quinta-feira, 24 de junho de 2021

Onde irá estourar a próxima revolução? * George Kunz / RJ

 Onde irá estourar a próxima revolução?



Se avaliarmos a realidade política mundial em termos dialéticos, ela  aparentemente nunca está preparada para viradas, a menos que aconteçam situações abertamente revolucionárias e ao mesmo tempo, sempre está  preparada. Por que? 

Porque vivemos na maior crise capitalista mundial de todos os tempos. Os  volumes de capitais fictícios nunca foram tão gigantescos e ainda em  crescente aumento, impulsionando enorme bolhas em direção a gigantescas  explosões sociais. 

Ao mesmo tempo, a "esquerda" contrarrevolucionária que hoje atua mais  como uma direita, deixou de ser o forte fator de contenção pela base que era  até os anos de 1980 e 1990. Ela se formou a partir dos anos de 1980 em  cima da pressão da burguesia para impor o chamado “neoliberalismo” como  mecanismo para conter a crise mundial de 1974. 

Essas não seriam considerações centrais para a virada, para um levante de  massas? 

A pressão da crise capitalista tende a fazer com que as massas entrem em  movimento. A burguesia tenta desviar a revolução por meio da guerra  (contrarrevolucionária), o fascismo, os estados de sítios que hoje se  generalizaram sob a máscara da pandemia, que é parte da política genocida  de massacres em massa. 

E não que essa represente uma novidade. Se trata da típica política de  destruição de forças produtivas, mas agora potencializada pela profundidade  da crise. 

Para manter os repasses de recursos públicos aos grandes capitalistas têm  se tornado tão obscenos que aplicados em quantidades apocalípticas,  considerando que a economia capitalista se encontra semi paralisada, têm  gerado um aumento considerável da inflação e do custo de vida em escala  mundial. É a chamada estagflação, inflação com recessão. 

O que devemos esperar para o próximo período? 

A crise capitalista é gigantesca, mas ainda não chegamos ao ato principal  que implica na necessidade da destruição do capital produtivo para o  capitalismo poder ter o direito de continuar funcionando. 

Nas atuais condições, a burguesia busca impedi-lo porque a especulação  financeira se tornou em fator fundamental da reprodução ampliada do capital  e da geração de lucros. 

O imperialismo (que representa a fusão do capital financeiro e industrial nos  grandes centros do capitalismo mundial) consegue desviar as revoluções aos  países mais fracos do sistema mundial.

Por isso, as revoluções até hoje estouraram em países atrasados e as  revoluções têm degenerado. 

Nesse sentido, uma revolução num país atrasado, seria como ganhar um  sindicato ou um DCE (um centro acadêmico de uma universidade) ou uma  fazenda do MST (Movimento dos Sem Terra). Se ficar nisso (no "socialismo  num só país”) inevitavelmente degenerará. 

A burguesia não brinca em serviço. A visão contrária é de vendidos  recalcitrantes. 

O que a esquerda revolucionária deve entender de vez 

O que os revolucionários devem fazer é usar os instrumentos que existem  para empurrar a revolução contra os grandes centros. Cuba fez isso até mais  ou menos 1970, após a morte do Che e o fracasso dos 10 milhões de  toneladas de cana de açúcar. Em 1974 entrou no Comecom, o acordo  comercial dos países do Leste Europeu e da antiga União Soviética e o  ímpeto revolucionário foi ladeira abaixo. 

A primeira tarefa da esquerda revolucionária é impulsionar a revolução. Ela  poderá estourar num país atrasado, mas dada a profundidade da crise  poderá estourar em vários ao mesmo tempo ou inclusive em países  desenvolvidos. 

Um dos problemas importantes é a falta de direções revolucionárias fortes. E  devemos nos esforçar para cria-las da melhor maneira para atuar no próximo período. Mas elas somente se fortalecerão quando forem provadas no  ascenso de massas. 

A burguesia apoiada pela “esquerda” oficial contrarrevolucionária tenta nos  fazer acreditar que a situação é muito ruim. E até o é, mas para ela. 

Para a revolução, nunca houve uma situação tão favorável por causa da  debilidade da contenção pela base. A “esquerda” contrarrevolucionária já não  tem militantes no movimento operário e muito menos nos movimentos  sociais. E essa situação se repete em todos os principais países. 

As tarefas da esquerda revolucionária 

Realizar análises precisos da realidade política atual, que é muito  contraditória e volátil. É preciso assimilar o socialismo científico (marxismo)  como um guia para a ação. 

A partir das análises é preciso identificar as forças sociais que atuam e  elaborar as políticas que fazem a revolução avançar. É preciso superar a  política de todos os setores da “esquerda” oficial contrarrevolucionária e do  sindicalismo. 

Em cima das conclusões das análises, precisamos elaborar políticas a partir  das necessidades e preocupações concretas dos trabalhadores e das 

massas e vincula-las aos grandes problemas políticos, à crise capitalista.  Identificar claramente os responsáveis pelas mazelas do povo. 

Essas políticas devem ser militadas com energia, em primeiro lugar a partir  de fortes campanhas de propaganda. 

Com a retomada das manifestações de rua, devemos nos preparar para  ampliar o trabalho de propaganda e passar para a agitação concreta. Usando  ambas como parte um mesmo trabalho. Exemplo: ir às ruas com faixas  nossas, avaliar boletins, tirar fotos etc. 

Fortalecer o trabalho de contatos e de recrutamento. 

Fortalecer os mecanismos organizativos. 

Colocar no centro das nossas atenções a construção da nossa organização revolucionária e de impulsionar o conjunto da esquerda revolucionária, em  luta contra o capital, a burguesia e a “esquerda” contrarrevolucionária. Dado  o contexto político atual, essa é a nossa urgente prioridade.


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