sábado, 23 de janeiro de 2021

BRIZOLA ANTIIMPERIALISMO E PATRIOTISMO EM PROL DOS TRABALHADORES * FRT/BR

BRIZOLA

ANTIIMPERIALISMO E PATRIOTISMO EM PROL DOS TRABALHADORES

 
(Dois meses antes do Golpe de 64 Leonel Brizola foi entrevistado pela Monthly Review)

NOTA DA EDITORIA

Reproduzimos aqui a entrevista de Leonel de Moura Brizola, concedida em fevereiro de 1964 à Revista Marxista Monthly Review, onde ele destaca os instrumentos necessários no combate às multinacionais e ao capital estrangeiro, e conclui apresentando a proposta de união e organização populares como ferramenta revolucionária.

Gostaríamos de ressaltar que é responsabilidade de todo aquele que se denomina revolucionário, baseado no marxismo sem adjetivos, resgatar o manancial riquíssimo do Pensamento Antiimperialista existente em nossa história e tirá-lo do limbo oportunista, eleitoreiro, e decorativo em que a cultura burguesa o enterrou. É isso que ocorre com Getúlio Vargas, João Goulart, Brizola e tantos outros, que empenharam o seu patriotismo em benefício do país e dos trabalhadores, pagando com as suas vidas por fazêlo.

Nosso desejo é que leiam, tirem suas conclusões e dêem um passo adiante: junte-se a nós, a FRENTE REVOLUCIONÁRIA DOS TRABALHADORES

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 Dois meses antes do Golpe de abril de 64, Leonel Brizola foi entrevistado pela Monthly Review, revista que desde 1949 reunia a fina flor do pensamento marxista como Leo Huberman, Paul Baran, Paul Sweezy, Harry Magdoff e Fred Magdoff. Esta entrevista de Leonel Brizola constitui mais uma prova de seu anti-imperialismo e revela como o pessoal da universidade aqui no Brasil o interpretou maldosa e equivocadamente como “populista”. A verdade era outra: Leonel Brizola foi um político socialista.


- No momento Leonel Brizola é sem dúvida o líder popular mais influente da Frente de Mobilização Popular, um organismo que engloba a esquerda. Ele frequentemente fala ao povo na rádio mais ouvida do Brasil, ele fala uma linguagem clara usando muitas imagens e comparações.

- “Você terá observado” (ele começou sem esperar a pergunta), “que o fato mais relevante no Brasil de hoje é a sua inflação. Nas atuais circunstâncias, a inflação é um problema insolúvel, porque sua origem é externa e controlada de fora, ela é um produto da pilhagem imperialista.”


- O processo inflacionário está acelerando?


- “De janeiro de 1945 até dezembro de 1952 o custo de vida duplicou. Foram oito anos. Duplicou novamente de 1952 a 1958 em apenas seis anos, e de 1958 a 1961, três anos; outra vez de janeiro de 1962 a junho de 1963, um ano e meio. Agora o custo de vida duplicará em oito ou nove meses.”


- Como o senhor explica isso?


- “É como se o imperialismo tivesse colocado uma grande bomba de sucção em nosso corpo para poder sugar nosso sangue. Já que não podemos resistir, o imperialismo retira o sangue e injeta água no seu lugar. O dinheiro que é posto aí, que não representa valor real, é a água. E é assim que nós vivemos. Mas o colapso virá, está se aproximando a passos de gigante.”


- Como ocorrerá o colapso?


- “Pouco a pouco a situação está se tornando mais difícil de segurar: em vista disso, as classes dominantes, apoiadas pelo imperialismo, estão se unificando para dar um golpe de direita, a fim de estabelecer um governo de força, uma ditadura, seja ela escancarada ou disfarçada. Evidentemente seria difícil impor uma ditadura, pois já não é fácil enganar o povo. Nós estamos dispostos a lutar, estamos preparados, e isso será o começo da luta revolucionária pela libertação nacional. O exemplo de 1961 mostra que o povo lutará junto com os seus irmãos do Exército – os sargentos, os cabos, os soldados e os oficiais nacionalistas”.


- Quais são as condições necessárias para essa luta?


- “Organização e unidade. Nós tivemos problemas com os erros cometidos pelo partido Comunista e por Francisco Julião. Devemos no entanto reconhecer que Julião possui o grande mérito de ter despertado o setor mais oprimido da nossa população: os trabalhadores rurais. E nós acreditamos que todos esses erros serão superados. Nós não somos anti-comunistas, recebemos bem a todos os brasileiros patriotas que venham a lutar pela libertação de seu país. O problema latino-americano tem de ser concebido como um problema de libertação nacional. Sem libertação nacional não podem existir as reformas de base porque não se resolve problema da pobreza.”


- Como o senhor pensa a revolução?


- “Em primeiro lugar precisa ter unidade de todo os patriotas. É imperativo que a revolução encontre soluções socialistas. E não é uma questão de escolher uma doutrina de um livro. Somente as soluções socialistas é que permitem a defesa dos povos contra o imperialismo.”


Ele me interrompe, sorrindo, antes que eu possa fazer a próxima pergunta.


- “Você vai me perguntar como cheguei a estas conclusões. Na época em que me tornei governador, eu era político convencional com todos os preconceitos habituais. Eu estava convencido de que bastava uma boa administração, trabalhar duro para melhorar a situação do povo em todos os setores. Mas eu vi que o povo trabalhava mais e melhor e, apesar disso, estava ficando pobre. Então, eu tive a compreensão do problema da América Latina em conjunto. Depois, quando tomei medidas contra determinadas companhias que nos exploravam, eu vi diante de meus olhos o problema da opressão imperialista. Olhe: é como se você e eu quiséssemos arrumar a mobília desta sala, mas alguém está carregando-a para fora. Aí chega uma hora em que não há mais mobília para arrumar. Por conseguinte, a primeira tarefa nossa é fechar a porta para impedir a espoliação.”

***

ODE A LÊNIN * Pablo Neruda / Chile

 ODA A LENIN

PABLO NERUDA / CHILE


La revolución tiene 40 años.

Tiene la edad de una joven madura.

Tiene la edad de las madres hermosas.


Cuando nació,

en el mundo

la noticia se supo

en forma diferente.


-Qué es esto? -se preguntaban los obispos-,

se ha movido la tierra,

no podremos seguir vendiendo el cielo.


Los gobiernos de Europa,

de América ultrajada,

los dictadores turbios,

leían en silencio

las alarmantes comunicaciones.

Por suaves, por profundas

escaleras

subía un telegrama,

como sube la fiebre

en el termómetro:

ya no cabía duda,

el pueblo había vencido,

se transformaba el mundo.


I


Lenin, para cantarte

debo decir adiós a las palabras;

debo escribir con árboles, con ruedas,

con arados, con cereales.

Eres concreto como

los hechos y la tierra.

No existió nunca

un hombre más terreste

que V. Ulianov.

Hay otros hombres altos

que como las iglesias acostumbran

conversar con las nubes,

son altos hombres solitarios.


Lenin sostuvo un pacto con la tierra.


Vio más lejos que nadie.

Los hombres,

los ríos, las colinas,

las estepas,

eran un libro abierto

y él leía,

leía más lejos que todos,

más claro que ninguno.

Él miraba profundo

en el pueblo, en el hombre,

miraba al hombre como a un pozo,

lo examinaba como

si fuera un mineral desconocido

que hubiera descubierto.

Había que sacar las aguas del pozo,

había que elevar la luz dinámica,

el tesoro secretode los pueblos,

para que todo germinara y naciera,

para ser dignos del tiempo y de la tierra.


II


Cuidad de confundirlo con un frío ingeniero,

cuidad de confundirlo con un místico ardiente.

Su inteligencia ardió sin ser jamás cenizas,

la muerte no ha helado aún su corazón de fuego.


III


Me gusta ver a Lenin pescando en la transparencia

del lago Razliv, y aquellas aguas son

como un pequeño espejo perdido entre la hierba

del vasto Norte frío y plateado:

soledades aquellas, hurañas soledades,

plantas martirizadas por la noche y la nieve,

el ártico silbido del viento en su cabaña.

Me gusta verlo allí solitario escuchando

el aguacero, el tembloroso vuelo

de las tórtolas,

la intensa pulsación del bosque puro.

Lenin atento al bosque y a la vida,

escuchando los pasos del viento y de la historia

en la solemnidad de la naturaleza.


IV


Fueron algunos hombres sólo estudio,

libro profundo, apasionada ciencia,

y otros hombres tuvieron

como virtud del alma el movimiento.

Lenin tuvo dos alas:

el movimiento y la sabiduría.

Creó en el pensamiento,

descifró los enigmas,

fue rompiendo las máscaras

de la verdad y del hombre

y estaba en todas partes,

estaba al mismo tiempo en todas partes.


V


Así, Lenin, tus manos trabajaron

y tu razón no conoció el descanso

hasta que desde todo el horizonte

se divisó una nueva forma,

era una estatua ensangrentada,

era una victoriosa con harapos,

era una niña bella como la luz,

llena de cicatrices, manchada por el humo.

Desde remotas tierras los pueblos la miraron:

era ella, no cabía duda,

era la Revolución.

El viejo corazón del mundo latió de otra manera.


VI


Lenin, hombre terrestre,

tu hija ha llegado al cielo.

Tu mano

mueve ahora

claras constelaciones.

La misma mano

que firmó decretos

sobre el pan y la tierra

para el pueblo,

la misma mano

se convirtió en planeta:

el hombre que tú hiciste se construyó una estrella.


VII


Todo ha cambiado, pero

fue duro el tiempo

y ásperos los días.

Durante cuarenta años aullaron

los lobos junto a las fronteras:

quisieron derribar la estatua viva,

quisieron calcinar sus ojos verdes,

por hambre y fuego

y gas y muerte

quisieron que muriera

tu hija, Lenin,

la victoria,

la extensa, firme, dulce, fuerte y alta

Unión Soviética.


No pudieron.

Faltó el pan, el carbón,

faltó la vida,

del cielo cayó la lluvia, nieve, sangre,

sobre las pobres casas incendiadas,

pero entre el humo

y a la luz del fuego

los pueblos más remotos vieron la estatua viva

defenderse y crecer crecer crecer

hasta que su valiente corazón

se transformó en metal invulnerable


VIII


Lenin, gracias te damos los lejanos.


Desde entonces, tus decisiones,

desde tus pasos rápidos y tus rápidos ojos

no están los pueblos solos

en la lucha por la alegría.

La inmensa patria dura,

la que aguantó el asedio,

la guerra, la amenaza,

es torre inquebrantable.

Ya no pueden matarla.

Y así viven los hombres

otra vida,

y comen otro pan

con esperanza,

porque en el centro de la tierra existe

la hija de Lenin, clara y decisiva.


IX


Gracias, Lenin,

por la energía y la enseñanza,

gracias por al firmeza,

gracias por el Leningrado y las estepas,

gracias por la batalla y por la paz,

gracias por el trigo infinito,

gracias por las escuelas,

gracias por tus pequeños

titánicos soldados,

gracias por este aire que respiro en tu tierra

que no se parece a otro aire:

es espacio fragante,

es electricidad de enérgicas montañas.


Gracias, Lenin,

por el aire y el pan y la esperanza.

***

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Danny Shaw Entrevistas *Frente Revolucionária dos Trabalhadores / FRT

DANNY SHAW

Militante socialista internacionalista; viajou em trabalho militante a diversos países da América do Sul, sobretudo Venezuela e Brasil; professor de relações internacionais da Universidade pública de Nova Iorque, escritor e lutador antiimperialista, defensor dos povos do terceiro mundo, aliado da FRT.

ENTREVISTA AO PAINEL BRASIL/ROSA DINIZ

https://rosadiniz.com/2021/01/22/o-que-muda-para-a-america-latina-o-governo-joe-biden/

PROFESSOR DANNY SHAW / YOUTUBE
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Perigo Real e Imediato * Sergio Lessa / AL

 Perigo real e imediato

Prof Sergio Lessa / AL

(Professor da Universidade Federal de Alagoas)


Devemos iniciar esta newsletter com uma advertência. Em análises de conjuntura é mais frequente do que raro tomar-se o particular pelo universal e realizar inferências quanto ao futuro que serão negadas pela realidade. Às vezes, negadas em um espaço de tempo muito pequeno. Talvez o que se segue venha a ser negado pelo mundo real – contudo, não cremos que será assim. Como outras tantas vezes na vida, meu desejo é que eu esteja equivocado.

 

Tudo indica que o ano de 2020 marcou uma “virada”, um salto ontológico, no dizer de Lukács, na “crise estrutural do sistema do capital como um todo”, expressão típica de Mészáros.

 

Lembremos um pouco os antecedentes. A passagem da humanidade pela Revolução Industrial (1776-1830) possibilitou a superação da carência e a entrada da humanidade na era da abundância. Como já argumentamos tantas outras vezes, foi a abundância que colocou como uma necessidade e uma possibilidade históricas concretas, cotidianas, a superação do capital pelo comunismo. Em poucas palavras, a abundância fundou a contradição antagônica entre o pleno desenvolvimento das capacidades humanas em fazer sua história (concentrada nas forças produtivas) e o capital. Esta a razão, nem bem terminada a Revolução Industrial, já em 1822, de termos a primeira das crises cíclicas que marcariam a evolução do capitalismo até meados da década de 1970.

 

Foi com base na constatação desta contradição que as gerações de revolucionários após Marx e Engels (penso em especial nos anos de Lenin, Rosa Luxemburgo, Trotsky etc.) participaram das revoluções e tentaram iniciar a transição ao socialismo. Foi também com base na evolução nesta contradição que todas as revoluções não conseguiram abrir a superação do capital: a evolução do imperialismo concentrou a abundância em alguns poucos países e aprofundou a miséria no restante do mundo. Nos países capitalistas centrais, uma das consequências do imperialismo foi o desenvolvimento da colaboração de classe da aristocracia operária (representada pelos partidos e sindicatos de base operária) com a burguesia. Neste contexto, as explosões revolucionárias do século 20 ocorreram em países atrasados, nos quais a carência ainda existia e, portanto, em que a abundância imprescindível à superação do capital ainda não se fazia presente. Por vias muito diversas, as peculiaridades nacionais conduziram todas os novos governos revolucionários para o desenvolvimento das forças produtivas do capital, por vezes com enorme sucesso e acelerado desenvolvimento econômico, como na URSS sob Stálin ou na China atual.

 

Por esta via, chegamos ao final da II Grande Guerra (1939-1945) com uma economia mundial que promoveu um rapidíssimo desenvolvimento das forças produtivas do capital. Um desenvolvimento tão intensamente alienado que resultou em uma correspondente diminuição da capacidade da humanidade fazer, de modo não alienado, sua própria história. O capital expressou, então, mais nitidamente do que nunca, ser uma causa sui, isto é, uma potência cuja única peculiaridade é reproduzir a si próprio de modo ampliado, destruindo a humanidade neste processo. O Estado de Bem-estar, de um lado, e o “socialismo soviético” do outro, são as expressões melhor acabadas desta tendência.

 

O resultado foi a ampliação da abundância à escala planetária. O quanto se produziu no século 20 pode ser mensurado, a olhos vistos, pelo fato de que antes da I Grande Guerra (1914-18), os carros eram uma raridade e, ao final do século 20, o planeta se tornou motorizado. O que isto significou de aumento da produção siderúrgica, petroquímica (plástico incluso), de vidros, de energia de todas as ordens etc. é algo tão evidente que não requer maior argumentação. Some-se a isso o fato de que se empregou várias dezenas de vezes o que se gastou para motorizar o planeta na promoção das guerras e para o desenvolvimento do complexo industrial-militar.

 

Esse desenvolvimento da capacidade produtiva do capital conduziu à passagem das crises cíclicas à crise estrutural. Em poucas palavras, a abundância se tornou tão grande que mesmo a crise mundial que se iniciou em 1973-76 com a crise do petróleo foi incapaz de consumi-la. A abundância se tornou permanente. Não haveria mais, no futuro, os períodos de carência trazidos pelas crises que, no passado impulsionavam a acumulação do capital. Na precisa definição de Mészáros, a crise se transformou em uma continuidade em que a reprodução do capital apenas é possível pelo desenvolvimento de suas tecnologias e pelo desemprego crescente da força de trabalho. Esta equação (maior produção e menor mercado consumidor, devido ao desemprego) resulta, em escala planetária, no acionamento dos limites absolutos do sistema do capital como um todo. Isto é, a cada momento a crise se torna tão premente, tão próxima, que medidas emergenciais e excepcionais devem ser tomadas, com absoluta necessidade, para adiar a ruptura do sistema no seu todo.

 

Uma destas medidas é a de converter tudo o que for riqueza produzida pela natureza em mais-valia. A destruição do planeta, uma obra já vinha se dedicando há séculos, ganhou um novo ímpeto e uma nova qualidade. A capacidade produtiva atual é tão grande que processos da natureza que envolvem todo o planeta passam a ser alterados com uma rapidez e intensidade inéditas. Do aquecimento global à destruição dos solos, da homogeneidade genética que torna inevitável as epidemias entre humanos, entre animais e plantas; do esgotamento dos recursos não renováveis à acidificação dos oceanos que ameaça exterminar os peixes na próxima década devido à morte dos corais e do fitoplancton; da destruição das reservas aquíferas às toneladas de lixo produzidas a cada segundo: não há sequer um único e solitário aspecto em que possamos divisar uma tendência oposta, isto é, de o capital estar promovendo, ainda que pontualmente, uma produção de mais-valia que não seja destrutiva do planeta.

 

O perigo atual e imediato


Chegamos assim ao nosso presente. Pela racionalidade tresloucada do capital, a pandemia se tornou a válvula de escape que evitou, até o momento, a eclosão de uma recessão mundial que já era prevista desde 2018. As maciças injeções de capital (Binden, o novo presidente dos USA, fala em um novo pacote de 1,9 trilhões de dólares!) tornam o sistema econômico mundial cada vez mais instável. Pois são capitais fictícios, que apenas existem no circuito financeiro e que só possuem valor com a entrada de novos e cada vez maiores montantes do mesmo capital fictício. As pressões inflacionárias já se fazem sentir. Se as oportunidades de lucro trazidas pela pandemia ainda mantêm o sistema do capital girando, ainda que precariamente, nada indica que isso possa durar para sempre.

 

Ao lado deste crescente desequilíbrio econômico, a destruição do planeta ganha contornos de irreversibilidade: a calota polar norte já não tem mais salvação. Independentemente do que façamos, em poucos anos no verão não haverá mais gelo no Polo Norte. A tundra, vegetação da maior parte do norte do continente asiático, queima de forma irreversível. A presença de micropartículas de plástico nas células de todos os seres vivos, humanos inclusos, é algo irreversível, com consequências que apenas agora se começa a pesquisar. A acidificação dos oceanos, com a consequente destruição de corais e do fitoplancton, é irreversível no curto e no médio prazos. A destruição da cadeia alimentar oceânica é, igualmente, irreversível. E assim por diante, numa lista que poderia consumir todo o espaço desta Newsletter.

 

O perigo real e imediato é essa conjunção de uma reprodução do capital muito instável, que se confronta cotidianamente com seus “limites absolutos”, com uma destruição do planeta que se torna cada vez mais irreversível. A queda na produção de alimentos, a falta generalizada de água, epidemias cada vez mais intensas, associada a um colapso financeiro, podem conduzir o planeta novamente a um estágio de carência. Se uma tal involução da capacidade produtiva permanecer por um período mesmo curto de tempo, a possibilidade de se superar a sociedade de classes desaparece do cenário histórico. Sem abundância, a superação do capital é uma impossibilidade ontológica, deixa de ser sequer uma potência no sentido da dynamis aristotélica. A humanidade terá perdido, caso isto ocorra, a “janela histórica” para destruir o capital antes de ser por ele destruída. Socialismo não mais, barbárie se tivermos sorte: o planeta de fato pode se tornar inabitável aos humanos.

 

Nunca a Revolução esteve tão próxima

 

Vivemos momentos limites do sistema do capital. São estes os momentos nos quais as revoluções sempre aconteceram. Nunca os antagonismos se tornaram tão presentes e generalizados na ordem burguesa, como hoje ocorre. A totalidade do sistema está ameaçada e os indivíduos já não mais aguentam viver: a depressão e os suicídios crescentes não nos deixam mentir. Por todos os lados, em todos os aspectos da vida social, a necessidade pelo comunismo se faz cada dia mais atual. Contudo, os movimentos revolucionários não se intensificam. Por duas razões fundamentais. A primeira, as transformações da classe operária. A segunda, a inexistência de uma verdadeira esquerda, aquela que faça da luta pela destruição do capital sua razão cotidiana de existir, aquela que não é reformista.

 

A classe operária tem vivido, já por algumas décadas, uma realocação no planeta. A entrada da força de trabalho proletária dos países da periferia do sistema do capital, principalmente desde o início da crise estrutural (década de 1970), desmontou os centros industriais mais importantes nos países capitalistas avançados e gerou uma nova classe operária na periferia do sistema. Neste processo, nos centros operários tradicionais da Europa e dos EUA intensificou-se o predomínio político e ideológico da aristocracia operária, da burocracia sindical e partidária que dela se elevam. A capacidade de luta destes operários está fortemente reduzida. Nos países da América Latina, África, mas principalmente Ásia, surge a cada dia mais operários oriundos de uma massa camponesa miserável. Muitas vezes com um passado marcado pelo modo de produção asiático, esta massa encontra na brutal exploração pelo capital uma melhoria em suas miseráveis condições de vida e trabalho. Entre estes operários, as condições para um levante revolucionário têm se demonstrado. Assistimos a explosões sociais sucessivas (Argentina 2001, Chile, Bolívia, EUA etc. mais recentemente), mas elas não passado do patamar “economicista”, para ficar com o Lenin de O que fazer?.

 

Sem uma classe operária na liderança histórica na luta pela destruição do capital, ao lado das tendências presentes que ameaçam substituir a abundância pela carência, o perigo real e imediato é que a humanidade avance rapidamente, barbaramente, para sua destruição. Este o perigo real e imediato, ao qual a única alternativa é a revolução proletária que destrua o capital.

 

Nossa responsabilidade

 

Nenhuma situação histórica no passado colocou com tamanha urgência a necessidade da luta revolucionário pela destruição do capital. Nossa esquerda institucionalizada sequer consegue conceber esta necessidade, continua na senda suicida de buscar uma melhor administração do capital, ao invés de buscar destruí-lo. É uma esquerda que apenas enxerga a realidade pelo filtro do Estado e da propriedade privada: querem ser, eles, os administradores do capital. Querem ser, eles, os destruidores da humanidade. A classe operária, planeta afora, tem também demonstrado pequena capacidade de mobilização contra o capital.

 

Está nas mãos dos revolucionários a defesa e a propaganda da possibilidade de salvação da humanidade pelo comunismo. As explosões sociais tão mais frequentes nos últimos anos, a crise gigantesca dos EUA, a impossibilidade de qualquer distribuição de renda no contexto da crise estrutural: estas e outras tendências abrem possibilidades para a ação revolucionária que não existiam há poucos anos. Há que aproveitá-las, antes de tudo e em primeiro lugar, ampliando a produção de uma teoria revolucionária e sua divulgação pela sociedade. Há mecanismos para isso, sabemos como fazer do ponto de vista técnico-operativo. O que falta é a produção de ideias, a produção teórica. E esta é uma responsabilidade que apenas os revolucionários podem assumir.

 

Se a história mantiver uma continuidade, há uma possibilidade real à nossa frente: no passado, nos momentos em que o cotidianamente possível se converteu em desumanidades absolutas, foi quando a humanidade realizou feitos geniais, atos que converteram o impossível em possível. As revoluções acontecem, são fenômenos sociais característicos destes momentos limites da história. Ainda que a revolução proletária não esteja na ordem do dia, ela não desapareceu do horizonte histórico. Pelo contrário! As contradições nunca foram tão intensas e a revolução, desta perspectiva, nunca este tão próxima. O que é preciso é converter essa possibilidade em realidade: “sem teoria revolucionária não há movimento revolucionário”! Aqui nosso calcanhar de Aquiles, aqui devemos concentrar nossas forças.

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quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Sobrevivência e Resistência: Letras e Livros/Pedro César Batista * Frente Revolucionária dos Trabalhadores / FRT

Sobrevivência e resistência. Tempo de pandemia e utopia
Sobrevivência e resistência: Tempo de pandemia e utopia, o 16º livro do jornalista, escritor e poeta Pedro César Batista, reúne uma coletânea de artigos escritos a partir de 15 e março, começo da pandemia da Covid-19 e será lançado durante a edição do Fórum Social Mundial de 2021, que acontecerá, virtualmente, entre os dias 23 e 31 de janeiro.

Os textos analisam a indiferença da sociedade diante da necropolítica do governo federal, que tem causado a perda de centenas de milhares de vidas. Apesar disto, o que se vê é a falta de alteridade com a dor das vítimas e uma ausência de disposição por parte das forças de esquerda no enfrentamento à política governamental, liderada por um ex-capitão, expulso do exército. O chefe do Planalto lidera uma facção das Forças Armadas, especialmente alguns generais, da ativa e reserva, que negam o coronavírus, a ciência e propagam a Covid-19, a principal causa das mais de 210 mil mortes no Brasil.

Como explicar a desmobilização, apatia e desarticulação das forças de esquerda com centenas de milhares de mortes, a retirada dos Direitos Sociais, a destruição do Meio Ambiente, o desmonte do Estado e a entrega do Patrimônio Nacional ao capital internacional? Estes pontos permeiam os textos de Pedro. 

Nunca foi do desconhecimento público os crimes do ex-deputado Bolsonaro, os quais se tornaram mais frequentes e duros após a sua eleição para a Presidência, entretanto, como explicar que dentro do Estado Democrático de Direito, mesmo com pouco tempo de duração, uma pessoa com tantos crimes fosse eleita para o cargo mais importante do país.

Qual o papel desempenhado pelas das forças de esquerda no atual momento histórico? Devem atuar em busca de uma nova composição com as elites, aceitar todas as contrarreformas que retiraram direitos da classe trabalhadora? Organizar-se somente em busca de um bom resultado eleitoral em 2022? Buscar hegemonia no campo popular e democrático, sem atuar para construir uma unidade estratégica com um programa efetivamente popular e de esquerda? 

Não é um livro para acadêmicos, apesar que pode lhes interessar, já que os artigos tratam do distanciamento dos debates teóricos e das direções de esquerda das bases populares, a falta de formação ideológica da militância, o desconhecimento e negação das experiências revolucionárias no processo civilizacional, especialmente na atual fase em que os setores indentitários buscam o protagonismo, negam à luta de classes. 

Sobrevivência e resistência: Tempo de pandemia e utopia é um conjunto de artigos que serve à militância e para gente do povo, que precisa realizar esse debate sobre a ruptura com o capitalismo, única forma de avançar na construção da dignidade humana.

O autor começou a publicar há mais de 40 anos, mesmo tempo que se dedica a militância por democracia, justiça social e a dignidade humana. O conjunto de sua obra é formado por poesia, contos, romance e pesquisas jornalísticas. 

Serviço

Lançamento - 29 de janeiro, às 18h, no Fórum Social Mundial 2021, com debate virtual com os prefaciadores, Marcos Fabrício Lopes da Silva, Doutor e professor em Literatura e José Lima da Silva Filho, advogado e romancista, autor de Tocaieiro Sanguinário e o autor, Pedro César Batista. 

Transmissão pela TV Comunitária de Brasília

Editora ArtLetras

Preço: R$ 20,00 (E-book)

Informações:

pcbatis@gmail,.com

61 98322 9805 

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Mesa no Fórum Social Mundial

*O Silêncio dos homens e o patriarcado: 
28/01, quinta às 18h (Hora de Brasília)* 


Homens tem sido campeões sinistros nas sociedades globais: quem mais morre, mais mata, mais adoece. A sociedade fundamentada no patriarcalismo segue com vítimas preferenciais: mulheres tem sofrido as consequências e suplícios de relações doentias, abusos de toda natureza, relações profissionais e empresariais desfavoráveis. A mesa "O silêncio dos Homens e o patriarcado", traz à tona o debate nesse momento em que o machismo e o patriarcado precisam ter fim! É preciso quebrar esse silêncio.


Organização: Grupo Masculinities (DF-BRA)

- Guilherme Valadares - Site Papo de Homem, diretor executivo do filme O Silêncio dos Homens;

- Fernando Pessoa (Psicólogo, Masculinities ECC);

- Jorge Amâncio - Poeta

- Muna Muhammad Odeh, Departamento de Saúde Coletiva, UNB;

- Rafael Gonçalves (Psicólogo, Conselheiro Regional de Psicologia, grupo Masculinities, Mov. Homens em Conexão)

- Vinícius Borba (Jornalista, poeta)

- Pedro César Batista - Escritor, jornalista e ativista;


TRANSMISSÃO: Facebook.com/MasculinitiesECC e Youtube.com/MasculinitiesECC 
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*Programa Letras e Livros.*

*Pedro Batista entrevista a romancista e poeta pernambucana, Marta Velozo, autora com vários prêmios literários.*

Marta Velozo participou das lutas pela redemocratização, atuou na Pastoral da Juventude, nos Movimentos Estudantil, por moradia e pela liberdade de expressão. 

Participa do Programa Quarta as Quatro (UBE-PE), foi homenageada no programa ‘A ficção em Pernambuco’ e no ‘Poetas da Terra’ (SESC). Ganhou o 2° lugar – Fliporto 2006, na categoria contos. 

Autora dos livros “Saga: poesias e contos”, “Auto de Carnaval (poema em forma de papiro)” , (Ah!) “Recife” (poemas editados em Braile). Em 2020, lançou o romance “Epístolas à Maria Fulô”. 

Em ‘Epístolas à Maria Fulô’, a escritora e poeta, reúne mensagens, cartas, telegramas, e-mails e bilhetes narrados pelas personagens que aos poucos desvendam a conexão entre duas mulheres e revelam sutilezas das relações homoafetivas e desafios das lutas, no contexto da sociedade autoritária e excludente.

ASSISTA AO VIVO

*Sexta-feira (22/1/21)

15h30*


Assista a entrevista pela TV Comunitária de Brasília 

Canal 12 da Net

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