AS BASES OBJETIVAS DO RACISMO NO BRASIL
O sociólogo e político brasileiro Guerreiro Ramos (1915-1982), que buscou pensar o negro como “negro-vida”, não como ser essencializado, criticou o que ele denominou de “sociologia inautêntica”, que transpunha para o Brasil conceitos forjados na Europa, aplicando-os de modo acrítico. Com efeito, excluía o negro do desenvolvimento nacional, tratava-o como problema. O problema não era o negro, argumentava, mas a sociologia assimilacionista que o transformou em problema. A questão real estaria na patologia do homem branco que, para alcançar o padrão estético europeu, precisava se diferenciar do negro, transformando-o em problema (Ramos, 1981). Um dos pioneiros nos estudos das relações raciais no Brasil, Florestan Fernandes (1920-1995), especialmente em sua obra de maturidade, vinculou a questão do racismo, assim como os desafios da população negra e da classe trabalhadora em geral, às especificidades da “revolução burguesa no Brasil” e à subordinação estrutural do capitalismo brasileiro ao imperialismo, cujos processos de modernização se expressam na extrema “concentração social, racial e regional da riqueza e da cultura” e nos “imensos bolsões de atraso educacional e de miséria” (Fernandes apud Chagas, 2011, p. 224). Dada sua natureza “compósita”[2] e associação subordinada ao capital externo, a burguesia brasileira é autocrática: acentua e concentra em suas mãos o poder político, transforma o Estado em instrumento exclusivo dos seus interesses particulares e egoístas, não admite conflitos inter-raciais e de classes e sufoca os protestos sociais, que são tomados de antemão como caso de polícia ou manifestações contra a ordem, o que significa, assim, que uma reforma racial dentro da ordem burguesa é impossível (Fernandes, 2017)[3]. Lélia Gonzalez (1935-1994), uma das maiores referências da luta antirracista no país, também combateu o mito da democracia racial, assim como o patriarcado e as opressões de gênero, presentes, inclusive, nos movimentos negros. O cientista social Clóvis Moura (1925-2003), por sua vez, colocou no centro do debate acerca da formação social brasileira, assim como no centro da crítica ao capitalismo brasileiro, o protagonismo negro, sobretudo da grande massa de trabalhadoras negras e trabalhadores negros do país. Nos últimos anos, uma das referências para o debate antirracista no Brasil tem sido a obra O que é racismo estrutural? (2018), de Sílvio de Almeida, atual ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania. Ainda que o presente trabalho mobilize pistas de investigação deixadas por alguns expoentes do pensamento social brasileiro, seu objetivo não é analisar e polemizar as diferentes interpretações sobre racismo, tampouco a longa história de organização, resistência e lutas do povo negro no Brasil. Este artigo busca analisar as bases objetivas do racismo, em suas expressões ideológicas e práticas e, especificamente, a relação entre capitalismo, racismo, superexploração da força de trabalho e autocracia burguesa. Começa trazendo à tona o modo pelo qual o Brasil se inseriu no mundo moderno, a categoria da superexploração e a particularidade da formação social brasileira. Na sequência, aborda o processo de racialização do povo negro: a relação entre a abolição conservadora (1888) e a manutenção da estrutura subordinada do país, assim como os mecanismos ideológicos e práticos de discriminação, marginalização e subalternidade, que têm sido impostos à população afrodescendente no Brasil.
CONTINUA
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Boa noite! Teria como publicarem um artigo com uma tese jurídica, história, geográfica e social forte explicando o pq do antissinismo não ser antissemitismo e como que ambos são diferentes? Pedem para algum advogado judeu antissionista para escrever sobre o tema.
ResponderExcluirSeria até bom se tentassem criar um movimento como: "Juristas com a Palestina", "Advogados com a Palestina", "Delegados com a Palestina", "Policiais com a Palestina", "Prefeitos com a Palestina", "Legisladores com a Palestina", "Empregadores com a Palestina", "Pessoas Jurídicas com a Palestina", "Empresas com a Palestina", "Professores com a Palestina"... Penso que é algo de urgência, considerando o lobby sionista (CONIB etc) no Brasil.
ExcluirE seria até bom se vcs tentassem criar uma aliança (organização) Pan-Americana e Pan-Europeia em defesa da Palestins também.
ExcluirE também um movimento como "Aliança Indígeno-Palestina: Contra o Marco Temporal e contra o Sionismo" e um artigo: "Como o Marco Temporal pode levar ao surgimento de Pindorama como a Palestina indígena brasileira"
ExcluirE também, pq não, um movimento anti-WW3 no mundo todo também, seria muito importante se tivéssemos um MAHE (Movimento Contra a Extinção Humana) forte ao redor do mundo...
ExcluirRealmente evitamos o golpe dos Bolsonaristas via executivo, mas infelizmente nós não fomos capazes de evitar o golpe dos Bolsonaristas via legislativo e judiciário. Infelizmente a maioria das pessoas não sabem votar... A maioria da população realmente se identifica com o nosso congresso nacional Bolsonarista, igual como que a maioria dos Argentinos realmente se identificam com Javier Milei... A esquerda e a esquerda radical precisam realmente agir, antes que seja tarde demais...
ResponderExcluirWe really avoided the Bolsonaristas' coup via the executive, but unfortunately we were not able to avoid the Bolsonaristas' coup via the legislative and judiciary. Unfortunately, most people don't know how to vote... The majority of the population really identifies with our Bolsonarista national congress, just as the majority of Argentines really identify with Javier Milei... The left and the radical left really need to act , Before it's too late...
Realmente evitamos el golpe de los bolsonaristas a través del ejecutivo, pero lamentablemente no pudimos evitar el golpe de los bolsonaristas a través del legislativo y el judicial. , antes que sea demasiado tarde...
Nous avons vraiment évité le coup d'État des bolsonaristes via l'exécutif, mais malheureusement nous n'avons pas pu éviter le coup d'État des bolsonaristes via le législatif et le judiciaire. Malheureusement, la plupart des gens ne savent pas voter... La majorité de la population s'identifie vraiment à notre congrès national bolsonariste, tout comme la majorité des Argentins s'identifient vraiment à Javier Milei... La gauche et la gauche radicale ont vraiment besoin de agissez, avant qu'il ne soit trop tard...