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domingo, 3 de abril de 2022

CRITICA E AUTOCRITICA NECESSARIAS * VILEMAR FERREIRA DA COSTA/CE

 CRITICA E AUTOCRITICA NECESSARIAS

VILEMAR FERREIRA DA COSTA/CE


A totalidade da esquerda precisa fazer um balanço autocrítico e disso não sei ao certo se vai acontecer, e o que vai acontecer. Não sou muito otimista.


Uma coisa muito clara é que o PT, quando se tornou um aparelho do Estado, deixou de fazer trabalho de base, de organização popular, abandonou o terreno para a direita e para as igrejas neopentecostais. Ter este entendimento faz parte do balanço crítico.


A esquerda precisa realmente se reinventar, se refundar. Entretanto e sobretudo, o mais urgente é manter a unidade de ação contra os golpistas.


Precisamos dialogar com os libertários que estão muito presentes nos setores da juventude. Sem aceitar tudo o que dizem, é preciso ter clareza de que estão abordando questões muito interessantes. Nas manifestações contra o golpe, por exemplo, estavam todos juntos: movimentos sociais, CUT, Psol, Sem Teto, anarquistas, autonomistas etc. Acho que este é um bom exemplo de como buscarmos esta unidade.


Devemos ter como certeza indubitável que na conjuntura atual não há possibilidade de a oligarquia fazer nenhuma concessão e que já tomou conta do Estado, tratando problema social como caso de polícia. Tenho uma sensação de que estamos voltando para a Velha República, antes de Getúlio Vargas, nos tempos da aliança do boi com o café, mas hoje é o boi com o banco, que representa uma elite retrógrada. Mas isso não impede que haja lutas e mobilizações e quando se cria uma certa relação de forças pode se lutar e impor vitórias parciais. Em uma mobilização dos sem-teto, por exemplo, você por ter gente que acha que ter uma prefeitura de esquerda é melhor, gente que nem está nessa perspectiva mais e gente que pensa que o Estado, por definição, está a serviço da elite. Mas todos podem estar juntos para ocupar um prédio vazio e fazer a luta por moradia. Neste terreno da auto-organização e do enfrentamento, as pessoas podem lutar juntas. As táticas e as teorias podem ser diferentes, mas na prática estão juntas.


“ Só na própria luta é recrutado o exército do proletariado e também, só na luta, as tarefas da luta se tornam claras. Organização, esclarecimento e luta não são aqui momentos separados, mecânica e temporalmente distintos, […] mas são apenas diferentes aspectos mesmo processo. [ROSA LUXEMBURGO inQuestions d’organisation de la social-démocratie russe (1904), p.21. ]


É óbvio, reconhece Rosa Luxemburgo, a classe pode se enganar ao longo desse combate, mas, em última análise, “os erros cometidos por um movimento operário verdadeiramente revolucionário são, do ponto de vista histórico, infinitamente mais fecundos ...’”.  A autoemancipação dos oprimidos implica a autotransformação da classe revolucionária por sua experiência prática.


A  centelha da consciência e da vontade revolucionária acende-se no combate, na ação de massas.


Os acontecimentos revolucionários confirmam amplamente Rosa Luxemburgo em sua convicção de que o processo de tomada de consciência das massas operárias resulta da ação direta e autônoma dos trabalhadores:


“ É pelo proletariado que o absolutismo na Rússia tem de ser derrubado. Mas, para tanto, o proletariado tem necessidade de um alto grau de educação política, de consciência de classe e organização. Não se pode aprender todas essas coisas em brochuras ou em panfletos; tal educação ele a adquirirá na escola política viva, na luta e pela luta, no decorrer da revolução em marcha. [ROSA LUXEMBURO inGrève de masse, parti et syndicats (1906), p.113-4.]


Em um de seus últimos discursos, pronunciado no momento da fundação do Partido Comunista Alemão, Rosa Luxemburgo explicava sua concepção da tomada de poder: contrariamente às revoluções burguesas que se limitam a destituir o poder oficial e a substituí-lo por alguns homens novos, a revolução proletária deve “agir na base”: “Devemos conquistar o poder político não por cima, mas por baixo”.[ ROSA LUXEMBURGO in Notre programme et la situation politique (1918-9), p.128]


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