TRABALHADOR ORGANIZADO CONQUISTA
Em 11 de fevereiro deste ano, os 1.550 trabalhadores da multinacional japonesa Bridgestone na Argentina receberam a primeira metade do bônus de “participação nos lucros” do ano anterior. Serão cerca de 6.000 dólares que corresponderão a cada um quando receberem o segundo pagamento em 11 de maio. A Firestone mais tarde se fundiu com a Bridgestone, mas o acordo permaneceu. De facto, em 2004 foi dada a primeira distribuição de 33% do excedente do lucro líquido ordinário livre de impostos que exceda 6% do volume de negócios anual. Desde então, a cláusula foi ativada cinco outras vezes.
Vale lembrar esse marco, que tem até respaldo constitucional na Argentina, porque a mídia comercial não está muito interessada em mostrar esses sucessos da luta organizada dos trabalhadores. Aliás, é a única empresa desse porte a ter esse mecanismo de distribuição de lucros no país.
"Embora os últimos dois anos tenham sido desafiadores para todas as indústrias, graças ao esforço de cada uma das partes que compõem a empresa e ao trabalho conjunto com o Governo, estamos a anunciar este benefício para cada um dos colaboradores", explicaram de a empresa.
Há alguns anos, a empresa chinesa Huawei havia se tornado alvo de sanções internacionais e ataques de todos os tipos. Apontado como "perigoso" e como um aríete da tecnologia chinesa para apreender todos os nossos dados com base em avanços tecnológicos que deixaram a tecnologia ocidental para trás.
Sim, ok, essa foi uma boa razão para fazer parte da guerra comercial e de comunicação contra o gigante asiático. Mas, talvez, houvesse também outra razão por trás dessa perseguição implacável. As corporações monopolistas globais não são muito hábeis em compartilhar seus lucros, na verdade, baseiam seu crescimento e expansão no aprimoramento do sistema de exploração em nível planetário em todos os elos da cadeia produtiva.
A Huawei é um exemplo desastroso para esse sistema hipercapitalista laborafóbico e humanicida. A multinacional chinesa contava com mais de 194 mil trabalhadores em dezembro de 2019, apesar dos ataques a que foi submetida. A empresa fundada em 1987 por Ren Zhengfei publicou nestes dias o balanço do lucro para o ano de 2021: quase 10 bilhões de dólares serão distribuídos entre seus trabalhadores e apenas entre seus trabalhadores, porque as ações da empresa pertencem a eles.
99% das ações da Huawei são detidas por seus atuais e ex-funcionários. Por isso talvez não nos surpreenda que seja a segunda empresa do mundo que mais investe dinheiro em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), estima-se que metade de seu quadro de funcionários se dedique à pesquisa e inovação.
Hoje, a empresa já tem negócios em 170 países e responde por 18% do mercado global de smartphones. E o resultado não foi o esperado porque as sanções contra a empresa foram muito severas. Na verdade, você não pode usar a tecnologia ocidental para fazer qualquer um de seus produtos por causa dessas punições ocidentais.
Então, aqui temos dois exemplos de formas alternativas de gestão de corporações multinacionais.
FONTE
Bridgestone y Huawei: el poder de los trabajadores