domingo, 29 de agosto de 2021

LUTE COMO UM INDÍGENA * Geni Guarani

LUTE COMO UM INDÍGENA

O racismo anti indígena gira muito em torno do tempo: seríamos o atraso (tempo), impediríamos o progresso (tempo), não seríamos seres do presente, nem deveríamos compor o futuro (tempo).

LUTE COMO UM INDÍGENA

Que relógio é esse, que bússola é essa?


Como e desde quando este território que habitamos foi dividido em 26 estados?


Um dos grandes marcos foram as capitanias hereditárias, em 1534. 


A coroa portuguesa dividiu o Brasil em fatias, doando a cada capitão um "pedaço". 


Essa propriedade roubada e mantida à custa de chacina de indígenas, era passada de pai pra filho, por isso hereditária, como é até hoje a ideia de herança. 


Foram 15 capitanias na época. 13 delas falharam. 


Os motivos desse fracasso, na narrativa oficial, devem-se ao fato de que o território era grande demais para ser administrado e também porque houve "constantes ataques indígenas". 



O que tivemos foi resistência indígena contra os invasores. 


Na narrativa oficial de vários livros de escola, termos como "ataque indígena, violência indígena" etc são abundantes para narrar estas cenas. 


Somos colocados na história como empecilho pra produção das terras, pedra contra o desenvolvimento. Vejam o quanto é atual este discurso colonial de que somos atraso, problema, empecilho. 


A colonização não acabou. O agro vem sendo pop para eles desde 1500.


Os colonizadores e seus marcos temporais-espaciais-espirituais continuam sangrando as terras e nossos parentes humanos e não humanos.


O Brasil não foi descoberto, foi inventado.

Essa nação cuja língua oficiosa é o português e a religião oficiosa é o cristianismo só se torna possível com o constante racismo, genocídio e etnocídio.


"O colonialismo nomeia tudo aquilo que quer dominar", nos ensina Nego Bispo.


Nessa invenção colocaram centenas de vezes os nomes de seus santos nas terras que chamam Santa Catarina, Santo Paulo, Espírito Santo. 


Isso tudo é marco temporal, antes e depois Cristo dividem o mundo.


Não somos proprietários da terra, nem dos bichos nem de nós mesmos. Somos parte e ser parte é imenso. 


O primeiro território que descolonizamos é a nossa pele, pensamento, ação.


Juntem-se a nós, pois esse tempo colonial também os fere. Reflorestemos a vida.


Geni Guarani

*
Colaboração:  Maria Lidia Tupinamba/MS

Um comentário:

  1. Povo forte, que resiste, não desiste
    Suas forças estão fincadas,
    Enraizadas na terra, suas origens,
    Somos nós, laços de sangue, de lutas,
    Unamos forças nessa labuta.

    Lucy Almeida Maceió AL

    ResponderExcluir

O capitalismo está podre. Todos sabemos disso. Mas ele não cai sozinho