quarta-feira, 30 de junho de 2021

Abaixo a ditadura bolsonarista * Frente Revolucionária dos Trabalhadores/FRT

ABAIXO A DITADURA BOLSONARISTA

Nós, militantes dos movimentos sociais, dos partidos políticos, tanto institucionais como revolucionários, convocamos todos os trabalhadores, empregados ou não, todos os profissionais de nível tecnico e superiores, todos os jovens, enfim, todas as pessoas de bom senso, a refletir sobre mais esse ataque aos direitos fundamentais da pessoa humana - A LIBERDADE DE EXPRESSÃO E MANIFESTAÇÃO - cometido pela nefasta gestão genocida que massacra este país chamado Brasil, visando instituir uma LEI ANTITERROR que busca CRIMINALIZAR A ATIVIDADE SINDICAL, POPULAR E SOCIAL em defesa dos direitos sociais e políticos dos trabalhadores e da sociedade brasileira.

Somos solidários com a preocupação da CONTAG e recebemos "com muita preocupação a informação da instalação na Câmara Federal da comissão especial que analisará o Projeto de Lei 1595/19 sobre ação antiterrorista no Brasil. O texto do PL tem modificações apresentadas pelo deputado Vitor Hugo (PSL-GO), de substitutivo da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado a projeto apresentado originalmente pelo atual presidente da república Jair Bolsonaro quando era deputado (PL 5825/16).

“O PL 1595/19 abre brechas que poderão levar a criminalização de ações estratégicas realizadas pelas entidades sindicais em defesa dos interesses dos(as) trabalhadores(as), dos movimentos e organizações sociais, dos(as) defensores(as) dos direitos humanos, assim como a restrições às liberdades fundamentais. Nos preocupa qualquer Projeto que fere a democracia e legaliza o genocídio da população brasileira, em especial, dos povos mais pobres e excluídos historicamente ao acesso às políticas públicas", compartilha o secretário de Política Agrária da CONTAG, Alair Luiz dos Santos.

Com um número alarmante de quase 516 mil mortes provocadas até agora pela Covid no Brasil e taxa recorde de 14,7% de desemprego registrada no 1º trimestre do 2021 de acordo o IBGE, para a CONTAG, o parlamento deveria debater e aprovar projetos de leis que: acelerassem a vacinação massiva e gratuita da população, promovessem a geração de emprego e renda e combatessem a fome no país.

“Cerca de 19 milhões de brasileiros estão passando fome neste exato momento como aponta a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (PENSSAN). E a Câmara analisando um Projeto que poderá silenciar (criminalizar) as organizações sindicais e movimentos sociais. É muita falta de sensibilidade aos reais anseios do povo brasileiro”, afirma o secretário de Política Agrária da CONTAG.

Alair, dirigente sindical,  ainda lembra que graças às ações estratégicas que a CONTAG, Federações e Sindicatos realizam (Grito da Terra Brasil, Marcha das Margaridas, Festival da Juventude Rural e outras) que foram alcançadas importantes políticas públicas para os trabalhadores rurais agricultores e agricultoras familiares. “É com o povo na rua reivindicando e negociando que os nossos direitos são conquistados. Não ao PL 1595 ”.

A comissão terá prazo de 40 sessões do Plenário para analisar o PL 1595/19 e apresentar um parecer final."

-baseado em texto da CONTAG-

*

Carta ao PCPB * Frente Revolucionária dos Trabalhadores/FRT

 CARTA AO PCPB


POR QUE A FRT ROMPE COM O PCPB

A FRT vem informar aos seus amigos, simpatizantes, círculos e militantes sobre o rompimento com o PCPB. As razões são profundas. Antes de mais nada, pela opção exclusiva e apaixonada pela via institucional, através da busca de acordos tácitos com os partidos do sistema, visando eleições, composição em governos e vínculos parlamentares. O PCPB não vislumbra um mundo sem gabinetes nem benesses. E num segundo plano, pela dificuldade em compreender o desdobramento das palavras de ordens em políticas programáticas. Por exemplo, FORA BOLSONARO. Não é uma expressão gerada pela feiura do personagem, por sua debilóidice ou por ser miliciano. Mas devido ao contexto que o vincula com  o ataque neoliberal às nossas maiores riquezas, desde as econômicas até as sociais. 

Todos nossos camaradas tenham a tranquila certeza de que esgotamos o manancial marxista em exemplificar que os comunistas não devem participar das instituições burguesas por obrigação dogmática mas pelo resultado das análises feitas com base na correlação de forças dada pela conjuntura.

Não é preciso ser Einstein para enxergar a realidade. O capitalismo vem deslindando seus segredos há décadas. É uma crise atrás da outra e nenhuma tem solução sem assaltar os cofres públicos. 

Desde a última crise do petróleo, desde a guerra do golfo, dos balcãs, do oriente médio, o capitalismo vem buscando se apoderar dos recursos naturais, hídricos, minerais, entre outros, em todos os recantos do mundo.

Na América Latina não é diferente. Não há um só metro quadrado da região que não esteja no foco do imperialismo graças a suas riquezas.. E o seu último ataque foi ao Brasil. As riquezas do país são um manancial de causar desequilíbrio na sanha dos assaltantes. Dos golpes militares clássicos aos lawfares, seus métodos há muito abandonaram o "bom mocismo" da diplomacia, o Estado de Direito há muito virou estado de direita, o estado de bem estar social deu lugar ao estado de indigência social e as tão exaltadas instituições do estado burguês deram lugar a quadrilhas de religiosos, de empresas de comunicação, de juízes comprados, transformando as tão admiradas FFAA - Forças Armadas, em meros bandos de mercenários armados e mantidos pela sociedade a serviço de interesses estrangeiros.

Não poderiam ser diferentes os respectivos parlamentos e poderes executivos. De uma ponta à outra, temos mais quadrilhas a serviço do capital, volátil ou não, mas todas empenhadas em matar a fome dos seus donos: investidores que se comprazem em lucrar a bel-prazer enquanto saboreiam um uísque nos terraços mais caros do mundo, indiferentes ao suor que lhes sustenta.

Ou seja, há muito o capitalismo esgotou a paciência com o social. Há muito os encantos da social-democracia foram chutados porta-fora. O populismo dos velhos coronéis da periferia do mundo viraram monturos de lixo nos países dependentes. E em seus lugares assumiram chicago-boys do tipo Paulo Guedes, sujeitos adestrados na arte de rapinar os recursos das nações. As privatizações são o alvo preferido, uma vez que são mercados já garantidos, em sua maioria sem concorrência. 

Mas é interessante que há gente disposta a ignorar tudo o que nossos olhos vêem. Há um conjunto de forças políticas, compostas por tropas de "gente de bem" nos pregando o paraíso do passado, Parecem animadores de palco do Velho Guerreiro Chacrinha, mas se esforçam para parecer pós-modernos. Em sua maioria são representantes de castas, tem nomes nobres, tais como  Dórias, FHCs, Agripinos, Sarneys, Neves etc, lá no topo como glacê e na camada mediana um sem número de cafetões de toda espécie. Mas a pior camada é a inferior, que reúne "líderes" de todo naipe, tendo como ponta de lança um Lula. Paralelo a esse, vem uma ráia miúda batendo latinhas pra ganhar vintém. Aí se alinham inclusive próceres com discursos pseudo-revolucionários. Aí é que mora o perigo, porque almejam os mundinhos lá de cima. 

Portanto, nós militantes da FRT conclamamos todos os trabalhadores a se unirem e lutar por 

CRIAÇÃO DE GRUPOS DE APOIO MÚTUO NAS COMUNIDADE CARENTES
FORA BOLSONARO
VACINA PARA TODOS PELO SUS
REVOGAÇÃO DAS PRIVATIZAÇÕES
AUXÍLIO EMERGENCIAL DE 1 SALÁRIO MINIMO POR  PESSOA
ÁGUA, LUZ E TRANSPORTE GRÁTIS PARA TODOS OS DESEMPREGADOS
A LUTA CONTINUA ATÉ A VITORIA FINAL
!!!

segunda-feira, 28 de junho de 2021

Esquerda: que isso companheiro? * Antonio Cabral Filho/RJ

ESQUERDA: QUE ISSO COMPANHEIRO?

Precisamos de uma nova concepção de esquerda. Melhor, precisamos desmistificar o que venha a ser esquerda nesse espectro de partidos burgueses que dão sustentação ao sistema capitalista, e, no entanto, se fazem passar por esquerda. Para tanto, contam com o beneplácito da imprensa “dita cuja”, que recebe muito bem para isso, ou seja, manter desinformada aquela camada de mentes massificadas necessária para o uso oportuno em benefício da dominação.

SER ESQUERDA


Essa esquerda vem contando ao longo da história, desde que Marx e Engels publicaram o Manifesto Comunista, com a vaga ideia de que pelo fato de se denominar como tal, é o suficiente para desfrutar da credibilidade necessária na hora de manipular os oprimidos.

Lá no Manifesto Comunista está escrito que os comunistas participarão das eleições burguesas. Até aí... Mas esquerda é sinônimo de comunista? Claro que não. Para resolver isso, propagaram a palavra socialista. E em nome de uma denominação vaga, todo oportunismo tem castigado os oprimidos, os trabalhadores e demais camadas da sociedade capitalista.

A pilantragem reside aí. Todo oportunista se faz passar por socialista. Se formos puxar pela história, vamos gastar muito fosfato para passarmos isso a limpo. Mas vamos limpar o campo. Basta diferenciarmos socialismo de comunismo. E o que é SOCIALISMO?


Bom, vamos historiar a nossa resposta, senão vão nos acusar de reducionismo. Vejamos a primeira revolução feita no mundo sob a marca do comunismo: A REVOLUÇÃO RUSSA. Ela foi comunista ou socialista? A bem da verdade, nem uma coisa nem a outra. Porque a simples tentativa de democratização das relações de poder após a tomada do aparato estatal em 1917, foi totalmente travada pela direção do POSDR – Partido Operário Social Democrata Russo, com a intervenção nos Conselhos Operários e Populares, os SOVIETS, decidindo quem poderia ou não fazer parte dos seus quadros. Esse foi o primeiro e primordial problema ocorrido na tenra revolução. O segundo foi quanto à gestão administrativa. Os SOVIETS não mandaram em nada. Todas as decisões saiam da cúpula montada pelo partido para cuidar disso. Esse foi o terreno fértil do qual saiu a NEP – Nova Política Econômica,
que deu rumos capitalistas à economia soviética, acusada em larga escala pela mídia burguesa de burocrática e estatal. E essa foi a grande contribuição do “estado soviético” para a caracterização do seu modus operandi como CAPITALISMO DE ESTADO.

A segunda experiência foi a China. Alguém tem dúvida de que é o mesmo modelo? Eu não tenho, até porque Mao foi beber na mão de Stálin.

A terceira experiência foi o Vietnam e a seguir, Cuba. Esta, desde a “crise dos mísseis”, ainda depende da ajuda externa. Não desenvolveu nada próprio. Sequer no campo militar e ainda agora não passa de uma feira de produtos de quinta vindos da China, que substituiu a URSS, em aliança com a Rússia.

Quer mais exemplos? Eu acho que basta. Em nenhum desses países, o povo decide coisa alguma, até porque o “cerco do imperialismo” existe sim funciona como espantalho para justificar a presença e repressão do “estado” a tudo que se imagina.

E aí, será que podemos perguntar: é socialismo ou comunismo? Nem uma coisa nem outra. Simplesmente capitalismo.

No entanto, uma certa “esquerda” propaga uma carreta de valores sobre esses países. O poderio militar russo, o avanço tecnológico chinês, a saúde e a educação cubanas, justificam suas posturas pseudo-esquerdistas. Só que nada disso sustenta suas políticas de conciliação de classes nos países massacrados pelo imperialismo. Ser social-democrata lá na Europa, com os altos padrões de vida sustentados às custas das colônias, é fácil. Dizer-se socialista lá na França nas rodas intelectuais do Quartier Latin, é lindo. Dizer-se de esquerda por ser persona non grata nos EUA, dá voto. Mas tudo isso não vai além de um “aval” nas altas camadas gestoras do capital para ser nomeado gerente setorial das multinacionais em algum continente cheio de cobiças. A América Latina que o diga. Todos os dirigentes de esquerda dessa região são abonados por algum “Tio” europeu ou norte-americano.

Então? O que é socialismo? O que é comunismo? Para responder a isso, podemos ir aos livros, inclusive os manuais. Porque nem um nem o outro existiram até agora entre os viventes. O que chamam de socialismo, não passa de política de compensação, ou seja, o estado reduz a carga de impostos contanto que o empresariado invista em melhores condições de vida para a sociedade. Ora veja, ninguém precisa de Marx para resolver isso. Basta um Keynes. Políticas sociais sustentadas com os impostos arrecadados do setor privado só geram mais riqueza para o setor privado. E não vai além de um círculo vicioso. Ninguém precisa ser socialista nem comunista por causa disso. Qualquer populista de direita faz isso muito bem...e ainda chama patrão de companheiro.

Ao longo de toda a história política ocidental existem centenas de entidades, denominadas atualmente como ONGs, que são disfarces de partidos políticos, em sua maioria de direita. Mas a social-democracia não fica para trás. Sempre que um partido social-democrata chega ao governo, terceiriza um conjunto de serviços para suas entidades a fim de fazer caixa. Aí entram seus apaniguados, todos credenciados como “socialistas”, ou de “esquerda”. Há inclusive uns tipos que se empinam todos em posição de sentido com a mãozinha direita sobre o lado esquerdo do peito para cantar a Internacional e arrotam: “Sou comunista!”

Mas, e aí? Já podemos diferenciar quem é ESQUERDA de quem é COMUNISTA?

Vamos lá. Primeiro, o que conhecemos como ESQUERDA tem até folclore, e originado lá na França. E aconteceu porque no período da França revolucionária, os monarquistas e seus asseclas sentaram-se do lado direito do parlamento, arrastando consigo todos os estratos elitistas. Do outro lado, sentaram-se os restantes. Esses, reuniam diversos segmentos sócio-econômicos, tais como burgueses descontentes com os impostos, urbanos e rurais, pequenos ofícios e as camadas operárias. Ou seja, a ralé. Só que dentre ela tinha uma parte revolucionária, gente organizada e dirigida politicamente, pelo menos para aquele contexto: eram os Jacobinos. E assim, aquele lado em que se sentavam, ficou conhecido como uma posição política. Por isso, hoje, um bando de calça frouxa, fundilhos surrados, mãos-leves de todo tipo, se diz ESQUERDA, e até se ilustra com a palavra SOCIALISTA.

Quem não presenciou ainda um burguês gordo, corrupto e “flatolento”, gritando vivas ao socialismo? No Brasil, temos até o termo “socialaite” para se referir às burguesas mais boêmias. Mas e o que isso tudo chamado de ESQUERDA, SOCIALISMO tem a ver com ideologia? O socialismo seria uma caracterização ideológica? Será que as experiências denominadas socialistas são caracterizações ideológicas?

Vejamos: existem duas ideologias historicamente comprovadas, a capitalista e a comunista. Ambas se opõem em tudo que diz respeito à propriedade privada capitalista. Enquanto a ideologia capitalista defende a apropriação unilateral dos frutos do trabalha coletivo, a ideologia comunista propõe a distribuição desse resultado equitativamente. Daí resulta a grande questão, aonde entra o socialismo? Qual sua posição sobre a propriedade privada capitalista? Sabemos que o conceito comunista de revolução implica na expropriação da propriedade privada capitalista, e nas experiências “socialistas” conhecidas até agora tem havido, no máximo, somente uma troca de patrões. Então, qual é a essência de tais caracterizações?

E A ESQUERDA...

E em relação à esquerda nem vale a pena discutir, uma vez que a mesma se caracteriza, apenas, por fazer oposição dentro da ordem. A esquerda não existe fora da ordem burguesa, até porque isso não lhe interessa, senão ela deixaria de ser uma esquerda do sistema, dócil, adestrada, parlamentar, eleitoreira, e passaria a ser um instrumento de ruptura com o sistema capitalista, o que a transformaria numa força revolucionária a serviço do comunismo. Por isso, ninguém vai encontrar os ditos partidos de esquerda combatendo no campo da revolução proletária. Por isso, ser de esquerda virou moda, moda dos oportunistas, ludibriadores da massa explorada e oprimida, para arrumar mandatos às custas dela e nunca mais baterem cartão de ponto, nunca mais comerem marmita requentada ou viajarem de trem ou ônibus lotados, muito menos suarem suas camisas importadas às custas da peãozada. Dentre esses tipos há os que se dizem socialistas, diferenciando-se dos simplesmente de esquerda só para justificarem seus diplomas lá das universidades públicas bancadas com o suor do povo.

MAS DIZER-SE COMUNISTA...

Comunista, é coisa séria. É opor-se ao capitalismo, à propriedade privada capitalista, ao roubo da força de trabalho do operário, ao lucro fruto do roubo, enfim, opor-se à exploração do trabalho alheio. E no contexto atual de esgotamento das forças vitais do capital, não há sentido em dizer-se comunista sem se comprometer com a revolução. Findou-se o território do reformismo.
***

domingo, 27 de junho de 2021

Gregório Bezerra em cordel * Frente Revolucionária dos Trabalhadores / FRT

Gregório Bezerra em cordel

ENTREVISTA A EBC

JAIR GALVÃO
https://www.youtube.com/watch?v=oAtF_F65OLw

História de um valente

Valentes, conheci muitos,
E valentões, muitos mais.
Uns só Valente no nome
uns outros só de cartaz,
uns valentes pela fome,
outros por comer demais,
sem falar dos que são homem
só com capangas atrás.

Conheci na minha terra
um sujeito valentão
que topava qualquer briga
fosse de foice ou facão
e alugava a valentia
pros coronéis do sertão.
Valente sem serventia
foi esse Zé Valentão.

Conheci outro valente
que a ninguém se alugou.
Com tanta fome e miséria,
um dia se revoltou.
Pegou do rifle e, danado,
meia dezena matou
sem perguntar pelo nome
da mãe, do pai, do avô.

E assim, matando gente,
a vida inteira passou.
Valentão inconsequente,
foi esse Zé da Fulô!

Mas existe nesta terra
muito homem de valor
que é bravo sem matar gente
mas não teme matador,
que gosta de sua gente
e que luta a seu favor,
como Gregório Bezerra,
feito de ferro e de flor.

Gregório, que hoje em dia
é um sexagenário,
foi preso pelo Governo
dito "revolucionário",
espancado e torturado,
mais que Cristo no Calvário,
só porque dedica a vida
ao movimento operário
e à luta dos camponeses
contra o latifundiário.

Filho de pais camponeses,
seu rumo estava traçado:
bem pequeno já sofria
nos serviços do roçado.
Com doze anos de idade
foi pra capital do estado,
mas no Recife só pôde
ser moleque de recado.
Voltou pra roça e o jeito
foi ser assalariado.
Até que entrou pro Exército
e decidiu ser soldado.

Sentando praça, Gregório
foi um soldado exemplar.
Tratou de aprender a ler
e as armas manejar.
Em breve tornou-se cabo
mas não parou de estudar.
Chegou até a sargento
na carreira militar.
Sua vida melhorou
mas não parou de pensar
na sorte de sua gente
entregue a duro penar.
Um dia aquela miséria
havia de se acabar.

Foi pensando e conversando,
trocando pontos de vista,
que Gregório terminou
por se tornar comunista
e no Partido aprendeu
toda a doutrina marxista.
Convenceu-se de que o homem,
no mundo capitalista
é o próprio lobo do homem,
torna-se mau e egoísta.

Da luta de 35,
Gregório participou.
Derrotado o movimento,
muito caro ele pagou.
O Tribunal Militar
do Exército o expulsou,
e o meteu na cadeia
onde Gregório ficou
até em 45
quando a anistia chegou.

Mas todo esse sofrimento
valeu-lhe muito respeito.
Candidato a deputado
foi gloriosamente eleito
pra Câmara Federal
sendo o segundo do pleito.
Seu trabalho no Congresso
só lhe aumentou o conceito.

Mas eleito deputado,
um problema ia surgir:
Gregório não tinha roupas
para o mandato assumir.
Foi preciso a gente humilde
que o elegeu se unir
e fazer uma "vaquinha"
pras roupas adquirir.
Assim, vestido elegante,
Gregório pôde partir.

A força dos comunistas
assustou a reação.
Viram o apoio que o povo
dera a eles na eleição.
Armaram rapidamente
uma bruta traição.
Contra o PCB votou-se
a total proibição
e contra os seus deputados
engendrou-se a cassação.
Fizeram o que fez agora
a falsa "revolução".

Gregório pronunciou
a oração derradeira
apresentando o projeto
em favor da mãe solteira.
Projeto feito com amor
à mãe pobre brasileira,
a essa mulher do povo
que só conhece canseira.
Projeto que mostra a alma,
alma pura e verdadeira,
desse homem contra quem
já se inventou tanta asneira.

Usurpado no mandato
que o povo lhe confiara,
a reação novo bote
contra ele já armara:
um quartel que pegou fogo
em Pernambuco, inventaram
que Gregório o incendiara,
e o meteram na cadeia
sem que a culpa se provara.
Mas ao final do processo
a verdade brilhou clara.

Assim, posto em liberdade,
Gregório não descansou.
Em Pernambuco e Goiás,
dia e noite trabalhou,
organizou camponeses,
a muita gente ensinou.
No Paraná e em São Paulo
sua ajuda dedicou.
Um dia com um revólver
por azar se acidentou.

Veio a Polícia e, ferido,
para a cadeia o levou.
Solto de novo, Gregório
para Pernambuco voltou.
E é em Pernambuco mesmo
que o vamos encontrar
em abril de 64
quando o golpe militar
se abateu sobre o País
derrubando João Goulart,
prendendo os que encarnavam
a vontade popular,
os que com o povo lutavam
para a Nação libertar.

Gregório então foi detido
no interior do estado.
Mas só se entregou depois
de ter identificado
o capitão que o prendia.
Tivera esse cuidado
pois sabia que um bando
de facínoras mandado
pelo usineiro Zé Lopes
buscava-o naqueles lados.
Pouco adiante, no entanto,
no cruzmento da estrada,
surge um destacamento.
Era uma tropa embalada
do Vigésimo RI
e à sua frente postada
a figura de Zé Lopes
com toda sua capangada.

Foram chegando e dizendo
que o preso lhes entregassem
para que naquele instante
com sua vida acabassem.
O capitão, no entanto,
pediu-lhe que se acalmassem,
pois as ordens do Recife
não era pra que o matassem.
Queriam ouvir Gregório
e depois o fuzilassem.

Zé Lopes e seus capangas
não queriam obedecer.
Gritavam que comunista
não tem direito a viver.
Mas o capitão foi firme,
não se deixou abater.
A coisa então foi deixada
pro comando resolver.
Rumaram pra Ribeirão
onde o comando foi ter.

Zé Lopes, chegando lá,
insistiu com o comandante,
que lhe entregasse Gregório
pra "julgar" a seu talante.
Não conseguiu e Gregório
foi, de maneira ultrajante,
amarrado como um bicho,
jogado num basculante
que o levou pro Recife
às ordens do comandante.

Levado então à presença
do General Alves Bastos,
Gregório, os pulsos sangrando,
nem assim se pôs de rastos.
Quando este lhe perguntou
onde as armas escondera,
respondeu: "se armas tivesse,
não era desta maneira
que eu estaria agora,
mas com as armas na mão,
junto com o povo lá fora".

Pro Forte das Cinco Pontas
foi conduzido, então,
e de lá para o quartel
de Motomecanização,
onde começa a mais negra
cena da "revolução"
que tanta vergonha e crime
derramou sobre a Nação.
Darci Villocq Viana,
eis o nome do vilão.

Esse coronel do Exército
mal viu Gregório chegar
partiu pra cima dele
e o começou a espancar.
Bateu com um cano de ferro
na cabeça até sangrar.
Chamou outros subalternos
para o preso massacrar.
Gritando: "Bate na fera!
Bate, bate, até matar!"
Dava pulos e babava
como se fosse endoidar.

Despois despiram Gregório
e já dentro do xadrez
com a mesma fúria voltaram
a espancá-lo outra vez.
Com 70 anos de idade
e outros tantos de altivez,
nenhum gesto de clemência
ao seu algoz ele fez.
O sangue agora o cobria
da cabeça até os pés.

No chão derramaram ácido
e fizeram ele pisar.
A planta dos pés queimava,
mal podia suportar.
Vestiram-lhe um calção
para depois o amarrar
com três cordas no pescoço
e para a rua o levar
preso à traseira de um jipe
e para ao povo mostrar
o "bandido comunista"
que se devia linchar.
Estava certo Villocq
que o povo o ia apoiar
para em plena praça pública
o comunista enforcar...

Mas para seu desespero
o povo não o apoiou.
Aos seus apelos de "enforca!"
nenhuma voz se juntou.
Um silêncio insuportável
sua histeria cercou.
Via era ódio nos olhos
e se ninguém protestou
é que os soldados em volta
ao povo impunham terror.
Muitas mulheres choravam.
Uma freira desmaiou
no Largo da Casa Forte
onde o cortejo parou.

"Meus pés eram duas chagas
- Gregório mesmo contou -
e no meu pescoço a corda
ainda mais apertou.
O sangue que me banhava
minha vista sombreou.
Senti que a força faltava
mas minha boca falou:
"Meu povo inda será livre!"
E muita gente chorou
no Largo da Casa Forte
onde o cortejo parou.

A freira que desmaiara
o arcebispo procurou
e este ao Genral Justino
nervosamente apelou
para impedir o homicídio
que quase se perpetrou.
A solidariedade humana
como uma flor despontou
no Largo da Casa Forte
onde o cortejo parou.

Quase morto mas de pé,
Gregório foi encarcerado.
Por dias e noites a fio
ele foi interrogado.
Já faz três anos que ele
continua aprisionado
sem ordem legal pra isso
e sem ter sido julgado.
E até um habeas-corpus
pedido lhe foi negado.

Mas nada disso arrefece
o valor desse homem bravo
que luta pra que seu povo
deixe enfim de ser escravo
e a cada nova tortura,
a cada cruel agravo,
mais força tem pra lutar
esse homem sincero e bravo.

E donde vem essa força
que anula a crueldade?
Vem da certeza que tem
numa histórica verdade:
o homem vem caminhando
para a plena liberdade;
tem que se livrar da fome
para atingir a igualdade;
o comunismo é o futuro
risonha da humanidade.

Gregório Bezerra é exemplo
para todo comunista.
É generoso e valente,
não teme a fúria fascista.
À barbárie do inimigo
opõe o amor humanista.

Gregório está na cadeia.
Não basta apenas louvá-lo.
O que a ditadura espera
é a hora de eliminá-lo.
Juntemos nossos esforços
para poder libertá-lo,
que o povo precisa dele
pra em sua luta ajudá-lo.

Ferreira Gullar/MA