quinta-feira, 17 de junho de 2021

As guerrilhas e os movimentos insurgentes durante a ditadura militar * Otávio Vinicius De Souza, Felipe Leprose

As guerrilhas e os movimentos insurgentes durante a ditadura militar
(parte 1)
21/09/2016
Introdução:

Os movimentos de guerrilha no Brasil surgiram por volta dos anos 30 e ganharam força após o golpe militar que depôs João Goulart em 64, como forte oposição ao regime. Tinham como objetivo a libertação do país através uma revolução de viés socialista, mais especificamente Marxista-Leninista.

A interferência da Revolução Russa nos movimentos de esquerda no Brasil

A triunfante revolução russa de 1917 repercutiu fortemente na esquerda brasileira e do mundo.
Inclusive, fez com que muitos movimentos anarquistas perdessem força, pois a ideologia passou a ser tratada como utópica e incapaz de modificar radicalmente a sociedade.
Muitos movimentos anarquistas aderiram a movimentos comunistas e entregaram-se ao estudo de Karl Marx e Lenin.

Em abril do ano de 1922, na cidade do Rio de Janeiro, foi realizado o I Congresso Comunista Brasileiro.
Esse congresso resultou na unificação de vários grupos comunistas espalhados no país, com a fundação do primeiro Partido Comunista do Brasil, o PCB (Nomeado na época como PC-BIC — Partido Comunista — Seção Brasileira da Internacional Comunista).

Desde a fundação do partido a tomada de poder pela via revolucionária sempre foi o foco de sua discussão, porém isso se tornou mais evidente após a adesão do famoso líder tenentista, Capitão Luís Carlos Prestes.

A primeira tentativa de tomada de poder pela via revolucionária foi com a Intentona Comunista, em 1935.

O movimento, extremamente mal planejado e executado, só serviu para abalar ainda mais as frágeis instituições democráticas burguesas da época e foi usado como pretexto para que Getúlio Vargas instaurasse um regime de viés fascista no Brasil, o Estado Novo.

A ditadura militar e a radicalização da politica no Brasil

A ditadura militar no Brasil, que ficou em vigor durante 1964 e 1985, teve como principal meio de oposição a luta armada.

Os grupos de guerrilha intensificaram sua força principalmente após o ano de 1967, com o Ato Institucional Nº 5 (AI5) e, consequentemente, o aumento da repressão por parte do regime.

Porém, já em 1964, com o golpe que depôs Jango, Leonel Brizola já havia mostrado interesse na resistência armada contra a ditadura militar. Com isso foi criado o “Movimento Nacionalista Revolucionário” e iniciaram-se contatos com guerrilheiros cubanos, que viriam a prestar apoio financeiro à guerrilha do Caparaó.

Principais Movimentos de Guerrilha Armada Contra a Ditadura

Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR-8)

O MR-8 surgiu em 1964 no meio universitário da cidade de Niterói, originalmente com o nome de Dissidência do Rio de Janeiro.

Foi rebatizado em memória ao dia em que uma das principais figuras anti-imperialistas e revolucionárias da América Latina, Che Guevara, foi capturado e brutalmente assassinado na Bolívia, em 8 de outubro de 1967.

O MR-8 teve inicio efetivo na luta armada em 1968 e foi desarticulado pela repressão da ditadura militar em 1969. Os sobreviventes que ainda estavam em liberdade juntaram-se aos integrantes da Dissidência Comunista de Guanabara e juntos reconstruíram um “novo” MR-8

O movimento tomou prestígio nacional e internacional com o seu papel predominante no sequestro do embaixador estadunidense no Brasil, Charles Burke Elbrick, em setembro de 1969, realizado em conjunto com a ALN.

A ação foi realizada para libertar seu líder, Vladimir Palmeiras, preso desde 1968.

No rastro do sequestro do embaixador, os membros do movimento foram duramente perseguidos e reprimidos, o que levou a quase extinção do grupo.

Mesmo assim, as operações armadas do MR-8 prosseguiram.

Ação Libertadora Nacional (ALN):

O grupo surgiu em 1967, com a saída de Carlos Marighella do PCB, após sua participação na conferência da Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS), na cidade de Havana.

A ALN era a organização mais estruturada da guerrilha urbana e também a que, proporcionalmente, tinha o maior número de mulheres vinculadas à organização.

Os principais métodos de divulgação dos ideais comunistas à população eram panfletagens e discursos.

O objetivo da ALN era a ação objetiva e imediata do aniquilamento do regime militar, usando a luta armada e a guerrilha como modo de ação política.

Vanguarda Popular Revolucionária (VPR)

Outro importante grupo de guerrilha, a VPR, formou-se em 1966, a partir da união de dissidentes da “Politica Operária” (POLOP) com militares remanescentes do “Movimento Nacionalista Revolucionário” (MNR).

Em 1970 começou a organizar uma espécie de campo de treinamento no Vale do Ribeira, em São Paulo.
Entre os principais integrantes do grupo está Carlos Lamarca, um militar desertor que foi considerado o inimigo número um da ditadura na segunda metade da década de 70. Lamarca foi perseguido pelos militares por mais de dois anos, até infelizmente ser localizado e morto no interior da Bahia.

Para financiar a luta rumo ao triunfo socialista a VPR promovia expropriações como roubo a bancos.

A VPR participou do sequestro do embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher, em dezembro de 1970, e também foi responsável pelo sequestro do cônsul-geral do Japão em São Paulo, Nobuo Okuchi, em março do mesmo ano.

Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-PALMARES)

O VAR-PALMARES surgiu em julho de 1969, como resultado da fusão do Comando de Libertação Nacional (COLINA) com parte da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Seu nome deu-se em homenagem ao maior quilombo da escravidão.

A principal ação do movimento foi a expropriação do “cofre do Adhemar”, contendo mais de 2,5 milhões de dólares, em dinheiro, realizada em 18 de julho de 1969.

O cofre estava na residência da chamada Dr. Rui, que era secretária e amante do ex-governador de São Paulo, Adhemar Barros.

O dinheiro expropriado era fruto da corrupção do governador, que era conhecido pelo lema “Rouba, mas faz”.

Texto e revisão: Otávio Vinicius De Souza, Felipe Leprose
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