O AJUSTE ULTRALIBERAL EMBURACA O BRASIL E AGRAVA NOSSA CRISE SOCIAL
Por onde se olhe, a conjuntura brasileira apresenta uma deterioração do cenário econômico e social para as massas trabalhadoras. Nas condições estruturais de um capitalismo dependente e subordinado, o ajuste ultraliberal agrava as condições de vida do povo e torna a barbárie e a violência parte natural da vida cotidiana.
A burguesia brasileira associada ao imperialismo não tem do que reclamar. Insensível aos sofrimentos do povo, o governo do Capitão genocida e entreguista segue impassível a agenda de reformas ultraliberais que serve para deixar os ricos cada vez mais ricos. O novo capítulo dessa saga é o assalto ao patrimônio público através das privatizações, que tem como novo alvo a Eletrobrás. O Banco Central, com sua autonomia decretada, já foi capturado pelos parasitas do sistema financeiro. E a privatização completa da Petrobrás, grande “sonho de consumo” da burguesia brasileira e internacional, continua como sua meta mais ambiciosa. O capital requer condições de vida cada vez mais deterioradas para continuar seu processo de acumulação. O lucro das empresas de capital aberto, no primeiro trimestre deste ano, ficou 55% maior do que no mesmo período do ano passado.
A refestelança da burguesia só ocorre à custa da mega-exploração do povo. Segundo dados do IBGE divulgados em maio, a taxa de desemprego no primeiro trimestre deste ano ficou em 11,1%. Quando se analisam os dados por segmentos, as taxas ficam acima da média nacional entre as mulheres (13,7%), entre os negros (13,3%), entre os pardos (12,9%) e entre os jovens de 18 a 24 anos (22,8%). A taxa de subutilização ficou em 23,2%. Essa deterioração do mercado de trabalho se reflete no rendimento real dos trabalhadores, calculado em R$ 2.548,00, valor 8,7% menor em relação ao primeiro trimestre de 2021, quando o valor alcançou R$ 2.789,00. A proporção de trabalhadores que ganham até 1 salário mínimo saltou, de 2012 para 2021, de 33,07% da população ocupada para 36,72%. Essa queda no rendimento real se agrava com a inflação, que deteriora ainda mais o já deteriorado poder de compra dos salários. Só os alimentos, com 13%, e preços administrados como o diesel, com 22,6%, acumulam altas maiores do que a inflação geral.
Com empregos precários, renda deteriorada e políticas públicas capturadas pelos interesses do grande capital, os segmentos mais pobres da classe trabalhadora sofrem com os impactos do ajuste ultraliberal em toda a sua extensão. Um exemplo é o do direito a habitação, que subordinado aos interesses do capital imobiliário, tem expulsado as camadas de baixa renda do proletariado para viver em áreas de risco. Não é, portanto, as fortes chuvas as responsáveis por essas mortes, mas o capitalismo. Neste ano, enchentes e deslizamentos de terra já mataram centenas de pessoas pelo país. Só em Petrópolis foram mais de 230 mortos. Na grande São Paulo morreu 34 pessoas. E agora, em Recife, os deslizamentos de terra já mataram, até o momento em que fechamos essa nota, 90 pessoas.
A política permanente de ajuste ultraliberal, que nada mais é do que uma guerra de classe da burguesia contra o povo, acirra as tendências autoritárias e anti-populares do Estado brasileiro. Açulado pelo governo do Capitão genocida, o aparelho repressivo do Estado atua numa política de considerar o povo como o principal inimigo. O ajuste ultraliberal, para ser aplicado, requer um alto grau de violência do Estado contra o povo. No Rio de Janeiro, em 24 de maio, na comunidade de Vila Cruzeiro, uma ação combinada entre a Polícia Civil do estado e da Polícia Rodoviária Federal, matou 23 pessoas. De acordo com a Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ, existem claros indícios de execução. Dentre os mortos, pelo menos 16 não tinham mandado de prisão emitido. E para encerrar uma semana em que a tônica foi o massacre do nosso povo, em 25 de maio membros da Polícia Rodoviária Federal na cidade de Umbaúba/SE, mataram asfixiado por gás lacrimogêneo, dentro de uma viatura, Genivaldo de Jesus Santos. A cena de terror foi gravada por populares e logo se espalhou por todo o país. Não demorou e logo surgiu um vídeo de instrutor da PRF a ensinar em aula a novos membros essa técnica de tortura.
Com tantas desgraças e violências cometidas pela burguesia e o Estado contra o povo era para o país estar em chamas. Porém, influenciados pelos aparelhos ideológicos estatais e privados, além de décadas de uma política majoritária na esquerda que resumiu a política ao voto, o que assistimos é o povo se resignar e naturalizar essa situação, como se todas as misérias que nos atingem compusessem o nosso cenário cultural. Educado politicamente a se mostrar passivo, restaria ao povo ver o curso dos acontecimentos como inevitável e impossível de mudar.
Cabe a nós, os comunistas, a tarefa hercúlea de mostrar que outro mundo é possível. Que nada é impossível de mudar. E que a mudança de curso do nosso país requer que o povo venha para a luta, rompa com o imobilismo e tome o controle dos destinos do Brasil em suas mãos
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