoliberal disfarçada de eficiência.

O empresariado brasileiro, nesse jogo, está dividido entre dois erros: a instabilidade alucinada dos Bolsonaro e a tecnocracia colonizada dos “liberais racionais”. Nenhum dos dois projetos serve ao país. Ambos respondem, em última instância, ao mesmo centro de comando: o capital estrangeiro, suas corporações e seus algoritmos.

BRICS, Sul Global e soberania digital: o que realmente está em jogo.

O tarifaço de Trump é o pavio visível; o barril de pólvora, porém, está nas transformações que o Brasil passou a liderar no eixo Sul Global. Desde que assumiu a presidência do BRICS em 2025, Brasília deu ao bloco um rumo claro: cooperação financeira em moedas locais, integração industrial entre América do Sul, África e Ásia e uma agenda de governança global centrada na redistribuição de poder hoje concentrado no FMI e no Conselho de Segurança da ONU. A Declaração do Rio de Janeiro, aprovada há poucos dias, coloca em texto corrido o que Washington sempre temeu: “fortalecer mecanismos de financiamento que reduzam a dependência do dólar” e “promover padrões regulatórios comuns para a economia digital”

É contra esse enunciado que a Casa Branca Dispara tarifas.

Trump reage porque os números já contam a história. Em 2003, os EUA absorviam quase um quarto das exportações brasileiras; hoje recebem 12%, enquanto a China saltou para 28%.

Cada ponto percentual que o Brasil desloca para o mercado asiático é uma fissura na arquitetura unipolar que sustenta o poder norte-americano. E não se trata apenas de soja ou minério: falamos de semicondutores produzidos em parceria com a Índia, cabos de dados submarinos conectando Fortaleza a Luanda, satélites geoestacionários cofinanciados pelo Novo Banco de Desenvolvimento. A tarifa, nesse jogo, não busca proteger empregos em Ohio; ela tenta conter a geometria de um mundo em que o Atlântico deixa de ser o meridiano definitivo do comércio e da cultura.

No plano doméstico, Lula apoiou outro movimento que irrita Silicon Valley: a responsabilização legal das plataformas digitais. Em 26 de junho, o Supremo Tribunal Federal declarou parcialmente inconstitucional o artigo 19 do Marco Civil da Internet, exigindo pronta remoção de conteúdos ilícitos e estabelecendo dever de cuidado algorítmico

A decisão converte o Brasil em laboratório jurídico para qualquer país que pretenda quebrar a imunidade das Big Techs. Se a sentença se consolidar, cria-se jurisprudência capaz de atravessar oceanos. A tarifa, portanto, é mensagem cifrada: “regulem e pagarão”.

A convergência de soberania econômica (BRICS) e soberania informacional (regulação das plataformas) compõe o coração estratégico do conflito. Ao articular-se com Pequim, Joanesburgo e New Delhi para monetizar comércio em moedas locais, o Brasil desafia o privilégio exorbitante do dólar. Ao impor barreiras jurídicas ao poder algorítmico, desafia a renda de monopólio dos conglomerados digitais que sustentam a máquina de inteligência dos EUA. Essa dupla audácia altera o centro de gravidade do sistema-mundo: já não basta controlar portos e minas — é preciso submeter cabos de fibra e leis de dados.

Trump, estrategista do choque, escolheu a arma tarifária porque é rápida, concentrada e fácil de vender a um eleitorado protegido por slogans nacionalistas. Mas o alvo real não está nos contêineres que deixam Santos; está no cabo óptico que liga Santos a Xiamen, nos pilotos de IA que rodam em nuvem brasileira sem intermediação da Califórnia, no estatuto jurídico que pode obrigar o Facebook a contratar moderadores em Recife ao invés de automatizar censura em Boston.

Por isso o conflito de 2025 é qualitativamente distinto das guerras tarifárias dos séculos passados. É disputa sobre quem define as regras do tráfego de bits, sobre quem captura excedentes cognitivos, sobre quem registra a contabilidade em qual moeda. E, nesse xadrez, o Brasil tornou-se, num mesmo lance, peça-chave e peça-alvo: se conseguir manter a rota BRICS e consolidar a regulação digital, abre precedente para todo o Sul Global; se recuar, reforça a tese de que nenhuma potência periférica pode ousar reformar o sistema sem sofrer retaliação exemplar.

Cenários até 2026: o confronto inevitável entre soberania e submissão.

Até outubro de 2026, o Brasil enfrentará uma encruzilhada histórica. O que está em jogo não é apenas a reeleição de um presidente ou a sobrevivência política de um grupo extremista. Está em jogo a possibilidade — talvez a última em décadas — de consolidar um projeto de país soberano em meio a uma ofensiva global coordenada que combina guerra comercial, sabotagem informacional e chantagem diplomática.

A máquina de guerra híbrida já está em operação. A tarifa de 50% imposta por Trump é apenas o início. Fontes próximas ao Departamento de Comércio dos EUA falam em ativar a seção 301 para iniciar investigações formais contra o Brasil por “restrições à liberdade de expressão e ao livre mercado digital” — linguagem fabricada sob medida para proteger os interesses das Big Techs. A Meta, o Google, a Amazon e o X, cada uma à sua maneira, vêm pressionando parlamentares brasileiros, ameaçando suspender serviços, alegando insegurança jurídica, enquanto injetam recursos em campanhas de desinformação e manipulação do debate público.

Nesse ambiente, o bolsonarismo seguirá operando como força de sabotagem. Sem poder institucional, funcionará como milícia digital, como rede paralela de influência e como elo informal entre os interesses do trumpismo, da extrema-direita europeia e dos grupos que operam nas sombras do capital financeiro e tecnológico. Não se trata de disputar eleições para vencer — trata-se de inviabilizar o processo eleitoral, esgarçar a credibilidade das instituições, plantar a dúvida, esticar a corda.

A aposta de Eduardo Bolsonaro é clara: transformar 2026 em um plebiscito entre “a ditadura do STF” e “a liberdade”, entre “o comunismo do BRICS” e “o Ocidente cristão”, entre “a censura petista” e “a verdade do povo”. Trata-se de um roteiro pronto para ser executado em plataformas controladas por interesses estrangeiros, operado com inteligência artificial generativa, redes de bots, influenciadores pagos e o apoio silencioso — mas ativo — de think tanks, fundações e setores do próprio empresariado internacional.

Mas essa narrativa não encontrará terreno fértil com a mesma facilidade de 2018. O cenário mudou. A pandemia desnudou o custo da irresponsabilidade. O 8 de janeiro revelou os limites do golpismo. E o tarifaço de Trump expôs a fratura entre os interesses do povo brasileiro e os da extrema-direita internacional. O empresariado está dividido. O eleitorado está mais desconfiado. E o campo democrático aprendeu a reconhecer que as eleições já não são apenas disputa de votos — são guerra de percepção.

Do lado do governo, o desafio é enorme: manter a estabilidade institucional, ampliar a frente de defesa da soberania, comunicar com clareza o que está em jogo e resistir à tentação de responder no mesmo tom da provocação. Lula sabe que não basta vencer. É preciso vencer com legitimidade inquestionável, com mobilização popular, com articulação internacional — e com um novo pacto nacional que não inclua golpistas nem neoliberais envernizados.

Se o Brasil resistir até 2026, terá vencido não apenas uma eleição, mas uma guerra. Uma guerra contra o projeto de recolonização digital e financeira, contra a tentativa de transformar o país numa filial algorítmica da política externa norte-americana. E essa vitória — se acontecer — não será de Lula apenas, mas do povo brasileiro e de todas as nações que ousam desafiar a ordem imperial.

A hora de nomear a guerra e decidir o lado da História.

A tarifa de Trump não é sobre Bolsonaro. É sobre o Brasil. É sobre impedir que um país do Sul Global alcance maturidade geopolítica, autonomia digital e protagonismo internacional fora da órbita imperial. Bolsonaro é apenas o biombo — uma figura útil enquanto servia para desmontar o Estado por dentro, hoje reciclada como peça de agitação simbólica na guerra informacional travada contra a soberania.

Estamos diante de uma operação coordenada que articula governo dos Estados Unidos, Big Techs e setores do capital financeiro internacional para reverter um ciclo que ameaça escapar do controle do centro. O Brasil do BRICS, da regulação digital, das parcerias sul-sul, da desdolarização e da reconstrução do Estado não pode ser permitido. Não porque seja radical — mas porque é exemplo.

Nesse contexto, o bolsonarismo é o vírus e o vetor, mas não é o cérebro. É o agente do caos, mas não o autor da ofensiva. Eduardo sabe disso. Por isso radicaliza. Por isso se exila. Porque o que está em disputa não é mais o destino de sua família, mas o futuro da própria arquitetura de poder que sua família serviu. E se ele tiver que incendiar o país para voltar ao jogo, ele o fará.

Do outro lado, o Brasil tem uma chance histórica. Mas não pode errar a leitura. O que se desenha até 2026 não é apenas uma eleição. É um campo de batalha entre dois projetos antagônicos: soberania ou submissão. Multipolaridade ou dependência. Civilização ou colônia digital.

É preciso nomear a guerra. E é preciso decidir, sem ambiguidade, de que lado da História o Brasil quer estar. Não haverá mais neutralidade possível. A guerra já começou — e ela não é pelo Bolsonaro. Ela é contra o Brasil.


Reynaldo Aragon é jornalista especializado em geopolítica da informação e da tecnologia, com foco nas relações entre tecnologia, cognição e comportamento. É pesquisador do Núcleo de Estudos Estratégicos em Comunicação, Cognição e Computação (NEECCC – INCT DSI) e integra o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Disputas e Soberania Informacional (INCT DSI), onde investiga os impactos da tecnopolítica sobre os processos cognitivos e as dinâmicas sociais no Sul Global.