NINGUÉM LARGA A MÃO DE NINGUÉM
NEM TALIBOZOS NEM TALITRUMPS
Tanto os Talibãns como os terroristas do Estado Islâmico agiram no sentido de destruir enormes estátuas de Buda ou relíquias milenares da civilização Assíria.
Destruindo esses símbolos acreditavam estar enterrando o passado, único meio de construir o novo. A crença alienada de que o poder estaria ali, nos prédios de Niemeyer, representa também, por mais contraditório que possa parecer, uma vitória do sistema que acreditam combater.
O poder não está ali. Nunca esteve, mas apenas uma fração dele. Curiosamente, até pessoas mais preparadas, estavam atônitas com a ação dos golpistas como se estas fossem o estopim para viradas autoritárias.
Sofrem do mesmo mal. Subestimam as condições materiais propícias para um golpe. Não entenderam nem mesmo 64. Ou seja, a conjunção dos interesses do PIG¹, com seus representantes do poder civil, a justiça e o caos social artificialmente criado. Subestimam que o arranjo essencial já se deu antes das eleições e as urnas referendaram.
Lula como artífice, numa costura complexa sobre um tecido socialmente esgarçado. Bolsonaro é e tornou-se um artigo caro no contexto internacional, num país baseado em comoditties e com um arsenal ambiental de proporções continentais. Só na aparência, a caminhada de mãos dadas por todos os partidos, poderes e o Presidente da República significou uma aliança pela democracia.
Era muito mais, representava que a conjunção de interesses econômicos concretos, já tinha encontrado o seu termo, o seu processo de formação. Lula foi o artífice, felizmente, e no limite concreto das nossas possibilidades civilizatórias. Na verdade, a grande simbologia da força do sistema, nos foi legada pelos golpistas.
Acreditavam que o mesmo os acudiria, e só agora compreenderam o inverso. O sistema respondeu que, nessas atuais circunstâncias, poderá sobreviver com muito mais relevância, através do respeito às instituições, muito mais do que através do abandono das mesmas.
É sobrevivência sistêmica, que se realiza na lógica da sua reprodução. Não sai da caneta de iluminados. E talvez seja exatamente esse, o mais sofisticado legado de Lula, ou o traço mais evidente da sua personalidade na história. A saber, que sua presença tenciona o País a dirigir-se na direção do que construímos de melhor, apesar de tudo.
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O capitalismo está podre. Todos sabemos disso. Mas ele não cai sozinho