ESQUERDA X COMUNISMO
"
Um dos antigos
hábitos da esquerda tradicional, é permanecer sempre nas mesmas litanias. É a mais pura reedição do ditado mais metafísico de Lao Tsé: “Enquanto eu for monge, tocarei a campainha.
Tal invariabilidade é especificamente ilustrada quando se fala dos agentes da revolução. Ignora-se que através de certas agências, sistemas e instituições ocorreu uma mudança na consciência do tempo. Não sei se você entendeu perfeitamente que devido aos efeitos da ciência e da tecnologia, especialmente das TIC, surgiu uma nova experiência e percepção do tempo vivido. Não falamos mais sobre lugares-comuns e história linear. Neste contexto, as famosas narrativas que retratam o tempo atual, olhando para trás, foram enfraquecidas.
A verdade é que essas narrativas antigas e do século XIX perderam o seu poder heurístico e demonstrativo. Assuntos tradicionais, como o sujeito, a classe e o sujeito povo, foram desestruturados material, lógica e simbolicamente. Pode-se ver, no horizonte, outros sujeitos sociais como redes, chats e grupos de discussão.
Outra manifestação é que as pessoas abandonaram a mania de adiar a sua existência para um futuro incerto que nunca chega. As pessoas relutam em aceitar as escatologias da vida após a morte. Coerente com as mudanças, na filosofia, na sociologia e na educação, este cronotrópio é cada vez mais elevado: invisibilidade, fenómenos e acontecimentos saturados.
Uma revolução que não se reconhece nestas transformações e não delineia as suas políticas de transformação está fadada ao fracasso.
"
PALESTRA COM EDUARDO MARINHO-ES
***
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O capitalismo está podre. Todos sabemos disso. Mas ele não cai sozinho