O ESCÂNDALO DAS AMERICANAS
A crise das Lojas Americanas e a oportunidade para mobilização popular, em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras.
Rio de Janeiro, 31 de janeiro de 2023
O ano de 2023 iniciou com diversos acontecimentos que tornaram longevo o mês de janeiro. E entre os fatos que assolaram os noticiários nacionais está o rombo de R$ 43 bilhões anunciado pelos executivos das Lojas Americanas, que criou uma atmosfera de pânico não apenas no mercado financeiro, mas também na grande massa de trabalhadores e trabalhadoras da empresa; o futuro de mais de 44 mil pessoas está sob as incertezas geradas pela crise.
Importante observarmos que o movimento sindical se prepara para um ato organizado na primeira sexta-feira de fevereiro, dia 3, quando as Centrais Sindicais, entre elas a CUT, decidiram se reunir em frente à sede da empresa, no Rio de Janeiro, em defesa dos empregos que podem ser perdidos.
Acredito que, para além das questões sindicais, essa luta precisa ser ampla, congregando outros setores da sociedade organizada. Quando observamos que o terceiro mandato de Lula abre as portas para um novo momento do sindicalismo no Brasil, temos aí a oportunidade de construir articulações com os diversos movimentos que se fortaleceram nas lutas dessa última década nefasta de entreguismo, subserviência ao capital estrangeiro e desmonte do Estado nacional, além dos incessantes ataques aos direitos sociais e trabalhistas.
Com isso, afirmo ser de destacada importância passarmos diante dessa mobilização em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras das Lojas Americanas não apenas com frentes sindicais, mas convocando os movimentos e coletivos das lutas raciais, de estudantes, das mulheres, por moradia popular, entre outros, além de uma ampla coalizão partidária progressista.
Temos exemplos em nossa história de grandes empresas e seus presidentes milionários que se articulam com seus iguais para reduzir a participação do Estado nas políticas de bem-estar do cidadão, mas diante de crises como essa, que abalam seus caixas, o Estado é o primeiro refúgio onde vão buscar ajuda para que não percam seus negócios. É o que ocorre com a Americanas.
Porém, precisamos reivindicar, fortalecidos com essa ampla frente de movimentos sindicais, movimentos sociais e partidos progressistas, que haja compensação, no sentido de que para que a empresa seja amparada pelo governo, nossos companheiros e nossas companheiras que trabalham em suas filiais tenham seus empregos garantidos! O Estado não pode mais servir de bote salva-vidas para grandes empresas que tudo querem ganhar e nada querem ceder.
Pela frente ampla, em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras das Lojas Americanas, façamos nossas articulações, convocando todos os demais movimentos sociais e partidos progressistas a se juntarem nessa causa!
Carlos Santana
Ex-deputado federal por cinco mandatos pelo PT-RJ; Presidente do Sindicato dos Ferroviários da Central do Brasil; Presidente estadual da CUT-RJ; Professor universitário; Doutor em História pela UFRJ e Bacharel em Direito.
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