O Brasil rumo ao precipício: socialismo ou barbárie
Com uma taxa de desemprego oficial acima dos 14,6%, a subocupação ultrapassando os 30% da força de trabalho no país, desinvestimentos e fugas de capitais recordes (como no caso da multinacional Ford, mas não só) vemos agravar o desastre social que a cada dia se potencializa no Brasil de Bolsonaro-Paulo Guedes-Militares, deixando patente o verdadeiro fracasso do austericidio neoliberal que tomou conta do mundo há mais de 40 anos, como o regime de acumulação da burguesia "alternativo" ao fracasso da utopia "keynesiana". Somado às consecutivas altas exorbitantes dos preços dos alimentos, gás de cozinha e outros itens básicos de consumo popular, que segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), ultrapassou os 16,41% nos últimos 12 meses (maior inflação dos preços de alimentos desde 1992), expressão da estrutura dependente, subdesenvolvida, reflexa e voltada para fora, de nossa economia, certamente entramos em tempos turbulentos do regime burguês brasileiro. O avanço do processo de queima de trilhões das reservas internacionais pelos mafiosos que dirigem a política econômica em beneficio dos grandes magnatas, aumento da divida pública em relação ao PIB e perda de dinamismo da economia, são potentes combustíveis para o alastrar da crise. A generalização da crise estrutural do capitalismo mundial, que por aqui se expressou pelo fim do “boom de commodities”, estabeleceu um caldo de cultura caótico tanto econômico, como politico e socialmente. As políticas de arrocho neoliberais, posto em marcha por aqui pelo capital financeiro, demais frações oligopólicas das classes dirigentes dos países imperialistas e as burguesias "brasileiras", desde os anos 1990, baseadas na valorização cambial, elevadas taxas de juros, sucateamento de estratégicas empresas estatais, privatizações, austeridade permanente, enxugamento da máquina pública, sucessivos superávits primários para privilegiar o parasitismo da divida pública, decomposição do mercado interno, etc; tem recrudescido o processo avançado de desindustrialização do país, desestruturação do parque industrial e reprimarização da economia nacional, fazendo o país caminhar para o retrocesso de quase 100 anos em suas forças produtivas e no padrão de acumulação. O Brasil já sofreu períodos históricos de grande vulto, em relação a regressão econômica e social, quando do fim dos ciclos da cana, do minério e do café, algo típico do capitalismo tardio, dependente, de via colonial e atrófico, voltado para complementar os países centrais e sem um projeto nacional autônomo próprio.
No entanto, a gravidade do atual momento em que vivemos se baseia no fato de que, tal retrocesso em nosso nível industrial e de forças produtivas, se combina com uma sociedade altamente urbanizada, em que as contradições socioeconômicas beiram o insuportável para as massas. Uma coisa é o Brasil de economia primária-exportadora nos primórdios século XX, com uma população predominantemente rural; outra bem diferente, é um país retroceder a praticamente tal estágio econômico quando mais de 84% de seu povo habita os centros urbanos, demandando inserção no mercado de trabalho, serviços públicos, etc., num contexto de maquinização do campo, que impossibilita absorção de grandes contingentes de força de trabalho humana. O resultado disso será inevitavelmente o recrudescimento do pauperismo, decomposição social, proletarização da pequena burguesia, "lupenização" de vastas parcelas da classe operária e demais trabalhadores, aprofundamento das políticas de repressão policial, encarceramento em massa da juventude periférica e fechamento do regime político, como forma de controle social (o atual projeto de autonomia em relação aos estados, envolvendo as Polícias Militares e Civil é expressão deste fato).
Em suma, vivemos no Brasil a combinação dialética de diversos elementos para uma profunda explosão social e das lutas de classes. O preço a se pagar por se manter na esteira da dependência e do subdesenvolvimento, fatores estruturais do capitalismo híper-tardio brasileiro, tem sido alto demais para as massas trabalhadoras.
A revolução socialista brasileira é mais do que urgente; de fato, é uma questão de sobrevivência para nosso povo envolto ao agigantamento da barbárie, produto do capitalismo senil. Superar o mero fato existencial de estar na condição de uma "classe em si", como massa bruta para a exploração, e avançar no sentido de se constituir como um sujeito revolucionário independente, com interesses históricos próprios e um programa de transformação radical de nossa sociedade, capaz de nos colocar na condição emancipatória de uma "classe para si", é a missão mais importante de nossa época.
Construir uma vanguarda revolucionária no país, que batalhe incansavelmente para se enraizar nas massas trabalhadoras, com um programa da revolução brasileira, manejando a guerra ideológica sem tréguas contra a burguesia; e fortalecer um movimento operário, sindical e popular de base e autenticamente classista, é tarefa para agora, da nossa geração.
O capitalismo vive um beco sem saída e não tem mais para onde expandir suas forças e nem deslocar suas contradições como no passado. Os atuais acontecimentos que atingem em cheio o regime político em pleno coração do monstro imperialista, ou seja, os EUA, é reflexo dessa crise geral que como um tumor em metástase, se espalha pelo organismo social burguês como um todo. A regra do regime dos exploradores em franca decadência é a destruição em larga escala de massas humanas, forças produtivas, meio ambiente, etc. Diante de atual quadro, somente pode existir dois caminhos para a humanidade trabalhadora: revolução permanente ou barbárie permanente!
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O capitalismo está podre. Todos sabemos disso. Mas ele não cai sozinho