ALERTA AOS CANSADOS
– Wilson Coêlho
Conforme dizia Bertolt Brecht, “há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis”. A priori, pode parecer um mero axioma, principalmente para os que se recusam a averiguar o que está por detrás dessa afirmação.
Os seres humanos não têm uma natureza que já lhes garante lidar com o mundo da forma como nasceram. Todos os animais falam a mesma língua de sua espécie em qualquer lugar do planeta e assim se comunicam. Os seres humanos não falam se não forem ensinados e, conforme já dito, isso é colocado pela cultura. O macaco, o jacaré e tantos outros animais caminham e se movimentam sem que ninguém lhes ensine. Os seres humanos precisam de alguém que lhes ensine a caminhar, caso contrário, podem até rastejar. São inúmeros os exemplos para demonstrar que não devemos confundir as questões humanas, que não têm uma natureza, e as questões naturais que têm as suas próprias leis. Talvez esteja aí o x da questão. Sendo os seres humanos os mais frágeis de todo o planeta, a natureza os dotou da inteligência para criar os mecanismos da sobrevivência. O pior é que, na impossibilidade de usufruir dessa inteligência para construir o sentido da existência, muitos desses seres humanos preferiram se esconder ou se justificar a partir de sua mais dissimulada criação: a religião.
É muito comum nos
depararmos com pessoas que dizer estarem cansadas de lutar. Essa expressão soa
sempre como estúpida ou de má fé. Socialmente falando, os que se dizem cansados
da luta, na verdade, nunca estiveram de verdade na luta, exceto, em suas
atitudes egóicas, na defesa de seus próprios egos, como parte nuclear de suas
personalidades.
Não como Raul Seixas, em “Eu nasci há dez mil anos atrás”, sobre “um velhinho na calçada com uma cuia de esmola na mão”, lembro de uma história que me foi narrada na adolescência. Dizia de um determinado sujeito que vivia numa encruzilhada e que sempre contava uma história aos transeuntes. Passou um outro e ouviu atentamente sua história, mas – no final – tendo o reconhecido, perguntou:
IMORAL DA HISTÓRIA: O mundo em que vivemos hoje começou a ser construído há pelo menos 8 mil anos. Como é que podemos querer em nossa pouca existência ver os resultados de nossas lutas em tão poucos anos se vivemos no máximo 80 ou 90?
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