quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Revolucionários em cordel * Cynara Menezes

REVOLUCIONÁRIOS EM CORDEL

CYNARA MENEZES


checordel1

Mário Téran, um sargento
Pra o ato se ofereceu
Félix Rodriguez da CIA
Mais uma ordem lhe deu
E explicou o porquê:
O alvo é o tórax, pra que
Pensem que em luta morreu.

No dia nove de outubro
Do ano sessenta e sete
À uma hora da tarde
Triste fato se repete
Che Guevara assassinado
Seu nome imortalizado
E a notícia era manchete.

A tradição da literatura de cordel remonta ao século 15. Foi trazida ao Brasil pelos portugueses e, no Nordeste, acabou virando a mais autêntica forma de literatura sertaneja, com suas capas impressas em xilogravura. À venda nas feiras, nos livrinhos de cordel se encontram praticamente todos os personagens da história do Brasil e do mundo.

Em Vitória da Conquista (BA), achei estes exemplares que contam a vida de alguns revolucionários famosos. Quero compartilhar com vocês imagens e versos desta arte que é a cara do Brasil. Leiam com viola aos ouvidos…

***

zapatacordel

Zapata inda era um menino
Quando um fato aconteceu.
Ele viu o pai chorando
Pelas terras que perdeu.
Então aquela criança
Comovida prometeu:

–Papai eu juro ao senhor
Quando crescer vou lutar.
Vou defender nossa terra,
Nossa casa, nosso lar.
As palavras que o menino
Disse, o homem soube honrar.

***

olgacordel

A denúncia de Miranda
Secretário do partido
Deixava Getúlio Vargas
Desde então mais decidido
Mostrar que era ruim
Mandou Olga pra Berlim
Sem nem Hitler ter pedido.

A ação de Getúlio Vargas
Foi uma barbaridade
Pois entregou Olga ao Reich
Sem nenhuma piedade
Por “Pai dos Pobres” tratado
Mas merece ser chamado
Malfeitor da humanidade.

***

zumbicordel

Quando Jácome atacou
Naquela segunda vez
Um guerreiro inda menino
Imensa proeza fez:
Destroçou a expedição
Com coragem e altivez.

O menino era Zumbi
Com seus dezessete anos,
Por ser muito inteligente
Sabia traçar seus planos
Para assim se defender
Dos massacres desumanos.

***

chicomendes1

Na cidade Xapuri
O seu berço natural
No ano de oitenta e oito
Antevéspera de Natal
O vinte e dois de dezembro
Foi o seu dia final.

Um pistoleiro maldito
Com sua mão assassina
E tamanha violência
Que o leitor não imagina
Disparou em Chico uma
Rajada de carabina.

Ao lado de esposa e filhos
Tombou sem vida no chão
Como quem dizia adeus
Flora do meu coração
Meu sangue se espalha em ti
Pra total libertação. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

O capitalismo está podre. Todos sabemos disso. Mas ele não cai sozinho