A BOMBA DO RIOCENTRO EXPLODIU NA ESPLANADA
Artigo: A bomba do Riocentro explodiu na Esplanada*
Em texto publicado originalmente em Carta Capital, Lindbergh Farias e Marcelo Zero apontam a conexão histórica entre o 8 de Janeiro e o atentado frustrado no Riocentro, em 1981.
Publicado em 31/10/2023 11h05
Joedson Alves/Agência Brasil
Atentado de 8 de janeiro: obra do bolsonarismo, que nada mais é que "uma facção de extrema-direita com métodos violentos e ações terroristas", afirmam os autores
Era uma tranquila e agradável noite carioca. Naquele 30 de abril de 1981, acontecia no Riocentro, na Barra da Tijuca, um show em comemoração ao Dia do Trabalho, reunindo grandes nomes da música brasileira.
Cerca de 20 mil pessoas, a grande maioria jovens, esperavam pacificamente pelo show.
Entretanto, pouco depois das 21h, ocorreu uma súbita explosão no estacionamento do Riocentro.
Uma bomba explodira literalmente no colo do sargento do Exército Guilherme Pereira do Rosário, o qual estava dentro de um carro, um Puma branco, matando-o instantaneamente. O outro ocupante do veículo, o capitão Wilson Dias Machado, ficou gravemente ferido.
Essa explosão acidental frustrou um atentado que deveria ter tido consequências gravíssimas, com a possível morte de centenas de pessoas.
O terrível atentado, inteiramente planejado e executado por militares, seria atribuído a militantes de esquerda. O objetivo maior era retardar ou impedir a abertura política que estava em andamento e justificar uma repressão maior às forças políticas democráticas.
O frustrado atentado do Riocentro não foi um ato isolado.
Na realidade, ele faz parte de uma série de atentados terroristas, cerca de 70, que foram cometidos, entre 1978 e 1987, pela chamada “linha-dura” das Forças Armadas, setor de extrema-direita que se sempre se opôs à volta da democracia no Brasil.
Apenas entre 1979 e 1981, ao menos quarenta explosões contra bancas de jornal foram realizadas por militares.
Os ataques terroristas com bombas também atingiram instituições vitais para a democracia, como a Ordem dos Advogados do Brasil (que resultou na morte da funcionária Lyda Monteiro), a Associação Brasileira de Imprensa e a Casa do Jornalista.
Livrarias, universidades e as sedes de jornais como O Estado de S. Paulo, Hora do Povo, Em Tempo (Belo Horizonte) e O Pasquim também foram objeto de atentados.
Obviamente, todos esses atentados não foram investigados e seus perpetradores nunca sofreram quaisquer consequências jurídicas.
Mesmo o atentado do Riocentro, que foi planejado para ser o maior ataque terrorista da história do País, ficou impune.
Houve várias investigações que não deram em nada.
A primeira, uma “investigação” conduzida pelo próprio Exército, uma farsa ridícula, “concluiu” que o atentado fora feito por organizações de esquerda.
Na última, feita em 2014, foram formalmente acusados de crimes relacionados ao atentado os generais Newton Cruz, Otávio Aguiar de Medeiros, Job Lorena de Sant’Anna e Edson Sá Rocha, e os coronéis Freddie Perdigão Pereira e Wilson Machado, entre vários outros. Mas o Tribunal Regional Federal da 2ª Região decidiu pelo trancamento da ação penal.
Essa impunidade, em relação ao terrorismo de Estado da extrema-direita brasileira, vem de longe.
Em 1968, o brigadeiro João Paulo Moreira Burnier, chefe de gabinete do então ministro da Aeronáutica, Márcio de Sousa e Mello, concebeu um plano que poderia ter redundado em verdadeiro genocídio.
Segundo o plano, tudo começaria com detonação de bombas em sedes de multinacionais e na embaixada dos Estados Unidos.
Na sequência, haveria a explosão da represa de Ribeirão das Lajes e do Gasômetro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, precisamente às 18h, horário de grande movimento, para produzir o maior número de mortes.
Tais explosões tinham o potencial de ocasionar até 100 mil mortes, conforme algumas avaliações.
Obviamente, tudo seria atribuído às esquerdas.
A grande comoção causada pelos gigantescos atentados justificaria um grande enrijecimento da ditadura e a eliminação física de opositores, como Juscelino Kubitschek e o arcebispo Dom Hélder Câmara, os quais seriam sequestrados e atirados, desde aviões, em alto-mar.
O plano só não foi à frente porque foi denunciado pelo capitão do Para-Sar, unidade de paraquedistas, Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho, o lendário “Sérgio Macaco”.
O único punido no episódio foi o bravo capitão, que perdeu cargo e patente pelo famigerado AI-5, instrumento jurídico de autêntico terrorismo de Estado.
Assim, o terrorismo surgiu, no Brasil como terrorismo de Estado, estreitamente vinculado aos militares da “linha-dura”, visceralmente antidemocráticos.
Como bem afirmou o jornalista Rudolfo Lago, em artigo publicado em dezembro de 2022, “o terrorismo no Brasil sempre foi coisa da extrema-direita”.
Pois bem, a extrema-direita e a “linha-dura” continuam vivas.
Com a eleição de Bolsonaro, elas voltaram a exibir suas garras violentas e antidemocráticas.
Com efeito, Bolsonaro nada mais é que um expoente da “linha-dura” que conseguiu chegar ao poder, 37 anos após o atentado do Riocentro.
O bolsonarismo, como foi bem descrito no voto da relatora Eliziane Gama, da CPMI do 8 de Janeiro, é, na verdade, uma facção de extrema-direita brasileira, que existe já há algum tempo, com métodos violentos e ações terroristas.
Há uma conexão histórica evidente.
Bolsonaro, um confesso admirador da ditadura e de grandes expoentes da “linha-dura”, como o torturador Brilhante Ustra, é um descendente político direto do general Sylvio Frota, o antigo líder das facções mais extremadas das Forças Armadas.
Um dos seus mais estreitos colaboradores, o general Augusto Heleno, foi ajudante de ordens de Frota.
O DNA político do bolsonarismo é exatamente o mesmo da “linha-dura” militar. Os unem o absoluto desprezo pela democracia, a aversão aos direitos humanos, o ódio à esquerda e a todo progressismo social, a misoginia, a homofobia, o racismo, a intolerância em relação a tudo que for “diferente”. Os une o pseudopatriotismo, pois quem é antidemocrático não é, e nunca será, verdadeiro patriota.
Como a antiga “linha-dura”, o bolsonarismo tem pendor para a violência, para a destruição dos adversários políticos, para a mentira e o engano.
O próprio Bolsonaro foi acusado de participar de um plano para explodir bombas em quarteis do Exército, como forma de protesto contra os baixos salários.
Os setores mais extremados desses descendentes políticos da “linha-dura”, “honrando” a tradição terrorista, colocaram uma bomba no Aeroporto de Brasília, perto do armazenamento de combustíveis. Se tivesse explodido, poderia ter provocado uma carnificina.
Em 12 de dezembro de 2022, esses mesmos setores queimaram ônibus e carros em Brasília, exatamente como fizeram agora milicianos do Rio de Janeiro. Tentaram até mesmo invadir a sede da Polícia Federal. Tocaram o terror nas estradas do Brasil.
Em 8 de Janeiro de 2023, em verdadeiros atos terroristas, invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso e o STF, as grandes instituições da democracia brasileira. Destruíram tudo. O plenário do STF ficou parecendo Gaza depois de bombardeios.
As bombas do Riocentro não explodiram. Contudo, o 8 de Janeiro foi a maior explosão que ocorreu contra as instituições democráticas do Brasil, após a ditadura.
Ela não explodiu no colo de um sargento. Explodiu bem no colo da nossa democracia, quase quarenta e dois anos depois.
Para cúmulo do cinismo, outra característica herdada da “linha-dura”, tentaram, de novo, colocar a culpa nas esquerdas, no governo Lula, na própria vítima.
O 8 de Janeiro, como se disse, não foi um domingo no parque. Como o 30 de abril de 1981, foi o dia da vergonha, foi a data da infâmia. Um show de horrores que manchou nossa imagem e provocou indignação mundial.
Tentaram destruir o Brasil e suas instituições, não apenas prédios públicos. Atacaram a soberania democrática. Feriram o País.
Sobrevivemos.
Mas a “linha-dura” continua ativa. Só mudou de forma.
Portanto, não se pode transigir com os criminosos, com terroristas. Sejam quem forem, venham de onde vierem, as punições terão de ser exemplares e duras.
Se o 8 de Janeiro ficar impune, como o 30 de abril, a violência voltará para tentar destruir nossa democracia.
O preço da paz é a justiça.
“Linha-dura” nunca mais!
* Lindbergh Farias é deputado federal pelo PT do Rio de Janeiro e vice-líder da Maioria na Câmara
* Marcelo Zero é sociólogo e especialista em relações internacionais
*
Só mesmo se o PT tornasse o Brasil em uma democracia socialista e em uma democracia de conselho para mudar o Brasil. Precisamos construir o socialismo democrático no Brasil. Já chega de idealizar demais o socialismo, precisamos desenvolver o socialismo na prática! Criar comunas agrícolas e industriais e pequenas e médias empresas comunais por todo o Brasil. Construir o socialismo do Brasil, socialismo do MERCOSUL, socialismo da URSAL e socialismo da República Socialista da Terra.Only if the PT turned Brazil into a socialist democracy and a council democracy would change Brazil. We need to build democratic socialism in Brazil. Enough of idealizing socialism too much, we need to develop socialism in practice! Create agricultural and industrial communes and small and medium-sized communal enterprises throughout Brazil. Build socialism in Brazil, socialism in MERCOSUR, socialism in URSAL and socialism in the Socialist Republic of the Earth.Sólo si el PT convirtiera a Brasil en una democracia socialista y una democracia de consejos cambiaría a Brasil. Necesitamos construir el socialismo democrático en Brasil. ¡Basta de idealizar demasiado el socialismo, necesitamos desarrollar el socialismo en la práctica! Crear comunas agrícolas e industriales y pequeñas y medianas empresas comunales en todo Brasil. Construir el socialismo en Brasil, el socialismo en el MERCOSUR, el socialismo en la URSAL y el socialismo en la República Socialista de la Tierra.Ce n’est que si le PT transformait le Brésil en une démocratie socialiste et qu’une démocratie de conseil changerait le Brésil. Nous devons construire un socialisme démocratique au Brésil. Assez de trop idéaliser le socialisme, nous devons développer le socialisme dans la pratique ! Créer des communes agricoles et industrielles et des petites et moyennes entreprises communales dans tout le Brésil. Construisons le socialisme au Brésil, le socialisme dans le MERCOSUR, le socialisme dans l'URSAL et le socialisme dans la République Socialiste de la Terre.
ResponderExcluirNATO and Nazis are the same thing
ResponderExcluirA população brasileira precisa aprender a votar na esquerda e na esquerda radical igual como ela vota no centrão e na extrema-direita... Não apenas a brasileira, mas a população do mundo inteiro precisa aprender a votar na esquerda e na esquerda radical igual como votam no centro e na extrema-direita...
ResponderExcluirMas de qualquer forma, a democracia liberal é sim uma fraude, igual ao capitalismo e ao neoliberalismo. O termo "democracia liberal" é só mesmo um termo para fazer com que o capitalismo autoritário e o capitalismo totalitário soam razoáveis... Infelizmente Hayek, Mises, Popper, Rothbard, e afins eram defensores árduos do capitalismo autoritário e do capitalismo totalitário. E muitos que defendem os mesmos também defendem o capitalismo autoritário e o capitalismo totalitário disfarçado de "libertarianismo" e "liberdade".
ExcluirA maioria dos patrões, empregadores, milionários, bilionários e CEOs realmente defendem o capitalismo autoritário e o capitalismo totalitário, isso não se há mais dúvidas. A democracia do capitalismo autoritário e do capitalismo totalitário é a democracia para que as elites podem fazem o que quiser com quem está abaixo das mesmas e proibirem a classe trabalhadora de se expressar...
ExcluirNoah LorenMeus toots fixados são editados de tempos em tempos então não recomendo interagir com eles.Algumas coisas sobre mim:m pouquinho nerd, geek (não o bastante por falta de grana), otaku.Preto, branco, cinza e as vezes vermelho e dourado.Punk não! Panqueca.Gosto de escutar música variada de todos os tipos e sempre aceito sugestões embora não seja especialista.As vezes deixo escapar a minha opinião sobre futebol, política e religião.
ResponderExcluirNoah Loren deu boost
3d
YaxPasaj@lemmy.eco.br
NoahLoren13
YaxPasaj @YaxPasaj@lemmy.eco.br
Balão a Ar - Bartolomeu Lourenço de Gusmão;
Avião/primeiro voo homologado da história - Alberto Santos Dummont;
Rádio - Roberto Landell de Moura;
Walkman (Stereobelt) - Andreas Pavel;
Identificador de Chamadas (Bina: “B identifica o número de A”) - Nélio José Nicolai
Abreugrafia - Manoel Dias de Abreu;
Soros Antipeçonhentos Específicos - Vital Brazil (Vital Brasil Mineiro da Campanha);
Méson Pi (partícula subatômica) - César Lattes (Cesare Mansueto Giulio Lattes);
Lavador de Arroz (Lavarroz) - Therezinha Beatriz Alves de Andrade Zorowich.
4h *
NoahLoren13
Noah Loren @NoahLoren13
Ótimo vídeo. Ainda não terminei de ver porque é muita coisa mas vale a pena.
https://m.youtube.com/watch?v=-QYhViVpavg&t=4511s&pp=ygUSaGlzdMOzcmlhIHDDumJsaWNh
YouTube
A criação de Israel e a origem do conflito na Palestina
Por História Pública
NoahLoren13
Noah Loren @NoahLoren13
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A criação de Israel e a origem do conflito na Palestina
Por História Pública
18h
NoahLoren13
Noah Loren @NoahLoren13
Nunca tinha reparado que um dos meus filmes animados favoritos, Os Sem-Floresta era sobre Movimento dos Sem Terra! Mas estava na cara...
Noah Loren
ResponderExcluir@NoahLoren13@mastodon.social
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Agender AroAce Queer
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autistic neurodivergent
Neurodivergente autista
Imagem de perfil: ilustração manga em preto e branco do personagem Ren Amamiya de Persona.
Imagem de capa: ilustração manga em preto e branco de Berserk de um céu noturno com lua e estrelas sendo encarado pelo personagem Guts deitado no chão
Entrou
ResponderExcluir08 de ago. de 2023
Identidade de gênero/Orientação sexual/Orientação romântica
Agênero/Assexual/Arromântico
Pronomes
Ele/dele ou Ela/dela
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13 de set.
NoahLoren13
Noah Loren @NoahLoren13
Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros.