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O G.R.E.S. Portela entende que o papel de uma escola de samba não pode ser apenas fomentar a cultura e promover entretenimento.
Como braço da Sociedade Civil, cabe às agremiações carnavalescas ajudar na expansão da cidadania, especialmente para quem vive em suas comunidades imediatas.
Da mesma forma, um enredo não pode ser apenas um mote para a produção de alegorias e fantasias, pois é fundamental passar uma mensagem que, além da relevância cultural, inspire, por exemplo, a descoberta da própria identidade.
Ao escolher um enredo sobre os Baobás, reforçamos nossas raízes africanas, redescobrindo os caminhos que nos trouxeram até aqui.
Evocamos nossa ancestralidade, a energia de nossos antepassados que, num tempo cada vez mais distante, após atravessarem o oceano, ensinaram para seus descendentes os valores, os costumes e, mesmo acorrentados, o movimento de seus corpos, que um dia se libertaram dos grilhões e dançaram samba. E é por isso que hoje estamos aqui, como o legado dos escravizados, o resultado dos esforços de seus filhos e netos, que são nossos fundadores.
Moïse Kabagambe era africano. Moïse Kabagambe era morador de Madureira. Moïse Kabagambe foi estudante do Colégio Estadual Compositor Maneceia José de Andrade, que leva o nome de um dos nossos baluartes.
O G.R.E.S. Portela entende ser necessário, tendo como pilares o peso de nossa história e a representatividade que conquistamos para a cultura popular do Rio de Janeiro, que unamos nossa voz ao grito uníssono que repudia os atos violentos que levaram ao brutal assassinato deste jovem Devemos isso aos povos africanos, que homenageamos no enredo de 2022, e a todos os negros que, um dia, construíram nossa escola, e que no presente mantém pulsando a nossa essência.
Clamamos por um mundo em que o racismo deixe de se manifestar nas estatísticas de assassinatos, e que a vida humana seja respeitada como princípio fundamental em nossas relações sociais.
Por Moïse Kabagambe. Por todos os congoleses, angolanos e nigerianos que desfilam na Portela. Por todos os negros que nos mantém conectados ao que realmente somos. E jamais podemos deixar de ser.
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NOTA DE REPÚDIO À MORTE DE MOISE
Nós, dos Acadêmicos do Salgueiro, sempre nos orgulhamos de cantar a tradição africana. Somos uma escola nascida em uma comunidade simples do Morro Do Salgueiro, que carrega o sangue africano. Cantamos grandes heróis como Zumbi, Chicos e Chicas que formaram a cultura brasileira. Em 1971, contamos a visita do Mani Congo, ou Rei do Congo; uma “embaixada” da região que já no século XVII vinha ao Brasil com a esperança de dias melhores. Um dos títulos desse rei, era o de “Senhor do Condado dos Sonhos”, mas cada vez mais temos a certeza que o Brasil está longe de ser esse país dos sonhos , como nos mostrou também o assassinatode Durval Filho . Vivemos um verdadeiro genocídio do povo preto e não à toa, resolvemos cantar a Resistência.
Nós, Salgueirenses, nos colocamos ao lado dessas vítimas e, especialmente nesse momento junto à memória de Moïse, o senhor do condado dos sonhos, brutalmente assassinado.
BASTA, CHEGA!
Não podemos mais admitir que continuemos recebendo chibatadas físicas e emocionais.
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O capitalismo está podre. Todos sabemos disso. Mas ele não cai sozinho