Conto Árabe
Vivia Riaj Ozob
Lá no estado do Rio
Sua vida pequenina
Sem susto, sem catabiu
Fazendo pequenos furtos
Na Avenida Brasil
Sonhava ter um fuzil
Mas não tinha um canivete
Assim roubava velhinhos
Desde quando era pivete
Era um ladrão descuidista
Chamado de Dezessete
Odiava piriguetes
E a farda lhe atraia
Por não ter raciocínio
Sozinho ele não crescia
Assim entrou em um bando
Para ganhar mixaria
Como não obedecia
Alibabá, o ladrão
Riaj acabou flagrado
Roubando resto de pão
E do bando foi expulso
Enxotado como um cão
Mas tendo convicção
Que nascera pra roubar
A festa de um partido
Riaj foi procurar
E até hoje não entende
Como conseguiu entrar
Quando viu, já tava lá,
No meio dos deputados
Sem saber como agir
Pois não era preparado
Aí, pensou: vou fazer
tudo aquilo que é errado
Ladrãozinho de trocado
Ele roubou gasolina
Furtou bilhete aéreo
E desviou a propina
Até banca de laranja
Ele botou na esquina
E Cris, uma bela menina
Lhe deixou apaixonado
Quando lhe apresentou
Um esquema arretado:
Que ele montasse um bando
Cobrando do “associado”
Ele ficou arriado
Por essa sua amiguinha
Que já cuidava de tudo
Morava na camarinha
E ele todo contente
Com a sua rachadinha
Riaj pensava: “é minha
Porque no furto é parceira
Merece um segurança
Para lhe levar pra feira
Pois laranja para nós
É a fruta de primeira”
Mas foi nessa brincadeira
Que ele entrou numa fria
Logo ele que, diziam,
Tinha a cabeça vazia
Agora sentia um peso
Sua cabeça pendia
Cris agiu com covardia
Lhe tirando a esperança
Sua cabeça pesava
Quebrava até a balança
E o povo todo dizendo
Olha o “cabeça-de-lança”
Pensou até em vingança
De paraquedas pular
Mas Osmar lhe avisou
“Na terra vais te estrepar
Pois tu ganhastes foi chifre
E não asas pra voar”
“Então, vou de moto andar”
Ele pro povo avisou
Porém essa tentativa
Sucesso não alcançou
Porque, em um par de chifres,
O capacete enganchou
Riaj até chorou
E disse vou largar tudo
Não tenho mais nem partido
E gaia não é escudo
E em todo canto que passo
Só me chamam de chifrudo
E assim fugiu, o galhudo
Que arruinará a nação
Sabendo que todo mundo
Já tinha até um refrão:
“Além de ladrão é corno
Além de corno é ladrão”
Avlis Ojuara
Uru Ruc, 2022
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