Eleições na Venezuela neste 06 de dezembro
Serão realizadas no próximo dia 06 de dezembro, as eleições legislativas na Venezuela, que neste ano aumentará o número de Deputados à Assembleia Nacional de 165 para 277 cadeiras, ampliando a representação nacional. “Participarão 107 partidos políticos, 98 deles partidos de oposição e 14.000 candidatos do sexo masculino e feminino, o que representa mais de 90% das organizações políticas legais registradas no CNE.” (Ministério do Poder Popular para Relações Exteriores, 03-12-2020). O imperialismo e seus tradicionais peões na América Latina, tem desenvolvido intensa campanha internacional contra o pleito, através de uma campanha baseada em verdadeira guerra psicológica e de calúnias à pátria bolivariana e ao presidente Nicolas Maduro.
A Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), tradicional instrumento da geopolítica de Washington em nosso continente, aprovou uma resolução no último dia 21 de outubro, declarando “fraudulentas” as eleições. Tanto é assim, que o Secretário de Estado dos EUA, o carniceiro Mike Pompeo, deu as cartas nessa farsante Assembleia colonial, declarando de forma arrogante a seus vassalos presentes, as receitas golpistas a serem seguidas fielmente contra a Venezuela.
Como verdadeira caixa de transmissão dos interesses imperialistas internamente, a direita golpista venezuelana publicou um documento assinado por 27 partidos burgueses, entre eles os que são dirigidos pelos fascistas Leopoldo López e Henrique Capriles, declarando o boicote ao pleito e convocam a chamada “comunidade internacional” a não reconhecerem o processo eleitoral. A extrema direita que hoje possui maioria na Assembleia Nacional (controlam 112 dos 167 assentos no parlamento), sabe que perderão um dos seus últimos recursos políticos formais para instrumentalizar o golpismo com aparências “legalistas”, por isso o circo montado em torno da sabotagem ao processo eleitoral.
Por sua parte, o governo Maduro tem garantido a mais ampla transparência do processo, abrindo o país aos observadores internacionais de diversos países, mostrando ser bem distante da verdade, as falácias veiculadas pela imprensa capitalista mundial sobre a suposta “ditadura” chavista na Venezuela.
É inegável que no contexto de um Estado ainda capitalista (as bases de um Estado burguês, ainda que nacionalista, antiimperialisra e democrático até o momento permanecem na Venezuela), o regime político venezuelano seja dos mais democráticos do mundo: as próprias eleições extremamente transparentes recorrentes no país, o fortalecimento de mecanismos de participação popular existentes, etc., mostram isso de forma cabal. O fato de um golpista agente de uma potência estrangeira, como Juan Guaidó ainda estar em liberdade e possuindo direitos políticos; o parlamento nacional ser controlado pela maioria opositora e mesmo o indulto que o governo chavista concedeu a mais de 100 conspiradores contra seu governo, são expressões disso.
Por outro lado, ao não avançar no sentido da socialização completa dos mais importantes meios de produção, do sistema financeiro, da grande imprensa golpista e da expropriação dos principais setores da burguesia interna, a Venezuela corre gravíssimos riscos de ser vencida pela contra-revolução.
As declarações de setores do chavismo de que “Um conflito permanente determinado pelo fato de que o socialismo bolivariano-que se define como socialismo do século XXI-não optou por proibir a burguesia através da ditadura do proletariado, mas por conviver com ela, apostando em tirar o solo de baixo dos pés, desmantelando o velho estado burguês por dentro...” e [...]”viver ‘dormindo com o inimigo em casa’(Ministério do Poder Popular, 12 de 2020), são ao nosso ver de uma ingenuidade gritante. As experiências históricas das lutas de classes, da Comuna de Paris, revolução vietnamita, aos golpes de Estado e da contra-revolução na América Latina são demasiadamente pedagógicas para nos iludirmos em “dormir com o inimigo em casa”.
A experiência revolucionária mais rica que tivemos em nosso continente, a revolução cubana, nos ensinou que não podemos transigir com o inimigo imperialista e muito menos seus lacaios internos. Justamente ao contrário, como diria o grande mestre do proletariado internacional Vladimir Lenin: “Mas a ditadura do proletariado, isto é, a organização da vanguarda dos oprimidos como classe dominante para a repressão dos opressores, não pode conduzir a um simples alargamento da democracia. Juntamente com uma imensa ampliação do democratismo, que se transforma pela primeira vez em democratismo para os pobres, em democratismo para o povo, e não em democratismo para os ricos, a ditadura do proletariado impõe uma série de excepções à liberdade em relação aos opressores, aos exploradores, aos capitalistas. Temos de os reprimir para libertar a humanidade da escravidão assalariada, é preciso quebrar a sua resistência pela força; é claro que, onde há repressão, há violência, não há liberdade, não há democracia” e que “Democracia para a maioria gigantesca do povo e repressão pela força, isto é, exclusão da democracia, para os exploradores, para os opressores do povo - tal é a modificação da democracia na transição do capitalismo para o comunismo.” (Lenin, “O Estado e a Revolução”).
Neste sentido, subsidiados pelas experiências das revoluções e contra-revoluções do século passado aos nossos dias e tendo plena ciência das dificuldades do processo pelo qual passa o povo venezuelano, resultado da sabotagem imperialista internacional, pensamos ser imperioso o avanço da revolução bolivariana em sentido à ditadura do proletariado, que feche as contas de capitais do país e monopolize através do estado o comércio exterior; que se avance no sentido da planificação econômica; da nacionalização do sistema financeiro e de crédito; para minar os efeitos da guerra de propaganda golpista, é preciso estatizar por completo toda a imprensa burguesa e fortalecer os mecanismos de comunicação comunitárias e populares; o armamento das massas, treinamento militar popular, a constante educação nacionalista-revolucionária entre os militares, devem ser incrementados.
Não há mais espaços para ilusões: uma eventual vitória da contra-revolução na Venezuela banharia o país em sangue e instauraria um regime de tipo fascista
abertamente terrorista. Dessa forma, fortalecer os mecanismos de poder popular e eliminar a burguesia golpista como classe, é tarefa central dos trabalhadores venezuelanos, que necessitam urgentemente da mais ampla e militante solidariedade internacional dos seus irmãos de classe.
A Frente Revolucionária dos Trabalhadores do Brasil, está incondicionalmente ao lado dos trabalhadores revolucionários da pátria de Bolívar e Chávez. Defendemos a mais ampla autonomia e independência do povo venezuelano para decidir seu destino e repudiamos firmemente a sórdida campanha intervencionista do imperialismo contra nosso país irmão. No entanto temos certeza, de que somente avançando em direção ao autêntico socialismo poderá se consolidar a revolução bolivariana.
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O capitalismo está podre. Todos sabemos disso. Mas ele não cai sozinho