CPI DO GENOCÍDIO YANOMAMI JÁ!
Eu quero uma CPI dos Yanonami que investigue o dinheiro do garimpo que foi parar nos bancos. Que investigue também os bancos.
Ou o capital continuará sendo indiferente à origem do dinheiro?
Eu quero uma CPI dos Yanonami que investigue os donos da logística e dos portos, os donos dos hotéis e postos de combustível.
Vou insistir: quero uma investigação que envolva o dinheiro.
Eu quero um Tribunal Internacional que investigue os compradores estrangeiros desse ouro, os donos dos equipamentos — e os donos dos portos e bancos localizados em outros países.
Eu quero investigações sinceras. E elas passam pelo caminho do dinheiro. Da riqueza. Da desigualdade. Da ostentação. Da dolce vita.
Eu não quero só comoção, não, eu não quero um jornalismo compungido, eu quero um jornalismo crítico, um jornalismo que não seja distraído em relação aos interesses do capital.
Um jornalismo que entenda os fatos, que entenda a cadeia dos fatos, que entenda a cadeia econômica dos fatos, a singela e escancarada evidência de que o garimpo é uma das pontas de lança do capital, intrinsecamente expansionista.
Eu quero uma discussão acadêmica internacional sobre as origens econômicas (e agrárias, territoriais) dessa violência, sobre a presença obrigatória da economia ilegal no circuito de expansão da economia supostamente legal — a dos portos e hotéis e bancos.
Eu quero a Globo falando desse circuito, eu quero ver a Globo dizendo que o agro (negócio) é também garimpo e crianças famélicas e indígenas dizimados. A apontar o papel do negócio na matança, a união entre fazendeiros, garimpeiros e madeireiros.
Eu quero ver essa gente cínica chorando durante a CPI dos Yanonami ou em um Tribunal Internacional como cúmplice e como artífice, essa gente cínica respondendo como artífice da defesa de um modelo insustentável — violento.
Eu quero ver os apresentadores passarem da comoção para a consciência, a mostrar o papel sangrento do modelo, a face genocida desse sistema, sem distrações, manipulações e foco apenas nos braços armados do garimpo, nos coitados violentos com dente de ouro.
Eu quero os nomes dos mandantes, os nomes poupados dos mandantes, os nomes omitidos dos financiadores, os nomes de cada um dos engravatados (ok, o nome dos políticos também, esses despachantes), dos empresários que ganharam nas últimas décadas, com a morte de rios e indígenas, e daqueles que celebraram a expansão econômica responsável por essa mesma morte de rios e indígenas, inclusive daqueles que fazem de conta que se comovem com a morte de rios e indígenas, aí incluídas as grandes corporações, multinacionais, banqueiros.
Porque o resto é conversa para boi dormir, enganação cíclica, matança, matança igual, mais matança, matança simbólica e matança efetiva.
Alceu Castilho - SP
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O capitalismo está podre. Todos sabemos disso. Mas ele não cai sozinho