A intervenção dos EUA e UE nos assuntos da Amazônia, através de militares ou de ONGs, representa um dos problemas para a região, acha o presidente da Bolívia, Luis Arce.
"A região amazônica possui recursos estratégicos, é fonte de água potável e minerais. Os países da América Latina e do Caribe são uma prioridade na estratégia de segurança nacional dos EUA, o que significa que são de interesse não apenas para o Departamento de Estado, mas também para o Departamento de Defesa dos EUA", disse.
"A implantação de bases militares na região e na Amazônia é algo que deve atrair nossa atenção, devemos estar atentos", declarou Arce.
"A este respeito, estamos preocupados que a Europa adira à mesma posição: alguns estão buscando controlar a Amazônia por meios militares, outros – com a ajuda de organizações não governamentais", especificou o líder boliviano durante a Cúpula da Amazônia em Belém, Brasil, nesta terça-feira (8).
A Amazônia amada ou ameaçada?
Nossa relação com a natureza é apaixonadamente semelhante aos sentimentos que temos entre os seres humanos - não é em vão que dizemos que a natureza não nos pertence, mas que nós pertencemos a ela - seja cuidado e respeito, seja agressão e desprezo ; ou em outros casos mais patológicos, é apenas para aproveitá-la por pura ambição de ganhar sua riqueza.
Esses sentimentos confusos são os que se evidenciam hoje em um território de 7,4 milhões de quilômetros quadrados que abrange a Amazônia, e que é considerado o gerador de 20% do oxigênio da atmosfera terrestre.
E é também por isso que acaba de acontecer a cúpula da Amazônia, realizada pela Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), e que abordou basicamente a necessidade de garantir a sobrevivência da maior reserva da natureza que ainda existe no planeta.
Tal é o grau de gravitação dessa reserva natural que nos EUA, e que não faz parte da região amazônica, se ensina que a Amazônia é um território que lhes pertence e que são os únicos capazes de defendê-la.
Assim se verificou que existe um texto de geografia -Introdução à Geografia- para o 6º ano. Grau nos EUA onde é indicado, que se apoderam da Amazônia para salvaguardar a água e o oxigênio do planeta. Já que a Amazônia está cercada por países bárbaros que vão acabar com ela.
Não é só pela lógica imperial monroísta: "América para os americanos", que devemos estar atentos para a Amazônia, mas pelo atual comportamento climático devemos estar atentos, como tem sido o objetivo da OTCA, e para o que a população O mundo está à flor da pele, assim como o aumento incomum das temperaturas no planeta.
Está previsto para estes dias, assim que a temperatura volte a subir, ou na sua falta; superar os máximos históricos, como aconteceu há algumas semanas nos verões vividos pelos países do hemisfério norte.
Mas não só isso, como efeito do verão, as temperaturas aumentaram, mas esse mesmo efeito ocorreu na atual temporada de inverno no hemisfério sul.
Como é o comportamento climático do planeta, a natureza; e apesar das agressões a que é submetido pela mão do homem; ainda é generosa em guardar tesouros como a Amazônia, e que vive o dia em que passa o dilema entre ser amado ou ameaçado.
Rolando Prudêncio Briançon/Advogado/Bolívia
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O VERDADEIRO VALOR DO PETRÓLEO DA FOZ DO AMAZONAS
Com o pré-sal, o Brasil não resolveu a educação, como prometido, nem o desenvolvimento sustentável do Rio de Janeiro, mas segue batendo recordes de produção de petróleo —e assim será até a próxima década, embora as projeções da Agência Internacional de Energia (AIE) indiquem que a demanda global por combustíveis fósseis deve cair a partir de 2028, assim como o preço do barril diante da transição energética rumo às fontes renováveis.
A questão é se o Brasil vai querer ir na contramão mundial ao projetar na Foz do Amazonas e em toda margem equatorial talvez a maior nova frente de exploração petrolífera do planeta, estimando para depois de 2030 o auge da produção nacional.
Com a perfuração da margem equatorial, estão previstas receitas entre US$ 770 bilhões e US$ 2,3 trilhões. Fica a pergunta: se o Brasil optar por queimar todo esse petróleo, o que deixará de ganhar?
O valor dessas reservas pode ser infinitamente maior se as deixarmos lá, nas profundezas. Há um custo gigante para cada 0,1°C de aumento da temperatura global. O argumento para uma forte ação de curto prazo é, também, econômico. Para cada US$ 1 investido em mitigação, poupa-se de US$ 1,5 a US$ 4 em efeitos das mudanças climáticas (Nature Climate Change). Se mantidos os padrões atuais de emissões, os custos à economia global seriam de US$ 178 trilhões entre 2021 e 2070 (Deloitte). Os custos humanos seriam ainda maiores, com o aumento de insegurança alimentar, falta de água, migrações em massa e piora nas condições de saúde e bem-estar, principalmente para as populações mais pobres.
É aí onde podemos investir o verdadeiro valor do petróleo da Foz do Amazonas: o da "exploração evitada". Ao abrir mão de queimá-lo, o Brasil de Lula e Marina Silva teria cacife para cobrar das outras nações que façam o mesmo. E liderar um movimento a partir também do Sul mundial por uma governança global do clima mais justa, que equacione as devidas compensações —não só ambientais, mas também sociais.
Na Amazônia, não faltam alertas para um ponto de não retorno da floresta, que entraria em processo de desertificação. Sem a força do bioma, simulações apontam que a temperatura média do planeta subiria 0,25ºC. Quem mais perde nesse cenário são os brasileiros, que sentiriam um aumento de 2ºC e redução de 25% das chuvas. Sem floresta, não tem água. Sem água, não tem agricultura nem geração hidrelétrica.
Proteger a Amazônia, portanto, não é coisa de gringo; é interesse nacional. O cerne do debate sobre o petróleo na foz do Amazonas não é sobre licenciamento ambiental, um procedimento técnico. É sobre visão de futuro.
Nos próximos dois anos, o mundo precisa decidir o que fará com o que pactuamos em 2015, em Paris: a meta quase perdida de 1,5ºC de aumento da temperatura global em relação à era pré-industrial. Segundo o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima da ONU), será preciso reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% até 2030, e 60% até 2035, para zerar as emissões líquidas em 2050. E, para isso, nenhuma nova grande frente de exploração de combustíveis fósseis deve ser aberta.
Nem precisa encontrar mais petróleo. As reservas recuperáveis atingiram 1,624 trilhão de barris em 2022, mas apenas metade deverá ser consumido, se levarmos a sério o compromisso do 1,5ºC (Rystad Energy).
São dois anos para decidir o século. E uma janela de oportunidade única para o Brasil, como país-sede da Cúpula da Amazônia, da reunião do G20, em 2024, e da COP30, em 2025, em Belém. Será decisiva porque fará o balanço de dez anos do Acordo de Paris. Aí vamos saber se queremos chegar em 2030 discutindo um aumento da temperatura de 1,5ºC a 2ºC ou de 2ºC a 2,5ºC.
Até porque se a escolha for para perpetuarmos numa festa em que deixamos acabar o gelo, pode queimar tudo, até o filme. Depois do nosso triste papel como a última nação a abolir a escravidão, queremos ser uma das últimas a abolir a queima de combustíveis fósseis?
Caetano SCANNAVINO
Coordenador da ONG Projeto Saúde & Alegria, membro da coordenação do Observatório do Clima e integrante da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais
TENDÊNCIAS / DEBATES�Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
Aqui: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/o-verdadeiro-valor-do-petroleo-na-foz-do-amazonas.shtml
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Solo bla bla bla hablan de metas para el 2050 cuando eso es un tema que la meta es para ayer, lo demás solo es correr la arruga y justificar lo injustificable o acaso no hay suficientes pruebas o avisos sobre la gravedad del problema.
ResponderExcluirSi FR. Necessitamos exponer nuestas posiciones. EMAIL: frevtrab@gmail.com
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