PARA NÃO ESQUECER – 02 DE NOVEMBRO DE 1952
(Ernesto Germano Parés)
Nova Lima é um município brasileiro do estado de Minas Gerais, localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Lá funciona, desde a segunda metade do século XIX, a mina de ouro de uma empresa inglesa, a AngloGold Ashanti Brasil Mineração, também conhecida como “a mina de Morro Velho”.
Um forte movimento sindical atua na região desde os primeiros anos do século XX e, mais tarde, diretores vinculados ao PCB assumiram a liderança no sindicato e levaram os operários a grandes lutas e vitórias.
Um dos dirigentes conhecidos foi William Dias Gomes, nascido em Mariana. Aos 22 anos conseguiu um emprego na mina na função de “gaioleiro”. Ou seja, trabalhando a dois mil e quinhentos metros abaixo da superfície, sob temperaturas às vezes superiores a 40 graus, sua função era empurrar com o ombro o carrinho, carregado de minério, para dentro do elevador, e dar o sinal de partida.
Em 1945, ingressou no Partido Comunista e tentava estudar nas horas vagas. Lia muito sobre a história do Brasil e estava aprendendo português para melhorar sua escrita. Em 1948, já dirigente do sindicato dos mineiros da região, liderou uma grande greve por melhores salários e condições de trabalho que teve início no dia 18 de outubro. Tudo parou. Sete mil operários cruzavam os braços.
Dois dias depois a greve teve a primeira vitória e os patrões aceitavam a readmissão de seis trabalhadores demitidos, o pagamento aos operários dos dias de paralisação e o compromisso de dar uma resposta, no prazo de 30 dias, às reivindicações de salários.
O prazo para a resposta da empresa estava terminando quando William foi assassinado. Os jagunços o mataram, pelas costas, seis dias antes da data.
Mas a resposta ao terror foi imediata e duas mil pessoas, homens e mulheres, gente de toda idade, principalmente mineiros do Morro Velho, acompanharam os funerais de William Dias Gomes, cuja vida fora cortada aos 33 anos pelo tiro de um capanga da empresa britânica.
Mas a luta dos trabalhadores de Nova Lima não terminava ali. Aquela greve foi parcialmente vitoriosa e serviu para organizar ainda mais os mineiros. Novas lutas seriam travadas e algumas conquistas alcançadas.
No final de 1952 os mineiros de nova lima entram novamente em greve por melhores salários. Os grandes jornais começam a divulgar que a greve era coisa dos comunistas e a jogar a opinião pública contra os mineiros. As negociações não andavam e tudo fazia esperar uma derrota dos grevistas. A empresa gastava muito dinheiro na imprensa fazendo propaganda contra “os baderneiros” que queriam destruir a mina e a única fonte de trabalho da região. Amedrontavam os moradores com a possibilidade de fechamento da mina.
Mas foram surpreendidos! No dia 02 de novembro, Dia de Finados, militantes da JOC (Juventude Operária Católica) que haviam realizado uma reunião na noite anterior para apoiar a greve dos metalúrgicos, colocam uma enorme faixa nos cemitérios da região onde se lia: “VOCÊS QUE VÃO VISITAR OS MORTOS, LEMBREM-SE DOS VIVOS QUE ESTÃO MORRENDO DE FOME EM NOVA LIMA”.
A reação popular foi surpreendente. Houve doações de alimentos e roupas para os grevistas, “caixinhas” que juntavam dinheiro que era levado para o sindicato, manifestações nas ruas da cidade.
Depois de 33 dias de greve, a empresa se curvou e atendeu aos mineiros concedendo os aumentos salariais e melhorando as condições de trabalho no interior da mina.
VIVA A SOLIDARIEDADE ENTRE TRABALHADORES!
VIVA A LUTA DOS COMPANHEIROS DE NOVA LIMA!
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O capitalismo está podre. Todos sabemos disso. Mas ele não cai sozinho