quinta-feira, 29 de abril de 2021

Todos contra o bloqueio * Frente Revolucionária dos Trabalhadores/FRT/PCPB

 TODOS CONTRA O BLOQUEIO

Convite

A ASSOCIAÇÃO CULTURAL JOSÉ MARTÍ DO RIO DE JANEIRO - 

 *ACJM-RJ* TEM O PRAZER DE CONVIDAR PARA  A

XII CONVENÇÃO ESTADUAL DE  SOLIDARIEDADE A CUBA - RJ

 *02 DE MAIO DE 2021* 

(Evento virtual)


A Associação Cultural José Martí - Rio de Janeiro promoverá, dia 02 de maio de 2021, a XII Convenção Estadual – RJ de Solidariedade a Cuba (este ano será realizado de forma virtual). Esse evento visa mobilizar, organizar e preparar os participantes e os delegados para o XXV Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba – , que será realizada em João Pessoa - PB ( também de forma virtual) nos dias 03, 04, 05 e 06 de junho de 2021.


MAIS INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES:

https://forms.gle/vbV4f9BvBKCmAkFx5

acjosemartirj@gmail.com

OBS:

O encontro será realizado pela plataforma Jitsi.org, o endereço para acesso será enviado aos inscritos na véspera.

Foto - Jornal A VERDADE -

terça-feira, 27 de abril de 2021

DECLARAÇÃO DO 1º DE MAIO DO PCPB * Partido Comunista do Povo Brasileiro/PCPB

 DECLARAÇÃO DO 1º DE MAIO DO PCPB

POR UM 1º DE MAIO DOS TRABALHADORES

INTERNACIONALISTA, OPERÁRIO, REVOLUCIONÁRIO E SOCIALISTA

Passado mais de um ano do início da crise sanitária provocada pela pandemia do COVID-19, é, nos marcos de um recrudescimento dessa crise, que se converteu rapidamente em uma profunda crise humanitária e acelerou o metabolismo da crise mundial do capitalismo que ocorrerá o 1º de maio, que é o dia internacional dos trabalhadores e tem suas raízes socialistas nos primórdios do século passado, ao contrário do que afirmou o pinochetista Paulo Guedes, Ministro da Economia do governo genocida de Bolsonaro,  para justificar criminosamente cortes draconianos no setor de Saúde, como no kit covid de intubação, no programa de vacinação, etc. de que a pandemia está arrefecendo.

O sistema capitalista mundial, que encontra-se respirando por aparelhos, demonstrou nessa crise que a acumulação do capital, baseada na exploração do homem pelo homem é um vetor que vai totalmente no sentido contrário à defesa da vida e que, portanto não possui outra escolha senão levar milhões de seres humanos à infecção e à letalidade por conta da busca obstinada da produtividade contra a permanente queda tendencial da taxa média de lucro provocada pela crise de superprodução de mercadorias, por um lado, e, por outro lado, pela enorme desvalorização da força de trabalho, reforçada proporcionalmente pelo aumento vertiginoso do exército industrial de reserva de milhões de desempregados.

A crise atual é a maior crise capitalista da história, até referendado pelos principais observatórios do grandes capitalistas como o Financial Times. Por meio de repasses de trilhões de recursos públicos os lucros foram mantidos e até aumentados no ano passado. O efeito colateral foi o aumento da inflação e a disparada dos preços das matérias primas, o que tem impactado diretamente os ingresso.

As medidas do capital e seus governos no mundo inteiro tem sido a da defesa da produção de mercadorias e o lucro, pouco importando se a força de trabalho é a força produtiva que está sendo destruída, o que provoca um aumento das tendências do sistema capitalista à sua própria autodissolução.

Os salários e os direitos dos trabalhadores têm sido degradados. Há milhões de micro, pequenas e médias empresas que têm quebrado ou se encontram prestes a quebrar.

A produção de vacinas monopolizada pelos principais laboratórios do mundo e concentrada na sua maioria em um punhado de países imperialistas expressa o enorme abismo entre estes e os países periféricos, não restando senão para os trabalhadores dos países oprimidos pelo imperialismo a defesa de um programa de nacionalização e expropriação de toda a indústria farmacêutica e o desconhecimento da propriedade intelectual desses monopólios com a quebra das patentes.

O ano de 2021 iniciou espetacularmente marcando o completo fracasso e fim da era Trump nos EUA, com sua tentativa de golpe de estado na ocupação do Capitólio, com o antecedente histórico das multitudinárias mobilizações de 2020 contra o assassinato cruel de um policial branco a Georg Floyd, que ascendeu o estopim de uma enorme rebelião popular que chegou a cercar a Casa Branca em Washington e obrigar o presidente e seus arroubos fascistóides a se esconder em seu bunker de guerra. Joe Biden que venceu as eleições questionadas por fraudes é o outro lado da moeda do imperialismo norte-americano que tem que se haver com a guerra comercial acirrada com a China e com a contenção do descontentamento das massas dentro do seu próprio país.

A “saída” do capitalismo mundial para a brutal crise, que tem elevado os montantes de capitais fictícios a níveis estratosféricos, é a guerra, que implica em nova escala de destruição de forças produtivas e na militarização das sociedades. Esta política está sendo colocada em prática em todo o mundo. Em América Latina, o pinochetismo tem se generalizado. A imposição generalizada de estados de sítio, sob a máscara de supostamente combater o Covid, é a pior desde as sangrentas ditaduras militares.

No Brasil, a burguesia enquanto classe dominante está por detrás da política de genocídio deliberado do governo Bolsonaro, que já se aproxima de 400 mil mortes pelo COVID-19, não havendo mais nenhuma tergiversação em relação à necessidade vital para a classe trabalhadora de por um fim a esta situação insuportável.

O governo Bolsonaro é a correia de transmissão dos interesses da poderosa federação patronal, a FIESP, Paulo Skaf, e os maiores empresários e banqueiros do país, bem como dos representantes do agronegócio, o setor que mais lucra com a pandemia através da exportação de commodities em muitos casos com antecipação de contratos de venda de mercadorias de até 4 anos.

O Congresso Nacional aprovou a semi privatização do programa nacional de vacinação com o direito das empresas privadas adquirirem as vacinas sem que seja necessário doar todo o seu estoque ao sistema público de saúde. A defesa do SUS só pode se dá acompanhada da luta pela estatização da saúde com expropriação dos hospitais e clínicas e os planos privados de saúde, que se beneficiaram com a municipalização da saúde. Por um sistema de saúde 100% estatal sob controle dos trabalhadores.

A MP 936 de redução da jornada de trabalho com redução salarial de 25% a 75% ou suspensão dos contratos através de acordos (coação) entre os patrões e os trabalhadores, e pagamento do BEm (Benefício Emergencial proporcional ao benefício do Seguro-desemprego) que vigorou de abril a dezembro de 2021, cinicamente autoproclamada como de Preservação do Emprego e da Renda, volta à tona no Congresso Nacional como exigência do G-20 tupiniquim, o grupo dos 20 maiores empresários do país, em vídeo-conferência direta com Bolsonaro, em abril do ano passado, com o objetivo de reter o FGTS, o valor integral do benefício do Seguro-desemprego e a multa rescisória dos trabalhadores.

No bolso do Centrão, no interior do Congresso Nacional, o governo Bolsonaro reteve verbas da saúde, seguro-desemprego, educação, previdência social, moradia, ciência e tecnologia, etc. para garantir um montante de 33,5 bilhões para as emendas parlamentares, e mesmo assim, ver ameaçada a sua governabilidade. 

Na Cúpula de Líderes sobre o Clima convocada por Joe Biden, nos EUA, Bolsonaro para agradar o imperialismo fez falsas promessas para logo depois cortar milhões no Orçamento na Fiscalização ao combate ao desmatamento. Um dirigente sindical da Associação Nacional dos Servidores do IBAMA denunciou que em 2020 mesmo o orçamento destinado à Fiscalização e proteção ao meio ambiente já ter sido barbaramente encolhido, nem sequer foi utilizado pelo governo Bolsonaro integralmente.

Bolsonaro e o Centrão não conseguiram evitar a instalação da CPI da pandemia, que terá como alvo principalmente seu ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazzuelo, que por mais controlada que possa ser pela bancada governista, e venha a ter a complacência da oposição com a sua governabilidade, é mais um componente na “usina de crises” que se tornou um método sistemático de governo.

Bolsonaro acuado pelo Congresso Nacional com a instalação da CPI da pandemia, pelo STF com as últimas decisões que este tomou principalmente em relação à liberação da candidatura de Lula, ameaçou colocar o exército nas ruas para impedir que os governadores e prefeitos apliquem o lockdown invocando a Constituição Federal, escancarando o verdadeiro conteúdo da democracia burguesa que em última instância é a ditadura de um punhado de capitalistas, que impõem à fórceps o direito de exploração da força de trabalho, enquanto que para os trabalhadores o único direito que possuem nos marcos dessa democracia é o de serem explorados, e nessa situação de excepcionalidade que passa a humanidade, doando sua própria vida.

A outra tentativa de saída do capital passa por uma nova etapa de privatização das empresas estatais que ainda restam, que no Rio Grande do Sul escandalosamente foi o pontapé inicial com a entrega do que restava da Companhia Estadual de Energia Elétrica – CEEE, a troco de banana, pelo valor de todo o ativo e patrimônio da empresa por R$ 100 mil. O governo Bolsonaro já enviou para o Congresso Nacional os projetos de privatização da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e da Eletrosul. 

Os maiores interessados na luta contra a privatização das empresas estatais em primeiro lugar são seus próprios trabalhadores, que sofrerão com as demissões e demais consequências nefastas; os maiores interessados na privatização das mesmas são setores da burguesia nacional que parasitam historicamente nestas mesmas empresas e o imperialismo; mas é do interesse geral de toda a classe trabalhadora que essas empresas não sejam privatizadas e passem a ser controladas pelos próprios trabalhadores. Esse é um ponto que deve estar inscrito no programa de transição desse beco sem saída do sistema capitalista para um governo de trabalhadores, uma sociedade socialista.

Há 25 anos da chacina dos sem-terras em Eldorado dos Carajás, no Pará, sob os auspícios dos governos federal de FHC e estadual de Almir Gabriel, ambos do PSDB, a CUT, a CTB e a Intersindical junto com outras centrais sindicais diretamente ligados aos patrões e à direita convocou um ato do 1º de maio aonde estarão no mesmo palanque Lula, Dilma, Boulos, Flávio Dino, Marina Silva, Ciro Gomes, João Dória, FHC e outros representantes do capital e da direita, como o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira do PP de Alagoas e o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco do DEM de Minas Gerais. 

Uma frente ampla sem limites à direita, do PT, PC do B, PSOL, PDT, REDE, PSDB, PP, DEM tendo a burocracia sindical cutista e as demais centrais a função de dar um verniz “classista” no ato do 1º de maio, que é para ser justamente um ato de luta contra os interesses patronais e do grande capital nacional e internacional.

O governo Bolsonaro quando supostamente estaria prestes a cair foi anabolizado pelo novo governo Biden/ Kamala. Todo o regime político, desde a extrema direita até a “esquerda” oficial são instrumentos da política do imperialismo de massacrar os povos brasileiro e latino-americanos para salvar-se da sua crise. É um governo Bolsonaro 2.0 e muito mais inimigo do povo brasileiro.

Lula, depois de anunciada a liberação da sua candidatura, em uma entrevista para a Rede Bandeirantes afirmou que Bolsonaro devia começar a governar o país, dando um verdadeiro talão de cheques em branco para o presidente genocida e deixando-lhe com as mãos e os pés livres até as eleições de 2022, e que é favor da privatização de algumas estatais, explicando porque mormente exista um genocídio deliberado no país, o qual o governo Bolsonaro é o principal responsável, como dizem nossos hermanos latino-americanos “no se pasa nadie!”. A governabilidade de Bolsonaro/Mourão, Guedes, e todos os bandidos instalados no Palácio do Planalto está garantida, desde que a candidatura de Bolsonaro se desidrate, mesmo que seja às custas de milhares de mortes e milhões de infectados pelo COVID-19.  

Por isso, neste 1º de Maio afirmamos que é um dia da classe trabalhadora do mundo inteiro, um dia de luta classista dos trabalhadores.

Convocamos todas as organizações e agrupamentos operários independentes a constituir uma frente única de luta por um 1º de maio internacionalista, operário, revolucionário e socialista, que levante a defesa das necessidades mais prementes dos trabalhadores.

Dentre elas e para começar, a Constituição de um Comitê Independente dos trabalhadores para centralizar a luta pelo combate à pandemia, por um programa de vacinação em massa e imediato, desde que haja uma investigação realizada por esse Comitê sobre os efeitos colaterais graves e sobre a agressão à soberania nacional imposta pelos monopólios.

Contra a redução dos salários e a suspensão dos contratos, pela redução da jornada de trabalho nos setores vitais como a saúde e alimentação sem redução dos salários.

Pela escala móvel da jornada de trabalho e dos salários e a garantia de uma verdadeira quarentena para os trabalhadores que dure pelo menos 60 dias para liquidar com o ciclo de reprodução do vírus do Covid. O governo deve viabilizar ajuda dignas para todos os brasileiros durante o período, da mesma maneira que em março de 2019 repassou prontamente R$ 1,250 trilhões aos bancos.

Pela imediata ruptura de pagamento da fraudulenta dívida pública, e a estatização do sistema financeiro e do comércio exterior. Esses processos também devem ser controlados pelo Comitê independente de trabalhadores.

Não às privatizações, colocar as estatais sob controle dos trabalhadores, reestatização de todas as empresas estatais que foram privatizadas sob controle dos trabalhadores.

Não ao genocídio, a escravidão, a fome e a miséria que assolam os trabalhadores.

Por um Congresso de bases com delegados eleitos nos locais de trabalho, moradia e estudo, para discutir e aprovar um programa que coloque na ordem do dia a organização dos trabalhadores contra o massacre generalizado, na direção de uma verdadeira GREVE GERAL, que seja capaz de desenvolver lutas e generalizá-las, para colocar abaixo o governo genocida de Bolsonaro/Mourão, que neste momento representa todo o regime político a serviço dos grandes capitalistas.

A saída dos trabalhadores para a crise é lutar por um governo dos trabalhadores da cidade e do campo e pelo socialismo, que implica na expropriação dos grandes capitalistas e o rompimento com o imperialismo.

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sexta-feira, 23 de abril de 2021

A ATUALIDADE DA REVOLUÇÃO LATINOAMERICANA * Partido Comunista do Povo Brasileiro/PCPB

 A ATUALIDADE DA REVOLUÇÃO LATINOAMERICANA

Um País independente , não se rende , não se entrega , não renega sua revolução , seus avanços , Cuba não se deixar levar por seus detratores , vendilhões da imprensa a serviço de seus patrões , o grande capital , procura sim e consegue manter-se forte, destemida e determinada a manter de pé, alicerçada por seu povo a manter suas conquistas e aprofunda a Revolução que transformou sua realidade  de um quintal de interesses mais escuso  estadunidenses a um País forte e Soberano , que sabe  conduzir com firmeza o seu destino , se ajustes se fazem necessários, lá estará o povo cubano convocado a decidi-lo de forma livre, e Soberana , tomar suas decisões ao contrário do alarmismo da imprensa burguesa que mesmo distorcendo os fatos, não consegue destruir a realidade. Cuba viverá sempre. 


Nossas saudações ao povo Cubano e seus dirigentes, ante a necessidade da revolução latinoamericana!


 A revolução cubana é uma prova viva do potencial libertador e humanista do socialismo. Cuba, mesmo isolada, caluniada e sabotada por um criminoso bloqueio perpetuado pelos sádicos de Washington, mantém condições sociais, econômicas e culturais dignas ao seu povo, enquanto em todo o nosso continente, ao contrário, vivemos o auge da barbárie capitalista e a explosão da miserabilidade, embrutecimento de nossa gente e concentração afrontosa da riqueza nas mãos de uma ninharia de magnatas larápios. 


 Apesar de relativa abertura--devido às condições econômicas concretas, inevitável--de sua economia ao capital privado estrangeiro, algo semelhante a Nova Politica Econômica (NEP), implementada pelos bolcheviques logo após a Revolução Russa de 1917, Cuba mantém de forma segura as bases do Estado operário, qual seja: a propriedade socializada dos meios de produção, monopólio estatal do comércio exterior, planificação da economia e controle das contas de capital por parte do Estado. 

Tais instrumentos de controle econômico, permite garantir as bases da ditadura do proletariado num cenário dificultoso. No entanto, para que a transição ao socialismo avance de forma segura, o Estado cubano precisa sair do isolamento. 


 Na América Latina, palco da hegemonia criminosa do imperialismo e do subdesenvolvimento imposto aos nossos povos, somente a revolução nos seus principais países pode fazer avançar de forma irresistível a causa do socialismo. Apesar de todo o heroísmo histórico, a revolução cubana somente poderá  emancipar por completo seu povo e concretizar o horizonte de Che, acerca do "homem novo", quando o socialismo triunfar em nossa América.

Somente os Estados Unidos Socialistas da América Latina, poderão concretizar os magníficos sonhos de Bolívar, José Marti, Mariatégui, Che, Darcy Ribeiro, Fidel e tantos outros camaradas e revolucionários valorosos.

 Cuba deu o primeiro passo e se mantém no caminho certeiro da emancipação de nossos povos das garras predatórias do imperialismo senil. Vida longa a Cuba e a seu povo guerreiro!


(Texto construído em conjunto pelos camaradas Hélio e Bergoci, ambos do CC do PCPB)

A ATUALIDADE INSUPERÁVEL DE LÊNIN * Roberto Bergoci / SP

A ATUALIDADE INSUPERÁVEL DE LÊNIN

EM DEFESA DO LEGADO REVOLUCIONÁRIO DE NOSSO MESTRE BOLCHEVIQUE

-Nossa comemoração a mais este aniversário do Camarada que dedicou sua vida à libertação dos oprimidos, quando completa 151 anos do seu nascimento-

“Caminhamos num pequeno grupo unido por uma estrada escarpa e difícil, segurando-nos fortemente pela mão. Estamos cercados de inimigos por todos os lados, e, quase sempre, é preciso caminhar sob fogo cruzado. Estamos unidos por uma decisão tomada livremente, justamente para lutar contra o inimigo e não cair no pântano ao lado, cujos habitantes nos acusam, desde o início, de termos formado um grupo à parte, preferido o caminho da luta ao da conciliação.” (Lenin).

No dia 22 de abril, comemoramos o aniversário de nascimento de Lênin, e neste 2020 se completará os 150 anos de nascimento do grande dirigente revolucionário e chefe do proletariado mundial, Vladimir Ilyich Ulyanov, mais conhecido pelo pseudônimo Lenin. Lenin foi o principal dirigente da Revolução Russa de 1917 ao lado de Leon Trotsky, e maior líder político desde o século passado. Seu legado, método e obra revolucionária, sobretudo o bolchevismo, não só permanecem atualíssimos, mas é mesmo imprescindível como arma política dos trabalhadores de todo o mundo em sua luta contra a burguesia e pelo socialismo. Exatamente por tal legado de luta contra o capital, nenhum outro líder político foi tão odiado e caluniado em toda a história como o foi e é Vladimir Lenin, expressão do profundo ódio de classe que todos os exploradores e opressores do mundo, bem como seus serviçais e lacaios, nutrem (mas também temem) pelo grande revolucionário.
Lenin foi sem sombra de dúvidas, a personificação da fusão entre teoria e prática. Na atual etapa de decadência burguesa e decomposição do capitalismo senil, caracterizado pelo auge da barbárie social, econômica, etc., só mesmo o partido revolucionário e a organização internacional dos trabalhadores como teorizado e posto em prática por Lenin podem dirigir às massas em direção a derrubada mundial da sociedade burguesa tardia.
Além de lançar as bases do partido revolucionário do proletariado como sua principal arma contra a burguesia, as contribuições de Lenin acerca do imperialismo, do combate ao oportunismo e da elevação da filosofia marxista revolucionária, são verdadeiros arsenais da política proletária e devem ser conhecidos das novas gerações de trabalhadores  conscientes, que tem a missão histórica de levantar bem alto a bandeira do autentico  marxismo-leninismo, em direção a destruição do modo de produção capitalista e eliminar a exploração do homem pelo homem, somente possível pela sociedade socialista.
Lenin e sua juventude
Nascido no dia 22 de abril de 1870 em Simbirsk, nas margens do rio Volga na Rússia Czarista, Vladimir Ilich Ulianov teve origem familiar na pequena burguesia russa, seu pai, Ilya Nicolayevich Ulianov,  foi funcionário no setor educacional Czarista e sua mãe, Maria Alexandrovna Blank, era filha de um médico na província de Kazan. Lenin viveu em sua infância e adolescência tempos de grande agitação política, neste período a Rússia era uma sociedade semifeudal e dirigida politicamente de forma despótica pela aristocracia Czarista e por uma classe dirigente arcaica, incapaz de levar adiante uma profunda transformação nas relações econômicas e sociais no país, seguindo os passos da grande burguesia europeia ocidental, herdeiras direta da grande revolução francesa de 1789. Durante a juventude de Lenin, praticamente toda a intelligentsia progressista da Rússia e os revolucionários, eram atraídos para a luta política pelo grupo “Vontade Popular”, que tinham como método de ação os atentados espetaculares, que segundo seus militantes, eram o único meio que poderia abalar o poder do Czar e construir uma outra sociedade. O irmão mais velho de Lenin, Alexandre Ulianov, integrante do “Vontade Popular”, foi enforcado em 1886 após tentativa de assassinar o Czar Alexander III.
Por este período Lenin frequentava a faculdade de direito em Kazan, quando um ano após o assassinato de Alexandre é preso e expulso da universidade por suas atividades. Nessa época, mesmo reconhecendo o valor e a coragem dos revolucionários que davam a vida enfrentando a exploração e opressão Czarista e da burguesia atrasada russa, Lenin já percebia a ineficácia das ações voluntaristas de “Vontade Popular” e do espontaneísmo em voga. Com grande perspicácia e vontade política, Lenin já desenvolvia a preocupação em unificar todos os grupos clandestinos de tendência marxista, que atuavam sobretudo em São Petersburgo, cidade em que ele desembarcara mudando-se de Samara, e que segundo Trotsky: “Foi portanto, entre a execução de seu irmão e sua mudança para  São Petersburgo, nesse período de seis anos de trabalho árduo, que o Lenin  futuro foi formado”.
Lenin estabelece contatos com grupos marxistas ilegais e estuda “O Capital” de Marx, seguido pelo “Anti-Duhring” de Engels, marcando em definitivo sua personalidade política revolucionária e seu avanço como teórico marxista. Logo se aproxima do grupo “Emancipação do Trabalho”, dirigido por George Plekhanov, o grande fundador do marxismo na Rússia, fatores decisivos na vida de Lenin, que em breve tempo caminharia na direção da fundação do partido revolucionário do proletariado. Através dos investimentos do capital estrangeiro, formou-se na Rússia uma pequena, mas poderosa classe trabalhadora, que deu origem aos círculos operários dos quais Lenin se aproximara. Sua aproximação dos operários foi decisiva para que ele compreendesse o papel fundamental que o proletariado poderia desempenhar no cenário político do país. Lenin nessa época percebe que, o desenvolvimento do capitalismo na Rússia arcaica, produzindo a instalação de grandes empresas e gerando um proletariado moderno, concentrado e disciplinado, estabelecia as bases materiais e condições objetivas para que a classe tivesse seus interesses próprios e independência política diante da burguesia e contra o Czar.
Em sua obra de 1894, “Quem são os amigos do povo e como lutam contra os socialdemocratas”, polemizando com os “populistas”, que não compreendiam as peculiaridades pelas quais se desenvolviam as lutas de classes e o caráter da revolução no país, Lenin já destacava o papel dirigente do proletariado russo e sua independência de classe, nas lutas democráticas que se recrudesciam. Neste importante texto, expõe os fundamentos do socialismo cientifico de Marx e Engels, como a principal ferramenta de luta dos trabalhadores em sua empreitada revolucionária histórica contra o capital.
No ano de 1895, pertencendo ao grupo “União e Luta pela Emancipação da Classe Operária”, Lenin se encontra com Plekhanov na Suíça e conversa com Paul Lafargue, importante revolucionário comunista e genro de Karl Marx, em Paris, sobretudo para aprofundar seus estudos da Comuna de Paris. Poucos dias após seu retorno foi preso e em seguida exilado com outros camaradas. Em 1898 ocorre o primeiro Congresso do Partido Operário Social Democrata Russo (POSDR), do qual surgiu o partido Bolchevique, atacado pelas forças da repressão e seus participantes presos. Neste período em seu exílio na Sibéria, escreve um clássico da economia marxista, seu lendário livro “O Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia”, na qual analisa os efeitos da penetração do capitalismo na agricultura, as diversas etapas da evolução do modo de produção burguês na indústria, o crescimento da proletarização maciça e a formação da classe trabalhadora.
Lenin foi sem dúvida a principal figura do século XX, sua personalidade e seu protagonismo como dirigente revolucionário do proletariado mundial foram incomparavelmente decisivos para a luta da classe trabalhadora em todo o globo.
Bolchevismo: o partido de novo tipo
No começo dos anos 1900, já no fim de seu exílio, Lenin passa a dedicar grande esforço para a construção de um jornal que abarcasse toda a Rússia. O primeiro Congresso do POSDR já havia decidido publicar, por influência de Lenin, um jornal clandestino. Neste período surge o jornal “Iskra” (“A Faísca”), contrabandeado clandestinamente para dentro da Rússia e que se fundamentava programaticamente no marxismo e o colocava como força ideológica revolucionária dominante, contra as correntes sectárias e/ou oportunistas dentro do movimento operário, obra que Lenin valorizou até o fim de sua vida.
O “Iskra” prepara o 2º Congresso do Partido, que ocorreu em 1903, este que foi o Congresso fundador. Lenin centrou forças e escreveu uma das principais obras do marxismo revolucionário que mantém até hoje impressionante atualidade em seu método: “Que Fazer?”. Nessa obra magistral, o grande revolucionário lança as bases teóricas da “organização como sujeito político”, de forma que nenhum outro o fez antes. É neste genial documento que Lenin defende a criação de um partido de revolucionários profissionais, organizado, centralizado e disciplinado, como um verdadeiro “Estado Maior” do proletariado revolucionário. Nas palavras de Marcel Liebman “a própria ideia de organização ocupa no leninismo um lugar essencial: organização do instrumento revolucionário, organização da própria revolução, organização da sociedade surgida com a revolução”. As preocupações centrais de Lenin que o levaram a escrever “Que Fazer?”, eram produtos da desorganização pequeno-burguesa reinante que imperava entre a vanguarda revolucionária na Rússia Czarista.
Uma das características dessa vanguarda era o culto prestado ao “espontaneismo das massas”, desprezando os efeitos que a divisão do trabalho burguês impõe sobre os trabalhadores escravizados pelo capital.  Combatendo no melhor espírito do socialismo cientifico dos mestres Marx e Engels, Lenin ensina nesta gigante obra: “Dissemos anteriormente que, na época, os operários não podiam ter consciência socialdemocrata. Esta só poderia ser introduzida de fora. A história de todos os países demonstra que, contando apenas com as próprias forças, a classe operária só está em condições de atingir uma consciência trade-unionista, isto é, a convicção de que é preciso agrupar-se em sindicatos, lutar contra os patrões, reivindicar ao governo a promulgação desta ou daquela lei necessária aos operários etc. A doutrina socialista, ao contrário, nasceu das teorias filosóficas, históricas e econômicas elaboradas pelos representantes instruídos das classes proprietárias, pelos intelectuais. Por sua origem e posição social, também os fundadores do socialismo cientifico contemporâneo, Marx e Engels, pertenciam à intelectualidade burguesa.” (Lenin, “Que Fazer?”). Lenin discorre em outras importantes passagens do livro sobre a influência nociva que o espontaneismo traz ao movimento operário, dando-lhe um radical combate, mostrando aos trabalhadores conscientes e sua vanguarda a necessidade da organização, da centralização, disciplina e cuidado com a teoria, unindo-a à práxis revolucionária no combate de morte contra a sociedade burguesa.

-1917-
Em 1903 ocorre o 2º Congresso do Partido, no qual os camaradas do Iskra tornam-se maioria. Após intensa polêmica acerca de questões organizativas, acontece o histórico racha entre Lenin e Martov, este último editor do Iskra e importante dirigente socialdemocrata da época. As principais divergências entre ambos os dirigentes, se dá principalmente quanto às problemáticas que envolviam a disciplina militante e as condições para ser tornar membro do partido. Enquanto Martov mantinha posição liberal pequeno burguesa (que refletia sua condição de classe) contrária a um partido composto por quadros disciplinados organicamente, Lenin afirmava que o revolucionário membro da organização deveria ter envolvimento completo, militante e disciplinado, contribuindo com o seu todo integral ao partido. Surge assim os Bolcheviques (Maioria em russo) e Mencheviques (Minoria). Expressando seu conteúdo de classe pequeno burguês, os Mencheviques afirmavam ser a burguesia nacional russa um elemento histórico progressista, destinado a levar adiante o desenvolvimento do capitalismo e da democracia burguesa clássica no país, como assim o fez em outra época, a burguesia revolucionária da Europa ocidental. Lenin e os Bolcheviques (Trotsky posteriormente desenvolveria cientificamente essa questão com a “Teoria da Revolução Permanente”), por sua vez, viam no proletariado russo a única classe que, apoiada no campesinato, poderia dirigir a revolução no país e resolver as tarefas democráticas pendentes em direção ao socialismo.
Enquanto os Mencheviques representavam a ala pequeno-burguesa e reformista da esquerda russa, os Bolcheviques tornaram-se os dirigentes máximos do proletariado e das massas exploradas e oprimidas, encabeçando e dirigindo com contribuição decisiva de Lenin como líder inconteste, essas massas à tomada do poder contra a burguesia, estabelecendo a ditadura do proletariado (democracia dos explorados e oprimidos contra os exploradores) e criando as bases do primeiro Estado operário da história.
1905: A veracidade do bolchevismo
A Rússia foi abalada econômica e socialmente pela grande crise que a atingiu entre os anos de 1900 e 1903, jogando na rua da amargura e do desemprego, mais de duzentos mil trabalhadores. Os campos passavam também por imensa pobreza e a opressão no país chegavam a limites insuportáveis. Em 1904 explodem em diversas regiões grandes greves em cidades industriais. Na cidade de Baku, os bolcheviques dirigem importante greve que teve imenso destaque. O Czarismo, enquanto dispensava algumas migalhas e pequenas concessões aos liberais e reformistas, apertava o torniquete contra os bolcheviques perseguindo-os implacavelmente.
Em 1905, com o recrudescimento qualitativo das contradições imensas no país, explode a revolução.  A insurreição dos marinheiros no famoso encouraçado Potenkin, e o surgimento dos Soviets, são as expressões do radicalismo das massas e da situação explosiva e revolucionária pelo qual passava o país, fruto da profunda crise que atingia o regime burguês de conjunto. Os Mencheviques continuavam mantendo suas ilusões num suposto caráter progressista da burguesia russa, que para eles desenvolveria o capitalismo nacional e a democracia, assim, caracterizava essa revolução como democrático burguesa, dirigida pelas classes exploradoras enquanto os trabalhadores deveriam fazer oposição no parlamento sem assustar a burguesia com o “fantasma” do socialismo.
Com a traição e repressão burguesa em 1905, as ilusões mencheviques se evaporam e fica evidente a veracidade do programa revolucionário bolchevique, que via no proletariado o sujeito histórico dirigente do processo, que deveria transformar dialeticamente a revolução democrática em socialista eliminando a sociedade de classes, programa atual até hoje nos países de capitalismo dependentes e semicoloniais.   Trotsky neste período era o mais importante dirigente dos Soviets em todo o país e buscava a unidade entre as duas principais alas do movimento operário russo, enquanto mantinha independência das duas correntes. Isso fez com que durante este período, Lenin e Trotsky mantivessem ácidas polêmicas no interior do movimento revolucionário. No entanto, nos anos que se seguiram, Trotsky se tornou o principal discípulo e herdeiro político e teórico de Lenin, que em seus últimos escritos foi radicalmente contrário em utilizar suas antigas divergências contra Trotsky.
Após a derrota da revolução de 1905, um duro período de reação se abateu contra os trabalhadores russos e sua vanguarda, se expressando no abatimento, desmobilização e desorientação de parte das massas. Além disso, houve um grande assenso de todo tipo de falsificações e apostasias filosóficas e ideológicas. Neste contexto Lenin pública “Materialismo e Empiriocriticismo” (1909), um clássico da filosofia materialista, combatendo os filósofos burgueses Mach e Avenarius, o padre Berkeley, além de social democratas como Bogdanov, partidários de um idealismo subjetivo reacionário e do agnosticismo, que negavam, como faziam os idealistas, a própria matéria, abrindo concessões ao irracionalismo teológico, arma ideológica poderosa da burguesia em sua luta contra o proletariado; ou defendiam como os agnósticos epígonos medíocres de Kant, a impossibilidade de conhecer a realidade objetiva, que nada mais era, segundo Lenin, uma tentativa de ressurgimento das concepções ultra subjetivistas do padre Berkeley e Hume.
Lenin expõe celebremente a concepção materialista da psique e da consciência como produto superior da matéria, ou seja, como função do cérebro humano, destacando que são em essência, reflexo direto e indireto do mundo exterior. De acordo com Lenin, “A matéria é uma categoria filosófica para designar a realidade objetiva, que é dada ao homem nas suas sensações, que é copiada, fotografada, refletida pelas nossas sensações, existindo independente delas” (1909). Embora contendo certas limitações, que Lenin corrige em seus cadernos sobre Hegel, a teoria do reflexo de Lenin exposta resumidamente em sua citação acima, expressa uma defesa sem par da concepção materialista do homem, do desenvolvimento histórico dos seus sentidos e do seu próprio ser social.  Em seu outro monumental texto filosófico, “Cadernos sobre a Dialética de Hegel”, escrito no contexto da Primeira Guerra, Lenin deixa patente seu legado de grande filósofo do marxismo, contribuindo grandemente, assim como Marx e Engels, para solidificar a base materialista da dialética tomada de Hegel, outro gigante do pensamento humano: “Geralmente, procuro ler Hegel de modo materialista: Hegel é o materialismo de cabeça para baixo [segundo Engels],ou seja, eu elimino em grande parte o bom deus, o absoluto, a Ideia pura, etc.”(“Cadernos sobre a Dialética de Hegel”).
Lenin demonstra de forma certeira que filosofia e política andam juntas. Que não pode haver política correta sem estar iluminada por uma filosofia e teoria que correspondam às necessidades das condições objetivas e subjetivas, ou seja, revolucionárias e transformadoras da realidade social, bem distante do pedantismo e irracionalismo característico dos amorfos ambientes acadêmicos burgueses. Dessa forma, Lenin desbarata por completo a filosofia idealista burguesa contemplativa e seu conteúdo reacionário. Para Lenin a filosofia se insere entre outras coisas (longe do simplismo) como “luta de classes na teoria” e arma teórica, espiritual do proletariado.
Em 1912 surge um novo despertar dos trabalhadores, período que vai até 1914 com a explosão da Primeira Guerra Mundial, acontecimento que marcou a carnificina e barbárie que a burguesia recorre, sempre que necessitar e quando os imperativos econômicos alienantes de acumulação, corrida pelo lucro e saque em grande escala exigirem. A Primeira Grande Guerra, seus reflexos na luta de classes, particularmente no seio do movimento comunista e socialista, sepulta também toda a antiga direção reformista da II Internacional e da social democracia alemã, apoiadores da matança burguesa, duramente combatidos pelos bolcheviques e Lenin em especial, por Trotsky e Rosa Luxemburgo, que defendiam até as últimas consequências o internacionalismo proletário, a guerra revolucionária contra a burguesia em todos os países e mesmo a necessidade de uma nova Internacional diante de uma época sombria para o movimento comunista em todo o mundo.
O Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo”: o avanço da economia política do marxismo
Em 1916 Lenin publica uma de suas principais contribuições ao movimento dos trabalhadores de todos os países. “O Imperialismo Fase Superior do Capitalismo” de Lenin significou de fato um avanço da economia política marxista, pois trata da nova fase pelo qual adentrava o capitalismo mundial em fins do século XIX, do qual Marx não poderia ter visto, embora tenha percebido e apontado em seu livro terceiro de “O Capital” as tendências dialéticas da sociedade burguesa marcada pela ascensão dos monopólios e da fusão do capital bancário hiperconcentrado com o capital industrial. Segundo Lenin, a “Concentração da produção; monopólios que resultam da mesma; fusão ou junção dos bancos com a indústria: tal é a história do aparecimento do capital financeiro e daquilo que este conceito encerra[...]O Monopólio, uma vez que foi constituído e controla milhões e milhões, penetra de maneira absolutamente inevitável em todos os aspectos da vida social, independentemente do regime político e de qualquer outra particularidade.” (“O Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo”). Olhando esses escritos, parece mesmo terem sido elaborados ontem, pois é em grande medida exatamente o que tem ocorrido com a economia capitalista contemporânea.
Embora John Hobson (um liberal burguês, que não podia sacar de sua análise conclusões revolucionárias como Lenin o fez), Hilferding, Bukárin e mesmo Rosa Luxemburgo tenha precedido “O Imperialismo” de Lenin, o mestre bolchevique mantém sua originalidade impar e uma finalidade política e revolucionária precisa, característica de todas as suas obras. Se o imperialismo, como diz Lenin, se manifestava “em todos os aspectos da vida social”, inclusive pela guerra, “A isto deve-se acrescentar que, não só nos países recentemente descobertos mas também nos velhos, o imperialismo conduz às anexações, à intensificação da opressão nacional, e, por conseguinte, intensifica também a resistência”.  Lenin combate acidamente o oportunismo e a conciliação de classes, levado adiante pelos chefes degenerados da II Internacional, sobretudo Kautsky.
Segundo Lenin, “A particularidade fundamental do capitalismo moderno [imperialismo] consiste na dominação exercida pelas associações monopolistas dos grandes patrões. Estes monopólios adquire a máxima solidez quando reúnem nas suas mãos todas as fontes de matérias-primas, e já vimos com que ardor as associações internacionais de capitalistas se esforçam por retirar do adversário toda a possibilidade de concorrência, por adquirir, por exemplo, as terras que contém minério de ferro, o jazigos de petróleo, etc. A posse de colônias é a única coisa que garante de maneira completa o êxito do monopólio contra todas as contingências da luta com o adversário, mesmo quando este procura defender-se mediante uma lei que implante o monopólio do Estado. Quanto mais desenvolvido está o capitalismo, quanto mais sensível se torna a insuficiência de matérias primas, quanto mais dura é a concorrência e procura de fontes de matérias primas em todo o mundo, tanto mais encarniçada é a luta pela aquisição de colônias.[...]A época do capitalismo contemporâneo mostra-nos que se estão estabelecendo determinadas relações entre os grupos capitalistas com base na partilha econômica do mundo, e que, ao mesmo tempo, em ligação com isto, se estão estabelecendo entre os grupos políticos, entre os Estados, determinadas relações com base na partilha territorial do mundo, na luta pelas colônias, na luta pelo território econômico.”(idem). O método de Lenin, sua capacidade de manejar as armas da dialética são impressionantes, está descrito acima absolutamente tudo o que vemos acontecer em nosso período histórico, marcado pela agressividade dos grupos imperialistas atuais, sobretudo seu chefe, o imperialismo ianque e sua política neocolonizadora atual contra os povos; um simples olhar sobre o que ocorre com a Líbia, Síria e Venezuela são exemplares da veracidade e atualidade dessa imprescindível obra.
Mas, se o imperialismo “[...]é a época do capital financeiro e dos monopólios, que trazem consigo, em toda parte, a tendência para a dominação, e não para a liberdade.”, também podemos “qualificá-lo de capitalismo de transição ou, mais propriamente, de capitalismo agonizante.” (idem). Assim, sendo a época imperialista de “guerras e revoluções” segundo Lenin, tal período histórico da sociedade burguesa nada mais faz do que criar as bases materiais para as relações de produção socialista e a emancipação humana com o fim da sociedade de classes, só possível pela ação revolucionária e consciente das massas dirigidas pelo proletariado e seu partido comunista, que acaudilhe atrás de si, todos os setores explorados e oprimidos pela sociedade do capital.
O Estado e a Revolução”: a doutrina marxista do Estado e de seu desaparecimento histórico
Em 1917, pouco antes da insurreição proletária de outubro Lenin escreve “O Estado e a Revolução”, obra imprescindível a todos os trabalhadores conscientes e suas organizações, pois sistematiza e faz avançar a teoria marxista do Estado e seu caráter de classe, como nenhum outro antes.  Também nesta obra, escrita no contexto de guerra e revolução, Lenin combate sem tréguas o oportunismo, chauvinismo e as posições renegadas dos chefes da II Internacional, em primeiro lugar Kautsky. Partindo dos escritos de Engels em “A Origem da Família”, Lenin demonstra como o Estado é uma força que brota da sociedade, mas que, no entanto, se situa acima dela, com os destacamentos de homens armados e as instituições que garantem a dominação de classe dos exploradores. Neste sentido, Lenin afirma que: “Como o Estado nasceu da necessidade de refrear os antagonismos de classes, no próprio conflito dessas classes, resulta, em princípio, que o Estado é sempre o Estado da classe mais poderosa, da classe economicamente dominante que, também graças a ele, se toma a classe politicamente dominante e adquire, assim, novos meios de oprimir e explorar a classe dominada. Não só o Estado antigo e o Estado feudal eram órgãos de exploração dos escravos e dos servos, como também o Estado representativo moderno é um instrumento de exploração do trabalho assalariado pelo capital” (“O Estado e a Revolução”).
O Estado e a Revolução” significa de fato um verdadeiro manifesto contra o oportunismo e ilusões eleitoreiras, pois fica patente que “fora o poder tudo é ilusão”; ou seja, os trabalhadores devem não se apossar para reformar, mas “destruir a máquina estatal burguesa” e substituí-la pela ditadura do proletariado em armas contra a burguesia, como única forma de quebrar sua base material e econômica de dominação através da eliminação da propriedade privada dos meios de produção, e da condução da sociedade pelos trabalhadores conscientes e desalienados, senhores do seu destino como portadores históricos e agentes materiais destinados a  pôr um fim na sociedade dividida em classes sociais antagônicas.
Na perspectiva leninista:“O proletariado se apodera da força do Estado e começa por transformar os meios de produção em propriedade do Estado. Por esse meio, ele próprio se destrói como proletariado, abole todas as distinções e antagonismos de classes e, simultaneamente, também o Estado, como Estado. A antiga sociedade, que se movia através dos antagonismos de classe, tinha necessidade do Estado, isto é, de uma organização da classe exploradora, em cada época, para manter as suas condições exteriores de produção e, principalmente, para manter pela força a classe explorada nas condições de opressão exigidas pelo modo de produção existente (escravidão, servidão, trabalho assalariado). O Estado era o representante oficial de toda a sociedade, a sua síntese num corpo visível, mas só o era como Estado da própria classe que representava em seu tempo toda a sociedade: Estado de cidadãos proprietários de escravos, na antiguidade; Estado da nobreza feudal, na Idade Média; e Estado da burguesia de nossos dias. Mas, quando o Estado se torna, finalmente, representante efetivo da sociedade inteira, então torna-se supérfluo. Uma vez que não haja nenhuma classe social a oprimir; uma vez que, com a soberania de classe e com a luta pela existência individual, baseada na antiga anarquia da produção, desapareçam as colisões e os excessos que daí resultavam - não haverá mais nada a reprimir, e, um poder especial de repressão, um Estado, deixa de ser necessário. O primeiro ato pelo qual o Estado se manifesta realmente como representante de toda a sociedade - a posse dos meios de produção em nome da sociedade - é, ao mesmo tempo, o último ato próprio do Estado. A intervenção do Estado nas relações sociais se vai tornando supérflua daí por diante e desaparece automaticamente. O governo das pessoas é substituído pela administração das coisas e pela direção do processo de produção. O Estado não é ‘abolido’: morre. É desse ponto de vista que se deve apreciar a palavra de ordem de ‘Estado livre do povo’, tanto em seu interesse passageiro para a agitação, como em sua definitiva insuficiência científica; é, igualmente, desse ponto de vista que se deve apreciar a reivindicação dos chamados anarquistas, pretendendo que o Estado seja abolido de um dia para o outro.”(idem).
1917: os trabalhadores tomam o poder
A revolução de outubro significou o maior acontecimento histórico do ponto de vista dos explorados e oprimidos em todo o mundo. Pela primeira vez na história, os trabalhadores tinham tomado o poder de Estado das mãos dos opressores e eliminado seus privilégios de classe. Vale dizer que o período que precedeu a tomada do poder pelos bolcheviques, foi marcado pelo mais duro combate entre as classes em luta. A burguesia russa, apoiada por todos os exploradores internacionais resistiram o máximo que permitiram suas forças, para não perderem seu “direito” à exploração. Acontece que em 1917 a classe burguesa já estava condenada pela história.
O proletariado, antagonista histórico da burguesia, entrava em cena na arena da luta de classes de forma independente, possuindo as condições objetivas e bases materiais para derrocar o poder do capital. Já nas revoluções de 1848, a burguesia pressente o fim de sua fase progressista e início de seu período irracionalista, marcado pelo freio ao desenvolvimento das forças produtivas e do próprio desenvolvimento humano em todo o seu potencial. Marx nos diz em seu “Dezoito Brumário” que: “A burguesia tomava consciência, com razão, de que todas as armas que havia forjado contra o feudalismo voltavam-se agora contra ela; que toda a cultura que havia gerado rebelava-se contra sua própria civilização; que todos os deuses que criara a haviam negado”. Embora os oportunistas e reformistas mencheviques, socialistas revolucionários, anarquistas e acadêmicos pequeno-burgueses vociferassem com pose indignada contra os bolcheviques, sobre a suposta prematuridade da revolução de outubro, reivindicando mecanicamente que o país perseguisse a trilha da burguesia ocidental, o regime imperialista já havia estabelecido a divisão mundial do trabalho, reservando para os países atrasados como a Rússia Czarista, a dependência e a subordinação.
Segundo Trotsky: “Os países atrasados assimilam as conquistas materiais e ideológicas das nações avançadas. Mas isto não significa que sigam estas últimas servilmente, reproduzindo todas as etapas de seu passado. A teoria da reiteração dos ciclos históricos – procedente de Vico e seus discípulos – apoia-se na observação dos ciclos das velhas culturas pré-capitalistas e, em parte também, nas primeiras experiências do capitalismo[...]O capitalismo prepara e, até certo ponto, realiza a universalidade e permanência na evolução da humanidade. Com isto se exclui já a possibilidade de que se repitam as formas evolutivas das distintas nações. Obrigado a seguir os países avançados, o atrasado não ajusta em seu desenvolvimento a concatenação das etapas sucessivas[...]O desenvolvimento desigual, que é a lei mais geral do processo histórico, não se revela, em nenhuma parte, com maior evidência e complexidade do que no destino dos países atrasados. Açoitados pelo chicote das necessidades materiais, os países atrasados se veem obrigados a avançar aos saltos. Desta lei universal do desenvolvimento desigual da cultura decorre outra que, por falta de nome mais adequado, chamaremos de lei do desenvolvimento combinado, aludindo à aproximação das distintas etapas do caminho e à confusão de distintas fases, ao amálgama de formas arcaicas e modernas. Sem recorrer a esta lei, enfocada, naturalmente, na integridade de seu conteúdo material, seria impossível compreender a história da Rússia, nem a de nenhum outro país de avanço cultural atrasado, seja em segundo, terceiro ou décimo grau.” (Leon Trotsky, “História da Revolução Russa”).
No início de fevereiro de 1917, devido à escassez de alimento, recrudescimento da pobreza e efeitos nefastos da guerra, grandes distúrbios e instabilidade social e política se intensificam em Petrogrado. As grandes greves políticas tomam conta da capital, sacudindo o poder do Czar.  Segundo Trotsky, “Os primeiros dois meses de 1917 mostram 575 mil grevistas políticos, a maior parte dos quais correspondem à capital[...] Em cada fábrica, um número ativo estava se formando, geralmente em torno dos bolcheviques.” (idem). Em 23 de fevereiro (08 de março pelo calendário atual), por ocasião do dia internacional da mulher, reuniões, passeatas e manifestações tomam conta da capital, tendo as tecelãs importante participação. Em três dias, as greves que explodem tornam-se generalizadas, um primeiro passo de fato para a insurreição, marcados pelo enfrentamento contra a polícia e influenciando profundamente a psicologia de boa parte dos soldados das forças armadas. O dia 23 de fevereiro foi o estopim do grande movimento de massas revolucionário que conduziram à Revolução de Fevereiro, tendo os Sovietes participação fundamental no processo, pondo fim a monarquia absolutista e dando origem ao governo provisório, encabeçado pelo príncipe Lvov, posteriormente substituído pelo governo burguês liberal de Kerensky, baseado na colaboração de classes através dos seus ministros mencheviques e socialistas revolucionários, não resolvendo as grandes demandas das massas proletárias e populares e mantendo a Rússia na guerra.
Lenin, que estava exilado em Zurique na Suíça, percebe que todo o potencial revolucionário das massas estava longe de ter se esgotado. Em abril Lenin desembarca em Petrogrado e é recebido por uma multidão de operários e soldados, em seguida pronuncia duro discurso contra o governo provisório e faz o chamado à revolução proletária. Escreve em seguida suas conhecidas “Teses de Abril”, onde defende a necessidade de levar adiante a revolução socialista no país, não se detendo na república parlamentar burguesa. Trotsky já havia advertido que a república que saiu da Revolução de Fevereiro “não é a nossa república e a guerra que ela conduz não é a nossa guerra”. Lenin em suas “Teses”, que eram posições muito parecidas às de Trotsky, defende “[...] uma república dos sovietes de deputados de operários, assalariados agrícolas e camponeses de todo o país”
Nos meses que antecederam a revolução de outubro, Lenin lança o chamado para que os ministros mencheviques e socialistas revolucionários rompessem com os ministros capitalistas e tomassem o poder em suas mãos, o que eles se negaram. As massas se radicalizavam e os bolcheviques ganhavam influência entre os trabalhadores. A luta de classes ficava cada vez mais quente; segundo John Reed em seu clássico trabalho “Os Dez dias que Abalaram o Mundo”: “E em julho, a sublevação espontânea e desorganizada do proletariado, que assaltou novamente o Palácio da Táurida aos gritos de ‘Todo o poder aos sovietes!’, demonstrou, mais uma vez, que as massas estavam decididas a impor sua vontade. [...] Os bolcheviques constituíam nesse momento um pequeno partido, mas se colocaram, resolutamente, à testa do movimento de julho”. O Governo Provisório, parido da insurreição de fevereiro, dá início a uma verdadeira caçada aos bolcheviques. Uma ordem de prisão contra Lenin é expedida, acusando-o de provocador à soldo da Alemanha. Centenas de militantes bolcheviques foram presos, entre eles Trotsky, Alexandra Kolontai e Zinoviev. Lenin foge para a Finlândia, onde começa a escrever “O Estado e a Revolução”.
Em agosto, o general Kornilov tenta impor um golpe e uma ditadura fascista para salvar o Estado burguês. Kornilov mobiliza, além de parte das tropas, um considerável contingente armado informalmente, conhecidos como “Sociedades Patrióticas” de Petrogrado, muito semelhante aos agrupamentos fascistas posto em marcha por Mussoline e Hitler em seu tempo, também parecidas com as milícias cariocas aqui no Brasil. Kerensky, por medo da insurreição de Kornilov e pretendendo ganhar apoio dos bolcheviques, liberta Trotsky e outros bolcheviques. O levante organizado e armado dos trabalhadores de Petrogrado, dirigidos pelos bolcheviques, sem capitular a Kerensky, esmagam a contra-revolução kornilovista, fazendo com que o partido de Lenin, ganhasse a total simpatia das massas e da base das forças armadas russa. O caminho para a revolução se acelerava. Em seguida, os bolcheviques conquistam grande influência nos Sovietes de Moscou e Petrogrado (Trotsky era o presidente do Soviete de Petrogrado), dirigindo os principais setores do proletariado e das massas russas.  O Governo provisório balançava e encontrava-se reduzido à impotência. Lenin, da Finlândia, fez duras críticas aos dirigentes bolcheviques, sobretudo Stalin,  Kamenev e Zinoviev, que eram contrários à tomada do poder pelos trabalhadores. Essa ala do partido via na Revolução de Fevereiro, a concretização do máximo que o proletariado russo poderia fazer: pensavam “Outubro” como utopia. Lenin diz em uma carta enviada ao Comitê Central que “Os eventos estão determinando nossa tarefa tão claramente para nós que a procrastinação está se tornando nitidamente criminosa[...]Esperar seria um crime para a Revolução”.
O Comitê Militar Revolucionário, do Soviete de Petrogrado, liderado por Trotsky, dirige a tomada do poder em 25 de outubro de 1917, mobilizando os operários, soldados e Marinheiros a ocuparem as redes ferroviárias, centrais telefônicas, Correios, tipografias, banco oficial, etc., tomando de fato o poder de Estado das mãos da burguesia. No dia 26 de outubro, no “II Congresso dos Sovietes de toda a Rússia”, é anunciado a todo o mundo o poder proletário e a derrubada do Estado capitalista. Lenin, dirigindo o Congresso anunciaria: “Procederemos para a construção da ordem Socialista.” Dias depois, o governo dos Sovietes, liderado por Lenin, emitiu diversos decretos sobre a questão da terra que beneficiava os camponeses, propostas de paz, abolição da diplomacia secreta, sobre autodeterminação dos povos, separação entre igreja e Estado, sobre o controle dos trabalhadores, a igualdade completa de homens e mulheres, etc. Estavam dadas as bases da ditadura do proletariado contra os exploradores. Em seguida o governo dos Sovietes expropria os principais setores capitalistas e latifundiários.
A Contrarrevolução
Pouco tempo depois do sucesso da revolução, numerosos levantes contrarrevolucionários causaram milhares de mortos. Os mencheviques por exemplo, que dirigiam o importante Sindicato dos Ferroviários, tentaram por todos os meios sabotar o sucesso da revolução. Além de diversos problemas que apareciam no sentido da reorganização da economia, que se encontrava em situação caótica devido principalmente à guerra, o governo de Lenin teve de enfrentar, em um momento de grande dificuldade, a invasão imperialista que tentava estrangular a revolução. Vinte e um exércitos estrangeiros, contando com o apoio dos mencheviques e dos socialistas revolucionários, ocupavam diversos fronts visando liquidar o Estado Soviético. O conjunto destas forças militares internacionais burguesas formavam o Exército Branco, uma força internacional bélica dirigida pelo imperialismo.
Atentados terroristas contra Lenin, Trotsky e outros líderes bolcheviques foram cometidos pela reação. Os Brancos planejavam explodir o trem de Trotsky, e Lenin fora baleado.  O Exército Vermelho, criado e dirigido por Trotsky implementou grande ofensiva em toda a parte e impôs uma derrota histórica ao terror Branco do imperialismo. No entanto, a ofensiva da reação e a guerra civil, criaram imensas dificuldades ao Estado soviético, que teve de recorrer ao “comunismo de guerra” e a Nova Política Econômica (NEP) ao fim da Guerra Civil, voltando sua economia essencialmente para a militarização e abrindo certas concessões ao capital e a determinadas relações capitalistas. Do contrário seria a derrocada militar, bancarrota econômica e o fim da revolução. Com a vitória histórica do Exército Vermelho, solidificava-se assim, o Estado Operário. Importante enfatizar que apesar de imensas dificuldades que rodeavam o Estado Operário, os bolcheviques, sobretudo Lenin e Trotsky, dispensam imensa energia para a fundação em março de 1919 da III Internacional, o partido mundial da revolução. Seus quatro primeiros Congressos e suas resoluções marcam um profundo avanço na luta internacional dos trabalhadores, como a defesa da Frente Única, a orientação para que os comunistas desenvolvessem o trabalho nas fábricas, criar núcleo comunista nelas, impulsionar a organização de conselhos operários e batalhar pelo ganho de hegemonia entre a classe. Outras resoluções de grande importância para orientar a luta dos trabalhadores, foram sobre o trabalho da mulher, a questão dos negros e sobre a revolução nos países do Oriente. A III Internacional dava conta da nova época pelo qual adentrava a sociedade burguesa, ou seja, a época do imperialismo e da necessidade da luta mundial contra o capital.

Os últimos dias e o ascenso da burocracia
Ao fim da Guerra Civil, a economia soviética estava em penúria. Suas forças foram mobilizadas para sustentar as tropas no front, que tinha de defender a pátria operária do assédio imperialista. A direção bolchevique, para tentar impulsionar a economia teve de recorrer a NEP, que permitia aos camponeses negociar seus grãos pelo livre mercado e abria concessões a determinados setores capitalistas. No cenário internacional, a Rússia soviética se encontrava isolada e sabotada, tanto política, mas fundamentalmente economicamente pelo mundo capitalista. Dado o caráter histórico de atraso econômico e das forças produtivas da Rússia, potencializados pela destruição causados pela Guerra, os trabalhadores ao tomarem o poder se deparavam com todo tipo de dificuldades e sabotagens. Tinham de reerguer o país, resolver os problemas mais elementares como o da fome, mas também desenvolver as forças produtivas da nação e elevar a produtividade do trabalho. Após longos anos de guerra, revolução e sacrifícios de todo tipo exigidos das massas, um período de abatimento e refluxo toma conta de grandes parcelas dos trabalhadores. Seus melhores, abnegados e mais audaciosos elementos foram mortos na Guerra Civil contra o terror Branco. Esta conjuntura favorece o ascenso de uma casta burocrática que ganhava corpo na direção do Partido e do Estado operário.
De acordo com Trotsky: “A uma intervenção sucedia a outra. Os países do Ocidente não forneciam uma ajuda direta. Em vez do esperado bem-estar, o país viu instalar-se, por muito tempo, a miséria. Os mais notáveis representantes da classe operária tinham desaparecido durante a guerra civil ou, subindo alguns degraus, tinham se desligado das massas. Assim sobreveio, após uma prodigiosa tensão de forças, de esperanças e de ilusões, um longo período de fadiga, de depressão e de desilusão. O refluxo do ‘orgulho plebeu’ teve como corolário um afluxo do arrivismo e pusilanimidade. Estas marés conduziram ao poder uma nova camada de dirigentes” (Leon Trotsky, “A Revolução Traída”). Lenin, por sua vez, já percebia essas tendências burocráticas no interior do poder de Estado e do próprio partido. Desde de 1920 vinha assinalando estas “deformações burocráticas”. Após voltar ao trabalho, depois de sua primeira enfermidade, Lenin se assusta com o grau atingido pela burocracia e sua influência degeneradora. Antes de sofrer seu segundo ataque cerebral, pronuncia três discursos atacando a burocracia. Em um destes, afirmava: “O que necessitamos é que os comunistas controlem a máquina para a qual foram designados e não, como frequentemente acontece entre nós, que a máquina os controle”. (Obras Completas, T. XXXIII).
Em seguida, no dia 16 de dezembro de 1922, Lenin sofre seu segundo ataque que o retira da vida pública facilitando o caminho da burocracia. Em 4 de janeiro de 1923, debilitado, dita um “pós-escrito”, conhecido como seu testamento, onde afirma: “o camarada Stalin, ao converter-se em secretário geral, concentrou em suas mãos um poder ilimitado e não estou seguro de que seja sempre capaz de utilizar essa autoridade com cautela”, propondo dessa forma que o partido “buscasse a forma de remover Stalin” de seu cargo de Secretário-Geral. (Lenin, “Diário das Secretárias”). Lenin dedica seu último período de vida a combater a burocracia, em uma de suas últimas conversas com Trotsky lhe orienta: “Propõe, então, iniciar a luta não só contra a burocracia de Estado, mas também contra a comissão de organização do Comitê Central?” (Trotsky, “Minha Vida”). Lenin pensava em formar com Trotsky um bloco contra a burocracia. Ainda segundo Trotsky, “A sua intenção (de Lenin) era criar uma comissão agregada ao comitê central para a luta contra a burocracia, e da qual devíamos ambos participar. Afinal de contas, tal comissão devia funcionar como uma alavanca para destruir a fração stalinista, espinha dorsal da burocracia, e para criar, no partido, as condições que me dessem a possibilidade de vir a ser substituto de Lenin, e, segundo a sua ideia, o seu sucessor na presidência do conselho dos comissários do povo.” (idem).
Lenin preparava uma dura batalha contra a burocracia para o XII Congresso do Partido Comunista Russo. Mas em 9 de março sofre um novo ataque cerebral que o paralisa completamente. No dia 24 de janeiro de 1924, o coração e cérebro genial de Lenin deixam de funcionar, e o grande chefe do proletariado mundial morre prematuramente. A obra de Lenin permanecera através dos tempos. Seu legado, seu método e exemplo mantém toda a integridade revolucionária e servem como guia para o proletariado e seus aliados. Diante da decadência mundial do regime capitalista, que tem acirrado a barbárie como forma de ser da sociedade burguesa, as contribuições de Lenin são valiosos instrumentos na luta da classe trabalhadora. Mais do que nunca o partido de Lenin se faz atual, como único instrumento capaz de conduzir às massas a derrubada violenta da sociedade capitalista em direção ao socialismo. Diante da crise de direção pelo qual passa o proletariado revolucionário, é cada vez mais urgente recorrermos ao legado e a obra de Lenin, como arma indispensável na luta pela destruição do mundo burguês!
Lenin e esposa
Para terminar, ressaltamos as belas palavras de Trotsky, em nota divulgada um dia após o falecimento de Lenin, sobre o grande chefe revolucionário: “[...] como iremos prosseguir? Encontraremos o caminho? Não iremos perder-nos? Porque Lenin, camaradas, já não se encontra entre nós… Lenin já não existe, mas temos o leninismo. O que havia de imortal em Lenin – os seus ensinamentos, o seu trabalho, os seus métodos, o seu exemplo – vive em nós, neste Partido que criou, neste primeiro Estado operário à cabeça do qual se encontrou e que ele dirigiu. Neste momento, os nossos corações estão invadidos por esta dor tão profunda, porque todos nós fomos contemporâneos de Lenin, trabalhamos a seu lado, estudamos na sua escola. O nosso Partido é o leninismo em ação; o nosso Partido é o chefe coletivo dos trabalhadores. Em cada um de nós vive uma parcela de Lenine, o que constitui o melhor de cada um de nós[...]”.

ROBERTO BERGOCI - SP
-Membro do Comitê Central do PCPB - Partido Comunista do Povo Brasileiro - e Secretário de Relações Internacionais.
Artigo publicado, originalmente, no jornal 
GAZETA REVOLUCIONARIA
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