A GUERRA DE BOLSONARO
Bolsonaro tem adotado táticas de guerra em sua movimentação política. Desde que assumiu, deixou claro que não iria governar. Declarou: Vim para destruir, não para construir. E, convenhamos, tem sido muito eficiente na sua proposta de destruição. Vem destruindo sistematicamente a educação, saúde, cultura, ciência, meio ambiente, direitos humanos, política externa etc.
Sempre que atacado, ele parte para manobras de diversificação. Faz uma declaração absurda, sem pé nem cabeça, anuncia uma ação administrativa ilegal, ameaça uma decisão estapafúrdia ou baixa um decreto inconstitucional. Está sempre atraindo o inimigo para um campo enquanto prepara ou ataca em outro.
É conhecida a famosa frase de von Clausewitz, segundo a qual a guerra é a continuação da política por outros meios. O objetivo militar é apenas um meio de atingir um fim político. Desde o princípio, está claro o fim político de Bolsonaro: destruir a democracia e tornar-se ditador. Para atingir seu fim, vem avançando sistematicamente, com o apoio, pelo menos em parte, dos empresários, dos militares e evangélicos.
Seu avanço militar vem conquistando terreno, sempre em deslocamentos. Bolsonaro faz guerra de movimento. Seus adversários fazem guerra de posição, entrincheirados em suas linhas defensivas legais. Chegamos a um ponto, porém, em que Bolsonaro, em seus movimentos, começou a esbarrar nas trincheiras de defesa da democracia. Vai ser obrigado a fazer guerra de posição, o que não é o seu forte.
No plano institucional, a principal trincheira inimiga é o STF, já que o Congresso, em sua maioria, dá passagem a suas tropas, com poucas exceções. No plano social, as manifestações de rua, até agora de esquerda, tendem a aumentar, incorporando setores de centro e centro direita que abandonaram o barco de apoio a Bolsonaro, percebendo, enfim, que só teriam a perder com a ditadura por ele almejada.
Bolsonaro não ganha mais nada sob o regime democrático. Avançou o quanto pôde. Sabe que vai perder a eleição e quer “melar o jogo”, tentar o golpe, provavelmente no modelo boliviano: os agentes seriam os PMs, milicianos, praças, seguranças, ativistas armados, contando com a neutralidade do Exército que cruzaria os braços.
A ditadura é o objetivo político de Bolsonaro. Para chegar lá, ele trava uma guerra. Que vai tentar o golpe, acho que ninguém mais duvida. Se vai ganhar, é outra questão. O papel dos militares é a grande incógnita desse problema.
Por Liszt Viera.
FONTE
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