terça-feira, 18 de maio de 2021

A crise do capital e a ofensiva fascista * Everton Barboza/RS

A CRISE DO CAPITAL E A OFENSIVA FASCISTA

Everton Barboza / RS

“Não existe espaço vazio na luta de classes”. 

Faz algum tempo que viemos resgatando esta frase e não é por acaso! A crise sistêmica do capital avança a passos largos, acirrando as contradições sociais e gerando conflitos e confrontos tanto internos quanto externos. As contradições entre as classes são expostas de forma cada vez mais aberta e clara: agudizam-se no mundo todo. O que antes era “facilmente” escamoteado pela burguesia agora torna-se algo cada vez mais difícil, partindo em direção ao impossível. Embora ainda não sejam poucos os que defendem ilusões como “todos juntos para sair da crise, mais fortes e melhores”, os ataques aos direitos do proletariado e os genocídios impostos a esta classe (tanto o pandêmico, quanto o proporcionado diretamente pelas armas) não cessam. Vemos, junto a isso, o aumento da fome, da miséria e da exploração, fatores que acabam deixando evidente que não é possível um projeto para toda a população em uma sociedade dividida em classes.

Neste sentido, as burguesias organizam-se no mundo todo. Visam não enfraquecer diante da crise, mas não só isso: buscam seu fortalecimento, para que assim possam aumentar seu poder e garantir e perpetuar o controle em diferentes ramos da produção. Na obra “O Capital”, Marx já havia explicado que os capitalistas buscam o monopólio como forma de escapar da crise. Daí um dos motivos do acirramento dos conflitos bélicos entre as potências em momentos de crises. Hoje não tem sido diferente. Acirram-se os ânimos na Síria, na Ucrânia, nas ofensivas contra a Venezuela, contra o povo palestino, entre outros – sem falar entre as ameaças que envolvem diretamente as grandes potências: EUA, China e Rússia.

Lênin, no “Imperialismo: fase superior do capitalismo”, demonstra que o monopólio, conquistado e fortalecido por setores da burguesia em momentos de crise, não cumpre o papel de superação da crise do sistema, mas pelo contrário, a acentua. Assim, gera maior acumulação e concentração do capital e também, como consequências, mais desigualdades, mais dificuldades para as massas proletárias, mais fome, mais miséria…

O marxismo nos ensina também que toda revolução nasce de uma crise, mas que nem toda crise tem como consequência uma revolução. E esta é a principal reflexão que propomos aqui neste texto.

É inegável a crise sistêmica do capitalismo nos dias de hoje. Assim como são inegáveis também as contradições que se consolidam cada vez mais entre as diferentes burguesias nacionais, aumentando os riscos de conflitos bélicos mundiais, além de aprofundar aqueles que já estão ocorrendo. Também é destacável o fortalecimento de setores da burguesia que, em meio à crise, aumentam sua concentração de capital, seu controle sobre diferentes ramos da produção, seus objetivos monopolistas.

Por outro lado, o sofrimento proletário se aprofunda, crescem diariamente as fileiras desta classe, com setores da pequena burguesia sendo empurrados paulatinamente para ela, através das reformas neoliberais, do desemprego e da concentração do capital. Negar que se cria uma situação revolucionária diante do quadro atual é, sem dúvida alguma, negar o marxismo.

Mas, como afirmamos anteriormente, nem toda crise tem como consequência uma revolução. Mediante vacilos, sejam eles oriundos dos movimentos sociais ou dos partidos de esquerda, a revolução ainda parece estar fora da pauta do proletariado – pelo menos no Brasil. É imprescindível que pensemos a respeito! É indispensável que se perceba, do ponto de vista proletário, qual é o papel e a responsabilidade dos partidos de esquerda e dos movimentos sociais como um todo na atual conjuntura. Precisamos destas reflexões transformadas em ações para resistir aos ataques burgueses e garantir que o agravamento da crise sirva para consolidar uma ofensiva proletária e revolucionária.

A conjuntura, como tudo, não é estanque, ela está sempre em movimento. Há, claramente uma ofensiva burguesa no mundo que aniquila tudo que representa um entrave para a maior acumulação de capital em momento de crise, tanto do ponto de vista econômico, quanto do ponto de vista político. Os ataques aos sindicatos, a execução daqueles que se dispõem a lutar, os planos para a derrubada de Maduro e do chavismo na Venezuela, os golpes dados e aprofundados em diversos países, como é o caso do Brasil, são algumas exemplificações que deixam esta constatação evidente.

Mais especificamente no nosso país, percebemos que há um vacilo por parte da esquerda. A esquerda brasileira vacila, quando demonstra letargia para desenvolver e mobilizar uma luta real e de combate, que possibilite ao proletariado uma resistência de verdade, que avance para a tão necessária transformação social. Mas por que este vacilo? Podemos citar alguns fatores: como a crença na institucionalidade, na democracia burguesa e no “bom senso” de alguns setores da burguesia nacional; ou mesmo no “Contrato Social” burguês, na “compreensão sensível” do imperialismo ianque etc.. Ilusões ou mentiras oportunistas motivadas principalmente por lideranças de concepções pequeno-burguesas e por uma aristocracia operária que se formou e consolidou à frente, no geral, deste setor, moldando-o ideologicamente.

Vamos retomar a frase que inicia este texto: “Não existe espaço vazio na luta de classes”. Por quais motivos temos a resgatado tanto? A repetimos para destacar que uma conjuntura de crise pode sim levar a uma revolução, porém, se movida por incompreensões, oportunismos, vacilações e medo de ousar, pode levar a um quadro de fascismo generalizado. O fascismo, que é uma manifestação concreta da burguesia dada a crise objetiva do capital monopolista, dá sinais de ofensividade em todo o planeta. Na França já desponta como uma forte possibilidade eleitoral. Em Mianmar executa um golpe genocida sob olhares perplexos. Na América Latina garantiu a vitória eleitoral de seus representantes no Equador, mira para o Peru e avança com as armas apontadas contra os lutadores da Colômbia. No Brasil vem demonstrando força através de atos de rua, por meio da atuação de milícias e da impunidade “triunfante” mediante seus crimes horrendos.

Enfim, para o fascismo a ordem é avançar sem vacilos, garantido assim, um terreno fértil para que setores monopolistas da burguesia consolidem seus desejos de concentração de capital e de controle cada vez maior de diferentes setores da economia, atropelando como um tanque a tudo e a todos que se dispõem a resistir. Esse avanço é muito mais facilmente viabilizado em um quadro de desorganização de uma luta real e combativa de resistência proletária. “Não existe espaço vazio na luta de classes”, repetimos. Se a esquerda não se organiza, não se dispõe a mobilizar e incentivar o proletariado a ir para as ruas e para o combate contra algo tão sério, a burguesia ocupa este espaço, cumpre com este papel, chamando-o para as ruas. Para isso, se utiliza da indignação das massas com as instituições apodrecidas do capitalismo, com as injustiças sociais, mobilizando-as em favor de seus algozes. Esse é o caminho que tem se concretizado na conjuntura atual.

Aqueles que verdadeiramente querem resistir ao fascismo e que verdadeiramente anseiam pela revolução e pelo socialismo, precisam disputar com afinco este espaço que está sendo ocupado pela burguesia. A rua é nossa! Sempre que não tivemos força para ocupá-la, os retrocessos foram trágicos. Não será diferente agora. O papel dos lutadores é garantir que esta crise gere uma revolução. Eximir-se dessa tarefa em um quadro como esse, é ser conivente com o fascismo e portanto, é sujar as mãos com o sangue proletário, conscientemente ou não.

É preciso organizar as massas proletárias para combater o fascismo nas ruas e transformar o sentimento de classe em si para classe para si! Comemorarmos o “sucesso” de atos online abraçados com a direita não é o caminho para a transformação social, é sim, o caminho que tem pavimentado a ofensiva do fascismo, do neoliberalismo e do sofrimento proletário. Aliás, qualquer caminho que aponte para uma resistência virtual para derrotar o fascismo e então longe das ruas, nada mais é do que uma triste ilusão, ou uma mera e perigosa mentira oportunista.

O antídoto para o fascismo é a luta combativa e massiva nas ruas! Esse é o único caminho que pode fazer a burguesia tremer e realmente colocá-la em xeque.

– A vacina para o Brasil é o Fora Bolsonaro e sua corja!

– Abaixo o fascismo!

– Às ruas!

– Ousar lutar, ousar vencer!Ap

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“Não existe espaço vazio na luta de classes”. Faz algum tempo que viemos resgatando esta frase e não é por acaso! A crise sistêmica do capital avança a passos largos, acirrando as contradições sociais e gerando conflitos e confrontos tanto internos quanto externos. As contradições entre as classes são expostas de forma cada vez mais aberta e clara: agudizam-se no mundo todo. O que antes era “facilmente” escamoteado pela burguesia agora torna-se algo cada vez mais difícil, partindo em direção ao impossível. Embora ainda não sejam poucos os que defendem ilusões como “todos juntos para sair da crise, mais fortes e melhores”, os ataques aos direitos do proletariado e os genocídios impostos a esta classe (tanto o pandêmico, quanto o proporcionado diretamente pelas armas) não cessam. Vemos, junto a isso, o aumento da fome, da miséria e da exploração, fatores que acabam deixando evidente que não é possível um projeto para toda a população em uma sociedade dividida em classes.

Neste sentido, as burguesias organizam-se no mundo todo. Visam não enfraquecer diante da crise, mas não só isso: buscam seu fortalecimento, para que assim possam aumentar seu poder e garantir e perpetuar o controle em diferentes ramos da produção. Na obra “O Capital”, Marx já havia explicado que os capitalistas buscam o monopólio como forma de escapar da crise. Daí um dos motivos do acirramento dos conflitos bélicos entre as potências em momentos de crises. Hoje não tem sido diferente. Acirram-se os ânimos na Síria, na Ucrânia, nas ofensivas contra a Venezuela, contra o povo palestino, entre outros – sem falar entre as ameaças que envolvem diretamente as grandes potências: EUA, China e Rússia.

Lênin, no “Imperialismo: fase superior do capitalismo”, demonstra que o monopólio, conquistado e fortalecido por setores da burguesia em momentos de crise, não cumpre o papel de superação da crise do sistema, mas pelo contrário, a acentua. Assim, gera maior acumulação e concentração do capital e também, como consequências, mais desigualdades, mais dificuldades para as massas proletárias, mais fome, mais miséria…

O marxismo nos ensina também que toda revolução nasce de uma crise, mas que nem toda crise tem como consequência uma revolução. E esta é a principal reflexão que propomos aqui neste texto.

É inegável a crise sistêmica do capitalismo nos dias de hoje. Assim como são inegáveis também as contradições que se consolidam cada vez mais entre as diferentes burguesias nacionais, aumentando os riscos de conflitos bélicos mundiais, além de aprofundar aqueles que já estão ocorrendo. Também é destacável o fortalecimento de setores da burguesia que, em meio à crise, aumentam sua concentração de capital, seu controle sobre diferentes ramos da produção, seus objetivos monopolistas.

Por outro lado, o sofrimento proletário se aprofunda, crescem diariamente as fileiras desta classe, com setores da pequena burguesia sendo empurrados paulatinamente para ela, através das reformas neoliberais, do desemprego e da concentração do capital. Negar que se cria uma situação revolucionária diante do quadro atual é, sem dúvida alguma, negar o marxismo.

Mas, como afirmamos anteriormente, nem toda crise tem como consequência uma revolução. Mediante vacilos, sejam eles oriundos dos movimentos sociais ou dos partidos de esquerda, a revolução ainda parece estar fora da pauta do proletariado – pelo menos no Brasil. É imprescindível que pensemos a respeito! É indispensável que se perceba, do ponto de vista proletário, qual é o papel e a responsabilidade dos partidos de esquerda e dos movimentos sociais como um todo na atual conjuntura. Precisamos destas reflexões transformadas em ações para resistir aos ataques burgueses e garantir que o agravamento da crise sirva para consolidar uma ofensiva proletária e revolucionária.

A conjuntura, como tudo, não é estanque, ela está sempre em movimento. Há, claramente uma ofensiva burguesa no mundo que aniquila tudo que representa um entrave para a maior acumulação de capital em momento de crise, tanto do ponto de vista econômico, quanto do ponto de vista político. Os ataques aos sindicatos, a execução daqueles que se dispõem a lutar, os planos para a derrubada de Maduro e do chavismo na Venezuela, os golpes dados e aprofundados em diversos países, como é o caso do Brasil, são algumas exemplificações que deixam esta constatação evidente.

Mais especificamente no nosso país, percebemos que há um vacilo por parte da esquerda. A esquerda brasileira vacila, quando demonstra letargia para desenvolver e mobilizar uma luta real e de combate, que possibilite ao proletariado uma resistência de verdade, que avance para a tão necessária transformação social. Mas por que este vacilo? Podemos citar alguns fatores: como a crença na institucionalidade, na democracia burguesa e no “bom senso” de alguns setores da burguesia nacional; ou mesmo no “Contrato Social” burguês, na “compreensão sensível” do imperialismo ianque etc.. Ilusões ou mentiras oportunistas motivadas principalmente por lideranças de concepções pequeno-burguesas e por uma aristocracia operária que se formou e consolidou à frente, no geral, deste setor, moldando-o ideologicamente.

Vamos retomar a frase que inicia este texto: “Não existe espaço vazio na luta de classes”. Por quais motivos temos a resgatado tanto? A repetimos para destacar que uma conjuntura de crise pode sim levar a uma revolução, porém, se movida por incompreensões, oportunismos, vacilações e medo de ousar, pode levar a um quadro de fascismo generalizado. O fascismo, que é uma manifestação concreta da burguesia dada a crise objetiva do capital monopolista, dá sinais de ofensividade em todo o planeta. Na França já desponta como uma forte possibilidade eleitoral. Em Mianmar executa um golpe genocida sob olhares perplexos. Na América Latina garantiu a vitória eleitoral de seus representantes no Equador, mira para o Peru e avança com as armas apontadas contra os lutadores da Colômbia. No Brasil vem demonstrando força através de atos de rua, por meio da atuação de milícias e da impunidade “triunfante” mediante seus crimes horrendos.

Enfim, para o fascismo a ordem é avançar sem vacilos, garantido assim, um terreno fértil para que setores monopolistas da burguesia consolidem seus desejos de concentração de capital e de controle cada vez maior de diferentes setores da economia, atropelando como um tanque a tudo e a todos que se dispõem a resistir. Esse avanço é muito mais facilmente viabilizado em um quadro de desorganização de uma luta real e combativa de resistência proletária. “Não existe espaço vazio na luta de classes”, repetimos. Se a esquerda não se organiza, não se dispõe a mobilizar e incentivar o proletariado a ir para as ruas e para o combate contra algo tão sério, a burguesia ocupa este espaço, cumpre com este papel, chamando-o para as ruas. Para isso, se utiliza da indignação das massas com as instituições apodrecidas do capitalismo, com as injustiças sociais, mobilizando-as em favor de seus algozes. Esse é o caminho que tem se concretizado na conjuntura atual.

Aqueles que verdadeiramente querem resistir ao fascismo e que verdadeiramente anseiam pela revolução e pelo socialismo, precisam disputar com afinco este espaço que está sendo ocupado pela burguesia. A rua é nossa! Sempre que não tivemos força para ocupá-la, os retrocessos foram trágicos. Não será diferente agora. O papel dos lutadores é garantir que esta crise gere uma revolução. Eximir-se dessa tarefa em um quadro como esse, é ser conivente com o fascismo e portanto, é sujar as mãos com o sangue proletário, conscientemente ou não.

É preciso organizar as massas proletárias para combater o fascismo nas ruas e transformar o sentimento de classe em si para classe para si! Comemorarmos o “sucesso” de atos online abraçados com a direita não é o caminho para a transformação social, é sim, o caminho que tem pavimentado a ofensiva do fascismo, do neoliberalismo e do sofrimento proletário. Aliás, qualquer caminho que aponte para uma resistência virtual para derrotar o fascismo e então longe das ruas, nada mais é do que uma triste ilusão, ou uma mera e perigosa mentira oportunista.

O antídoto para o fascismo é a luta combativa e massiva nas ruas! Esse é o único caminho que pode fazer a burguesia tremer e realmente colocá-la em xeque.

– A vacina para o Brasil é o Fora Bolsonaro e sua corja!

– Abaixo o fascismo!

– Às ruas!

– Ousar lutar, ousar vencer!

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O capitalismo está podre. Todos sabemos disso. Mas ele não cai sozinho