sábado, 22 de janeiro de 2022

NOTA DE REPÚDIO A MANIPULAÇÕES CONTRA O POVO TUPINAMBÁ * Angelo Madson Tupinambá / PA

 NOTA DE REPÚDIO A MANIPULAÇÕES CONTRA O POVO TUPINAMBÁ

Puranga ara se Tupinambá anama itá!


Em nome da justiça e da verdade venho manifestar meu total repúdio em decorrência das falsas declarações, documentadas na “Ata da Assembleia Geral da Eleição e Posse do Cacicado da Associação Tupinambá / Aldeia São Francisco do Parauá” (parawá), visto que, em nenhum momento “foi deliberado poderes” a minha pessoa para “assinar em nome das 21 aldeias”, pois trata-se de “Procuração para Representar Pessoa Física”, meio convencional de representação legitima.

Portanto, é falsa, manipulada e manipuladora toda e qualquer afirmação nesse sentido. A procuração por instrumento particular é a regra, e não a exceção. Este documento foi elaborado no contexto do movimento “II Levante Tupinambá em Belém, de 7 de janeiro de 2001”, elaborado por advogada associada ao movimento para execução de atos comuns do dia a dia. Sendo o Ofício Circular encaminhado à Secretaria de Cultura do Pará - SECULT solicitando permissão para realização de ritual em Memória do Martírio do Cacique Guamiaba Tupinambá, nas dependências do Museu do Forte do Castelo, fundado em 1616 como núcleo da expansão Colonial e exploração do trabalho e recursos, aliado à guerra de extermínio para dominação da terra.
Durante o ritual em Belém contamos com a participação ativa de Raquel Sousa Chaves, que atualmente preside o Conselho Indígena Tupinambá. Por isso nos causa espanto e indignação tais declarações que não se coadunam com a verdade, se mostrando apenas como mecanismo de manipulação dos fatos para justificar a disputa interna de poder. E quem reproduz tais declarações demonstra amplo desconhecimento a respeito do tema e dos fatos históricos que não podem ser manipulados no tempo.

No entanto, após dias do Ritual Manifesto do Forte do Castelo, o movimento sofreu a intervenção direta de agentes políticos em Belém, ligados ao grupo que controla a Prefeitura Municipal (a citar, a Tendência Interna do PSOL – Primavera Socialista), fato que merece a devida averiguação competente. 

Neste momento há uma pré-candidatura à Deputada Federal na Capital paraense, que integra tal grupo político e que utiliza o nome Tupinambá, totalmente à revelia do Protocolo 169 da OIT. Portanto, temos evidências para crer na possível interferência externa destes agentes políticos partidários na ascensão de novas lideranças na região, perseguição de membros da Nação e no atual processo de negação ética dos povos, seja na cidade de Manaus no Amazonas, Belém do Pará ou São Luiz do Maranhão.
Com o desmantelamento deste movimento por tais forças e a eleição da nova diretoria do CITUPI, os efeitos da Procuração de Pessoa Física perderam os efeitos por solicitação do outorgante. Desta forma, não houve ilícito e qualquer declaração que afirme uso indevido da Autonomia e Autodeterminação dos Povos no Tapajós é falsa e manipuladora. Estamos atentos às expressões e atitudes desta natureza e não toleraremos em nenhuma hipótese tais práticas.

Manifesto ainda meu total respeito e consideração à grandiosa Liderança do Cacique Bráz Tupinambá, que em seu cacicado colocou os Tupinambá do Tapajós no mapa social do Brasil. O Encontro Ancestral do Povo Tupinambá no Tapajós é um patrimônio da luta de retomada ancestral na Amazônia e que, portanto, merece todo nosso respeito e valorização. Existem fatores externos que nos atravessam, mas a verdade e a justiça prevalecerá. O Amanhã nos pertence!

Angelo Madson Tupinambá, 

filho da Taba Mortiguera, antiga aldeia Aba Samaúma Mortiguar, atual cidade de Abaetetuba, que do Tupinambá siguinifica “Terra de Homens Verdadeiros!”
Belém do Pará, Território Ancestral Murucutu Tupinambá, 22 de Janeiro de 2022.
 
Kwekatu reté se anama itá!

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