MILITARES SEQUESTRAM MIRIAM LEITÃO
“Eu morava numa favela de Vitória, o Morro da Fonte Grande. Num domingo, 3 de dezembro de 1972, eu e meu companheiro na época, Marcelo Netto, estudante de Medicina, acordamos cedo para ir à praia do Canto, próxima ao centro da capital. Acordei para ir à praia e acabei presa na Prainha. É o bairro que abriga o Forte de Piratininga, essa construção bonita do século 17. Ali está instalado o quartel do 38º Batalhão de Infantaria do Exército, do outro lado da baía.
Eu tinha dado quatro plantões seguidos na redação da rádio Espírito Santo e já tinha quase um ano de profissão. Eu vestia uma camisa branca larga, de homem, sobre o biquini vermelho. Caminhando pela Rua Sete em direção à praia, alguém gritou de repente:
– Ei, Marcelo?
Nos viramos e vimos dois homens correndo em nossa direção com armas. Eu reconheci um rosto que vira em frente à Polícia Federal. Meu ônibus sempre passava em frente à sede da PF e eu tentava guardar os rostos.
– É a Polícia Federal – avisei ao Marcelo
Em instantes estávamos cercados. Apareceram mais homens, mais um carro. Voltei a perguntar:
– O que está acontecendo?
Eles nos algemaram e empurraram o Marcelo para o camburão. Era uma camionete Veraneio, sem identificação. Eu tive uma reação curiosa: antes que me empurrassem sentei no chão da calçada e comecei a gritar, a berrar como louca, queria chamar a atenção das pessoas na rua. Mas ainda era cedo, manhã de domingo, havia pouca gente circulando. Achava que quanto mais gente visse aquela cena, mais chances eu teria de sair viva. Como eu berrava, me puxaram pelos cabelos, me agarraram para me colocar no carro. Eu, ainda com aquela coisa de Justiça na cabeça, reclamei:
– Moço, cadê a ordem de prisão?
O homem botou a metralhadora no meu peito e respondeu com outra pergunta:
– Esta serve?
As algemas eram diferentes, eram de plástico, e estavam muito apertadas, doíam no pulso. Viajamos sem capuz, eu e Marcelo, em direção a Vila Velha, onde fica o quartel do Exército. Eu ainda achava que não era nada comigo, que o alvo era o Marcelo. Ele estava no quarto ano de Medicina e tinha acabado de liderar a única greve de estudantes do país daquele ano, que trancou por dois dias as aulas na universidade de Vitória e paralisou os trabalhos no Hospital de Clínicas. Achei que estava presa só porque estava indo à praia com o Marcelo.
A Veraneio entrou no pátio do quartel, o batalhão de infantaria. Nos levaram por um corredor e nos separaram. Marcelo foi viver seu inferno, que durou 13 meses, e eu o meu. Sobre mim jogaram cães pastores babando de raiva. Eles ficavam ainda mais enfurecidos quando os soldados gritavam: “Terrorista, terrorista!”. Pareciam treinados para ficar mais bravos quando eram incitados pela palavra maldita. De repente, os soldados que me cercavam começaram a cantar aquela música do Ataulfo Alves: “Amélia não tinha a menor vaidade/ Amélia é que era mulher de verdade”. Só então percebi que minha prisão não era um engano. “Amélia” era o codinome que o meu chefe de ala no PCdoB tinha escolhido pra mim: “Você, a partir de agora, vai se chamar Amélia”. Quis reagir na hora, afinal não tenho nada de Amélia, mas não quis discordar logo na primeira reunião com o dirigente.
O comandante do batalhão era o coronel Sequeira [tenente-coronel Geraldo Cândido Sequeira, que exerceu o comando do 38º BI entre 10 de março de 1971 a 13 de março de 1973], que fingia que mandava, mas não via nada do que acontecia por lá. O homem que de fato mandava naquele lugar, naquele tempo, era o capitão Guilherme, o único nome que se conhecia dele. Ele era o chefe do S-2, o setor de inteligência do batalhão. Todos os interrogatórios e torturas estavam sob a coordenação dele. Ele pessoalmente nada fazia, mas a ele tudo era comunicado. Nesse primeiro dia me deu um bofetão só porque eu o encarei.
– Nunca mais me olhe assim! – avisou.
Fui levada para uma grande sala vazia, sem móveis, com as janelas cobertas por um plástico preto. Com a luz acesa na sala, vi um pequeno palco elevado, onde me colocaram de pé e me mandaram não recostar na parede. Chegaram três homens à paisana, um com muito cabelo, preto e liso, um outro ruivo e um descendente de japonês. Mandaram eu tirar a roupa. Uma peça a cada cinco minutos. Tirei o chinelo. O de cabelo preto me bateu:
– A roupa! Tire toda a roupa.
Fui tirando, constrangida, cada peça. Quando estava nua, eles mandaram entrar uns 10 soldados na sala. Eu tentava esconder minha nudez com as mãos. O homem de cabelo preto falou:
– Posso dizer a todos eles para irem pra cima de você, menina. E aqui não tem volta. Quando começamos, vamos até o fim.
Os soldados ficaram me olhando e os três homens à paisana gritavam, ameaçando me atacar, um clima de estupro iminente. O tempo nessas horas é relativo, não sei quanto tempo durou essa primeira ameaça. Viriam outras.
Eles saíram e o homem de cabelo preto, que alguém chamou de Dr. Pablo, voltou trazendo uma cobra grande, assustadora, que ele botou no chão da sala, e antes que eu a visse direito apagaram a luz, saíram e me deixaram ali, sozinha com a cobra. Eu não conseguia ver nada, estava tudo escuro, mas sabia que a cobra estava lá. A única coisa que lembrei naquele momento de pavor é que cobra é atraída pelo movimento. Então, fiquei estática, silenciosa, mal respirando, tremendo. Era dezembro, um verão quente em Vitória, mas eu tremia toda. Não era de frio. Era um tremor que vem de dentro. Ainda agora, quando falo nisso, o tremor volta. Tinha medo da cobra que não via, mas que era minha única companhia naquela sala sinistra. A escuridão, o longo tempo de espera, ficar de pé sem recostar em nada, tudo aumentava o sofrimento. Meu corpo doía.
Não sei quanto tempo durou esta agonia. Foram horas. Eu não tinha noção de dia ou noite na sala escurecida pelo plástico preto. E eu ali, sozinha, nua. Só eu e a cobra. Eu e o medo. O medo era ainda maior porque não via nada, mas sabia que a cobra estava ali, por perto. Não sabia se estava se movendo, se estava parada. Eu não ouvia nada, não via nada. Não era possível nem chorar, poderia atrair a cobra. Passei o resto da vida lembrando dessa sala de um quartel do Exército brasileiro. Lembro que quando aqueles três homens voltaram, davam gargalhadas, riam da situação. Eu pensava que era só sadismo. Não sabia que na tortura brasileira havia uma cobra, uma jiboia usada para aterrorizar e que além de tudo tinha o apelido de Míriam. Nem sei se era a mesma. Se era, talvez fosse esse o motivo de tanto riso. Míriam e Míriam, juntas na mesma sala. Essa era a graça, imagino.
Dr. Pablo voltou, depois, com os outros dois, e me encheu de perguntas. As de sempre: o que eu fazia, quem conhecia. Me davam tapas, chutes, puxavam pelo cabelo, bateram com minha cabeça na parede. Eu sangrava na nuca, o sangue molhou meu cabelo. Ninguém tratou de minha ferida , não me deram nenhum alimento naquele dia, exceto um copo de suco de laranja que, com a forte bofetada do capitão Guilherme, eu deixei cair no chão. Não recebi um único telefonema, não vi nenhum advogado, ninguém sabia o que tinha acontecido comigo, eu não sabia se as pessoas tinham ideia do meu desaparecimento. Só três dias após minha prisão é que meu pai recebeu, em Caratinga, um telefonema anônimo de uma mulher dizendo que eu tinha sido presa. Ele procurou muito e só conseguiu me localizar no fim daquele dezembro. Havia outros presos no quartel, mas só ao final de três semanas fui colocada na cela com a outras presas: Angela, Badora, Beth, Magdalena, estudantes, como eu.
Fiquei 48 horas sem comer. Eu entrei no quartel com 50 kg de peso, saí três meses depois pesando 39 kg. Eu cheguei lá com um mês de gravidez, e tinha enormes chances de perder meu bebê. Foi o que médico me disse, quando saí de lá, com quatro meses de gestação. Eu estava deprimida, mal alimentada, tensa, assustada, anêmica, com carência aguda de vitamina D por falta de sol. Nada que uma mulher deve ser para proteger seu bebê na barriga. Se meu filho sobrevivesse, teria sequelas, me disse o médico.
– A má notícia eu já sei, doutor, vou procurar logo um médico que me diga o que fazer para aumentar as chances do meu filho.
Mas isso foi ao sair. Lá dentro achei que não havia chance alguma para nós. Eu era levada de uma sala para outra, numa área administrativa do quartel, onde passava por outras sessões de perguntas, sempre as mesmas, tudo aos gritos, para manter o clima de terror, de intimidação. Na noite seguinte, atravessei a madrugada com uma sessão de interrogatório pesado, o Dr. Pablo e os outros dois berrando, me ameaçando de estupro, dizendo que iam me matar. Um dia achei que iria morrer. Entraram no meio da noite na cela do forte para onde eu fui levada após esses dois dias. Falaram que seria o último passeio e me levaram para um lugar escuro, no pátio do quartel, para simular um fuzilamento. Vi minha sombra refletida na parede branca do forte, a sombra de um corpo mirrado, uma menina de apenas 19 anos. Vi minha sombra projetada cercada de cães e fuzis, e pensei: “Eu sou muito nova para morrer. Quero viver”.
Um dia, um outro militar, que não era nenhum daqueles três, botou um revólver na minha cabeça e falou: “Eu posso te matar”. E forçou aquele cano frio na minha testa. Me deu um sentimento enorme de solidão, de abandono. Eu me senti absolutamente só no mundo. Pela falta de notícias, imaginava que o Marcelo estava morto. Entendi que iria morrer também e que ninguém saberia da minha morte, pensei. Mas não quis demonstrar medo. Lembro que o homem do revólver tinha olhos azuis. Olhei nos seus olhos e respondi: “Sim, você pode pode me matar”. E repeti, falando ainda mais alto, com ar de desafio: “Sim, você pode!”
Um dos interrogatórios foi feito na sala do capitão Guilherme, o S-2 que mandava em todos ali. Era noite, ele não estava, e me interrogaram na sala dele. Lembro dela porque havia na parede um quadro com a imagem do Duque de Caxias. Estava ainda com o biquíni e a camisa, era a única roupa que eu tinha, que me protegia. Nessa noite, na sala, de novo fui desnudada e os homens passaram o tempo todo me alisando, me apalpando, me bolinando, brincando comigo. Um deles me obrigou a deitar com ele no sofá. Não chegaram a consumar nada, mas estavam no limite do estupro, divertindo-se com tudo aquilo.
Eu estava com um mês de gravidez, e disse isso a eles. Não adiantou. Ignoraram a revelação e minha condição de grávida não aliviou minha condição lá dentro. Minha cabeça doía, com a pancada na parede, e o sangue coagulado na nuca incomodava. Eu não podia me lavar, não tinha nem roupa para trocar. Quando pensava em descansar e dormir um pouco, à noite, o lugar onde estava de repente era invadido, aos gritos, com um bando de pastores alemães latindo na minha cara. Não mordiam, mas pareciam que iam me estraçalhar, se escapassem da coleira. E, para enfurecer ainda mais os cães, os soldados gritavam a palavra que enlouquecia a cachorrada: “Terrorista, terrorista!…”
As primeiras três semanas que passei lá foram terríveis. Só melhorou quando o Dr. Pablo e seus dois companheiros foram embora. Entendi então que eles não pertenciam ao quartel de Vila Velha. Tinham vindo do Rio, é o que chegaram a conversar entre eles, em papos casuais: “E aí, quando voltarmos ao Rio, o que a gente vai fazer lá…” Isso fazia sentido, porque o quartel de Vila Velha integra o Comando do I Exército, hoje Comando do Leste, que tem o QG no Rio de Janeiro.
Quando o trio voltou para o Rio, a situação ficou menos ruim. Eles já não tinham mais nada para perguntar. Me tiraram da cela da fortaleza e me levaram para a cela coletiva. Foi melhor. Na cela do forte não havia janelas, a porta era inteiriça e minhas companhias eram apenas as baratas. Fiz uma foto minha, agora em 2011, ao lado da porta.
Até que chegou o dia de assinar a confissão, para dar início ao IPM, o inquérito policial-militar que acontecia lá mesmo, dentro do quartel. Me levaram para a sala do capitão Guilherme, o S-2, e levei um susto. Lá estava o Marcelo, que eu pensava estar morto. Os militares saíram da sala e nos deixaram sozinhos. Quando eu fui falar alguma coisa, o Marcelo me fez um sinal para ficar calada. Ele levantou, foi até a parede e levantou o quadro do Duque de Caxias. Estava cheio de fios e microfones lá atrás. Era tudo grampo.
Depois disso, o Marcelo foi levado para o Regimento Sampaio, na Vila Militar, no Rio de Janeiro, e lá ficou nove meses numa solitária. Sem banho de sol, sem nada para ler, sem ninguém para conversar. Foi colocado lá para enlouquecer. Nove longos e solitários meses… Nós, todos os presos, e os que já estavam soltos nos encontramos mais ou menos em junho na 2ª Auditoria da Aeronáutica, para o que eles chamam de sumário de culpa, o único momento em que o réu fala. Eu com uma barriga de sete meses de gravidez. O processo, que envolvia 28 pessoas, a maioria garotos da nossa idade, nos acusava de tentativa de organizar o PCdoB no estado, de aliciamento de estudantes, de panfletagem e pichações. Ao fim, eu e a maioria fomos absolvidos. O Marcelo foi condenado a um ano de cadeia. Nunca pedi indenização, nem Marcelo. Gostaria de ouvir um pedido de desculpas, porque isso me daria confiança de que meus netos não viverão o que eu vivi. É preciso reconhecer o erro para não repeti-lo. As Forças Armadas nunca reconheceram o que fizeram.
Nunca mais vi o capitão Guilherme, o S-2 que comandou tudo aquilo. Uma vez ele apareceu no Superior Tribunal Militar como assessor de um ministro. Marcelo foi expulso do curso de Medicina, após a prisão, e virou jornalista. Fomos para Brasília em 1977. Por ironia do destino, Marcelo só conseguiu vaga de repórter para cobrir os tribunais. E lá no STM, um dia, ele reviu o capitão Guilherme. Depois disso, não soubemos mais dele. Nem sei se o S-2 ainda está vivo.
O que eu sei é que mantive a promessa que me fiz, naquela noite em que vi minha sombra projetada na parede, antes do fuzilamento simulado. Eu sabia que era muito nova para morrer. Sei que outros presos viveram coisas piores e nem acho minha história importante. Mas foi o meu inferno. Tive sorte comparado a tantos outros.
Sobrevivi e meu filho Vladimir nasceu em agosto forte e saudável, sem qualquer sequela. Ele me deu duas netas, Manuela (3 anos) e Isabel (1). Do meu filho caçula, Matheus, ganhei outros dois netos, Mariana (8) e Daniel (4). Eles são o meu maior patrimônio.
Minha vingança foi sobreviver e vencer. Por meus filhos e netos, ainda aguardo um pedido de desculpas das Forças Armadas. Não cultivo nenhum ódio. Não sinto nada disso. Mas, esse gesto me daria segurança no futuro democrático do país.
FONTE
Míriam Leitão fala sobre tortura que sofreu nua e grávida de 1 mês durante ditadura - Jornal O Globo
Esse relato me deixou bem chocado e sem palavras... Claro que eu discordo da Míriam Leitão na questão política e na questão econômica, eu sou bem mais voltado pra República Socialista Mundial e pra socialização da economia e ela não... Até mesmo aqui no Espírito Santo a Míriam Leitão é considerada de direita... Mas esse depoimento dela me deixou muito chocado... Nem sei nem o que falar... Me imaginei passando por isso... Eu nem sei se iria conseguir sobreviver... A ditadura militar foi horrível... E hoje nós temos essa ditadura digital, ditadura da Internet, ditadura das redes sociais, ditadura dos smartphones, ditadura tecnológica, ditadura capitalista, ditadura liberal, ditadura neoliberal, ditadura libertária, ditadura anarcocapitalista, ditadura direitista (ditadura da direita), ditadura centrista (ditadura do centro), ditadura neopositivista, ditadura ateísta militante (ditadura neoateísta), ditadura secularista, ditadura do livre pensamento, ditadura do desmascaramento, ditadura irreligiosa, ditadura científica, ditadura evidencialista (ou melhor, ditadura evidencialista científica e ditadura evidencialista empírica), ditadura empirista, ditadura ceticista, ditadura antiteísta, ditadura misoteísta, ditadura especista, ditadura xenoespecista, ditadura teoespecista, ditadura supremacista humana, ditadura pró-ciência, ditadura da singularidade tecnológica, ditadura da inteligência artificial, ditadura materialista, ditadura cientificista, ditadura cultural-popular e ditadura midiática... Mas pelo menos não temos tortura, apesar que temos cultura do cancelamento, cultura do desmascaramento etc. Realmente, eu me sinto passando exatamente o que Míriam Leitão passou, só que hoje ou em um futuro próximo e sofrendo muito... E até mesmo sendo executado e morto durante a tortura ou durante a prisão ou durante a medida de segurança etc. Precisamos lutar contra a ditadura atual que vivemos. E temos que agir o mais rápido possível. Assim como tornar a República Socialista Mundial em realidade o mais rápido possível também.
ResponderExcluirGuilherme Monteiro Junior
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ExcluirThis report left me quite shocked and speechless... Of course I disagree with Miriam Leitão on the political issue and on the economic issue, I am much more focused on the World Socialist Republic and the socialization of the economy and she does not... Even here in Espírito Santo Míriam Leitão is considered a right-winger... But this statement of hers left me very shocked? I don't even know what to say... I imagined myself going through this... I don't even know if I could survive... The military dictatorship was horrible... And today we have this digital dictatorship, Internet dictatorship, social network dictatorship, smartphone dictatorship, technological dictatorship, capitalist dictatorship, liberal dictatorship, neoliberal dictatorship, libertarian dictatorship, anarcho-capitalist dictatorship, rightist dictatorship (right-wing dictatorship), centrist dictatorship (center dictatorship), neopositivist dictatorship, militant atheist dictatorship (neoatheist dictatorship), secularist dictatorship, free-thinking dictatorship, unmasking dictatorship, irreligious dictatorship scientific dictatorship, evidentialist dictatorship (or rather, scientific evidentialist dictatorship and empirical evidentialist dictatorship), empiricist dictatorship, skeptical dictatorship, antitheistic dictatorship, misotheistic dictatorship, speciesist dictatorship, xeno-speciesist dictatorship, theo-speciesist dictatorship, human supremacist dictatorship, pro-science dictatorship, technological singularity dictatorship, artificial intelligence dictatorship, materialist dictatorship, scientistic dictatorship, cultural-popular dictatorship, and media dictatorship. .. But at least we don't have torture, although we do have cancellation culture, unmasking culture, etc. Really, I feel exactly what Míriam Leitão went through, only today or in the near future and suffering a lot? And even being executed and killed during the torture or during the arrest or during the security measure etc. We need to fight against the current dictatorship that we are living. And we have to act as fast as possible. As well as making the World Socialist Republic a reality as soon as possible too.
ExcluirGuilherme Monteiro Junior
Este informe me dejó bastante sorprendido y sin palabras... Por supuesto que estoy en desacuerdo con Miriam Leitão en el tema político y en el tema económico, yo estoy mucho más centrado en la República Socialista Mundial y en la socialización de la economía y ella no... Incluso aquí, en Espírito Santo, Míriam Leitão es considerada de derechas... Pero esta declaración suya me dejó muy impactado. No sé ni qué decir. Me imaginé pasando por esto. Ni siquiera sé si podría sobrevivir. La dictadura militar fue horrible... Y hoy tenemos esta dictadura digital, dictadura de Internet, dictadura de las redes sociales, dictadura de los smartphones, dictadura tecnológica, dictadura capitalista, dictadura liberal, dictadura neoliberal, dictadura libertaria, dictadura anarcocapitalista dictadura de derecha (dictadura de derechas), dictadura centrista (dictadura de centro), dictadura neopositivista, dictadura atea militante (dictadura neoatética), dictadura laicista, dictadura del libre pensamiento, dictadura desenmascaradora, dictadura irreligiosa dictadura científica, dictadura evidencialista (o más bien, dictadura evidencialista científica y dictadura evidencialista empírica), dictadura empirista, dictadura escéptica, dictadura antiteísta, dictadura misoteísta, dictadura especista, dictadura xenoespecista, dictadura teoespecista, dictadura supremacista humana, dictadura pro-ciencia, dictadura de la singularidad tecnológica, dictadura de la inteligencia artificial, dictadura materialista, dictadura cientificista, dictadura cultural-popular y dictadura mediática. .. Pero al menos no tenemos tortura, aunque sí cultura de la cancelación, cultura del desenmascaramiento, etc. En realidad, me siento pasando exactamente por lo que pasó Míriam Leitão, sólo que hoy o en un futuro próximo y sufriendo mucho... E incluso ser ejecutado y asesinado durante la tortura o durante la detención o durante la medida de seguridad, etc. Tenemos que luchar contra la actual dictadura que estamos viviendo. Y tenemos que actuar cuanto antes. Así como hacer realidad la República Socialista Mundial lo antes posible también.
ExcluirGuilherme Monteiro Junior
Ce rapport m'a laissé assez choqué et sans voix... Bien sûr, je ne suis pas d'accord avec Miriam Leitão sur la question politique et sur la question économique, je suis beaucoup plus concentré sur la République socialiste mondiale et la socialisation de l'économie et elle ne... Même ici, à Espírito Santo, Míriam Leitão est considérée comme de droite... Mais cette déclaration de sa part m'a laissé très choqué. Je ne sais même pas quoi dire. Je m'imaginais passer par là. Je ne sais même pas si je pourrais survivre. La dictature militaire était horrible... Et aujourd'hui, nous avons cette dictature numérique, cette dictature de l'Internet, cette dictature des réseaux sociaux, cette dictature des smartphones, cette dictature technologique, cette dictature capitaliste, cette dictature libérale, cette dictature néolibérale, cette dictature libertaire, cette dictature anarcho-capitaliste... dictature de droite (dictature de droite), dictature centriste (dictature du centre), dictature néopositiviste, dictature athée militante (dictature néoathée), dictature laïque, dictature de la libre pensée, dictature de démasquage, dictature irréligieuse dictature scientifique, dictature probabiliste (ou plutôt dictature probabiliste scientifique et dictature probabiliste empirique), dictature empiriste, dictature sceptique, dictature antithéiste, dictature misothéiste, dictature spéciste, dictature xéno-spéciste, dictature théo-spéciste, dictature de la suprématie humaine, dictature pro-science, dictature de la singularité technologique, dictature de l'intelligence artificielle, dictature matérialiste, dictature scientiste, dictature culturelle-populaire, dictature des médias. .. Mais au moins, nous n'avons pas la torture, bien que nous ayons la culture de l'annulation, la culture du démasquage, etc. En fait, j'ai l'impression de vivre exactement ce que Míriam Leitão a vécu, mais aujourd'hui ou dans un avenir proche, et de souffrir énormément ? Et même être exécuté et tué pendant la torture ou pendant l'arrestation ou pendant la mesure de sécurité, etc. Nous devons lutter contre la dictature actuelle que nous vivons. Et nous devons agir le plus vite possible. Ainsi que de faire de la République socialiste mondiale une réalité dès que possible.
ExcluirGuilherme Monteiro Junior
Dieser Bericht hat mich ziemlich schockiert und sprachlos gemacht... Natürlich stimme ich mit Miriam Leitão in der politischen Frage nicht überein, und in der wirtschaftlichen Frage bin ich viel mehr auf die Sozialistische Weltrepublik und die Sozialisierung der Wirtschaft konzentriert, und sie... Selbst hier in Espírito Santo gilt Míriam Leitão als rechtslastig... Aber diese Aussage von ihr hat mich sehr schockiert. Ich weiß nicht einmal, was ich sagen soll. Ich habe mir vorgestellt, wie ich das durchmache. Ich weiß nicht einmal, ob ich überleben könnte. Die Militärdiktatur war furchtbar... Und heute haben wir diese digitale Diktatur, Internet-Diktatur, Diktatur der sozialen Netzwerke, Smartphone-Diktatur, technologische Diktatur, kapitalistische Diktatur, liberale Diktatur, neoliberale Diktatur, libertäre Diktatur, anarcho-kapitalistische Diktatur Rechtsdiktatur (Rechtsdiktatur), Zentrumsdiktatur (Zentrumsdiktatur), neopositivistische Diktatur, militante atheistische Diktatur (neoatheistische Diktatur), säkularistische Diktatur, Diktatur des freien Denkens, Demaskierungsdiktatur, irreligiöse Diktatur wissenschaftliche Diktatur, evidentialistische Diktatur (bzw. wissenschaftliche evidentialistische Diktatur und empirische evidentialistische Diktatur), empiristische Diktatur, skeptische Diktatur, antitheistische Diktatur, misotheistische Diktatur, speziesistische Diktatur, xeno-speziesistische Diktatur, theo-speziesistische Diktatur, human supremacistische Diktatur, pro-wissenschaftliche Diktatur, Diktatur der technologischen Singularität, Diktatur der künstlichen Intelligenz, materialistische Diktatur, szientistische Diktatur, kulturell-populäre Diktatur und Mediendiktatur. .. Aber wenigstens haben wir keine Folter, obwohl wir die Kultur der Annullierung, die Kultur der Entlarvung usw. haben. Eigentlich habe ich das Gefühl, dass ich genau das durchmache, was Míriam Leitão durchgemacht hat, nur heute oder in naher Zukunft, und dass ich sehr leiden muss? Und sogar hingerichtet und getötet werden während der Folter oder während der Verhaftung oder während der Sicherheitsmaßnahmen usw. Wir müssen gegen die derzeitige Diktatur ankämpfen, in der wir leben. Und wir müssen so schnell wie möglich handeln. Und auch die Sozialistische Weltrepublik soll so schnell wie möglich Wirklichkeit werden.
ExcluirGuilherme Monteiro Junior
Dit verslag liet me nogal geschokt en sprakeloos achter... Natuurlijk ben ik het niet eens met Miriam Leitão over de politieke kwestie en over de economische kwestie, ik ben veel meer gericht op de Socialistische Wereldrepubliek en de socialisatie van de economie en zij... Zelfs hier in Espírito Santo wordt Miram Leitão beschouwd als rechts... Maar deze verklaring van haar liet me erg schrikken. Ik weet niet eens wat ik moet zeggen. Ik stelde me voor dat ik dit zou meemaken. Ik weet niet eens of ik het zou overleven. De militaire dictatuur was verschrikkelijk... En vandaag hebben we deze digitale dictatuur, internetdictatuur, sociale netwerkdictatuur, smartphone-dictatuur, technologische dictatuur, kapitalistische dictatuur, liberale dictatuur, neoliberale dictatuur, libertaire dictatuur, anarcho-kapitalistische dictatuur rechtse dictatuur (rechtse dictatuur), centristische dictatuur (centrumdictatuur), neopositivistische dictatuur, militante atheïstische dictatuur (neoatheïstische dictatuur), secularistische dictatuur, dictatuur van het vrije denken, ontmaskeringsdictatuur, irreligieuze dictatuur wetenschappelijke dictatuur, evidentialistische dictatuur (of liever, wetenschappelijke evidentialistische dictatuur en empirische evidentialistische dictatuur), empiristische dictatuur, sceptische dictatuur, antitheïstische dictatuur, misotheïstische dictatuur, speciesistische dictatuur, xenospeciesistische dictatuur, theospeciesistische dictatuur, menselijke suprematiedictatuur, pro-wetenschapsdictatuur, technologische singulariteitsdictatuur, kunstmatige-intelligentiedictatuur, materialistische dictatuur, sciëntistische dictatuur, cultureel-populaire dictatuur, en mediadictatuur. .. Maar we hebben tenminste geen marteling, hoewel we wel een annuleringscultuur hebben, een ontmaskeringscultuur, enz. Eigenlijk voel ik dat ik precies meemaak wat Míriam Leitão meemaakte, alleen vandaag of in een nabije toekomst en veel lijden? En zelfs geëxecuteerd en gedood worden tijdens de foltering of tijdens de arrestatie of tijdens de veiligheidsmaatregel enz. We moeten vechten tegen de huidige dictatuur waarin we leven. En we moeten zo snel mogelijk handelen. En ook om de Socialistische Wereldrepubliek zo snel mogelijk te verwezenlijken.
ExcluirGuilherme Monteiro Junior
Questo rapporto mi ha lasciato abbastanza scioccato e senza parole... Naturalmente non sono d'accordo con Miriam Leitão sulla questione politica e sulla questione economica, io sono molto più concentrato sulla Repubblica Socialista Mondiale e la socializzazione dell'economia e lei non... Anche qui a Espírito Santo Míriam Leitão è considerato di destra... Ma questa sua dichiarazione mi ha lasciato molto scioccato. Non so nemmeno cosa dire. Mi sono immaginato di passare attraverso questo. Non so nemmeno se potrei sopravvivere. La dittatura militare era orribile... E oggi abbiamo questa dittatura digitale, dittatura di Internet, dittatura dei social network, dittatura degli smartphone, dittatura tecnologica, dittatura capitalista, dittatura liberale, dittatura neoliberale, dittatura libertaria, dittatura anarco-capitalista dittatura di destra (dittatura di destra), dittatura centrista (dittatura di centro), dittatura neopositivista, dittatura atea militante (dittatura neoatea), dittatura laicista, dittatura del libero pensiero, dittatura di smascheramento, dittatura irreligiosa dittatura scientifica, dittatura evidenzialista (o meglio, dittatura scientifica evidenzialista e dittatura empirica evidenzialista), dittatura empirista, dittatura scettica, dittatura antiteista, dittatura misoteista, dittatura specieista, dittatura xeno-specista, dittatura teo-specista, dittatura supremazia umana, dittatura pro-scienza, dittatura della singolarità tecnologica, dittatura dell'intelligenza artificiale, dittatura materialista, dittatura scientista, dittatura culturale-popolare, e dittatura dei media. .. Ma almeno non abbiamo la tortura, anche se abbiamo la cultura della cancellazione, la cultura dello smascheramento ecc. In realtà, mi sento passare esattamente quello che ha passato Míriam Leitão, solo oggi o in un prossimo futuro e soffrendo molto? E anche essere giustiziati e uccisi durante la tortura o durante l'arresto o durante la misura di sicurezza ecc. Dobbiamo lottare contro l'attuale dittatura che stiamo vivendo. E dobbiamo agire il prima possibile. Così come rendere la Repubblica Socialista Mondiale una realtà il più presto possibile.
ExcluirGuilherme Monteiro Junior
Этот отчет оставил меня в шоке и потерял дар речи... Конечно, я не согласен с Мириам Лейтао по политическим вопросам и по экономическим, я гораздо больше сосредоточен на Всемирной Социалистической Республике и социализации экономики, а она не... Даже здесь, в Эспирито-Санто, Мириам Лейтау считается правым... Но это ее заявление меня очень потрясло. Я даже не знаю, что сказать. Я представила, как сама прохожу через это. Я даже не знаю, смогу ли я выжить. Военная диктатура была ужасной... И сегодня мы имеем цифровую диктатуру, диктатуру интернета, диктатуру социальных сетей, диктатуру смартфонов, технологическую диктатуру, капиталистическую диктатуру, либеральную диктатуру, неолиберальную диктатуру, либертарианскую диктатуру, анархо-капиталистическую диктатуру. диктатура правых (диктатура правых), диктатура центристов (диктатура центристов), диктатура неопозитивистов, диктатура воинствующих атеистов (диктатура неоатеистов), диктатура секуляристов, диктатура свободной мысли, разоблачительная диктатура, иррелигиозная диктатура научная диктатура, эвиденциалистская диктатура (точнее, научно-эвиденциалистская диктатура и эмпирически-эвиденциалистская диктатура), эмпирическая диктатура, скептическая диктатура, антитеистическая диктатура, мизотеистическая диктатура, видовая диктатура, ксено-видовая диктатура, тео-видовая диктатура, диктатура человеческого превосходства, диктатура сторонников науки, диктатура технологической сингулярности, диктатура искусственного интеллекта, материалистическая диктатура, научная диктатура, культурно-популярная диктатура и диктатура СМИ. .. Но, по крайней мере, у нас нет пыток, хотя у нас есть культура отмены, культура разоблачения и т.д. На самом деле, я чувствую, что прохожу через то же самое, через что прошла Мириам Лейтао, только сегодня или в ближайшем будущем и сильно страдаю? И даже быть казненным и убитым во время пыток или ареста, или во время мер безопасности и т.д. Мы должны бороться против нынешней диктатуры, в которой мы живем. И мы должны действовать как можно скорее. А также как можно скорее сделать реальностью Всемирную Социалистическую Республику.
ExcluirГильерме Монтейру Жуниор